o desenvolvimento motor da criança
Resumo
Sabe-se que o desenvolvimento motor é o processo de mudanças no comportamento motor que envolve tanto a maturação do sistema nervoso central, quanto a interação com o ambiente e os estímulos dados durante o desenvolvimento da criança. Verificou-se as fases de desenvolvimento da criança até os 18 meses de vida e como a estimulação precoce, principalmente em crianças nascidas pré-termo e com baixo peso, pode fazer a diferença em uma idade mais avançada da criança.
Sabe-se que o desenvolvimento motor é o processo de mudanças no comportamento motor que envolve tanto a maturação do sistema nervoso central, quanto a interação com o ambiente e os estímulos dados durante o desenvolvimento da criança. Verificou-se as fases de desenvolvimento da criança até os 18 meses de vida e como a estimulação precoce, principalmente em crianças nascidas pré-termo e com baixo peso, pode fazer a diferença em uma idade mais avançada da criança.
Palavras chave: Desenvolvimento motor,
fases de desenvolvimento, estimulação precoce.
Abstract
One knows that the motor development is the process of changes in the motor behavior that in such a way involves the maturation of the central nervous system, how much the interaction with the environment and the stimulatons given during the development of the child. One verified the phases of development of the child until the 18 months of life and as the precocious stimulation, mainly in children born daily pay-term and with low weight, can make the difference in a more advanced age of the child.
One knows that the motor development is the process of changes in the motor behavior that in such a way involves the maturation of the central nervous system, how much the interaction with the environment and the stimulatons given during the development of the child. One verified the phases of development of the child until the 18 months of life and as the precocious stimulation, mainly in children born daily pay-term and with low weight, can make the difference in a more advanced age of the child.
Key Words: Motor development, phases of development,
precocious stimulation
Introdução
O aprimoramento motor é o ponto de partida de todo o desenvolvimento motor da criança. A independência adquirida com a locomoção e a manipulação de objetos ampliou a visão de mundo do ser humano, contribuindo e levando-o a progredir continuamente [1].
O aprimoramento motor é o ponto de partida de todo o desenvolvimento motor da criança. A independência adquirida com a locomoção e a manipulação de objetos ampliou a visão de mundo do ser humano, contribuindo e levando-o a progredir continuamente [1].
O desenvolvimento motor é o
processo de mudança no comportamento motor, o qual está relacionado com a
idade, tanto na postura quanto no movimento da criança [2].
O desenvolvimento é um
processo de mudanças complexas e interligadas das quais participam todos os
aspectos de crescimento e maturação dos aparelhos e sistemas dos organismos
[3].
O desenvolvimento motor é
dependente da biologia, do comportamento e do ambiente e não apenas da
maturação do sistema nervoso [4]. Quando a criança nasce, o seu SNC ainda não
está completamente desenvolvido. Ela percebe o mundo pelos sentidos e age sobre
ele, criando uma interação que se modifica no decorrer do seu desenvolvimento.
Deste modo, por meio de sua relação com o meio, o SNC se mantém em constante
evolução, em um processo de aprendizagem que permite sua melhor adaptação ao
meio em que vive [5].
Cada criança apresenta seu
padrão característico de desenvolvimento, visto que suas características
inerentes sofrem a influência constante de uma cadeia de transações que se
passam entre a criança e seu ambiente. Mesmo assim, existem características
particulares que permitem uma avaliação grosseira do nível e da qualidade do
desempenho [3].
Um bom desenvolvimento motor
repercute na vida futura da criança nos aspectos sociais, intelectuais e
culturais, pois ao ter alguma dificuldade motora faz com que a criança se
refugie do meio o qual não domina, conseqüentemente deixando de realizar ou
realizando com pouca freqüência determinadas atividades [1].
A maioria das crianças nasce
sem problemas de desenvolvimento. As diferenças individuais entre elas são
muitas, inclusive características físicas, temperamento e personalidade; mas a
seqüência de desenvolvimento é bastante previsível [6].
