BREVE HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICO
INTRODUÇÃO
Neste trabalho, será apresentada uma introdução à história do pensamento
económico, com a evolução sumária da Economia através dos tempos, com o
objectivo de mostrar que o dia-a-dia das pessoas não está dissociado do aspecto
económico. Tanto a segurança física, a manutenção da vida, como a alimentação e
outras necessidades básicas constituem a preocupação fundamental dos seres
vivos. Neste contexto o pensamento económico se
desenvolve compreendendo o capitalismo como pertencente a uma dinâmica do
processo produtivo, trazidas pela Revolução Industrial. Adam Smith afirma que
não é a quantidade de bens valiosos como prata e ouro que determina a riqueza
de uma nação, mas o trabalho é que da origem a prosperidade. Sendo assim
o foco da escola clássica está na análise e no
aperfeiçoamento das regras e estruturas internas da organização. De modo que, a
partir do momento em que a organização possui estruturas e processos bem
definidos que funcionam e aperfeiçoam a produção todos os demais problemas se
resolvem.
BREVE HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICO
Origens do pensamento económico
A Economia surgiu como ciência através de Adam Smith
(1723-1790), considerado o pai da Economia Política. Sua obra, A Riqueza das
Nações, publicada em 1776, constituiu um marco na história do pensamento económico.
Antes disso, a Economia não passava de um pequeno ramo da filosofia social,
como atestam as contribuições do abade e filósofo francês Turgot (1727-1781).
Com o Mercantilismo (1450-1750), as ideias económicas conheceram algum desenvolvimento,
mas na Antiguidade e na Idade Média as relações económicas eram bastante simples.
Relações económicas na antiguidade
Mesmo nas sociedades primitivas, os homens precisavam
organizar-se em sociedade, para defender-se dos inimigos, abrigar-se e produzir
comida para sobreviver. A divisão do trabalho daí decorrente permitiu o
desenvolvimento da espécie humana em comunidades cada vez maiores e mais bem
estruturadas. Na maior parte dos casos, a produção era basicamente para a
própria subsistência. Algumas pessoas produziam um pouco mais, permitindo as
trocas, o que gerou especialização.
No lar, os homens produziam as ferramentas e utensílios
rudimentares para a agricultura, caça, pesca e para trabalhos com madeira
(enxadas, pás, machados, facas, arco, flechas e outras armas). Com o tempo,
surgiram pessoas com habilidade que se especializaram na produção de cada um
dos tipos de bens. Alguns trabalhadores mais habilidosos não só aprenderam uma
profissão específica, como passaram a reunir aprendizes e ajudantes. A escala
de produção ampliou-se; os produtos adquiriram maior qualidade e os custos de
produção se reduziram em função do aumento das quantidades produzidas. Aqueles
que produziam armas ou ferramentas específicas tinham pouco tempo para se dedicar
à caça, à pesca ou à agricultura: eles precisavam trocar os produtos que
fabricavam por alimentos e peles para vestuário. Aos poucos, o trabalho de
alguns homens passou a ser suficiente para atender às necessidades de um
conjunto cada vez maior de pessoas. As trocas se intensificaram, portanto,
entre artesãos, agricultores, caçadores e pescadores. A economia adquiria maior
complexidade à medida que as relações económicas realizadas em determinadas
localidades alcançavam comunidades cada vez mais distantes. As trocas colocavam
em contacto culturas diferentes, com repercussões locais sobre os hábitos de
consumo e a estrutura produtiva. Mais tarde, com o surgimento dos líderes
comunitários, formaram-se as classes dos soldados, dos religiosos, dos
trabalhadores e dos negociantes. Com a divisão do trabalho e as
especializações, ficou bem nítida a formação dos diferentes agentes económicos:
governo, consumidores, produtores, comerciantes, banqueiros. O sistema bancário
tornou-se importante com o surgimento da moeda, que passou a circular como meio
de troca. Na medida em que ela era depositada nos bancos, passou a ser
emprestada mediante o pagamento de juros. Contudo, entre os filósofos gregos,
com grande influência no mundo antigo, havia restrições filosóficas aos
empréstimos a juros, ao comércio e ao emprego do trabalho assalariado. A busca
de riqueza era considerada como um mal, tendo em vista que a ambição é um
vício. Esse pensamento dificultava o desenvolvimento da economia. De outra
parte, na Grécia antiga, como em Roma, na maior parte da população era composta
por escravos, que realizavam todo o trabalho em troca do estritamente
necessário para sobreviver em termos de alimentos e vestuário. Os senhores de
escravos apropriavam-se de todo o produto excedente às necessidades de consumo
dos trabalhadores. A economia era quase exclusivamente agrícola; o meio urbano
não passava de uma fortificação com algumas casas, onde residiam os nobres, ou
chefes militares. Para os gregos, a Economia constituía apenas uma pequena
parte da vida da cidade, onde se desenrolava a vida política e filosófica,
constituindo segundo eles os verdadeiros valores do homem. Por essa razão, a
obtenção de riqueza constituía um objectivo bastante secundário na vida dos
cidadãos. Para eles, a questão primordial consistia na discussão acerca da
repartição da riqueza entre os homens e não como ela se obtinha. Segundo a
filosofia grega, o grande objectivo do homem era alcançar a felicidade, que se
encontrava no seio da família e no convívio no interior da cidade, através da interacção
entre os cidadãos. A busca da felicidade, no entanto, não devia se restringir
ao prazer, porque seria voltar à condição de animal e de escravo. A honra era
importante na medida em que mostrava ao homem os verdadeiros valores da vida.
