adolescencia
INTRODUÇÃO
O presente trabalho insere-se na pesquisa científica
da disciplina de Psicologia que abrange a critérios psicológicos do indivíduo
desde o seu nascimento até ao seu desenvolvimento intelectual. Desta forma
importa-nos dizer que adolescência é a fase que marca a
transição entre a infância e a idade adulta. Caracteriza-se por
alterações em diversos níveis - físico, mental e social - e representa para o indivíduo um processo de distanciamento de formas
de comportamento e privilégios típicos da infância e de aquisição de
características e competências que o capacitem a assumir os deveres e papéis sociais do adulto.
ADOLESCÊNCIA
A adolescência é
uma etapa muito importante na evolução do ser humano porque representa um
período de transformações e de experimentações que vão no sentido da procura e
da construção da identidade. É através de um processo dinâmico que a
adolescência se inicia e desenrola. Começa com a puberdade (fenómeno físico e
biológico) e termina com a aquisição da identidade, da autonomia e da
elaboração de um projecto de vida e da integração como ser social.
Biologicamente,
é mais fácil definir o início da puberdade e mais difícil situar o término da
adolescência, pois este baseia-se em critérios psicológicos, sociais e
culturais e todos estes critérios são variáveis, mudando de caso para caso.
Podemos afirmar que a adolescência varia conforme cada infância, cada fase de
maturação, cada família, cada época, cada cultura e cada classe social. De uma
forma genérica, esta etapa existencial, na nossa cultura actual, abrange um
período entre os 12-13 anos e os 18 anos.
A ambivalência
deste período liga-se com as transformações globais que ocorrem no indivíduo e
que tornam o adolescente de difícil compreensão para os outros e até mesmo pelo
próprio. É uma fase de inquietação pois existem sentimentos antagónicos que se
comparam: autonomia versus dependência, crescer versus regredir. Na nossa
sociedade actual é vulgar associar-se ao conceito de adolescência um conjunto
de comportamentos problemáticos e desviantes relacionados com o consumo de
droga, actos de vandalismo, violência, roubo e homicídios, gravidez prematura,
suicídio e outros.
As estatísticas
parecem validar a ideia de que a adolescência é propícia a comportamentos
delinquentes e atitudes de desvio, contudo, referem-se a jovens com
comportamentos de desvio, os quais constituem um problema social grave. Porém,
como se tratava de estudar a delinquência juvenil, os psicólogos não tinham
como objectivo a observação de jovens com comportamentos socialmente
aceitáveis. A delinquência juvenil existe e merece que os adultos se preocupem
com ela, mas generalizar indevidamente conduz a preconceitos sociais.
ASPECTOS FISIOLÓGICOS
A origem da adolescência centra-se
na maturação do sistema nervoso e, sobretudo, nas alterações físicas próprias
da puberdade, alterações essas que obrigam o adolescente a reencontrar a sua
identidade física e psicológica, bem como a avaliar o seu papel nas relações
interpessoais e na sociedade, de forma geral.
Quanto às transformações
fisiológicas típicas dessa fase da vida, pesquisadores do Suny Downstate
Medical Center (EUA) descobriram que o THP (ou alopregnanolona) é o hormônio
responsável por alterações no humor dos adolescentes, além de promover
a dificuldade de aprendizado dos mesmos.
A proteína específica chamada
alfa4-beta-delta se prolifera durante a puberdade no hipocampo, região cerebral
crucial para o aprendizado, alterando também os níveis de estresse dos
adolescentes.
O harmónio THP naturalmente possui
um efeito tranquilizante na criança e no adulto, mas durante a puberdade, esse
efeito é invertido, causando muito estresse durante essa fase da vida do
indivíduo. Felizmente, essas alterações
fisiológicas oferecem ao adolescente uma capacidade de reflectir, compreender e
conseguir, pouco a pouco, um maior grau de satisfação, autonomia e intimidade.
Transformações físicas femininas: Hormônios estrogênio
e progesterona
·
A
forma do corpo começa a mudar:
. a cintura fica mais fina;
. os ossos da bacia alargam-se;
. Os seios crescem;
·
Os
órgãos genitais também mudam:
. a vagina fica com a parede mais
espessa;
. o útero aumenta de tamanho;
. aumenta a irrigação sanguínea do clítoris;
. Crescem os pêlos das axilas e da
região púbica;
. Dá-se a primeira menstruação
("menarca").
·
Transformações
físicas masculinas: Hormônio testosterona
. Crescem os pêlos do rosto;
. Das axilas e da região púbica;
. A voz muda;
. A laringe cresce;
. Dá-se o crescimento dos
testículos e do pênis;
. Surgem as primeiras ejaculações.