Sabe-se que, na ausência de
sinais severos, como nos casos de paralisia cerebral e retardo mental, um
número significativo de crianças com história de prematuridade vem apresentar
sinais de distúrbios de aprendizagem, dificuldades de linguagem, problemas de
comportamento, déficits de coordenação motora e percepção visuoespacial na
idade escolar [7]. De acordo com isso, foram constatados em estudos
experimentais que a estimulação sensório motora em recém-nascidos de risco
favoreceu a adequação de seus padrões motores [5].
Deve-se ter em mente que as
informações obtidas através de pesquisas culturais cruzadas sobre o
desenvolvimento motor de lactentes vêm alertar pesquisadores, médicos,
terapeutas e educadores quanto à existência de diferentes padrões no
desenvolvimento e quanto à necessidade de conhecimento dos padrões da população
em que se atua, evitando interpretações equivocadas de testes motores e falhas
no diagnóstico de desvios, atrasos ou precocidade no desenvolvimento motor
Fases do
Desenvolvimento da Criança
Rápidas mudanças no
desenvolvimento ocorrem durante os primeiros 24 meses após o nascimento e
influenciam dramaticamente por toda a vida. As mudanças evolutivas que ocorrem
durante esse período são resultado de complexo desenvolvimento neurológico, o
qual é influenciado por fatores genéticos e ambientais [8].
O conhecimento do
desenvolvimento motor assume importância fundamental na clínica pediátrica,
sobretudo, em casos de o lactente apresentar ou correr o risco de apresentar,
distúrbio motor devido a alguma lesão nervosa ou a uma anomalia do sistema
osteomuscular [4]. Por isso, o fisioterapeuta precisa de noções e conhecimento
claros sobre desenvolvimento, para poder avaliar o lactente ou a criança,
sabendo identificar as características individuais do desempenho e que conheça
mais as capacidades e respostas diante de certos estímulos que podem ser esperados
em determinada idade [3].
Cada criança apresenta seu
padrão característico de desenvolvimento, pela influência sofrida em seu meio.
Durante os primeiros anos de vida os progressos em relação ao desenvolvimento
costumam obedecer a uma seqüência ordenada, mas existe considerável variabilidade
individual, de acordo com cada criança [3].
Tendo em mente que cada
criança é um indivíduo com padrão, ritmo de desenvolvimento e habilidades
ligeiramente diferentes, Flehmig [9-22] esboça as típicas aquisições da criança
em desenvolvimento:
Primeiro Mês
A postura do recém nascido é
a flexão fisiológica. Predomina a assimetria. Em decúbito dorsal ele é capaz de
virar a cabeça para ambas as direções. Em decúbito ventral ele é capaz de
estender os membros inferiores reciprocamente e de virar a cabeça para liberar
as vias aéreas nessa posição. A cabeça do recém nascido cai completamente para
trás quando ele é puxado para a posição sentada. Quando segurado pelas axilas,
apóia-se se mantendo erguido por alguns segundos sem fixação adequada e depois,
cai fletindo os joelhos [9].
Durante as primeiras semanas
de vida, o lactente é capaz de reagir às sensações táteis, gustativas, sonoras,
aos movimentos e as imagens visuais, especialmente diante de um rosto humano,
mas depende de alguém que o alimente, o proteja e o suporte contra a ação da
gravidade e durante os movimentos no meio ambiente [3].
A criança recém-nascida move
os braços, as pernas e o corpo inteiro ao mesmo tempo (movimento em bloco)
porque não pode ainda diferenciar os movimentos separados [23]. Os movimentos
em bloco se evidenciam principalmente durante a manipulação, embora também
possam ocorrer durante outros movimentos, como parte gradativa do controle
motor [4]. À medida que o córtex e as bainhas de mielina se desenvolvem, é
estabelecida a conexão com a medula espinhal, com isso os movimentos em bloco
diminuem e os movimentos voluntários se tornam mais precisos [23].
