DOENÇA HIPERTENSIVA ESPECÍFICA DA GESTAÇÃO – DHEG (HOSPITAL LUCRÉCIA PAIM)
RESUMO
A
gestação é um fenómeno fisiológico, sendo assim, na maioria dos casos sua
evolução é sem intercorrências. No entanto, há um pequeno número de gestantes
que desenvolve problemas, apresentam maiores probabilidades de evolução
desfavorável, tanto para o feto como para a mãe. Durante o período de
reprodução, a mulher grávida está sujeita a uma série de riscos e afecções
inerentes à condição gravídica. Dentre essas afecções a hipertensão é uma das
mais sérias e a mais comum das complicações na gravidez, ocorrendo em
aproximadamente 7% de todas as gestações, contribuindo de maneira significativa
para a morbimortalidade perinatal segundo dados obtidos no Hospital Lucrécia
Paim em Luanda.
Palavra-Chave:Doença
Hipertensiva Específica da Gestação
ÍNDICE
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
H.A A……………………………………………………………………...Hipertensão
Arterial
OMS……………………………………………………………Organização
Mundial da Saúde
DHEG…………………………………………...
Doença Hipertensiva Específica da Gestação
HELLP…………………………………………...Síndrome
que apresenta o seguinte quadro clínico: H- (hemólise), EL (elevação de enzimas
hepáticas), LP (contagem de plaquetas).
PNAR…………………………………………………………………….Pré-natal
de alto risco
1 INTRODUÇÃO
O
cuidado pré-natal deverá se iniciar logo que haja o diagnóstico da gravidez,
com o objectivo de avaliar o estado de saúde da mãe e do feto, estimar a idade
gestacional, e iniciar um plano para proporcionar atenção obstétrica
contínua.
Uma vez que identificado os factores de
riscos, algumas condições podem ser tratadas e eliminadas, e outras podem
apenas ser controladas, diminuindo assim, seu impacto sobre a gravidez. Os
profissionais de saúde devem atentar para os sinais precoces de complicações e
preparar-se para iniciar de imediato um tratamento.
As síndromes hipertensivas, incluindo a
pré-eclâmpsia, são as complicações mais frequentes na gestação e constituem as
principais causas de morbidade e mortalidade materna, fetal e neonatal (KAHHALE
e ZUGAIB, 1993).
O modo como a gravidez incita ou agrava a
hipertensão ainda não tem resposta apesar de décadas de intensa pesquisa. Na
realidade, os distúrbios hipertensivos permanecem entre os problemas sem
solução mais significativos e intrigantes em obstetrícia (CUNNINGHAM,
2012).
A Hipertensão Arterial - H.A - complica 10% de
todas as gestações e junto com a hemorragia e a infecção formam uma tríade
letal, que causa até 50.000 mortes maternas por ano no mundo (SÁNCHEZ et al.,
2004).
A H.A é uma doença considerada hoje um
problema de saúde pública pelo seu elevado custo médico-social e o alto índice
de mortalidade materna no mundo. Apesar da sua importância em saúde pública, a
etiologia da hipertensão que se manifesta na gestação (pré-eclâmpsia e hipertensão
gestacional) ainda permanece desconhecida. Acredita-se que possa haver
combinação de factores genéticos, imunológicos e ambientais que determinam no
aparecimento da doença.
1.1 PROBLEMA
A cada minuto, uma mulher morre no mundo por
complicações relacionadas à gravidez ou ao parto; são 1.600 mulheres por dia,
quase 600 mil por ano, sendo que 99% dessas mortes acontecem nos países em
desenvolvimento (OMS 2000).Sabe-se que a maioria das mortes e complicações que
surgem durante a gravidez, parto e puerpério podem ser preveníveis, mas para
isso é necessária uma participação activa por parte do sistema de saúde.
O pré-natal ainda é a melhor maneira de
prevenir problemas de saúde que podem afectar a mãe e o bebé, caso seja
detectada qualquer anormalidade que possa interferir na saúde dos dois, o
médico e o enfermeiro tomarão as providências necessárias para evitar qualquer
mal.
Baseado nessas premissas e frente à realidade
vivenciada surgiu à necessidade de realizar um estudo que investigasse se
durante a assistência pré-natal os profissionais de saúde estão preparados para
identificar os factores de risco gestacional e quais as acções de prevenção por
eles utilizadas para prevenção da doença?
