Técnicas citológicas
INTRODUÇÃO
Os procedimentos para preparações citológicas
com alta frequência de metáfases para a análise de cariótipos de plantas
dependem do estabelecimento de uma rotina de obtenção de raízes apresentando
meristemas com alto índice mitótico. Normalmente, sementes recémgerminadas são
a melhor fonte de tais raízes, mas em casos de espécies que produzem sementes
muito pequenas ou de difícil germinação, outros métodos de indução de raízes
devem ser explorados, tais como enraizamento de estacas em vasos ou em meio de
cultura. Outro aspecto altamente desejável é a obtenção de preparações com alta
frequência de metáfases apresentando cromossomas com morfologia nítida. Vários
pré-tratamentos para acúmulo de metáfases têm sido descritos em plantas, tais
como a combinação de agentes inibidores do fuso mitótico e da síntese protéica,
bem como o emprego de hidroxiuréia para sincronização das células
meristemáticas.
A CITOLOGIA
Citologia, atualmente designada Biologia Celular, é a
ciência que estuda a estrutura, a composição e a fisiologia das células,
através das membranas celulares, do citoesqueleto,
das organelas citoplasmáticas e dos componentes nucleares.
A
palavra "citologia" vem do grego, onde kytos = célula e logos = estudo.
A
Citologia é um dos ramos das ciências naturais e a sua história está
intimamente relacionada com o advento do microscópio.
O nome célula foi utilizado pela primeira vez em
1665, pelo cientista inglês Robert Hooke em 1665, ao fazer a primeira
observação de células em fragmento de cortiça.
A
Citologia (Biologia Celular) progrediu substancialmente no último século graças
ao aumento do poder de resolução dos instrumentos de análises, desenvolvimento
de novas tecnologias e à convergência da citologia com a Genética
(Citogenética), Fisiologia (Fisiologia Celular), Bioquímica (Citoquímica),
Imunologia (Imunocitoquímica), entre outras ciências.
Praticamente
todas as transformações funcionais e físico-químicas do organismo têm lugar na arquitetura molecular da célula, pelo que o conhecimento da sua
organização submicroscópica ou ultra-estrutural é de interesse
fundamental.
O
descobrimento de sequências de aminoácidos, estruturas e disposição
tridimensional da molécula, os estudos sobre enzimas, o modelo molecular
do DNA, fizeram da Citologia um dos ramos mais importantes das ciências
biológicas, tornando-se muito importante para a Genética, Bioquímica e
Patologia.
Atualmente,
pode-se afirmar que a citologia estuda os problemas celulares em todos os seus
níveis, começando pela organização molecular.
TÉCNICAS CITOLÓGICAS
Entende-se por técnicas citológicas o conjunto de operações
a que é preciso submeter o material biológico para ficar em condições de ser
observado ao microscópio. Estas técnicas podem ser divididas em dois grandes
grupos de preparações: para microscopia óptica e para microscopia electrónica.
Microscopia óptica São variados os métodos de preparação
de material citológico para ser observado ao microscópio óptico. Podemos
considerar 3 grandes tipos de preparações: I. Preparações a fresco ou
extemporâneas II. Preparações definitivas sem inclusão III. Preparações definitivas
com inclusão (inclusão é uma das etapas da técnica, que consiste em colocar a
peça citológica num bloco constituído por uma substância protectora e de
suporte, que permita efectuar facilmente o corte).
I
- Preparações a fresco: É
um tipo de preparação que pode ser utilizada a qualquer momento, porque permite
uma observação rápida e imediata. Também é designada por preparação
extemporânea. A este tipo de preparação se devem as primeiras descobertas
científicas, pois permite a observação de peças ou microorganismos em condições
de vida, apesar de ser por um curto período. Habitualmente, uma preparação é
constituída por uma lâmina de vidro na qual se coloca o material biológico a
observar, sobrepondo-se a este uma lamela de vidro. Por vezes usam-se outros
tipos de lâminas na observação de preparações a fresco, como as lâminas
escavadas, que têm no centro uma cavidade. O material fica, assim, rodeado de
maior quantidade de líquido e ao mesmo tempo não há compressão da lamela sobre
as estruturas a observar.