Objetos que se movem na
linha visual são percebidos e já fixados por pouco tempo. Os olhos acompanham
junto com a cabeça à estimulação por um objeto, ou pelo rosto da mãe, até a
linha média. A criança reage a efeitos luminosos ou acústicos com enrugamento
da testa, Reflexo de Moro, diminuindo a atividade ou ficando totalmente quieta.
Já produz poucos sons laríngeos. Chora antes das refeições. Quando ouve ruídos,
interrompe seus movimentos mas ainda não se vira para a fonte acústica [9].
Reflexos e Reações: Sucção e
deglutição, quatro pontos cardeais, olhos de boneca, fuga à asfixia (até o
resto da vida), glabelar, magnético, colocação palmar, colocação plantar,
tônico cervical simétrico, preensão palmar, preensão plantar, tônico cervical
assimétrico, tônico labiríntico, Galant, Moro, positivo de apoio, cutâneo
plantar em extensão, marcha automática e a reação de endireitamento da
cabeça[10]
Segundo mês
Em decúbito dorsal, a
criança ainda apresenta predomínio de flexão, mas realiza uma extensão melhor.
O corpo já está simétrico. Na posição ventral já pode estender o segmento
torácico. A cabeça levanta-se por curtos intervalos, ainda ligeiramente
oscilando, mas não além dos 45º. Quando puxada para sentar, a cabeça ainda
oscila, mas ela orienta-se para a posição ereta mais estável. Segurada pelas
axilas, a criança ergue-se por alguns segundos de maneira mais estável e
abandona a posição mais suavemente, fletindo os joelhos [11].
Objetos que se movem (à 30
ou 40 cm) são percebidos e fixados na linha visual. Os olhos param até que o
objeto saia do campo visual. A criança reage a estímulos luminosos extremos com
enrugamento da testa, choro, reflexo de Moro, ou diminuindo sua atividade,
permanecendo quieta. Ouvindo ruídos, ela já inicia seus movimentos (pode se
virar para a direção do som) [11].
Reflexos e reações: Os
reflexos têm menor intensidade, mas se produzem bem equilateralmente. São eles:
Sucção e deglutição, Quatro Pontos Cardeais, Glabelar, Marcha Automática,
Magnético, Colocação Plantar, Colocação Palmar, Galant, RTCA, RTCS, Tônico
Labiríntico, Preensão Plantar, Preensão Palmar, Positivo de Apoio, Cutâneo Plantar
em Extensão, Moro e a Reação de Endireitamento da Cabeça[10].
Terceiro Mês
A criança pode
virar-se para os dois lados, não mais em bloco, mas já com certa rotação. A
cabeça pode ser mantida na linha média, mas se coloca, freqüentemente, para um
dos lados. As mãos podem ser trazidas para a linha média. Ela já brinca com as
mãos e pode segurar objetos, levando-os à boca. Na posição ventral, ergue a
cabeça a 45º e o apoio sobre os antebraços ainda não é estável [12]
A criança já colabora quando se quer levantá-la da posição dorsal. A cabeça já acompanha bem, mas ainda oscila um pouco. Segurada pelas axilas, já permanece mais estável na posição em pé. O tônus flexor já não predomina e a criança já mostra padrão extensor [12].
Percebem-se objetos na linha
média e mesmo além dela para ambos os lados, na linha visual, à distância de
30-40cm. A criança acompanha o objeto a mais de 180º e já observa por tempo
prolongado se este a interessar. Os movimentos dos olhos e cabeça já são,
muitas vezes, simultâneos e coordenados. Ouvindo ruídos, a criança para de
mover-se e vira logo para a fonte geradora [12].
Reflexos e Reações: RTCA,
Tônico Labiríntico, Preensão Plantar, Preensão Palmar, Cutâneo Plantar em
Extensão, Moro e Reações de Endireitamento da Cabeça, Postural Labiríntica,
Óptica de Retificação e Retificação do Corpo sobre a Cabeça[10].