·
Aspectos
emocionais e psicológicos:
A adolescência é uma fase marcada
por uma grande instabilidade emocional e pela presença de conflitos pessoais.
Apesar disso, é um período necessário, pois permite ao indivíduo gerar laços afectivos
e sociais mais estáveis, o que irá facilitar a sua posterior adaptação e
integração como adulto na sociedade.
É normal que o adolescente se
comporte de maneira inconsciente e imprevisível. Lutar contra os seus impulsos e aceitá-los; amar os
seus pais e odiá-los; ter vergonha de os assumir perante outros e querer
conversar com eles; identificar-se e imitar os outros enquanto procura uma
identidade própria. O adolescente é idealista, artístico, generoso e altruísta,
como jamais o será novamente, mas também é o oposto: egoísta, calculista,
egocêntrico.
·
Símbolos
e descobertas:
No ano de 2009, surge uma nova
mania entre os adolescentes. Trata-se do uso das pulseiras coloridas. As
aparentemente ingénuas pulseiras coloridas simbolizavam, para os adultos, nada
mais que uma nova moda entre os jovens, mais tarde, descobriu-se que os adornos
estavam rodeados de conotações sexuais. Cada cor deveria levar a uma atitude
correspondente.
Se o menino arrebentasse uma
pulseira amarela, a menina teria que abraçá-lo, se fosse uma pulseira roxa, ela
teria de beijá-lo, a preta simbolizava o sexo, a transparente dava total
liberdade para o que o garoto fizesse o que quisesse e dourada para todas as acções
citadas anteriormente.
Essa situação
alarmou pai e professores, que poderiam ter desenvolvido uma conversa franca
sobre um tema tão importante, mas que terminou simplesmente com a proibição
pura e simples do uso dos acessórios nas escolas. A omissão foi condenada por
especialistas que acreditam na importância de se colocar essas questões de
forma educativa justamente pela necessidade desses jovens em construir sua
própria sexualidade de forma plena e responsável.
·
Média
e sexualidade na adolescência
Nos últimos
anos, a internet, a globalização e a falta de censura nos meios de comunicação
com forte apelo sexual expõem os jovens a situações ainda não bem compreendidas
por eles. Os adolescentes copiam os modos adultos e querem ter os privilégios
da maturidade. Mas falta-lhes a experiência, a responsabilidade e o significado
real de um envolvimento sexual. A gravidez de risco na adolescência,
infelizmente, é um dos resultados desastrosos desta situação actual. A pouca
informação qualificada e o precário respeito dos adultos perante as
necessidades dos jovens são os verdadeiros responsáveis pelo falso e ilusório
desenvolvimento do adolescente de hoje.
ASPECTOS AFECTIVOS
As alterações
físicas levam o jovem adolescente a voltar-se para si próprio, procurando
entender o que se está a passar. Alguns adolescentes fecham-se muito sobre si
próprios, não comunicando com os adultos. Por vezes, escrevem um diário,
isolam-se, têm devaneios para tentarem corresponder a necessidades interiores
que contribuem para se conhecerem melhor a si mesmos e desenvolverem-se
emocionalmente. Os pares têm uma função muito importante, pois são neles que o
indivíduo pode encontrar respostas para várias inquietações e questões como o
“Serei normal?”, “Como será o meu futuro” ou “Só eu sinto as coisas desta forma?”.
Os modelos de identificação deixam de ser os pais para passarem a ser os jovens
da mesma idade, fazendo parte de um processo de autonomia e de
individualização.
Por vezes, os
pais são alvos de severas críticas que estão relacionadas com este processo
interno – os jovens não têm a verdadeira consciência das apreciações atribuídas
aos pais e, em certos casos, podem sentir um vazio enorme, desprotecção,
perturbação e incompreensão dos seus afectos. Esta incompreensão de que muitas
vezes se sentem vítimas, é frequentemente, uma projecção da sua própria
dificuldade em se compreenderem intimamente. A sua mudança fisionómica causa
grande ansiedade.
O adolescente
tem que assumir uma imagem sexual do seu corpo, o que nem sempre é fácil, pois
têm que fazer a distinção das transformações fisiológicas com a aceitação
psicológica. A forma como cada um se autopercepciona e a forma como gostam de
si é muito influenciada pelo meio onde vive e pela maneira como é aceite pelos
outros. Nesta sociedade actual, existe uma certa tirania sobre os jovens,
criando-se estilos padrões que não se coadunam a todos os corpos e assim, nasce
a necessidade de se afirmarem como diferentes e originais, que alguns jovens
demonstram na forma de vestir, de falar, nas atitudes e comportamentos.