1.2 JUSTIFICATIVA
As Síndromes Hipertensivas da Gestação são uma
das principais complicações gestacionais, sendo responsáveis por um alto índice
de morbidade e mortalidade entre os recém-nascidos. Apesar da sua importância
em saúde pública, a etiologia da hipertensão que se manifesta na gestação ainda
permanece desconhecida.
A vigilância e o rastreamento durante toda a
gestação asseguram o reconhecimento e o tratamento precoce das condições
anormais, promovendo intervenções juntamente com a participação da família da
gestante, podendo organizar um melhor atendimento à gestante, possibilitando o
estabelecimento de acções mais direccionadas a essa clientela pela equipe de
saúde, contribuindo, assim, para a diminuição da morbimortalidade materna e
perinatal.
A
justificativa deste estudo se dá pelo alto índice de mortalidade materna e
perinatal relacionado à Doença Hipertensiva Específica da Gestação e a
possibilidade de acções preventivas durante o pré-natal através da assistência
de enfermagem. O serviço deve propiciar assistência eficaz às gestantes, sendo
indispensável que toda equipe conheça as características dessa clientela.
Neste contexto, é relevante que a equipe de
saúde conheça os factores predisponentes para tal patologia, a fim de estarem
aptos a reconhecerem a possibilidade do desenvolvimento desta, em qualquer momento
do Pré-Natal, estando esse capacitado para programações de prevenção, daquele
que é um grande problema de saúde pública, a DHEG.
1.3 OBJETIVO
1.3.1 Objectivo Geral
·
Identificar as acções preventivas de
enfermagem frente ao atendimento a gestante portadora da Doença Hipertensiva
Específica da Gestação – DHEG - durante a consulta Pré-Natal.
1.3.2 Objectivos Específicos
·
Realizar uma revisão literária sobre a
DHEG;
·
Analisar os factores relevantes para a
prevenção da DHEG durante a consulta Pré-
·
Natal, a fim de prevenir as possíveis
complicações e efeitos da doença;
·
Descrever as acções preventivas de
enfermagem frente a gestante com predisposição para DHEG.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2 DOENÇA HIPERTENSIVA ESPECÍFICA DA GESTAÇÃO – DHEG (HOSPITAL LUCRÉCIA PAIM)
A
DHEG é caracterizada por hipertensão acompanhada de proteinúria e/ou edema. Segundo
MARTINS (2003) os valores dessa tríade são:
Pressão
arterial: aumento da pressão arterial diastólica a 90 mmHg ou mais, ou aumento
da pressão arterial diastólica acima de 140 mmHg do valor conhecido
previamente, confirmado após duas medidas com intervalo de no mínimo 4 horas,
com a gestante sentada, em repouso.
Proteinúria:
presença de 300 mg ou mais de proteínas em urina de 24 horas ou Labistix 1 (+ )/4(+)
ou mais em amostra casual.
Edema:
quando existente, pode ser localizado ou generalizado.
De
acordo com Ferraz (2013), a hipertensão é uma das doenças mais comuns em
grávidas, também chamada de Doença Hipertensiva Específica da Gestação (DHEG).
Essa patologia aparece em 10% da população brasileira e o índice de mortalidade
chega a 35%. A hipertensão gestacional se diferencia da hipertensão crónica,
aquela do dia-a-dia, por ter começo e fim. A pressão da mulher fica acima de
140/90 mmHg entre o período da 20ª semana de gestação e oito semanas após o
parto.
2.1 Classificação
De
acordo com CUNNINGHAM (2012), a classificação dos distúrbios hipertensivos que
complicam a gravidez do Working Group, descreve quatro tipos de doença
hipertensiva:
·
Hipertensão Gestacional Originalmente
denominada hipertensão induzida pela gravidez. Quando a pré-eclâmpsia não se
desenvolve e a hipertensão se resolve em torno de 12 semanas pós-parto, é
designada hipertensão transitória;
·
Pré-eclâmpsia e eclampsia;
·
Pré - eclâmpsia superposta á hipertensão
crónica;
·
Hipertensão crónica.
2.2 Definição
De
acordo com Rezende (1987), a hipertensão na gestação é quando ocorre pressão
alta (níveis de pressão maiores que 140/90mmhg) em gestantes. A hipertensão
induzida pela gestação ocorre após as 20 semanas de gestação, desaparecendo até
seis semanas após o parto, sendo três os factores que justificam o grande
interesse pela hipertensão na gravidez: a incidência elevada, a morbiletalidade
materna e perinatal e a possível profilaxia pela assistência pré-natal
adequada.