Em resumo, sentar e ficar em
pé não são posturas independentes no primeiro trimestre. Mas o bebê mostra
sinais do que está para acontecer. Lutando contra a gravidade, ele adquire
controle da cabeça e dá um grande passo para vencer a força da gravidade que o
havia deixado tão fisicamente dependente no momento do nascimento [2].
Quarto Mês
As mãos são trazidas à linha
média e contempladas, coordenadamente com a atitude da cabeça e do corpo. Em
posição ventral, a cabeça já se ergue a quase 90º e apóia os antebraços com
bastante estabilidade. Já iniciam os movimentos de rastejamento [13].
Quando levantada da posição
dorsal, colabora com bom controle da cabeça. Sentada, o tronco ainda não é
estável. Quando levantada pelas axilas, estende as pernas, encontra o suporte e
faz peso ligeiramente mediante co-contração [13].
Percebe objetos na linha
média e além dela à distância de 20-30cm. Acompanha com os olhos e movimentos
da cabeça um objeto até mais de 180º. Mãos, dedos e objetos são levados à boca
e sugados. A criança opõe resistência quando lhe querem tirar um brinquedo. Já
consegue distinguir bem as qualidades de sons [13].
Reflexos e Reações: RTCA,
Tônico Labiríntico, Preensão Plantar, Preensão Palmar, Cutâneo Plantar em
Extensão, Moro e Landau[10].
O contato com o ambiente
melhorou e, por causa disso, a criança começa a investigar seu ambiente e
mostra-se mentalmente mais adiantada do que lhe permite a motricidade. A
criança já tem, além das fases da satisfação de necessidades alimentares, o
desejo de contatos com o ambiente. Se não os consegue, chora [13].
Quinto Mês
Em decúbito dorsal pode
virar-se de um lado para o outro e, às vezes, atingir o decúbito ventral. Já
leva os pés à boca. Em decúbito ventral, a cabeça ergue-se bem até 90º. Começa
o deslocamento de peso para um dos lados, a fim de liberar um dos braços.
Estabilidade incipiente do tronco. Quando erguido pelas axilas, há maior
flexibilidade no joelho [14].
Reflexos e Reações: Preensão
Plantar, Cutâneo Plantar em Extensão, Landau e inicia-se a Reação de
Equilíbrio[10].
Sexto Mês
Se a criança se senta,
pode-se tirar as mãos por curtos períodos. Ela joga-se, então, para adiante,
tendo um controle de peso insuficiente. Quando colocada em pé, apresenta boa
simetria da postura, mas não se mantém independentemente [15].
Já pode falar algumas palavrinhas
como papai e mamãe [15].
Reflexos e Reações:Preensão
Plantar, Cutâneo Plantar em Extensão (dependendo da criança pode se extinguir
nesse mês, mas em algumas perdura até 1 ano), Landau e Reações de Retificação
da Cabeça sobre o Corpo, Endireitamento do Corpo sobre o Corpo, Postural de
Fixação e de Proteção[10].
Sétimo Mês
Não permanece mais em
decúbito dorsal, virando-se para um dos lados. Em decúbito ventral, às vezes
tenta ficar de gato. Sentada, apresenta bom equilíbrio quando se inclina para
frente. Quando segurada pelas axilas, tenta equilibrar-se, mas oscila [16].
A criança agarra objetos e
tenta estabilizar-se neste sentido. Objetos menores e maiores são agarrados,
quase sempre com a palma da mão. Já existe boa coordenação dos músculos
oculares, boa coordenação olho-mão, já acompanha em todos os planos [16].
Já come biscoitos que lhe
são dados, bebe em xícara que alguém segura para ela e come com colher [16].
Reflexos e Reações:
Landau[10].
Oitavo Mês
Da posição ventral, pode,
fletindo-se, passar para a posição de gato. Sentada, já se apóia com rotação
muito boa para adiante e lateralmente. Apoiando-se, já consegue ficar em pé
[17].