Segundo eles, embora o comércio não fosse considerado como uma actividade
natural, as trocas não eram condenáveis pois permitiam a diversificação das
necessidades humanas e levavam à especialização dos produtores. Entretanto,
como o comércio era uma actividade que não possuía limites naturais e a moeda
facilitava as trocas, criava-se uma classe de comerciantes ricos. Segundo eles,
essa possibilidade de riqueza fácil corrompia os indivíduos, que passavam a dar
prioridade à busca da riqueza, em prejuízo da prática das virtudes. Pela lógica
grega, tornava-se portanto condenável toda prática que levasse à acumulação de
moeda, como a existência de trabalho remunerado e a cobrança de juros nos
empréstimos. No pensamento de Platão o comércio e o crescimento económico
associavam-se com o mal e com a infelicidade dos homens. Para ele, o trabalho
era indigno porque retirava do cidadão o tempo que ele precisava para o lazer e
a prática das actividades políticas e filosóficas. Na livro A República,
de Platão, os cidadãos que exerciam altos cargos públicos não deviam
“trabalhar” para não “poluir a própria alma”. Eles precisavam ignorar o
dinheiro, desvincular-se da propriedade de bens e esposa, buscando o que
necessitavam na comunidade. Sendo o trabalho necessário para a actividade
produtiva, ele precisava ser realizado por escravos. A classe inferior, que
trabalhava, podiam possuir bens e trocá-los, bem como acumular riquezas dentro
de certos limites para não se tornarem maus trabalhadores. Ele condenava o
empréstimo a juros, pois o ganho provém da moeda acumulada e, segundo ele, ela
devia ser usada apenas para facilitar as trocas. Aristóteles compartilhava da
maioria das ideias de seu mestre Platão, mais rejeitou a comunidade de bens por
considerá-la injusta por que não compensava o indivíduo segundo o seu trabalho.
Como os indivíduos não são iguais, eles não deviam ter a mesma participação na
posse dos bens. Concluía Aristóteles que a comunidade acabava produzindo mais
conflitos do que a desigualdade em si. Segundo ele, o indivíduo devia
preocupar-se mais com aquilo que lhe pertence e não com a partilha dos bens
existentes. A comunidade, ao desestimular a propriedade, produz a pobreza.
Considerava que o trabalho agrícola devia ser reservado aos escravos, ficando
os cidadãos livres para exercer a actividade política no interior da cidade.
Para a maioria da população, a cidade constituía um local de refúgio em caso de
ataques inimigos. Constituía também um local de compras, em que o camponês
levava seus produtos para vender e abastecia dos géneros de primeira
necessidade, sobretudo de bens manufacturados. Porém, as cidades da Antiguidade
eram pequenas e insalubres, salvo algumas capitais e centros administrativos. A
urbanização expandiu-se um pouco com o desenvolvimento das trocas comerciais.
Surgiram cidades relativamente grandes, para os padrões da época, como Atenas,
Esparta, Tebas, Corinto e Roma. Devido à pobreza do solo para o cultivo, a
navegação tornou-se uma necessidade crucial para os gregos, a fim de aumentar
as riquezas de suas cidades, que eram independentes politicamente umas das
outras.
No mundo grego antigo justificava-se a escravidão pela ideia
de que alguns homens possuíam
uma inferioridade inata. Esse regime de trabalho atrasou o desenvolvimento da humanidade, pois, como o trabalho era considerado tortura, os escravos nada faziam para aumentar a sua eficiência. O domínio da Filosofia sobre o pensamento económico implicava nas ideias de igualdade entre os cidadãos e no desprezo pela riqueza e o luxo. O homem devia procurar o aprimoramento de sua alma, dedicando a maior parte de seu tempo à meditação, com prejuízo de sua actividade económica. Necessitava levar uma vida simples, o que não favorecia o consumo e a produção. Essa posição filosófica dificultava, portanto, o desenvolvimento das relações económicas. A busca e a posse de riquezas era sinónimo de vaidade, orgulho e luxúria. Já entre os romanos o pensamento económico estava ligado à política e ao aumento dos domínios nacionais. O espírito imperialista dos romanos levou à expansão das trocas entre Roma e as nações conquistadas. A riqueza era sempre bem-vinda, o que se obtinha pela dominação: os povos conquistados eram obrigados a produzir os bens que os romanos necessitavam consumir. Os romanos, por seu turno, construíram muitas estradas e aquedutos na Europa e partes da África, com o fim de facilitar o transporte e o abastecimento das tropas; essas construções possuíam, portanto, um fim político e não económico.
uma inferioridade inata. Esse regime de trabalho atrasou o desenvolvimento da humanidade, pois, como o trabalho era considerado tortura, os escravos nada faziam para aumentar a sua eficiência. O domínio da Filosofia sobre o pensamento económico implicava nas ideias de igualdade entre os cidadãos e no desprezo pela riqueza e o luxo. O homem devia procurar o aprimoramento de sua alma, dedicando a maior parte de seu tempo à meditação, com prejuízo de sua actividade económica. Necessitava levar uma vida simples, o que não favorecia o consumo e a produção. Essa posição filosófica dificultava, portanto, o desenvolvimento das relações económicas. A busca e a posse de riquezas era sinónimo de vaidade, orgulho e luxúria. Já entre os romanos o pensamento económico estava ligado à política e ao aumento dos domínios nacionais. O espírito imperialista dos romanos levou à expansão das trocas entre Roma e as nações conquistadas. A riqueza era sempre bem-vinda, o que se obtinha pela dominação: os povos conquistados eram obrigados a produzir os bens que os romanos necessitavam consumir. Os romanos, por seu turno, construíram muitas estradas e aquedutos na Europa e partes da África, com o fim de facilitar o transporte e o abastecimento das tropas; essas construções possuíam, portanto, um fim político e não económico.