Observação in vivo e in vitro A observação in vivo
corresponde ao estudo das células no seu próprio meio. É um método muito
utilizado para o estudo dos seres vivos de pequenas dimensões (protozoários e
bactérias). A observação in vitro permite o estudo das células vivas, sendo
estas previamente retiradas do meio natural em que vivem e colocadas em
soluções com composição química bem definida, de forma a que se processe sem
qualquer alteração o metabolismo celular. A – Líquidos fisiológicos Quando há a
preocupação de se observar todas as manifestações vitais do material em estudo,
procura-se rodear a peça de líquidos favoráveis à sua vivência, cuja
osmolaridade deve igualar aquela em que o ser vivo habitualmente vive. Esses
líquidos ou meios denominam-se fisiológicos ou isotónicos e os mais usados são:
Líquido fisiológico (artificial) – Solução aquosa de cloreto de sódio a 9
/1000, para células de mamíferos e a 7/1000 para células de animais
poiquilotérmicos. Líquido fisiológico do tecido sanguíneo (plasma sanguíneo) –
obtido por coagulação do sangue, seguida de centrifugação, adição
anticoagulante, centrifugação e colheita do sobrenadante – plasma sanguíneo.
Líquido de Ringer – geralmente utilizado para exame de células de vertebrados
poiquilotérmicos e invertebrados. Além da isotonia, visa fornecer às células os
elementos minerais existentes nos meios em que vivem e cuja iria prejudicar o
seu metabolismo e estrutura. Esta solução pode apresentar diferentes
composições quantitativas, nomeadamente quando são utilizadas em células de
animais homeotérmicos (mamíferos e aves) ou poiquilotérmicos. Água do mar ou do
rio – natural e filtrada ou artificial. B – Coloração vital Quando há
necessidade de pôr em evidência certas estruturas celulares, procede-se à sua
coloração. Os corantes são substâncias que aumentam o contraste e permitem
distinguir regiões com igual índice de refracção. Porém, tem de haver uma
precaução se queremos que o protoplasma não morra. Para isso são usadas
soluções muito diluídas de corantes vitais, tais como: azul de metileno,
vermelho neutro, azul do Nilo, vermelho do Congo, azul brilhante de cresilo,
verde Janus, castanho de Bismark, azur I, azur II, etc., em concentrações da
ordem de 1/10.000 a 1/50.000. Com as colorações vitais não só observamos as
células e microorganismos como também granulações de secreção, vacúolos
digestivos, grânulos, organelos citoplasmáticos e ainda partes do núcleo como,
por exemplo, o nucléolo e cromossomas.
Muitos corantes coram certas estruturas celulares de uma
cor diferente da sua. Estes corantes reveladores de reacções químicas são
chamados metacromáticos. Por exemplo: o vermelho neutro, solúvel em água
destilada com cor vermelho-violácea, vira para vermelho-cereja sob a influência
de vestígios de ácidos e para amarelo-acastanhado ou alaranjado pela acção das
bases. Alguns corantes vitais podem mesmo indicar o grupo químico a que
pertence um determinado elemento da célula, o que se utiliza em técnicas de
histoquímica. Por exemplo, o Sudão III cora as granulações de gordura nas
células vivas.
Limitações do exame a fresco
• Só se aplica a materiais suficientemente transparentes
• A nutrição das células não é suficiente e, dentro de
horas, as células começam a mostrar sinais de degenerescência, acabando por
morrer.
• As observações têm, assim, uma duração muito limitada
sendo, portanto, preparações efémeras que não se podem conservar.
A Fixação e Desidratação: constituem a primeira etapa para obtenção de uma preparação definitiva.
Consiste, por um lado, num processo que mata as células rapidamente, impedindo
o processo de destruição das células, e por outro lado, endurece parcialmente
os tecidos de modo a poderem suportar as etapas seguintes.
Pode ser realizada por agentes físicos como o
calor (método muito utilizado para fixação de bactérias) ou o frio (fixação por
congelação). Usualmente, emprega-se a fixação química por meio de substâncias
chamadas fixadores.
Após a fixação, o material deverá ser incluso
em parafina para que possa ser seleccionado, mas como a parafina e a água não
são miscíveis, vai ser necessário proceder à desidratação do material através
da remoção gradual da água dos tecidos, sendo esta substituída por álcool.
Esfregaço: é uma técnica citológica útil para materiais
biológicos como líquidos orgânicos (ex.: sangue) e colónias de bactérias.
Coloca-se uma gota do líquido, em estudo, sobre uma lâmina, e com a ajuda de
outra lâmina ou lamela espalha-se bem e deixa-se secar ao ar. Depois de seco, o
material biológico pode ser fixado e corado (preparação definitiva).
.