2.2.1 Pré-eclâmpsia
A pré-eclâmpsia é um distúrbio progressivo
encontrado apenas na gestação, caracterizado por hipertensão, proteinúria e/ou
edema generalizado após última metade da gestação. A eclâmpsia caracteriza-se
pela presença da convulsão e/ou coma, não relacionados a outros distúrbios
cerebrais, podendo ocorrer durante o ciclo gestacional, parto e puerpério, o
que a denomina como a forma mais severa de DHEG. (FERREIRA, 2004 apud ZIEGEL e
CRANLEY, 1985). A pré-eclâmpsia é uma síndrome multissistêmica caracterizada
por hipertensão e proteinúria, após 20 semanas de gravidez, em mulheres com PA
normal previamente (MONTENEGRO; 2012). É definida como a presença de convulsão
em mulheres com pré-eclâmpsia. Outras causas de convulsão incluem a hemorragia
cerebral por rotura de aneurismas e a epilepsia; convulsão não eclamptogênica.
A hipertensão ou proteinúria podem estar ausentes em 10-15% das pacientes com
pré-eclâmpsia grave e em 38% daquelas com eclâmpsia (MONTENEGRO E REZENDE
FILHO; 2012).
2.2.2 Hipertensão Crónica na Gravidez
A hipertensão crónica na gravidez é definida
como estado hipertensivo (PA> 140/90mmHg) preexistente á prenhez ou ocorrido
antes de 20 semanas, e ainda presente decorridas 6-12 semanas do pós – parto
(MONTENEGRO E REZENDE FILHO; 2012).
2.2.3 Síndrome de HELLP
A
Síndrome de HELLP é uma síndrome que apresenta o seguinte quadro clínico: H-
(hemólise), EL (elevação de enzimas hepáticas), LP (contagem de plaquetas). Em
obstetrícia está síndrome é considerada como um agravamento da pré-eclampsia.
Pode-se dizer que ela é uma hepatopatia relacionada com a gravidez. Nos casos
mais graves pode ocorrer icterícia, devido á hemólise intravascular, havendo
risco de mortalidade materna e fetal (CARVALHO; 2002).
2.2.4 Etiologia
De acordo com Angonesi (2007), a maior parte
dos casos de pré-eclâmpsia e de eclâmpsia ocorre após a 20ª semana de gestação.
A DHEG, geralmente, termina com o parto, mas pode persistir ate seis a oito
semanas após o parto, podendo retornar em gestações subsequentes.
De
acordo com Fustinoni (2006), os factores etiológicos são classificados em
intrínsecos e extrínsecos, sendo eles:
·
Intrínsecos
ou obstétricos: primiparidade, gestação com maior massa
placentária, sobre distensão uterina e gravidez ectópica avançada.
·
Extrínseco:
raça (mais comum na raça negra), idade (abaixo dos 17 e acima dos 35 anos),
nível socioeconómico, obesidade, tabagismo, diabetes, nefropatias, antecedentes
familiares, hipertensão arterial.
2.2.5 Fisiopatologia
Asprincipais
alterações fisiopatológicas são as seguintes:
1º. Alterações renais:
lesão glomerular, proteinúria, diminuição do fluxo plasmático e da filtração
glomerular. Aumento de creatinina.
2º. Alterações vasculares:vaso
espasmo é a principal alteração e a vasoconstrição determina resistência ao
fluxo e consequentemente H.A.
3º. Alterações cardiovasculares:
a expansão do volume intravascular (da gestante) não está presente ou reduzida.
Pode haver hipovolemia mesmo com a perda sanguínea habitual do parto.
4º. Alterações hepáticas:
particularmente na síndrome HELLP, há necrose hemorrágica do tipo periportal,
com depósitos de material fibrinóide nas sinusóides responsável pelo aumento
das enzimas hepáticas e dor no quadrante superior direito do abdome. Em alguns
casos, pode ocorrer hemorragia intra-hepática com hematoma subcapsular, podendo
levar à rotura do fígado.
5º. Alterações cardíacas:
a actividadecontráctil do miocárdio raramente está alterada. Nas pacientes com
pré-eclampsia grave ou eclampsia, a hipertensão pode se exacerbar e há risco de
edema agudo de pulmão como resultado da administração vigorosa de líquidos na
tentativa de expandir o volume sanguíneo a níveis pré gravídicos.
6º. Alterações sanguíneas:
a trombocitopenia é a alteração hematológica mais comumente encontrada na DHEG,
podendo causar hemorragia cerebral e hepática subcapsular. Há presença de lesão
endotelial, encontrando-se elevação nos níveis de endotelina I, e redução nos
níveis de anti trombina III. Há diminuição no volume plasmático
(hemoconcentração), e de albumina.