Roma surgiu em torno de 750 a.C. e entre 260 e 146 a.C.
ela conquistou a actual Itália, ao vencer seu rival Cartago (reino da África do
Norte, que criou colónias na Itália e Espanha). Posteriormente (Séculos I e
II), ela transformou a Grécia em uma província romana e conquistou
sucessivamente a Ásia Menor, a Judeia, a Síria, a Espanha e a Gália. Este foi o
primeiro império. O segundo império romano estendeu-se entre os Séculos III e V
da era cristã. As artes se desenvolveram desde o primeiro império. As cidades
se organizavam em torno de um centro político, o fórum. Em volta do
fórum, ficavam os mercados, os templos, os banhos públicos e os teatros. O
abastecimento urbano de água era feito por aquedutos, que eram estruturas áreas
sustentadas por grandes pilares. As águas desciam das fontes pelos aquedutos e
abasteciam as termas, os edifícios públicos e os domicílios. Com a fundação de
Constantinopla em 330 d.C. e a transferência da corte romana para essa cidade,
Roma entrou em decadência. Houve uma substancial redução dos gastos públicos e
redução da massa salarial da cidade. O comércio foi enfraquecido, assim como as
actividades económicas, parte das quais havia mudado para a nova capital. O
Império do Oriente era uma potência industrial, enquanto o Império do Ocidente
definhava em termos económicos. As rotas comerciais que levavam a Roma foram
abandonadas e as invasões dos bárbaros ajudou a afundar o Império do Ocidente.
Relações económicas na idade média
Considera-se como Idade Média o período entre o
desaparecimento do Império Romano do Ocidente, no ano de 476, e a queda de
Constantinopla, tomada pelos turcos em 1453. Esse período caracteriza-se
particularmente pela pulverização política dos territórios e por uma sociedade
agrícola dividida entre uma classe nobre e uma classe servil, que se sujeitava
à primeira. A economia conhece um retrocesso, principalmente entre os séculos V
ao XI. As trocas passaram a se realizar em nível local, entre Senhor e os servos;
as antigas estradas romanas deixaram de ser conservadas e tornaram-se
intransitáveis (Hugon,1988, p. 45).
Na base do sistema feudal estava o servo, que trabalhava
nas terras de um senhor, o qual, por seu turno, devia lealdade a um senhor mais
poderoso, e este a um outro, até chegar ao rei. Os senhores davam a terra a
seus vassalos para serem cultivadas, em troca de pagamentos em dinheiro,
alimentos, trabalho e lealdade militar. Como retribuição a essa lealdade, o
senhor concedia protecção militar a seu vassalo.
O servo não era livre, pois estava ligado à terra e a seu
senhor, mas ele não constituía sua propriedade, como o escravo. As trocas
restringiram-se ao nível regional, entre as cidades e suas áreas agrícolas. A
cidade, com seus muros, constituía o local de proteção dos servos, em caso de
ataque inimigo. Aos poucos, porém, passou a ser o local onde se realizavam as
trocas, o mercado. Desenvolveram-se o comércio, as corporações de ofício,
surgindo a especialização do trabalho. Com as Cruzadas, a partir de 1096,
expandiu-se o comércio mediterrâneo, impulsionando cidades como Génova, Pisa,
Florença e Veneza.
A Teologia católica exerceu um poder muito grande sobre o
pensamento económico da Idade Média. A propriedade privada era permitida, desde
que fosse usada com moderação. Resulta desse fato a tolerância pela
desigualdade. Havia uma ideia de moderação na conduta humana, o que levava às
concepções de justiça nas trocas e, portanto, de justo preço e justo
salário. Nenhum vendedor de um produto ou serviço poderia tirar proveito da
situação e ganhar acima do valor considerado normal, ou justo. “O justo
preço é aquele bastante baixo para poder o consumidor comprar (ponto
de vista económico), sem extorsão e suficientemente elevado para ter o
vendedor interesse em vender e poder viver de maneira decente (ponto
de vista moral)” (Hugon, 1988, p. 51). Similarmente, o justo salário é
aquele que permite ao trabalhador e sua família viver de acordo com os costumes
de sua classe e de sua região. Essas noções de justiça na fixação de preços e salários,
implicava também a ideia de justiça na determinação do lucro. Em outras
palavras, o justo lucro resultava da justiça nas trocas:
ele não devia permitir ao artesão enriquecer. Havia, portanto, julgamentos de
valor na conduta económica, ou seja, a Filosofia e a Teologia dominavam o pensamento
económico. Foi mais tarde que o racionalismo e o positivismo tomaram conta do pensamento
económico, já no século XVIII.
O empréstimo a juros era condenado pela Igreja, ideia que
vem de Platão e Aristóteles, pois contrariava a ideia de justiça nas trocas: o
capital reembolsado seria maior do que o capital emprestado. Por não serem
cristãos, os judeus receberam permissão para emprestar a juro, razão pela qual
se explica a sua predominância no sector financeiro, em muitos países. A partir
de 1400, no entanto, as excepções ampliaram-se com o crescimento das actividades
manufactureiras e do próprio comércio na era mercantilista.
Mercantilismo
O Renascimento cultural e científico e o Mercantilismo
abriram os horizontes da Europa, a partir de 1450. A reforma de João Calvino
(1509-1564), exaltando o individualismo, a actividade económica e o êxito
material, deu grande impulso à economia. Enriquecer não constituía mais um pecado,
desde que a riqueza fosse obtida honestamente e pelo trabalho. A cobrança de
juro e a obtenção de lucro passaram a ser permitidas. Entre os protestantes, o
verdadeiro pecado veio a ser a ociosidade, quando a mente desocupada passa a se
ocupar do mal. Como a leitura da Bíblia tornou-se fundamental no culto,
incentivou-se a educação, o que se repercutiu na melhoria da produtividade do
trabalho e no desenvolvimento económico. No início da era mercantilista,
ocorreu uma transformação política na Europa, com o enfraquecimento dos feudos
e a centralização da política nacional. Aos poucos, foi se formando uma
economia nacional relativamente integrada, com o Estado central dirigindo as
forças materiais e humanas, constituindo um organismo económico vivo. O governo
central forte passou a criar universidades e a realizar grandes
empreendimentos, como as navegações que abriram as mentes das pessoas. No plano
internacional, as descobertas marítimas e o afluxo de metais preciosos para a
Europa deslocaram o eixo económico do Mediterrâneo para novos centros como
Londres, Amesterdão, Bordéus e Lisboa. Até então, a ideia mercantilista
dominante era a de que a riqueza de um país media-se pelo afluxo de metais
preciosos (metalismo). O afluxo excessivo de ouro e prata provocou
inflação na Espanha, cuja taxa chegou a 20% ao ano na Andaluzia, entre1561/1582
(Sachs e Larrain, 1995, p. 820). Com a ideia de garantir afluxos significativos
de ouro e prata para os seus países, os
Mercantilistas sugeriam que se aumentassem as exportações e que se controlassem as importações. Entre os principais autores Mercantilistas, podem ser citados (ver Hugon, 1988, p. 59 e seguintes):
Mercantilistas sugeriam que se aumentassem as exportações e que se controlassem as importações. Entre os principais autores Mercantilistas, podem ser citados (ver Hugon, 1988, p. 59 e seguintes):
a) Malestroit (Paradoxos sobre a moeda, 1566):
segundo ele, o aumento do estoque de metais preciosos não provocava inflação;
b) Jean Bodin (Resposta aos paradoxos do Sr.