Ainda de
salientar que nos aspectos afectivos, existe uma fragilidade e agressividade
que se manifestam em súbitas alterações de humor. São frequentes crises de
choro, de euforia e de melancolia. As grandes e globais alterações causam uma
tensão tal que se traduz em impulsos não controlados.
ASPECTOS INTELECTUAIS
A adolescência é
uma fase em que se obtém uma maturidade intelectual. Segundo Piaget, no quarto
estádio das Operações Formais, o adolescente domina o pensamento puro, que o
faz filosofar sobre vários aspectos, conduzindo-o ao egocentrismo intelectual,
que o fará sentir-se o centro do universo e as suas teorias as melhores do
mundo e as únicas correctas.
Uma boa forma de
lhes baixar o nível do egocentrismo e, simultaneamente, enriquecer-lhe os conhecimentos,
será o debate sobre temáticas actuais e interessantes, como a
toxicodependência, a homossexualidade e também, por exemplo, sobre a vida
política. Vai permitir-lhe partilhar e ouvir diferentes opiniões e pontos de
vista. O pensamento formal vai abrir novas perspectivas e exercitá-las através
da aprendizagem, da crítica e da interrogação do futuro.
No
desenvolvimento psicossocial, o raciocínio hipotético-dedutivo permite ajudar
na escolha de opções profissionais, na escolha de caminhos e construção do
futuro. Estas novas capacidades cognitivas e o exercício das mesmas,
permite-lhe reflectir antes de agir e manter uma certa distância relativamente
aos conflitos emocionais. Há uma necessidade de coerência nas discussões
intermináveis, no questionar os problemas e os argumentos expressos que são
importantes na formação de ideias próprias.
ASPECTOS SOCIO-MORAIS
Com a entrada do
jovem na adolescência, inicia-se o interesse por problemas éticos e
ideológicos. Gosta de debater e faz opções, construindo valores sociais
próprios. Os valores normalmente defendidos com grande radicalidade são, por
exemplo, a liberdade, a lealdade, a coerência e a justiça social. A consciência
de um novo estatuto e papel na comunidade leva-o a exercer uma nova
socialização.
Quando um
adolescente descobre que a sociedade não se coaduna com as aspirações e valores
que defende, revolta-se e defende uma perfeição moral, expressando um grande
altruísmo. A forma como se vive a adolescência não só está relacionada com a
infância, como também com o meio comunitário envolvente pelas suas dimensões
geográficas, económicas e socioculturais. Esta ligação origina a forma como se
faz a aprendizagem da vida e como se participa na vida cívica.
Aquando da
adolescência é construída uma identidade pessoal, sexual e psicossocial. Esta
crise de identidades que o jovem atravessa é explicada por Erikson que diz que
a constituição de grupos de pares pode assumir um modelo de identificação
positivo para o adolescente, pois o grupo pode dar certezas, mas por outro lado
menos positivo, pode criar dependência. O jovem constrói a sua identidade por
um processo de identificação e de diferenciação. Esta é uma fase de uma certa
desorientação e de confusão, de avanços e recuos, de experimentações e de
afirmações do ego, tudo contribuindo para a construção da identidade.
CONSTRUÇÃO DA
IDENTIDADE
A
crise de identidade surge muitas vezes por diversos factores como a permanência
em casa dos pais, a dependência económica e as restrições comportamentais, são
entraves com que o jovem se debate quando pretende autonomizar-se, construir a
sua identidade pessoal, situando-se assim num fluxo de forças contrárias que
contribuem para que o jovem tenha que passar. Nesta fase pode adquirir
identidades diversas: Identidade prescrita – É uma identidade que os jovens
assumem quando são exteriormente direccionados, não questionando, nem resistindo,
pelo contrário, aceitando passivamente os papéis que lhes são prescritos por
alguém que detém autoridade sobre eles.
A
identidade destes jovens é, portanto, adquirida sem margem para manifestações
de autonomia, sem necessidade de procurar experiências, sem hesitações nem
sobressaltos, sem dificuldades, sem crises. Estes jovens evitam a ansiedade e
as incertezas por que passam os que tentam encontrar-se a si próprios.
Identidade difusa – O jovem entrega-se a tarefas que rapidamente abandona,
experimentando sucessivos papéis, não encontrando nenhum que lhe assente bem.