7º. Alterações hidroeletrolíticas:
a toxêmica retém mais sódio e água do que outras gestantes normais. Podendo
ocorrer edema peri maleolar, especialmente no final do dia.
8º. Alterações no sistema renina –
angiotensina – aldosterona: que desempenha importante papel na
regulação do tono vascular e da pressão sanguínea.
9º. Alteração uteroplacentária:
a circulação uteroplacentária está reduzida em 40 a 60%, explicando a
incidência de grandes infartos placentários (> 3 cm), retardo de crescimento
da placenta,deslocamento prematuro da placenta, determinando sofrimento fetal e
aumento do óbito perinatal.
3 PRÉ-NATAL
O
intuito da assistência pré-natal de alto risco é interferir no curso de uma
gestação que possui maior chance de
ter um resultado desfavorável, de maneira a diminuir o risco ao qual estão
expostas a gestante e o feto, ou reduzir suas possíveis consequências adversas.
A equipe de saúde deve estar preparada para enfrentar quaisquer factores que
possam afectar adversamente a gravidez, sejam eles clínicos, obstétricos, ou de
cunho socioeconómico ou emocional. Para tanto, a gestante devera ser sempre
informada do andamento de sua gestação e instruída quanto aos comportamentos e
atitudes que deve tomar para melhorar sua saúde, assim como sua família,
companheiro e pessoas de convivência próxima, que devem ser preparados para
prover um suporte adequado a esta gestante (MINISTÉRIO DA SAÚDE; 2010).
Uma assistência pré-natal adequada prevê, como
mínimo, seis consultas durante o período de gravidez. Se a gestação não é
classificada como de alto risco, indicam-se, no mínimo, uma consulta no
primeiro trimestre de gestação, duas no segundo e três no terceiro.
As
gestantes devem ser vistas até atingir o trabalho de parto, ou ser atingido o
período de risco para pós-maturidade, em torno da 42° semana. Para o Ministério
da Saúde (2006b), conclui-se a assistência pré-natal somente no 42° dia após o
parto, quando se realiza a consulta de puerpério. Essas determinações podem variar,
conforme os riscos apresentados pela gestante, sendo fundamental em todos os
casos a adesão à assistência pré-natal (Buchabqui, Abeche&Brietzke, 2001).
Para Carvalho (2002), a assistência pré-natal
é principalmente preventiva e visa os seguintes objectivos: identificar, tratar
ou controlar patologias, prevenir complicações na gestação ou parto, assegurar
a boa saúde materna, promover o bom desenvolvimento fetal, reduzir os índices
de morbidade e mortalidade materna e fetal, preparar o casal para o exercício
da paternidade.
A cada consulta de retorno, deve-se seguir uma
rotina em etapas para determinar o estado de saúde da mãe e do feto. Algumas
informações são consideradas especialmente importantes-como, por exemplo, a
avaliação da idade gestacional e medição da pressão arterial (JONES E COLS,
2003).
Os objectivos dos cuidados pré-natais á
gestante de alto risco são os mesmos dos cuidados a qualquer outra grávida. Têm
o propósito de minimizar a mortalidade e a morbidade materna fetal e neonatal,
e encorajar o crescimento e desenvolvimento óptimos tanto dos pais como do filho.
Todo o período da gestação complicada torna-se literalmente um período de
cuidado intensivo (ZIEGEL E CRANLEY,1985).
Ainda de acordo com o autor supracitado, a
prevenção ou pelo menos o diagnóstico precoce dos sinais anormais seguidos de
um tratamento imediato e eficaz, evitaria muitas complicações que poderiam vir
a acontecer.
3.1 Pré-Natal de Alto Risco
Quando
a gestante apresenta um quadro patológico preexistente, uma complicação
gestacional actual ou prévia ou uma condição social e/ou biológica que possa
prejudicar a boa evolução da gravidez, o acompanhamento indicado é o pré-natal
de alto risco (PNAR). Portanto o PNAR significa acompanhar a gestante e o feto
com foco nos riscos existentes a saúde de ambos. (SILVA, 2009).
