Adaptação do Homem O Homem e a Fadiga
Introdução
Na
actualidade muito se fala sobre o rápido avanço relacionado as mudanças
sociais, culturais e familiares, contudo, a velocidade do tempo moderno quase
nunca é compatível com o tempo emocional de cada indivíduo, pois mudar, ser
alvo de mudança exige um desprendimento do passado objectivando um foco maior
no futuro que antes de tudo direcciona o sujeito para viver o presente.
O que ocorre
em muitos casos é que o sujeito deseja a mudança, todavia está fixado ao
passado, sente necessidade de mudar, no entanto quando inicia o processo de
transformação encontra uma grande dificuldade em adaptar-se às novas situações
apresentadas. Essa falta de adaptação pode ser
momentânea ou pode se prolongar, tudo dependerá de como cada sujeito percebe o
novo ciclo, se de forma positiva ou negativa. É importante destacar que a
estrutura emocional terá um grande peso, como também as idealizações e
expectativas projectadas referente ao mudar. No entanto o presente trabalho relata
directamente sobre a adaptação do homem a fadiga, perigo, desastre e sinistro.
Adaptação do Homem
O Homem e a Fadiga
Com
a palavra "fadiga" designamos um estado que todos conhecemos na
rotina diária, regra geral, relaciona-se esta palavra com uma capacidade de
produção diminuída e uma perda de motivação para qualquer actividade.
A
fadiga como experiência rotineira não é um estado definido nem unitário. O
conceito também não fica mais claro, quando se começa a atentar para
"fadiga do trabalho", "fadiga mental" etc. A multiplicidade
de usos da expressão "fadiga" levou a uma quase caótica organização
dos conceitos. Significativa é certamente a distinção feita entre a fadiga
muscular e a fadiga generalizada.
A primeira é um acontecimento agudo, doloroso,
que o atingido sente em sua musculatura sobrecarregada de forma localizada.
A
fadiga generalizada, ao contrário, é uma sensação difusa, que é acompanhada de
uma indolência e falta de motivação para qualquer actividade. Estas duas formas
estão baseadas em fenómenos fisiológicos completamente diferentes.
De
um modo geral, a fadiga pode ser entendida como um conjunto de alterações que
ocorre no organismo, resultantes de actividades físicas ou mentais e que levam
a uma sensação generalizada de cansaço. É consequência directa da fadiga a
perda de eficiência, ou seja, a diminuição da capacidade de trabalho.
Alguns
dos sintomas mais comuns da fadiga são: diminuição da motivação; percepção e
atenção; capacidade de raciocínio prejudicada; menor desempenho em actividades
físicas e mentais (Nahas, 2001).
Segundo
Powers & Howley (2000), Fadiga é simplesmente uma incapacidade de
manutenção de produção de potência ou força durante contracções musculares
repetidas.
Durante
a contracção muscular acontecem processos químicos que, entre outros, fornecem
a energia para o trabalho mecânico. Após a contracção - portanto durante o
relaxamento do músculo - as reservas de energia são novamente reconstituídas.
No músculo em trabalho ocorrem assim reacções libertadoras de energia e reacções
reconstituidoras de energia, acontecendo uma perturbação do equilíbrio dos processos
metabólicos, que se manifestam por uma diminuição da capacidade de produção do
músculo.
Após
grandes exigências encontra-se no músculo exaurido, uma diminuição, das
reservas de energia (açúcar e ligações de fósforo) e um aumento de resíduos,
entre eles ácidos láctico e ácido carbónico. Produz-se então uma acidificação
dos tecidos do músculo.
Pode-se
supor que a fadiga muscular, que surge após condições de uso, se instala ainda
na fase inicial, na qual a compensação nervosa central está no primeiro plano
das manifestações fisiológicas colaterais. Ao se considerar o estado de
esgotamento, que certamente ocorre na musculatura, a fadiga muscular é
reconhecida pela diminuição da força muscular, que em seguida se compensa
parcialmente pelo aumento de descarga dos neurónios motores. Segundo isto, na
instalação da fadiga muscular do homem, ocorre uma diminuição da capacidade de
produção compensada por um empenho maior da vontade, isto é, através do aumento
da utilização de elementos neuro - musculares.
Sítios de Fadiga
A
Fadiga Central: O Sistema Nervoso Central (SNC) está implicado na fadiga se
houver redução da quantidade de unidades motoras funcionantes envolvidas na actividade
ou redução da frequência de disparos das unidades motoras.
A
Fadiga Periférica: A grande maioria dos estudos aponta para a periferia, onde
eventos neurais, mecânicos ou energéticos podem impedir a produção da tensão.
A
fadiga decorrente de factores neurais pode estar associada a falhas na junção
neuro - muscular, no sarcolema, nos túbulos transversos ou no retículo
sarcoplasmático que está envolvido no armazenamento na liberação e na
recaptação do cálcio (Ca++). O potencial de acção parece atingir a junção neuro
- muscular mesmo quando ocorre fadiga, mas evidências apontam que tal junção
não é um sítio de fadiga.
Sintomas da Fadiga
Os
sintomas da fadiga podem ser de natureza subjectiva e objectiva. Os mais
importantes são:
·
Sonolência, lassidão e falta de disposição para
o trabalho;
·
Dificuldade para pensar;
·
Diminuição da atenção;
·
Lentidão e amortecimento das percepções;
·
Diminuição da força de vontade;
·
Perdas de produtividade em actividades físicas e
mentais.
O Homem e o
Perigo
Há duas maneiras de gerir
as dificuldades: modifica-las ou adaptar-se à ela.
Cada actividade humana, como vimos na introdução do
capítulo “Animal Homem”, está irresistivelmente destinada a melhorar um dos
três principais eixos da nossa evolução:
1/ O nosso controlo
do comportamento humano.