Malestroit, 1568): para ele, maior quantidade de moeda gerava aumento do
nível geral de preços;
c) Ortiz (Relatório ao rei para impedir a saída de
ouro, 1588): ele afirmava que, quanto mais ouro o país acumulasse, tanto
mais rico ele seria;
d) Montchrétien (Tratado de economia política,
1615): ensinava que o ouro e a prata suprem as necessidades dos homens, sendo o
ouro muitas vezes mais poderoso do que o ferro;
e) Locke (Conseqüências da redução da taxa de juro e
da elevação do valor da moeda, Londres, 1692): argumentava que os metais
preciosos precisavam permanecer no país.
f) Thomas Mun (Discurso sobre o comércio da Inglaterra
com as Índias orientais, 1621). Através dessa obra, Mun exerceu grande
influência sobre o colonialismo inglês. Na França, o Mercantilismo
manifestou-se pelo Colbertismo, ideias derivadas de Jean Baptiste Colbert
(1619-1683), segundo as quais as disponibilidades de metais preciosos poderiam
aumentar pelas exportações e pelo desenvolvimento das manufacturas. Colbert foi
Ministro das Finanças de Louis XIV e chegou a controlar toda a administração
pública. Protegeu a indústria e o comércio. Trouxe para a França importantes
artesãos estrangeiros, criou fábricas estatais, reorganizou as finanças
públicas e a justiça, criou empresas de navegação e fundou a Academia de
Ciências e o Observatório Nacional da França. Com a protecção à indústria, as
exportações seriam mais regulares e com maior valor. Com esse objectivo, os
salários e os juros passaram a ser controlados pelo Estado, a fim de não elevar
os custos de produção e poder assegurar vantagens competitivas no mercado
internacional. O Colbertismo implicava na intervenção do Estado em todos os
domínios e caracterizava-se pelo protecionismo, ou seja, pela adopção de
medidas pelo governo para proteger as empresas nacionais contra a concorrência
estrangeira. Seu pensamento encontra-se na sua obra Cartas, instruções e
memórias, 1651 a 1669. Outro importante autor francês que se afastou do
pensamento mercantilista foi Richard Cantillon (Ensaio sobre a natureza do
comércio em geral, 1730). Cantillon viu no trabalho e na terra os
principais factores da formação da riqueza nacional. A moeda ingressa no país
pelo fato do valor das exportações ser maior do que o valor das importações.
Contudo um excesso de moeda eleva os preços internamente, o que provoca o
encarecimento das exportações e o barateamento das importações, gerando
posteriormente deficit na balança comercial e a saída de ouro e prata do país.
Na Espanha, o Mercantilismo não teve esse carácter desenvolvimentista da
França, mas foi mais puro em sua essência, ou seja, a preocupação central era
simplesmente obter o ingresso no país de metais preciosos, seja pelo comércio
internacional (maximização das exportações e controle de importações), seja
pela exploração de minas nas colónias. A preocupação central do governo era
financiar a pesquisa e a exploração de ouro e prata na América espanhola.
Assim, com o objectivo de maximizar o saldo comercial e o
afluxo de metais preciosos, as metrópoles estabeleceram um pacto colonial com
suas colónias. Por meio desse “pacto”, todas as importações da colónia passaram
a ser provenientes de sua metrópole, assim como todas as suas exportações
seriam destinadas a ela exclusivamente. A metrópole monopolizava também o transporte
dessas mercadorias. Para maximizar os ganhos, ela fixava os preços de seus
produtos em níveis mais altos possíveis; inversamente, a fixação dos preços de
suas importações eram os mais baixos. Segundo Celso Furtado, esse “pacto” deu
origem ao subdesenvolvimento contemporâneo, porque implicava em uma sangria
permanente de riquezas que fluíam para as metrópoles.
O principal defeito do Mercantilismo foi ter atribuído
valor excessivo aos metais preciosos na concepção de riqueza. Contudo, sua
contribuição foi decisiva para estender as relações comerciais do âmbito
regional para a esfera internacional. Ele constituiu uma fase de transição
entre o feudalismo e o capitalismo moderno. Com o comércio, formaram-se os
grandes capitais financeiros que de certa forma financiaram a revolução
tecnológica, precursora do capitalismo industrial. O sistema mercantilista não
favoreceu a agricultura, como poderia ter ocorrido, na medida que todos os
países procuram importar o mínimo possível, mesmo quando havia escassez de alimentos,
ou quando se necessitava de matérias-primas para a indústria nascente. Isso
ocorreu na França, pois Colbert cobrava impostos de importação relativamente
altos para a importação de carvão coque para a fundição de metais.
Naquela época, como nos países em desenvolvimento dos
dias actuais, a agricultura constituía praticamente todo o produto nacional.
