A CÓLERA

INTRODUÇÃO
A cólera costuma ser adquirida através do consumo de água contamina, e a sua diarreia, nos casos graves, é muito mais intensa do que os quadros de diarreia que a maioria das pessoas costuma ter de tempos em tempos. Na cólera, a quantidade de líquido perdida nas fezes é tão grande e ocorre em espaço de tempo tão curto, que se o paciente não receber tratamento em tempo hábil, ele pode desenvolver um quadro de desidratação grave e choque hipovolêmico em apenas 12 a 24 horas.



A CÓLERA
A SITUAÇÃO DA CÓLERA EM ÁFRICA
O cólera está se espalhando pelo centro e oeste da África, numa das maiores epidemias da história da região, com mais de 85 mil infectados e ao menos, 2.466 mortos em um ano, conforme informações das Nações Unidas.
A doença se expande rapidamente através da água nos países e nas fronteiras, o que gera "um nível inaceitavelmente alto" de mortalidade, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
- O tamanho dos focos mostra que a região está enfrentando uma das maiores epidemias de sua história- informou a porta-voz da Unicef, Marixie Mercado, em uma entrevista coletiva em Genebra.
Nove de dez distritos de Camarão não reportam os casos e o número de mortos na República Democrática do Congo supera os 5%, afirmou Marixie.
A doença, frequentemente relacionada com o consumo de alimentos ou água contaminada, provoca diarréia severa e vômitos, o que torna as crianças, principalmente as pequenas, mais vulneráveis à morte por desidratação. As crianças com má alimentação correm ainda mais riscos.
A SITUAÇÃO DA CÓLERA EM ANGOLA
Os dados constam de um balanço sobre a epidemia de cólera em 2013 elaborado pela DNSP e enviado à agência Lusa.
Segundo o documento, a taxa de mortalidade em 2013 foi de 3,3%, inferior a do ano 2012 que foi de 6%.
Os casos reportados no ano passado tiveram maior incidência na província do Cunene, com 57,8%, seguindo-se as províncias da Huíla com 21,6% e o Uíje com 4,2%, realça o boletim.
Angola regista surtos de cólera há vários anos, com períodos em que chegou a registar quase 70 mil casos e mais de dois mil mortos.
Para o combate da doença, as autoridades sanitárias têm apostado sobretudo nas campanhas de sensibilização viradas para as regras de higiene e na distribuição de água potável.