2/ O nosso controlo
do meio ambiente.
3/ O solucionamento
dos nossos questionamentos.
De forma instintiva, cada
espécie viva esforça-se por se adaptar o melhor possível ao meio em que vive.
Essa procura da melhor adaptação possível permite a cada grupo humano afastar o
maior número de perigos inerentes à natureza, e assim, preservar
a perenidade da espécie.
Com a ajuda de vários
estratagemas elaborados com o tempo – camuflagem, isolamento, sistema de
repulsão – os homens conseguiram reduzir grande parte das ameaças presente no
seu meio ambiente.
Só que, apesar da
inteligência e da beleza dos meios de defesa elaboradas pela adaptação natural,
essas defesas não são perfeitas, e não podem atingir o grau zero quanto ao
perigo.
O Homem e o
Desastre
Desastre é um evento de causa natural e/ou tecnológica que afecta a
normalidade do funcionamento social e, por extensão, provoca danos e prejuízos
à sociedade, afectando a economia, ecossistemas,
estrutura básica e desenvolvimento humano. Os estudos e pesquisas sobre
desastres compreendem uma área interdisciplinar, a sinistrologia.
Por
definição, um desastre só acontece quando afecta pessoas. Dessa forma, se uma
chuva intensa cai sobre uma área no meio do oceano, longe da rota de navios e
aviões, sem afectar pessoas ou ecossistemas, não seria um desastre. Mas se a
mesma chuva cair sobre um lugar densamente povoado, com edificações frágeis
sobre morros e encostas, poderá vir a se tornar um desastre, pois atinge
pessoas, directa ou indirectamente, e causa danos e prejuízos.
Portanto,
o desastre não é natural, é essencialmente social. A causa não foi apenas a
ameaça natural da tempestade, mas o fato de haver pessoas em situação de
vulnerabilidade vivendo no local onde a tormenta desabou. "A génese do
desastre está na incapacidade em fornecer conhecimento, preparação e
treinamento para a população sobre o que fazer em uma situação de crise", permitindo assim, que se amplie sua
vulnerabilidade e, consequentemente, o impacto de desastres.
O Homem e o
Sinistro
Sinistro é uma
palavra com origem no termo em latim sinistru e significa esquerdo,
funesto, ameaçador, assustador, desgraçado. Também pode
ser sinónimo de desastre, acidente, grande prejuízo ou naufrágio.
O processo de avaliação do
sinistro inclui: apuração de
danos, onde se procura levantar causa, natureza e extensão das avarias,
podendo ser feito mediante a vistoria, registos policiais e outros; regularização, onde se analisa se o
evento está coberto ou não e definir quem será o beneficiário e qual o valor da
indemnização; e liquidação,
onde se realiza o pagamento da indemnização ou encerrar o processo sem indemnização, sendo mediante a comprovar algum
equivoco, fundamentar a negativa, negociar eventuais salvados e tentar
ressarcimento contra o causador do evento.
Exemplos de sinistros em
seguros de operações portuárias e navegação incluem: incêndios ou explosões em embarcações ou instalações portuárias; acidentes com navios que
transportem cargas perigosas ou poluentes, derramamento ou vazamento de óleo ou produtos químicos em larga escala; abalroamento ou colisões com risco
de afundamento, derramamento de produtos perigosos ou poluentes ou com avarias
sérias nas instalações portuárias; condições meteorológicas adversas que
ofereçam riscos para a segurança da amarração e do fundeio de navios ou a navegação; e ocorrência em terra que coloquem em risco instalações
portuárias ou embarcações.
Por mais
almejada que sejam as mudanças de sinistro, todo ser humano em grau maior ou
menor passará pelo período de adaptação, está é a forma que o psiquismo
encontra para acomodar com equilíbrio as alterações ocorridas nas diversas
etapas da vida.
Por mais
prazerosa e vantajosa que pareça a mudança, sempre será emocionalmente
solicitado ao sujeito que tenha ele um momento de acomodação, pois é aí que o
corpo e a mente poderão aos poucos vivenciar as novidades recém chegada. Quem só se
adapta, vira plágio. Por outro lado, quem muda se torna original.
Não se pode
ser marionete das situações apresentadas pela vida, principalmente no que diz respeito
ao adaptar-se a tudo e a todas as situações, o equilíbrio é fundamental para
fazer boas escolhas, há momentos em que é solicitado romper, buscar outro
lugar, procurar outro caminho, ou seja, mudar. Não se adaptar a tudo também é
uma forma de não se acomodar. As mudanças são feitas através de pequenos actos
e grandes transformações.
Conclusão
Em suma,
muitas pessoas procuram refazer ou mesmo iniciar projectos referentes às
mudanças de vida, porém nem todas estão psicologicamente disponíveis ou
preparados para as transformações advindas. Mudar requer foco e energia
direccionada para o alvo esperado, objectivando novas etapas.
A adaptação
do sujeito a essas modificações quer seja no nível profissional, pessoal ou
social trará consequências que poderão afectar a forma psicológica do sujeito,
pois o ideal quase sempre é diferente do real.
As mudanças
vêm do impulso ao desejo de mudar, transformar, melhorar e a princípio, parte
das idealizações que se faz, entretanto nem sempre esse ideal será o real e
normalmente eles se chocam.
BIBLIOGRAFIA
MEIRELES, Jacqueline: Psicologia em análise.
Brasil. 2010.
COOPER, K.H. O Programa Aeróbico Para o
Bem-Estar Total. Rio de
Janeiro: Nórdica, 1982.
NAHAS, M. V. Actividade física, Saúde e
Qualidade de Vida: Conceitos e Sugestões para um Estilo de Vida Activo. Londrina: Midiograf, 2001.
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