TÉCNICA DE ESFREGAÇO
Esmagamento é uma técnica usada quando
células animais ou vegetais têm uma fraca aderência (ex.: células da raiz da
cebola). Para realizar um esmagamento coloca-se um pequeno fragmento do tecido
entre a lâmina e a lamela e, de seguida, faz-se uma peque- na pressão com o
cabo de uma agulha de dissecção ou com o polegar, de modo a provocar o
esmagamento do tecido, o que faz com que as células se espalhem, formando uma
fina camada que é facilmente atravessada pela luz (durante a observação no MOC)
TÉCNICA DE ESMAGAMENTO
Na sua maioria, as células fazem parte dos
tecidos que precisam ser cortados para poderem ser observáveis ao microscópio.
Na técnica do corte podem ser utilizadas lâminas adequadas ou então aparelhos
especializados chamados micrótomos.
O fragmento de tecido fixado, a que também se
dá o nome de peça é, geralmente incluído num material que o envolve e nele
penetra, devendo possuir propriedades físicas que facilitam o corte. O material
frequentemente usado para tal é a parafina, que depois de endurecer e formar um
bloco onde tem incluído no seu interior o material biológico, é cortado em
fatias 'finas com uma espessura entre 3 a 6 microns, a esta técnica chama-se
inclusão.
TÉCNICA DE CORTE COM UM MICRÓTOMO
A maioria das estruturas das células só é
observada ao microscópio óptico é composto depois de tratadas com corantes -
técnica de coloração.
Para se proceder à coloração de uma
preparação definitiva, cujos cortes sejam provenientes de peças incluídas em
parafinas, é necessário remover esta substância e hidratar a material técnica
de hidratação.
Como quase todos os constituintes celulares
são transparentes e incolores, dificultando o seu estudo microscópico, tomou-se
necessário vencer estas dificuldades, criando numerosos processos de coloração
que facilitam a observação dos diferentes constituintes da célula.
Mas não existe uma técnica de coloração que
sozinha ponha em evidência todas as estruturas celulares. Por isso, para se
conhecer a morfologia de todos os constituintes de um tipo de célula, diversos
preparados são feitos, cada um deles evidenciando uma certa estrutura.
Cada corante reage apenas com certos
elementos celulares, que ficam contrastados em relação aos outros, facilitando
a observação, como podes verificar no seguinte quadro.
Corantes
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Extruturas celular
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Orceina acetica
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Cromossomas
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Água iodada
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Núcleo, grãos de amido
|
Eosina
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Citoplasma
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Soluto de Lugol
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Parede celulosa, grãos de amido
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Vermelho neutro
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Vacúolos
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Azul-de-metileno
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Núcleo
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|
|
Existem dois tipos de corantes: os corantes
naturais e os corantes artificias. Os corantes naturais são extraídos de
animais e plantas, como por exemplo, o carmim e a himotoxilína, Os corantes
artificiais são sintetizados em laboratório, como por exemplo, a eosina e o
azul-de-metileno.
Uma vez o tecido corado, este é colocado
sobre um meio de montagem. Tradicionalmente, usam-se algumas gotas de
bálsamo-do-Canadá dissolvidas em xilol. Cobre-se a preparação com uma lamela,
tendo o cuidado para que não se formem bolhas de ar.
Uma vez seca, a preparação deverá ser
devidamente identificada, podendo-se usar uma etiqueta para tal.
CONCLUSÃO
Cheguei
a conclusão de que na microscopia óptica podem-se utilizar dois tipos de
preparações: as temporárias ou extemporâneas, usadas para a observação imediata
do material, e as definitivas, preparações que podem ser guardadas e observadas
várias vezes. A preparação do material
a observar ao microscópio engloba várias técnicas. Inicia-se com a colheita do
material, que deve ocorrer em condições em que o objecto de estudo não seja
danificado. A fixação, inclusão, corte,
coloração e montagem são algumas das técnicas utilizadas na preparação do
material para observação em microscopia óptica. Na microscopia electrónica, são utilizadas técnicas de inclusão, corte,
fixação e contraste para a preparação do material a observar.
BIBLIOGRAFIA
JUNQUEIRA , C. U.;
JUNQUEIRA , L. M. M. S. Técnicas básicas de citologia e
histologia. S. Paulo: Santos, 1983. 123 p.
histologia. S. Paulo: Santos, 1983. 123 p.
MIGUEL Afonso, AGOSTINHO Piedade Silissoli: Biologia (Manual do Aluno 9ª
Classe) Texto Editores, 2ª Edição, Luanda, 2014.
Luzia F·tima GonÁalves Caputo Ester Maria Mota Lycia de Brito Gitirana:
Técnicas citológicas. Disponível em: http://www.epsjv.fiocruz.br/upload/d/capitulo_4_vol2.pdf. Acessado aos 20 de Março de 2015.
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