resgate dos valores cívicos e morais em Angola
INTRODUÇÃO
O presente
trabalho tende a falar sobre “resgate dos valores cívicos e morais em Angola”, que
por sua vez pauta-se na prática social dos cidadãos principalmente em Angola, atendendo
as condições que actualmente nos encontramos e pela invasão das tecnologias de informação
e comunicação (internet, redes sócias) que de forma brutal atingiram na camada mais
jovem da nossa sociedade e que na sua maioria desfazem o bom senso dos valores cívicos
e morais na nossa sociedade. Mas para falar sobre este tema baseie-me no livro crise
e resgate dos valores morais, cívicos e culturais na sociedade angolana. Então no
desenvolvimento encontra-se o melhor detalhe sobre o tema.
RESGATE DOS VALORES
CÍVICOS E MORAIS EM ANGOLA
A filosofia como base
A
ética e a moral formam sempre parte do estudo da filosofia. É a filosofia que
estuda o sentido da vida, estuda o porquê da vida. Se suprimirmos a filosofia sentiremos
sede de orientação.
A
filosofia tem como finalidade debater, confrontar ideias, instaurar a suspeita,
de provocar a negação e a ruptura, enfim, de incitar à participação no processo
de criação de novos homens. Assim, ensinar filosofia instiga ao desmonte das
certezas, ao questionamento do instituído; permite transitar, através das
reflexões e leituras de textos diversificados, nos "bas-jonds" das
ideias e nas ordens das razões, instrumentalizando a crítica e a ampliação da
visão do mundo.
Durante
muitos anos, e em muitos países, a filosofia foi apenas para elite, servindo
apenas as classes dirigentes. Hoje a filosofia deixou de ser para uma classe de
elite intelectual e social, é um elemento essencial à educação e a cidadania.
Não se trata apenas de desenvolver o pensamento crítico e criativo, mas também,
lançar as bases para uma sociedade democrática onde, para além das divergências,
sejam fundados na razão os valores de tolerância, de justiça e de
solidariedade. Portanto, o foco não é só epistemológico, mas também moral. Este
foco visa fazer os alunos reflectirem principalmente sobre questões éticas, as
regras que devem guiar as condutas individuais e colectivas. A filosofia
ajuda-nos a pensar no destino das coisas, na busca da essência das coisas, na
constante busca da verdade.
A ética
O
termo ética deriva do grego ethos (carácter, modo de ser de uma pessoa). Ética
é o nome geralmente dado ao ramo da filosofia dedicado aos assuntos morais.
Diferencia-se
da moral, pois enquanto esta se fundamenta na obediência a normas, tabus, costumes
ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos recebidos, a ética, ao
contrário, busca fundamentar o bom modo de viver pelo pensamento humano. Assim,
a ética pode ser definida como a ciência que estuda a conduta humana, e a moral
é a qualidade desta conduta, quando se julga do ponto de vista do Bem e do Mal.
A
ética serve para que haja um equilíbrio e bom funcionamento social,
possibilitando que ninguém saia prejudicado. Neste sentido, a ética, embora não
possa ser confundida com as leis, está relacionada com o sentimento de justiça
social, pois com muita frequência a lei tem como base princípios éticos.
A
ética é construída por uma sociedade com base nos valores históricos e culturais.
Do ponto de vista da Filosofia, a Ética é uma ciência que estuda os valores e
princípios morais de uma sociedade e seus grupos.
Cada
sociedade e cada grupo possuem seus próprios códigos de ética. Num país, por exemplo,
sacrificar animais para pesquisa científica pode ser ético. Em outro país, esta
atitude pode desrespeitar os princípios éticos estabelecidos. Uma pessoa que
não segue a ética da sociedade à qual pertence é chamado de antiético, assim
como o acto praticado.
A moral
A
problemática da moral na nossa sociedade não encontra solução fora da educação,
do meio social e da família. Por isso, faremos alguma abordagem sobre o papel
deste incontornável triângulo. Um facto é certo: à virtude, chega-se com muita
fadiga, mas ao vício escorrega-se com muita facilidade e agilidade. É preciso,
por conseguinte, estarmos atentos para não fazermos dos vícios uma cultura. Tal
como a cultura, a moral"não é um acontecimento espontâneo, instintivo,
inato ou automático; ela requer uma aprendizagem, uma educação e, por
conseguinte, exige, quer do indivíduo singular, quer da sociedade, um esforço
árduo, sacrifícios e um empenho constante." Aí justamente reside o papel preponderante
da educação, da escola em exercitar a mente das crianças e dos jovens na
direcção certa.
A
moral tem um dos aspectos bem salientes que é a dinamicidade e a dialéctica
pelo que ela não é uma realidade estática, opaca ou fechada em si mesma, bem
pelo contrário ela está sempre em constante mutação, transformação e evolução.