Inicialmente, os campos eram cultivados uma vez por ano, com baixa
produtividade. Posteriormente, as lavouras passaram a ser divididas em duas
partes, ficando uma em descanso, para recuperar fertilidade. Mais tarde, o
sistema passou a ser de três campos, o que resultou em aumento substancial da
produção agrícola por área cultivada. Isso fez com que a população europeia
duplicasse entre os anos 1000 e 1300. O número de cidades aumentou, assim como
sua população.
Com o Mercantilismo, as trocas de novos produtos intensificaram-se
entre os países europeus, asiáticos e árabes.3 Desenvolveu-se o sistema manufactureiro
doméstico, artesanal, dando nascimento à indústria capitalista. Inicialmente, o
mercador-capitalista fornecia ao artesão a matéria-prima, para que transformasse
em produto a ser comercializado. Posteriormente, o mercador-capitalista passou
a fornecer as máquinas, as ferramentas e, às vezes, o prédio onde os bens seriam
produzidos. Finalmente, em vez de comprar dos diferentes artesãos os produtos
que vendia no mercado, ele acabou contratando também os trabalhadores necessários
à produção, passando a reuni-los em um mesmo local, originando a fábrica. A
formação de grandes capitais, a expansão dos mercados e o surgimento do
trabalho assalariado deram nascimento ao sistema capitalista.
No Mercantilismo, a ética paternalista cristã, católica,
ao condenar a aquisição de bens materiais, entrava em conflito com os
interesses dos mercadores-capitalistas. Aos poucos, o Estado nacional passou a
ocupar o lugar da Igreja na função de supervisionar o bem-estar da colectividade.
Gradativamente, os governos tornaram-se influenciados
pelo pensamento mercantilista. Leis paternalistas, como a Lei dos pobres, deram
lugar a leis que beneficiavam os interesses dos Mercantilistas e do capitalismo
nascente, como a Lei do cercamento das terras, ou as leis quedavam incentivo à
indústria ou criavam barreiras às importações.
A ideia central do Mercantilismo de que o acúmulo de
metais preciosos era sinónimo de riqueza foi muito criticada pelos economistas
das escolas fisiocrática e clássica. A moeda passou a ter um fim em si mesma e
não um meio de troca. A produção foi relegada a um plano secundário. No entanto,
a valorização dos metais preciosos como moeda trouxe segurança nos pagamentos internacionais.
De outra parte, o aumento do estoque de metais preciosos, ou seja, de moeda, reduzia
as taxas de juro, o que estimulava os investimentos, a produção e o emprego,
contribuindo para o surgimento do modo de produção capitalista.
CAPITAL E CAPITALISMO EM PERSPECTIVA HISTÓRICA
O capital é um dos factores de produção utilizados para
facilitar o trabalho humano e aumentar a sua produtividade, ou seja, para
permitir a obtenção da maior quantidade possível de produto por trabalhador,
durante determinado período de tempo. Ele é constituído pela soma de bens,
monetários e não monetários, possuídos por uma pessoa ou por uma empresa,
constituindo um património, e que tem como finalidade gerar uma renda, através
de aplicações financeiras ou por seu emprego na produção, com o fim de produzir
outros bens e gerar lucro.
Evolução do capitalismo
O capitalismo caracteriza-se pelo emprego de
trabalhadores assalariados, juridicamente livres, que vendem a sua força de
trabalho aos proprietários dos meios de produção, denominados empresários, que
os contratam para produzir bens ou serviços a serem destinados ao mercado, com o
fim de obter lucro. Para gerar esse lucro, definido como a diferença entre as
receitas totais e os custos totais, o capitalista aluga ou constrói prédios,
compra máquinas e matérias-primas e contrata trabalhadores, incluindo-se
pessoal de escritório e técnicos de nível médio e superior. O capitalismo é um
sistema económico e social que sucedeu o Mercantilismo e que se baseia na propriedade
privada dos meios de produção e de troca. Esse sistema se caracteriza pela
busca do lucro, pela livre iniciativa e pela concorrência entre os indivíduos e
as empresas. O capitalista é aquele que possui capitais e que os empresta para
a realização de empreendimentos por terceiros ou que os aplica directamente na
produção de bens e serviços. Assim, qualquer pessoa que tenha determinada
quantia de dinheiro e que compre acções em uma corretora, ou que aplique no si tema
financeiro para receber juros, está se comportando como capitalista.
O capitalismo, tal qual conhecemos hoje, passou por
várias fases evolutivas. Primeiro, ele emergiu no próprio Mercantilismo. Com o
empobrecimento dos nobres, houve grande migração rural-urbana, dando surgimento
aos burgos, ou cidades relativamente grandes que serviam de mercado para
cidades menores e para as áreas rurais. Os habitantes dos burgos passaram a ser
conhecidos como burgueses por se dedicarem ao artesanato e ao comércio.
Aos poucos, os burgueses passaram a fazer parte de uma nova classe social,
distinta da nobreza e dos agricultores.
Concentração do capital
A concentração do capital é inerente ao modo de produção
capitalista, não apenas porque toda pequena e média empresa procura crescer e
tornar-se grande, como também porque, no mundo dos negócios, muitas empresas
são absorvidas por outras. No processo de inovação tecnológica,
característico das economias modernas, a tendência é a de que as empresas não inovadoras venham a fechar as suas portas.
característico das economias modernas, a tendência é a de que as empresas não inovadoras venham a fechar as suas portas.
Com a introdução de novos produtos e novos processos
produtivos, os preços dos factores de produção e das matérias-primas e
componentes manufacturados sobem, pela maior procura, o que eleva os custos de
todas as empresas. Como os preços dos novos produtos também sobem, as empresas
inovadoras não apenas suportam os custos maiores, como ainda realizam lucro
extraordinário. A concentração empresarial ocorre tanto na indústria, como no
comércio, nos serviços e no sector financeiro.