A criança tornou-se muito
mais estável e chega à posição ereta embora ainda sem segurança. Assim, do
ponto de vista mental, há uma melhor situação e pode, a partir daí, descobrir
melhor o seu meio. Movimentos continuados, modificações na posição e tentativas
constantes de alcançar alguma coisa no espaço determinam o desenvolvimento
[17].
Nono Mês
Quase nunca assume a posição
dorsal e ventral. Senta-se estavelmente e, quando perde o equilíbrio, reage com
contramovimento do corpo. Fica em pé com maior estabilidade e, quando segurada,
apresenta bom equilíbrio. Sentada ou em pé apóia-se sobre os quatro membros,
locomovendo-se com maior rapidez [18].
Nessa idade, o brinquedo bem
agarrado já pode ser atirado. Pega objetos pequenos com o polegar e o indicador
(pinça) [18].
Décimo Mês
Atinge o sentar sem apoio
independentemente, com bastante equilíbrio. Também já fica em pé sozinha
segurando em objetos. Passa da posição em pé para sentada e sentada para em pé
[19].
Esta idade é o estádio
intermediário da horizontal para a vertical ainda instável. Os estádios
intermediários melhoram. A criança fica em pé e tenta largar-se. Anda ao longo
dos móveis, engatinha. Por isso, já não se pode deixá-la só [19].
Décimo Segundo
Mês
Ainda preferem engatinhar,
pois é uma locomoção mais rápida, mas já começam a dar os primeiros passos
[20].
Décimo Quinto Mês
O engatinhar já não é o
recurso mais utilizado para se locomover, mas ainda é usado. A criança já pode
deslocar seu peso e adaptar-se bem à modificação da sua posição no espaço. Já
pode caminhar livremente [21].
Têm boa compreensão do que
lhe dizem e consegue expressar-se dizendo, por exemplo, papá (comer), au-au
(cão) [21].
Décimo Oitavo
Mês
A criança mostra equilíbrio
adequado às posições. Bom controle de cabeça e tronco, boa rotação, boa flexão
de quadril na posição sentada, boa extensão de quadril em pé e boa mobilidade
das articulações [22].
Ela já pode agarrar um
objeto e transportá-lo. Arruma os objetos, tenta colocá-los em ordem,
desarruma, apalpa, distingue materiais e superfícies. Melhora de forma
constante a sua integração perceptiva, acompanhada pelo desenvolvimento da
fala. A evolução motora está realizada, de modo que a criança pode experimentar
amplas dimensões evolutivas [22].
Em estudo realizado
buscou-se observar de que maneira o homem vem completando seu desenvolvimento
motor normal e os fatores que podem levar a dificuldades motoras futuras,
mostrando a importância da estimulação na fase de maior desenvolvimento, que
vai de 0 a 18 meses. Concluiu-se que existem fases bem pouco vivenciadas do DMN
e que estas, quando corretamente estimuladas, levam à obtenção de melhor
condição de vida para as crianças, tanto presente quanto futuramente porque o
estímulo dado, mesmo que por curto período de tempo, faz com que as crianças
respondam e vivenciem as fases estimuladas [1].
Também foram realizados
estudos comparando o desenvolvimento motor em lactentes brasileiros e
norte-americanos a fim de descobrir se há ou não diferenças no comportamento e
desenvolvimento motor entre uma cultura e outra. Constataram que, de maneira
geral, os lactentes brasileiros apresentaram uma evolução maior no
desenvolvimento nos primeiros oito meses, seguido de um período de relativa
estabilização. Assim concluíram, de acordo com várias pesquisas, que o padrão
de desenvolvimento motor não é universal [8].
Estimulação
Motora Precoce
Em nenhuma fase do ser
humano o desenvolvimento motor vai ser tão rápido como o de 0 a 1 ano e 8
meses. Portanto, este é o período em que o bebê ainda terá maiores
possibilidades de se normalizar sem se defasar no seu desenvolvimento [24].