Ela está a par e passo com a sociedade e a humanidade. Devido a esta dinâmica,
entendemos que tal como a cultura, também a moral"se não cresce, declina-se
não progride, retrocede; se não se aperfeiçoa, cai no vício. O facto de não
termos sido suficientemente actuantes ou agressivos na educação moral activa,
ou termos estado na educação moral passiva, foi suficiente para ela não estar
parada, porque em alguns casos declinou, noutros casos retrocedeu gravemente. Não
conseguimos proteger contra as influências externas nocivas, nem preparamos o
nosso jovem para o exercício de análise do bom e do mau. Resultado é que assimilou
tudo o que lhe apareceu. A moral é também chamada a "uma contínua
auto-superação, a um contínuo abrir-se àquilo que ela não é, porque ela não se
esgota em si mesma"." Ela deve adaptar-se e responder às novas
exigências que a vida, a história e o ambiente impõem. Daí que quando um determinado
modelo moral não corresponde mais aos anseios da sociedade, deve ser avaliado e
melhorado, eliminando o que não serve, não presta, e simultaneamente injectar
novos valores e ideias renovadores.
Na sociedade em geral
Nas
nossas ruas registamos o atropelo cruel, e sem dó, dos mais elementares valores
morais. Os jovens bebem de dia e de noite de forma irremediável. Com a bebida
vem a prostituição e droga, e isto tudo combinado provoca a violência,
agressões, pancadaria e toda a podridão que vemos no dia-a-dia. Esta é a realidade
actual que vivemos. Daí vermos tanta coisa incrível que vai desde bebés nos
contentores de lixo, a pais que engravidam as filhas, mães que enterram vivos
seus filhos, filhos que matam os pais, pais que matam os filhos, rapazes e
raparigas que se envolvem em drogas, adolescentes que engravidam precocemente, promiscuidade
entre professores e alunas nas escolas, sem regras, etc.
IMPORTÂNCIA DO AMBIENTE
FAMILIAR
Os
adultos entre os quais, pais, tios e avôs, andam todos preocupados com o estado
deprimente da actual situação moral da juventude. Mas, esquecem, ou ignoram,
que são eles os principais responsáveis e culpados dessa situação, porque não criaram
ambiente diferente de educação para os seus filhos, sobrinhos e netos, ou seja,
não souberam educar de modo diferente. A geração posterior é resultado da atitude
e acção da geração precedente. Há que assumir as culpas. Estragar ou destruir é
fácil, mas construir leva sempre mais tempo. Se levamos tantos anos a destruir,
levaremos muito mais a reconstruir e construir novos valores.
Na
maior parte das vezes são os adultos, os "outros" que segundo Encarnação
Pimenta, são os "maiores desorientadores, mal orientadores ou simplesmente
não orientadores do indivíduo em marcha na escada da hierarquia das necessidades.
Refiro-me aos agentes de socialização que negligenciam a orientação dos mais
novos. É necessário ensinar os jovens desde a mais tenra idade a fazerem planos
de vida, desde os programas mais simples relacionados com as tarefas em casa,
na escola, clubes, igreja, partido político e na sua vida íntima, incutidos clarividentemente
pelos adultos. Quando as crianças não são bem orientadas pelos adultos, o seu
patamar referente às necessidades de estima será comprometido, pois a estima está
relacionada com o respeito por si e pelos outros com profundo autoconhecimento
de si mesmo e dos limites que nos separam dos outros.
Padrões de educação em família
Alguns
cientistas destacam três padrões de educação em família:
1º Padrão permissivo
2º Padrão autocrático
3º Padrão autocrático permissivo.
O padrão permissivo é aquele em que o pai não restringe as
acções dos filhos, não elogia, deixa fazer o que o filho quiser fazer. Este
tipo de educação cria filhos que se irritam facilmente, desleixados, irrepreensíveis
e inseguros. E até conduz ao extremo, levando a castigos físicos.
O padrão autocrático, em que o pai e um ditador. A voz do
pai e de comando (o pai disse e só se pode fazer assim). Cria filhos obedientes,
agressivos, dependentes, inseguros e irresponsáveis.
O padrão autocrático permissivo tem a reciprocidade entre os actos da
criança e a autoridade do pai; os filhos que se criam neste regime são seguros,
independentes, confiantes e auto-confiantes, etc. É o padrão mais indicado para
a educação dos filhos e em família, na convivência nas relações interpessoais.
CONCLUSÃO
Depois
da pesquisa feita chegamos a conclusão de que importa ter em consideração que: "os
pais e encarregados de educação devem encontrar tempo para o convívio com os
filhos (por exemplo, tomar as refeições em família), criando oportunidades para
exercer a autoridade parenta e assegurar uma educação assente nas boas práticas
e no diálogo permanente. Assim o tema abordado foi de grande senso moral visto
que até um certo ponto nos fez com que percebêssemos mais na matéria sobre os
valores morais e cívicos em Angola.
BIBLIOGRAFIA
João
da Cruz Kundongende: Crise e resgate dos valores morais, cívicos e culturais na
sociedade angolana – um contributo para a inversão dos valores éticos. CERETEC,
Huambo – Angola; 2013.