A própria concorrência capitalista, como já foi referido,
aumenta a necessidade de o capitalista aumentar o seu estoque de capital, a fim
de elevar a produtividade do trabalho e manter a sua taxa de lucro em
crescimento. Desse modo, cada trabalhador possui a sua disposição uma
quantidade de equipamentos cada vez maior. O trabalhador japonês ou americano é
bem mais equipado do que o trabalhador mexicano ou brasileiro. Assim, a relação
capital/trabalho é bem maior nos países desenvolvidos do que nos países em
desenvolvimento, o que favorece a formação de grandes empresas e a concentração
do capital na maioria dos sectores industriais. Por seu turno, com a
concentração do capital, os produtos são obtidos com maiores quantidades de
capital e menos trabalho e o número de empresas em cada indústria se reduz
ainda mais, gerando oligopolização. De outra parte, com a centralização do
capital em grandes empresas, gera-se uma concorrência desigual entre estes
oligopólios e as empresas de menor porte. Em nível mundial, essa dicotomia
materializa-se entre as grandes empresas multinacionais, dos países
desenvolvidos, com as empresas de capital nacional, dos países em
desenvolvimento.
As empresas multinacionais, possuindo uma escala de
produção de maior dimensão, de nível mundial, conseguem custos médios
inferiores aos das empresas nacionais actuando no mesmo sector, o que lhes
permite maior competitividade internacional e maior taxa de lucro. A tendência
é essas empresas multinacionais crescerem cada vez mais, ou seja,
intensificando a concentração de capital em detrimento de empresas de menor
escala, com mercados restritos e dificuldades de exportação.5 Essas grandes
empresas multinacionais controlam também o mercado de capitais em nível
mundial. Excepto poucos casos (Microsoft, Rede CNN etc.), elas não possuem um
dono em particular, mas uma miríade de acionistas, incluindo fundos de pensão e
clubes de investimentos. A propriedade dessas empresas, em pequenas partes, ou
na sua totalidade, é transaccionada no mercado de capitais, mediante a venda e
a compra de acções, que são títulos emitidos pelas empresas, com direito a
dividendos, que representam participação nos lucros da empresa respectiva. Os
donos das acções são os capitalistas, que hoje em dia se distribuem aos milhões
nos países desenvolvidos, podendo ser um jovem, uma viúva, ou um
multimilionário, como Bill Gates, dono da Microsoft. O capitalista, detentor do
dinheiro, poderá aplicá-lo em um fundo de investimentos, recebendo juros, ou
comprar directamente uma acção de uma empresa. Neste caso, ele assume riscos de
possíveis prejuízos, recebendo dividendos, em caso de lucros. Conforme o tipo
da acção, ele poderá ter direito a voto nas assembleias da empresa, passando a
influenciar o seu destino.
Pensamento liberal e crises económicas
O Mercantilismo provocou grandes distorções no sector
produtivo das economias, como abandono da agricultura em benefício da
indústria, excessiva regulamentação e intervencionismo exagerado do Estado nos
negócios privados. Aos poucos, porém, foram surgindo novas teorias sobre o
comportamento humano, de cunho liberal e individualista, mais de acordo com as
necessidades da expansão capitalista. Como foi visto, o capitalismo foi um
sistema que emergiu dos artesãos e comerciantes que se tornaram financistas e
grandes empreendedores. Eles recebiam a oposição da nobreza, grandes
proprietários de terras, que possuíam privilégios, não pagavam impostos e
muitas vezes recebiam rendas vitalícias do Estado.
Fisiocracia e doutrina do Laissez-Faire
Na França, o pensamento económico constituía um segmento
do pensamento filosófico. Com o movimento enciclopedista liderado por Diderot e
d’Alembert, nas primeiras décadas do Século XVIII, os escritos económicos se
multiplicaram. Surgiram pensadores como Turgot (1727-1781), que defendeu a livre
circulação de grãos entre as regiões francesas, assim como a liberdade para o
comércio internacional e o saneamento das finanças públicas. Antes de Adam
Smith (1723-1790), ele formulou o princípio dos rendimentos decrescentes na
agricultura e formulou os rudimentos da teoria do equilíbrio económico. Além do
Enciclopedismo, outro movimento intelectual daquela época foi a Fisiocracia,
que constituiu a primeira escola económica de carácter científico. A
Fisiocracia foi liderada pelo médico francês François Quesnay (1694-1774),
autor da obra O quadro económico, em que analisa as variações do
rendimento de uma nação. Para “os economistas”, como passaram a ser conhecidos
a partir de então, os fenómenos económicos precisam circular livremente no
espaço e entre sectores, seguindo leis naturais, como o sangue no organismo
humano. Essa ideia de ausência de obstáculos para uma melhor circulação dos
bens e serviços, assim como do fluxo de rendas, constituiu o embrião das
teorias económicas modernas. Segundo a doutrina fisiocrática, a sociedade é
formada pelas classes produtiva (agricultores), pela classe dos proprietários
de terras e pela classe estéril, compreendendo esta última todos os que se
ocupam do comércio, da indústria e dos serviços. A agricultura era considerada
produtiva por ser, para os Fisiocratas, o único sector que gera valor.
Desse modo, os preços agrícolas deviam ser os mais elevados possíveis (teoria
do bom preço), a fim de gerar lucros e recursos para novos investimentos
agrícolas. Os consumidores seriam compensados pela cobrança de um imposto único
sobre a renda dos proprietários de terras e por medidas que reduzissem os
preços industriais.
A ideia de classe estéril resultou da reacção
fisiocrática contra a doutrina mercantilista. A moeda passou a ter apenas função
de troca e não de reserva de valor, pois este encontra-se somente na
agricultura. A indústria e o comércio constituem desdobramentos da agricultura,
pois apenas transformam e transportam valores. A terra produz valor por sua
fertilidade, seguindo leis físicas, ou de ordem natural. Desse modo, a
agricultura precisava ser incentivada para aumentar o produto nacional. No
entanto, não era isso que se via na prática: a agricultura era penalizada pela
acção discriminatória do Estado. Quando havia boas colheitas, a abundância de
produtos reduzia os preços, pois os produtos não podiam ser escoados de regiões
com produção abundante para regiões com produção insuficiente. Em caso de más
colheitas, a escassez resultante de produtos tendia a aumentar os preços. No
entanto, os controles de preços do Governo, para não elevar o custo de vida da
população, não permitiam que os agricultores saíssem do prejuízo. Ao mesmo
tempo, eles eram sobrecarregados de impostos, uma vez que o Governo obtinha suas
receitas com base na classe produtiva. Os nobres e o clero praticamente não
pagavam impostos.