O
sentimento de incerteza comum nos adolescentes faz com que avaliem
superficialmente as alternativas e que se deixem fascinar por muitas delas,
vivendo numa espécie de universo sem referências, em que as normas, valores,
passado e futuro têm a marca da relatividade. O adolescente entrega-se ao
presente, saltitando à cata de experiências, momentaneamente gratificantes,
como se fosse desprovido de raízes, sem história, sem horizonte, sem nada a que
se agarrar. Identidade adquirida – No final da adolescência, é suposto que o
jovem tenha já construído uma noção a seu respeito, que apresente uma estrutura
bem definida entre o seu passado, as experiências que teve e os vários papéis
que desempenhou. Para que se sinta autónomo, sabendo quem é e o que deseja na
vida, é necessário que sinta que os outros reconheçam a sua determinação em
permanecer firme na forma de pensar, no agir, no sentir e projectar. Neste
sentido, desempenha um papel fundamental, o relacionamento estabelecido com
algumas pessoas que, por serem significativas, se constituíram como modelos de
identificação.
DESENVOLVIMENTO
PSICOSSEXUAL
A
evolução da psicossexualidade é explicada por Sigmund Freud e diz que desde que
nasce, o ser humano procura obter prazer através de diferentes formas e de
diferentes fases que vão variando ao longo do desenvolvimento. A adolescência,
segundo Freud, inicia-se no estádio genital e compreende alguns fenómenos que
ocorrem depois da puberdade. A puberdade traz novas pulsões sexuais genitais e
o mundo relacional do adolescente é alargado para outras pessoas exteriores à
família. Este facto permite que passe por um processo de autonomia em relação
aos pais idealizados, que traz o encerramento do Complexo de Édipo. Freud
considera ainda que face a algumas dificuldades características da
adolescência, o jovem regride a fases do desenvolvimento anteriores, recorrendo
a mecanismos de defesa do ego como, por exemplo a negação do prazer através do
isolamento e a racionalização, ou seja, coloca toda a sua energia em
actividades do pensamento como forma de esconder aspectos emocionais.
MORATÓRIA
PSICOSSOCIAL
No processo da
construção da identidade, o jovem não fica imune a sobressaltos, paragens,
hesitações e desvios de percurso. Na realidade, precisa de um período de pausa,
afastando-se das pressões e exigências impostas pelo adulto. Interessa-lhe
agora, experienciar a vida e as oportunidades que ela oferece, testando as suas
capacidades em simultâneo.
Erikson, designa
por moratória psicossocial este “período de latência”, que se caracteriza por
ser um período de compasso de espera, em relação aos compromissos adultos. A
moratória, segundo Erikson, pode ser um período de vida boémia ou de devaneios
imaginativos, de abnegação ou de extravagâncias. A moratória pode ser
confundida com a difusão da identidade, dado que em ambos os casos, o
adolescente parece andar sem rumo.
No entanto, elas
distinguem-se nas vivências subjectivas e nos objectivos prosseguidos. Na
difusão da identidade, o adolescente anda sem rumo, mas não faz nada para o
remediar, caracterizando-se pela fuga às responsabilidades e pela entrega ao
prazer imediato. Na moratória, o jovem empenha-se na tarefa de encontrar um
sentido para a sua vida; fá-lo sozinho, recusando caminhar pelas pegadas dos
outros.
A moratória
resume-se a um período de espera que o jovem, responsavelmente, concede a si
mesmo. Não se prolonga indefinidamente e a partir dela, o jovem pode construir
a sua identidade ou cair na difusão. No estado de difusão, o jovem pode aceder a uma
moratória ou a uma identidade prescrita. Da identidade prescrita, é possível
passar a uma fase de difusão ou de moratória. Quando o jovem adquire a sua
identidade, pode entrar num estado de crise, vivendo um período de moratória ou
de difusão. Assim, não se pode definir objectivamente o percurso que conduz à
construção da identidade pessoal.
CONCLUSÃO
Chegamos à conclusão que a adolescência é uma época da vida humana
marcada por profundas transformações fisiológicas, psicológicas, afectivas,
intelectuais e sociais vivenciadas num determinado contexto cultural. Neste
caso a puberdade muda o corpo, a mente e os afectos da criança. Os adolescentes
entram numa nova fase existencial, banhados por novas pulsões, novas
sensibilidades, novas capacidades cognitivas, novas dificuldades nos seus
pontos de referência. Sendo assim a adolescência começa com as transformações
pubertárias e termina com a construção de uma autonomia e aquisição de
identidade, capacidade de suportar tensões e contrariedades, de elaborar
projectos de vida e de inserção social.
BIBLIOGRAFIA
SARA: A
adolescência e os seus aspectos. Disponível em: http://ouniversodesara.blogspot.com/2009/12/adolescencia.html. Acesso aos 27 de Junho de 2016.