Independente da perspectiva
adotada, mais biológica ou social, são muitas as evidências de que crianças
pré-termo estão sob maior risco para apresentar atraso perceptual, motor e
cognitivo, associado ou não a problemas de comportamento e déficit de atenção
[7]. Ao se pensar em lesão cerebral que ocorreu pré, peri ou pós natal tem que
se pensar, ao mesmo tempo, em intervenção precoce nas áreas sensório-motoras
para atingir o mais rápido possível um desenvolvimento que ainda está com toda
a sua plasticidade e capacidade de receber as sensações normais e integrá-las
[24].
Pensava-se que o SNC era
imutável após o seu desenvolvimento. Com a descoberta da neuroplasticidade
sabe-se que as conexões sinápticas são modificadas pela demanda funcional. Como
substrato da aprendizagem do indivíduo em sua interação com o ambiente, pode-se
perceber a importância da criança experimentar movimentos e posturas normais
desde seu nascimento, favorecendo a sua habilitação; caso contrário se esta
criança começar a realizar movimentos e posturas anormais durante seu
desenvolvimento, estará aprendendo a interagir com o mundo em padrões anormais,
reforçando circuitos neuronais de comportamentos anormais, dificultando e
limitando sua qualidade de vida [5].
Quanto mais tarde a criança
iniciar o plano de normalização, mais defasado estará o seu desenvolvimento
motor, juntamente com a perda na área sensorial, refletindo na perda da noção
espacial, esquema corporal, percepção, que poderá contribuir com a falta de
atenção ou dificuldades cognitivas [24]. O tratamento por meio do conceito
neuroevolutivo (Bobath) foi originalmente desenvolvido pelos Bobath na
Inglaterra no início da década de 1940 para o tratamento de indivíduos com
fisiopatologias do SNC. Esse método foi descrito como um conceito de vida e,
como tal, continuou a evoluir com o passar dos anos [25].
O tratamento pelo
desenvolvimento neurológico, como planejado por Bobath, usa o manuseio para
inibir respostas anormais enquanto facilita reações automáticas. O manuseio
proporciona experiências sensoriais e motoras normais que darão base para o
desenvolvimento motor. Com as abordagens sensório-motoras, estímulos sensoriais
específicos são administrados para estimular uma resposta comportamental ou
motora desejada. Técnicas de integração sensorial algumas vezes são
incorporadas nos programas sensório-motores. A intervenção sensório-motora pode
ser aplicada a bebês de alto risco de várias maneiras, por exemplo, o rolamento
linear em uma bola pequena para estimular o sistema vestibular e promover um
estado de alerta. Estímulos proprioceptivos e táteis profundos poderão promover
um comportamento calmo e auto regulatório [25].
As atividades lúdicas são um
meio para atingir os objetivos terapêuticos. A brincadeira original não é como
tirar férias da vida; é vida. O terapeuta e a criança estão sempre crescendo e
mudando. A brincadeira original não se baseia no medo, mas em uma relação de
confiança com a vida. Como um amiguinho, o terapeuta se junta a criança de tal
forma que ambos sentem-se amados, respeitados e ansiosos por explorar. As
habilidades necessárias para a brincadeira serão a curiosidade, confiança,
resistência, vigilância [6].
A arte de normalizar o tônus
é brincar com ele. Se o tônus é baixo, trazê-lo para um tônus mais alto e
normalizado; se o tônus é alto, trazê-lo para o tônus mais baixo e normalizado.
Assim que obtiver um tônus mais normalizado, é necessário dar-se a reação de
equilíbrio. São essas reações de equilíbrio, rotação, tirar da linha média, que
vão manter o tônus normalizado e fazer com que o cérebro integre essas reações
e mantém o tônus [24].
Antes que a criança chegue é
necessário planejar como utilizar o ambiente e os brinquedos para trabalhar no
sentido das metas de desenvolvimento da criança. É importante ter pelo menos um
plano de reserva para a seção de fisioterapia, pois a criança pode não querer
realizar atividade proposta. O uso criativo do equipamento e dos brinquedos é
uma habilidade muito importante. Um adjunto à flexibilidade é aprender a usar o
ambiente como instrumento de fisioterapia. Uma grande motivação para as
crianças pequenas são irmãos, pais e avós. A família pode conseguir que a
criança faça alguma coisa que o terapeuta não consegue. Também sabem o tipo de
brincadeira que a criança gosta e podem incorporar jogos familiares às sessões.