A redução do jugo do Estado poderia diminuir com uma
conduta mais liberal, deixando o mercado agir naturalmente. Turgot pregava a
livre circulação de bens e a liberdade total para empreender, assim como os
Fisiocratas, como uma maneira de desenvolver a economia. Com a presença de uma
lei natural regulando a ordem económica, os homens precisam agir livremente;
qualquer intervenção do Estado inibiria essa ordem, ao criar obstáculos à
circulação de pessoas e de bens. Assim, eles propunham a redução da
regulamentação oficial, para aumentar a produtividade da economia, e a
eliminação de barreiras ao comércio interno e a promoção das exportações. Ao se
proibir as exportações de cereais, aumenta a oferta interna e reduz os preços,
o que reduz os lucros, impede novos investimentos e diminui a produção na safra
seguinte.
ESCOLA CLÁSSICA
A escola clássica da economia
A escola, clássica
ou individualista, surgiu com as obras de Adam Smith e David Ricardo,
respectivamente em 1776 e 1817. Refutando o unilateralismo fisiocrático
(produtividade preponderante e exclusiva do factor natureza), embora
concordando com as críticas dessa corrente contra o mercantilismo, os
economistas clássicos, liderados por Smith, passam a investigar as leis
naturais que dominam a vida económica. Afirmam que o seu princípio regulador se
encontra na livre concorrência, que por sua vez conduz à divisão do trabalho,
sendo este o factor verdadeiramente produtivo, o verdadeiro agente da produção,
e a natureza seria o factor originário. Desenvolvem, a seguir, a sua famosa
teoria do câmbio e o seu sistema de relações económicas.
Economia
clássica é o nome
dado à primeira escola moderna de pensamento económico. É geralmente aceito que o marco
inaugural do pensamento económico clássico seja a obra A
Riqueza das Nações, do escocês Adam Smith. Seus conceitos
giram em torno da noção básica de que os mercados tendem a encontrar um
equilíbrio económico a longo prazo, ajustando-se a determinadas mudanças no
cenário económico.
Os principais economistas clássicos
incluem Adam Smith, Jean-Baptiste Say, Thomas Malthus, David Ricardo, John Stuart Mill, Johann
Heinrich von Thünen e Anne
Robert Jacques Turgot.
Enquanto Adam Smith enfatizou a
produção de renda, David Ricardo na sua distribuição entre proprietários de
terras, trabalhadores e capitalistas. Ricardo enxergou um conflito inerente
entre proprietários de terras e capitalistas. Ele propôs que o crescimento da
população e do capital, ao pressionar um suprimento fixo de terras, eleva os alugueis
e deprime os salários e os lucros.
Thomas Robert Malthus usou a ideia
dos retornos decrescentes para explicar as baixa condições de vida na
Inglaterra. De acordo com ele, a população tendia a crescer geometricamente sobrecarregando a produção de
alimentos, que cresceria aritmeticamente. A
pressão que uma população crescente exerceria sobre um estoque fixo de terras
significa produtividade decrescente do trabalho, uma vez que terras cada vez
menos produtivas seriam incorporadas à actividade agrícola para suprir a
demanda. O resultado seria salários cronicamente baixos, que impediriam que o
padrão de vida da maioria da população se elevasse acima do nível de
subsistência. Malthus também questionou a automaticidade da economia
de mercado para
produzir o pleno emprego. Ele culpou a tendência da economia de limitar o gasto
por causa do excesso de poupança pelo desemprego, um tema que ficou esquecido
por muitos anos até que John Maynard Keynes a reviveu nos anos 1930.
No final da tradição clássica, John
Stuart Mill divergiu dos autores anteriores quanto a inevitabilidade da
distribuição de renda pelos mecanismos de mercado. Mill apontou uma diferença
dois papéis do mercado: alocação de recursos e distribuição de renda. O mercado
pode ser eficiente na alocação de recursos mas não na distribuição de renda,
ele escreveu, de forma que seria necessário que a sociedade intervenha.
A teoria do valor foi importante na
teoria clássica. Smith escreveu que "o preço real de qualquer coisa é o
esforço e o trabalho de adquiri-la" o que é influenciado pela sua
escassez. Smith dizia que os alugueis e os salários também entravam na
composição do preço de uma mercadoria. Outros
economistas clássicos apresentaram variações das ideias de Smith, chamada 'Teoria
do valor-trabalho'. Economistas clássicos se focaram na tendência do
mercado de atingir o equilíbrio no longo prazo.
A escola clássica da administração
A Escola Clássica de Administração
Científica foi a primeira escola da área. Criada com o princípio de legitimar a
personalidade racional-legal em oposição à personalidade tradicional, dentro
das Empresas. Antigamente
Max Weber desenvolveu três argumentos segundo os quais se baseava a
personalidade humana e partiu do princípio que existem três tipos de
personalidades: a carismática, a tradicional e a racional-legal.
Com base na personalidade carismática,
partia do pressuposto de que era uma forma de personalidade humana na qual o
ser humano era visto na figura de um herói pelos seus atos. Temos como exemplo
os líderes, os profetas, guerreiros dentre outros. Sobre a personalidade
tradicional, Weber salienta que era baseada nos costumes e tradições, ou seja,
na figura dos senhores feudais e patriarcas que foram garantidos pelos costumes
religiosos e crenças de uma sociedade. Além disso, temos uma nova personalidade
na tentativa de se difundir com o sistema industrial a racional-legal, que para
Max Weber era a melhor forma de organização social, tendo como fundamento a
legitimação das regras que visavam um melhor desempenho nas atividades
industriais que estava surgindo no final do século XIX e início do século XX.
A Escola Clássica vai tentar impor a
legitimação da personalidade racional-legal dentro das Empresas a partir de um
dos mais conhecidos fundadores da Escola Clássica de Administração Científica, Frederick
Winslow Taylor. Para se
chegar às origens da Escola Clássica, faz-se necessário observar
fatos que ocorreram na história. Por volta do século XVIII, Descartes negou
todo conhecimento com base em costumes e tradição e propôs o método de racionalidade
para resolver qualquer tipo de problema. Já no século XIX, o racionalismo
atingiu seu apogeu para no século seguinte ser aplicado às ciências naturais e
sociais. Mas o campo do trabalho ainda
não havia sido afectado pela racionalização, mesmo com a introdução das
máquinas. Nessa mesma época surgiram os pioneiros da racionalização e, por
terem ideias semelhantes, ficaram conhecidos como fundadores da Escola
Clássica.
Um dos principais fundadores dessa
Escola chamava-se Taylor. Engenheiro do Norte USA, até hoje ele é conhecido
como “Pai da Organização Científica do Trabalho”. Seus métodos de trabalho eram
baseados em experiências que envolviam o controle de tempo e os movimentos
desnecessários a execução de uma tarefa. Também preferia trabalhar sempre com a
indução do método dedutivo, ou seja, que parte da observação do geral para
depois trabalhar com o detalhe de um objecto.
E outro importante contribuinte era
Fayol, também engenheiro. No entanto sua formação era francesa, o que o fez
preferir sempre trabalhar com o método lógico-dedutivo, e era mais um
administrador de cúpula. Era dele a principal divisão das tarefas de um
administrador que eram: planejar, controlar, comandar, comandar e coordenar.
Uma das principais ideias que assentam o edifício
teórico da Escola Clássica é que alguém será um bom administrador à medida que
seus passos forem planejados e organizados de maneira cuidadosa e racional. Para os
contemporâneos dessa Escola, o homem era considerado um ser racional e, a
partir do momento que toma uma decisão, sabe o curso das acções que é
disponibilizado bem como a consequência da opção que escolheu. Trabalhava-se
com o pressuposto de racionalidade absoluta em relação ao homem. E uma das
frases que mais se fazia presente naquela época era que aos administradores e
engenheiros cabia estabelecer as normas e aos operários apenas obedecer.
O homem era visto, segundo Taylor, como homo economicus, onde a
constante vigilância, o treinamento e incentivos financeiros eram factores que
garantiam por si só uma boa produção. Mas para os contemporâneos de Taylor,
como o psicólogo Henry Gantty, o incentivo financeiro era uma das falhas da
Administração Científica, pois o homem precisava de incentivos diferentes para
assegurar uma boa produção. Gantty salientou a efectivação dos incentivos
psicossociais, tais como prestígio social, auto-realização, reconhecimento,
dentre outros. A produção era outra
principal ideia que se fazia necessária nessa época. Afirmava-se que a única
maneira certa, se descoberta, ia maximizar a eficiência do trabalho e diminuir
os custos com a produção, ou seja, analisando o trabalho em suas diferentes
etapas e diminuindo os movimentos desnecessários de forma que os simplifique e
reduzam ao mínimo.
A definição que se tinha de Organização,
não era de estrutura, e sim o modo pelo qual uma empresa administra de forma
organizada o processo de produção de maneira eficiente para atingir seu objectivo
principal, o lucro. Segundo a Escola Clássica, para que uma empresa atingisse
seu objectivo através da Organização os seguintes factores que seguem se faziam
necessário:
- Divisão do trabalho;
- Poucos subordinados para cada chefe e
um alto grau de concentração das decisões;
- Acumulação de tarefas obedecendo ao
critério de semelhança dentro dos sectores da empresa;
- Acções se deslocavam para a empresa e
não para os colaboradores, portanto buscava-se a melhor estrutura e sistemas
perfeitos.
Podemos também mencionar o Fordismo como
um dos elementos que contribuem para o acervo de conhecimentos que se tem da
Escola Clássica. Em uma época onde o trabalho era baseado na produção em massa
nas chamadas “esteiras”. Ford implantou a fabricação de um modelo de carro, o
Ford Bigode Preto. Essa foi uma fase marcante para sociedade, pois ele colocou
esses carros a preços baixos fazendo com que mais pessoas pudessem ter um
carro, mas ele salientava que alguém poderia ter um carro a preço baixo desde
que esse fosse o Ford Bigode Preto e de cor preta. Muitas pessoas naquela época
não tinham acesso a carros e, por custarem muito caro, só os mais milionários
podiam possuir.
CONCLUSÃO
Depois da pesquisa feita chegamos a conclusão de que em relação aos
demais sectores da economia, para manter baixos os preços das manufacturas e
beneficiar os consumidores, os Fisiocratas propunham o combate aos oligopólios
(poucos vendedores) e o fim das restrições às importações. O pensamento
fisiocrático era, portanto, liberal, traduzindo-se na famosa divisa laissez-faire,
laissez passer... (deixai fazer, deixai passar). O principal defeito do
pensamento fisiocrático era a premissa de que somente a terra gerava valor. Com
isso, eles se mantinham muito tolerantes em relação à classe dos proprietários
e à nobreza. Este era a diferença fundamental entre os Fisiocratas e Turgot.
Para este último, o valor encontra-se no trabalho e esse pensamento faz dele um
precursor da Economia clássica. Em suma, a
Escola Clássica contribuiu de forma a ser uma ciência que estava em sua fase
inicial e as Escolas que posteriormente ia surgindo tinham a intenção de
estudar o objecto da administração de modo a se ter sempre uma nova visão no
campo. Além disso, as Escolas que iam surgindo sempre recebiam críticas em
relação às posteriores.
BIBLIOGRAFIA
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ÍNDICE