Como
descrito no (Manual Merk, 2009), uma gravidez de alto risco é uma gravidez na
qual o risco de doença ou de morte antes ou após o parto é maior que o habitual,
tanto para a mãe quanto para o concepto.Para identificar uma gravidez de alto
risco, o médico avalia a gestante para determinar se ela apresenta condições ou
características que a tornam (ou o seu feto) mais propensa a adoecer ou a
morrer durante a gestação (factores de risco).Os factores de risco podem ser
classificados de acordo com o grau de risco. A identificação de uma gravidez de
alto risco assegura que a gestante que mais precisa de cuidados médicos
realmente os receba.
3.2 Pré-natal de alto risco para mulheres portadoras de DHEG
De acordo com Silva e Guimarães, et
al., uma das primeiras observações da equipe multidisciplinar, que é
responsável pelo atendimento pré-natal, deve ser identificar as mulheres que
apresentam probabilidades estatísticas de desenvolver a hipertensão gestacional,
pré-eclâmpsia e eclampsia. Consultas de pré-natal devem ser individualizadas,
não estabelecendo intervalos de tempo determinados. Desde cedo as gestantes de
alto risco devem ser vistas pelo menos a cada duas semanas e mais
frequentemente no final da gravidez.
4 ACÇÕES PREVENTIVAS DE ENFERMAGEM FRENTE A GESTANTE COM PREDISPOSIÇÃO PARA DHEG
O
termo "hipertensão na gravidez" é usualmente utilizado para descrever
desde pacientes com discreta elevação da pressão arterial, até hipertensão
grave com disfunção de vários órgãos. Com reconhecimento precoce desta
enfermidade e o acompanhamento adequado do pré-natal se pode detectar a
patologia ainda no estágio inicial de seu desenvolvimento, avaliando os
possíveis riscos da gestação. (ANGONESI. POLATO, 2007 apud PEREIRA et. al.
2006).
A
pré-eclâmpsia devidamente tratada quase sempre pode ser controlada a fim de não
progredir para a convulsão. A assistência à gestante tem grande
responsabilidade quanto ao prévio reconhecimento e tratamento dos sintomas como
também as instruções às pacientes em relação aos sinais e sintomas presentes
que devem ser imediatamente informados (ZIEGEL e CRANLEY, 1985).
A
gestante hipertensa demanda uma assistência intensa e qualificada, sendo que o
conhecimento da doença é imprescindível para a eficácia do tratamento,
portanto, a gestante precisa estar ciente da importância da adesão ao
tratamento para o bom desfecho da gestação.
A
hipertensão arterial na gestante, quando detectada, exige dos profissionais da
área de saúde uma melhor preparação e acções preventivas, levando para o campo
prático e teórico uma assistência para o binómio materno-fetal voltado para a
importância da prevenção. Sendo assim, a enfermagem tem como objectivo promover
reflexões das gestantes sobre o risco da hipertensão gestacional.
O enfermeiro é um dos profissionais
responsáveis pela promoção, prevenção e recuperação da saúde dos indivíduos.
Soares e Floreano (2008) relatam que os principais objectivos de se integrar
cuidados de enfermagem para pacientes com hipertensão induzida pela gestação
são:
Diminuir
a irritabilidade do sistema nervoso central econtrolar a pressão
sanguínea:
·
Promover a diurese;
·
Controlar o bem-estar fetal;
·
Auxiliando;
·
Aliviar náuseas e vómitos;
·
Reduzir edema.
No
pré-natal o enfermeiro oferece instruções à futura mãe, como cuidados com a
alimentação, formas de se manter confortável, estimulação do bico do seio,
polivitamínicos a serem ingeridos, realização de exames, oferecendo respostas e
apoio aos sentimentos de medo, dúvidas, angústias, fantasias e a curiosidade de
saber sobre o que acontece com o seu corpo nesse processo de transição.
4.1 Importância fundamental do Enfermeiro
A
assistência de enfermagem no pré-natal é de fundamental importância, tanto para
mãe quanto para o feto. Para justificá-la, basta dizer que sua ausência esta
ligada e associada à mortalidade perinatal. Sendo que em países pobres como o
Brasil fica ainda mais evidente a necessidade de um acompanhamento adequado e
de qualidade para as gestantes, já que esta se encontra em condições menos
favoráveis. (REZENDE, 2005).
De
acordo com Peixoto et al. (2008) apud Baxley (2001) e Enkin et al. (2005), as
intervenções de enfermagem deve seguir um roteiro, e a proposta seria:
·
Estabelecer um vínculo de confiabilidade
entre a gestante e o enfermeiro.
·
Oferecer um atendimento de qualidade,
com recursos que a referência não ofereceu.
·
Facilitar acesso aos exames, dando
prioridade a essa gestante.