A música também pode ser de grande motivação; pode ser de fundo, para
incrementar a atmosfera da sessão de fisioterapia, usada como meio para as
rotinas de exercícios, tocada em um gravador acionado por botões para incentivar
movimentos específicos [6].
Estudo comparativo sobre
desempenho perceptual e motor em crianças em idade escolar que nasceram
pré-termo e a termo mostrou diferenças significativas de desempenho entre os
dois grupos em quase todos os testes. Chama a atenção para a importância do
acompanhamento que deve ser dado do desenvolvimento de recém-nascidos
pré-termo, principalmente os nascidos abaixo da 34º semana de gestação e com
menos de 1500g, até a idade escolar. Uma recomendação pertinente, frente aos
dados apresentados, é que além de programas de detecção precoce de seqüelas
neuromotoras, crianças com história de prematuridade e que não apresentam
quadro neurológico evidente, deveriam ser encaminhados a programas de
intervenção precoce [7].
Em análise sobre o
desenvolvimento cognitivo de crianças nascidas com muito baixo peso na idade
pré-escolar, constatou-se um funcionamento intelectual limítrofe no momento da
avaliação, indicando possível dificuldade escolar, reforçando a necessidade de
se promover estimulação adequada à criança [26].
É muito importante fazer um
plano de tratamento, visualizando-se o bebê com o que se apresenta, e como será
se não for possível normalizá-lo, para que se trabalhe muito mais nas suas
dificuldades e que, pelo bom posicionamento, a normalização adquirida na
terapia ou pelo manuseio adequado dado pela mãe (que deve ser bem orientada)
perdure por mais tempo. Essa é a idéia fundamental da intervenção precoce:
normalizar o tônus e permitir que, pela plasticidade, estas sensações normais
sejam absorvidas e que sejam mantidas pelo maior tempo possível, para que as
sensações anormais sejam colocadas em segundo plano, fazendo com que o cérebro
só integre as sensações normais e depois as use para sempre [24].
De nada adianta o bebê ir
diariamente à sessão de terapia e depois passar o resto do dia em posturas que
não favoreçam esta normalização. É muito mais vantajoso um bebê ir uma a duas
vezes por semana na terapia onde a mãe é sempre orientada e assiste o tratamento.
Ela é a grande força para a normalização de um bebê pequeno, e por isso ela
deve ser respeitada, conquistada e amada pelo terapeuta [24].
Objetivos
Fazer um levantamento quanto às fases de desenvolvimento motor normal da criança e sobre como e o porquê da estimulação precoce na criança de risco.
Fazer um levantamento quanto às fases de desenvolvimento motor normal da criança e sobre como e o porquê da estimulação precoce na criança de risco.
Metodologia
Foram pesquisadas e
utilizadas referências bibliográficas de 1990 à 2004, encontradas na biblioteca
do Centro Universitário Hermínio Ometto e na base de dados Scielo Brasil.
Conclusão
Pode-se concluir que o
período de 0 a 18 meses é o de maior desenvolvimento da criança, sendo que as
diferenças são notadas claramente. Também que cada criança tem seu tempo e se
desenvolve de acordo com a maturação de seu SNC, juntamente com a ação do meio
em que vivem; mas pode-se considerar, por alto, uma seqüência de
desenvolvimento normal que deve ser seguida. Sabe-se da necessidade que algumas
crianças possuem, através de estudos realizados, de estimulação nessa primeira
fase de sua vida, mesmo não possuindo problemas neurológicos (geralmente,
crianças que nascem pré-termo, com extremo baixo peso). E é a partir disso que
a fisioterapia faz uso da estimulação precoce, ajudando, através de
brincadeiras, as crianças a se desenvolverem da melhor maneira possível.
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