DEFINIÇÃO DA CÓLERA
Infecção intestinal aguda, causada pela enterotoxina do Vibrio cholerae, podendo se apresentar de forma grave com diarreia aquosa e profusa, com ou sem vómitos, dor abdominal e cãibras. Esse quadro, quando não tratado prontamente, pode evoluir para desidratação, acidose, colapso circulatório, com choque hipovolêmico e insuficiência renal. Mais frequentemente, a infecção é assintomática ou oligossintomática, com diarreia leve. A acloridria gástrica agrava o quadro clínico da doença. O leite materno protege as crianças. A infecção produz aumento de anticorpos e confere imunidade por tempo limitado (em torno de 6 meses).
PERÍODO DE INCUBAÇÃO
O período de incubação da cólera varia entre 18 horas e 5 dias, após os quais os sintomas começam abruptamente.
AGENTE ETIOLÓGICO DA DOENÇA
Vibrio cholerae O1, biotipo clássico ou El Tor (sorotipos Inaba, Ogawa ou Hikogima), toxigênico, e, também, o O139. Bacilo gram-negativo, com flagelo polar, aeróbio ou anaeróbio facultativo, produtor de endotoxina.
MODO DE TRANSMISSÃO
Ingestão de água ou alimentos contaminados por fezes ou vômitos de doente ou portador. A contaminação pessoa a pessoa é menos importante na cadeia epidemiológica. A variedade El Tor persiste na água por muito tempo, o que aumenta a probabilidade de manter sua transmissão e circulação.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Com todas as diarreias agudas.
EXAMES LABORITORIAL
O V. cholerae pode ser isolado a partir da cultura de amostras de fezes de doentes ou portadores assintomáticos. A colecta do material pode ser feita por swab retal ou fecal, fezes in natura ou em papel de filtro.
TRATAMENTO
A cólera pode ser tratada de forma simples e eficiente ao repor imediatamente os fluidos e sais perdidos com a diarréia. Pacientes podem ser tratados com solução para reidratação oral.
Casos mais graves de cólera podem requerer reposição de fluidos intravenosa. Com reidratação rápida, menos de 1% dos pacientes com cólera morre. Antibióticos diminuem a duração da doença e abrandam sua severidade, mas eles não são tão importantes quanto a reidratação. Pessoas que tiverem diarréia forte e vômito em lugares onde há ocorrência de cólera devem procurar ajuda médica imediatamente.
REIDRATAÇÃO
O objetivo dessa terapia é repor os líquidos e eletrólitos perdidos usando uma solução simples de sais para reidratar os pacientes, chamada de SRO. A solução de SRO está disponível como um pó que pode ser dissolvido em água fervida. Sem a hidratação necessária, cerca de metade das pessoas com cólera morrem. Com o tratamento, o número de mortes cai para menos de 1%.
FLUIDOS INTRAVENOSOS
Durante uma epidemia de cólera, a maioria das pessoas pode ser reidratada via oral, mas quando a desidratação atingiu níveis ainda mais graves, o paciente pode precisar de fluidos intravenosos para sobreviver.
ANTIBIÓTICOS
Embora os antibióticos não sejam parte essencial do tratamento de cólera, alguns desses medicamentos podem reduzir tanto a quantidade quanto a duração da diarreia relacionada à cólera.
SUPLEMENTOS DE ZINCO
A investigação demonstrou que o zinco pode diminuir e encurtar a duração da diarreia em crianças com cólera. Por isso, pediatras podem indicar o uso de suplementos de zinco para alguns casos da doença em crianças.
MEDICAMENTOS PARA CÓLERA
Os medicamentos mais usados para o tratamento de cólera são:
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
PROFILAXIA/PREVENÇÃO
A cólera é uma doença rara em países industrializados. Nesses lugares, os poucos casos que ainda são registrados são de pessoas que viajaram para áreas endêmicas ou que se alimentaram de fontes contaminadas de água e comida, principalmente as que vêm de países com altos riscos de desenvolver a doença.
Se você estiver viajando para áreas de cólera endêmica, o risco de contrair a doença é extremamente baixo se você seguir algumas precauções:
  • Lavar as mãos com água e sabão frequentemente, especialmente depois de usar o banheiro e antes de manipular alimentos. Se possível, desinfete as mãos com álcool.
  • Beba apenas água potável, de preferência água engarrafada.
  • Alimente-se de comidas completamente cozidas e quentes.
  • Evite alimentos que se come crus, como peixes e mariscos de qualquer tipo.
  • Atenha-se a frutas e legumes que você pode mesmo pode preparar e descascar, como bananas, laranjas e abacates.
  • Desconfie de laticínios, incluindo sorvetes, que muitas vezes podem ser feitos com leite não pasteurizado.
VACINA
Hoje em dia, já existem doses de vacina disponíveis para cólera. Esta é, de longe, a forma mais eficaz de evitar a infecção. As vacinas existentes, no entanto, não são aplicadas rotineiramente na população, pois oferecem proteção relativa e de curta duração.




CONCLUSÃO
Consequentemente, a base do tratamento da cólera deve ser sempre uma hidratação agressiva, de forma a compensar o grande volume de líquidos perdidos nas fezes. Idosos e crianças são os grupos sob maior risco de terem complicações pela desidratação.
Se o paciente não tiver vómitos, a hidratação pode ser feita por via oral, de preferência com os soros de reidratação oral, que contêm as quantidades de electrólitos e glicose adequadas para o tratamento das diarreias. Se não houver soro de reidratação disponível, o quadro pode ser inicialmente tratado com o soro caseiro, até que o soro de reidratação oral possa ser adquirido em uma farmácia ou posto de saúde.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
__________ Minha vida: A cólera. Disponível  em: http://www.minhavida.com.br/saude/temas/colera

MINISTÉRIO DA SAÚDE: DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS. 8ª edição revista, BRASÍLIA – DF, 2010