·
Orientar as mulheres e suas famílias
sobre a importância do pré-natal, da amamentação, vacinação, preparo para o
parto e puerpério.
·
Realizar actividades com grupos de
gestantes semanais e/ou quinzenais, reforçando a importância da participação
das mesmas; abordando assuntos, como aleitamento materno, medicações,
vacinação, alimentação (evitar gordura e frituras, restringir uso de sal,
orientar quanto a importância de uma dieta balanceada com todos os nutrientes,
vitaminas e sais minerais), autocuidado (repouso com as pernas elevadas, uso de
sapatos de saltos baixos e confortáveis, roupas leves e folgadas, calcinhas de
algodão com sustentação para evitar outras complicações, meias elásticas
indicadas para gestante, cuidados com os seios) e esclarecimento de possíveis
dúvidas que possam surgir.
·
Fornecer o cartão da gestante
devidamente actualizado a cada consulta.
·
Orientar a gestante quanto aos sinais e
aos sintomas que possam surgir durante a gravidez, e fazer acompanhamento e
controle dos sinais vitais, priorizando a medição da PA, diariamente, na
UBS.
·
Realizar visitas domiciliares,
reforçando o vínculo estabelecido entre a gestante e a UBS, sendo de carácter
integral e abrangente sobre a gestante, família e o contexto social.
·
Periodicidade da visita domiciliar:
auxiliar de enfermagem ou técnico, de 5 em 5 dias; agente comunitário de saúde
(ACS), de 2 em 2 dias; enfermeiro(a), de 10 em 10 dias. Isso pode ser
modificado de acordo com a demanda de cada PSF, não devendo ser inferior ao
proposto acima.
·
Orientar e acompanhar quanto à dieta Hipos
sódica e Hipo proteica.
·
Sugerir repouso e encaminhar a gestante
para a consulta de pré-natal de alto risco, em casos de aumento da PA (acima
140/90 mmHg) ou edema.
·
Orientar quanto ao ganho exagerado de
peso. A equipe deverá atentar quanto à retenção de líquido por parte dessa gestante.
·
Orientar quanto à necessidade da colecta
de exame cito patológico após o término da assistência pré-natal (42 dias após
o parto).
5 METODOLOGIA DA PESQUISA
5.1 Tipo do estudo
O
estudo tratar-se-á de uma revisão bibliográfica, com abordagem qualitativa, do
tipo exploratória, através de diferentes bases de dados electrónicas
científica, através de descritores referentes às acções preventivas de
enfermagens frente ao atendimento a gestante portadora da Doença Hipertensiva
Específica da Gestação – DHEG - durante a consulta Pré-Natal. A identificação
dos artigos e inclusão dos mesmos ocorreu no mês do maio de 2015.
5.2 Bases de dados electrónicas
A
pesquisa bibliográfica será conduzida nas bases de dados electrónicas: Scientific Electronic Library Online -
SciELO;
5.3 Estratégia de busca
A combinação de termos utilizados juntos ou
separados nas respectivas bases de dados foram: ’Pré-eclâmpsia’ ’Complicações
na gravidez’ ‘Mortalidade Hipertensiva Específica da Gestação
Materna’
’Pré-natal’’.
6 CONCLUSÃO
Espera-se com esse trabalho mostrar
a importância das acções preventivas de enfermagem frente ao atendimento há
gestantes com predisposição a Doença Hipertensiva Específica da Gravidez
durante a consulta pré-natal.
A
única cura conhecida para a Doença Hipertensiva Específica da Gestação – DHEG -
ainda é o parto, porém, as suas complicações podem ser prevenidas se diagnosticadas
precocemente. Vale ainda ressaltar a importância do rastreamento, monitoramento
e acompanhamento médico, durante, após e quando possível até mesmo antes da
gestação, para que assim, possa haver um melhor prognóstico materno e
perinatal.
É
importante enfatizar a necessidade de uma grande vigilância a fim de controlar
a doença e de muita atenção dos profissionais de saúde aos sintomas
apresentados pela mulher grávida durante a fase de sua gestação, sendo esta a
melhor forma de ser diagnosticada e tratada antes de vir a desenvolver graves
complicações. Sendo assim, torna-se necessário, enfatizar as acções de
enfermagem durante a consulta de Pré-natal a fim de prevenir e/ou controlar a
doença de maneira efectiva e assim e imagem deste trabalho.
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Pré-natal e puerpério, atenção qualificada e humanizada. Série direitos sexuais
e direitos reprodutivos. Caderno 5.Hospital Lucrécia Paim: