BREVE HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICO


INTRODUÇÃO

Neste trabalho, será apresentada uma introdução à história do pensamento económico, com a evolução sumária da Economia através dos tempos, com o objectivo de mostrar que o dia-a-dia das pessoas não está dissociado do aspecto económico. Tanto a segurança física, a manutenção da vida, como a alimentação e outras necessidades básicas constituem a preocupação fundamental dos seres vivos. Neste contexto o pensamento económico se desenvolve compreendendo o capitalismo como pertencente a uma dinâmica do processo produtivo, trazidas pela Revolução Industrial. Adam Smith afirma que não é a quantidade de bens valiosos como prata e ouro que determina a riqueza de uma nação, mas o trabalho é que da origem a prosperidade. Sendo assim o foco da escola clássica está na análise e no aperfeiçoamento das regras e estruturas internas da organização. De modo que, a partir do momento em que a organização possui estruturas e processos bem definidos que funcionam e aperfeiçoam a produção todos os demais problemas se resolvem.

BREVE HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICO

Origens do pensamento económico

A Economia surgiu como ciência através de Adam Smith (1723-1790), considerado o pai da Economia Política. Sua obra, A Riqueza das Nações, publicada em 1776, constituiu um marco na história do pensamento económico. Antes disso, a Economia não passava de um pequeno ramo da filosofia social, como atestam as contribuições do abade e filósofo francês Turgot (1727-1781). Com o Mercantilismo (1450-1750), as ideias económicas conheceram algum desenvolvimento, mas na Antiguidade e na Idade Média as relações económicas eram bastante simples.

Relações económicas na antiguidade

Mesmo nas sociedades primitivas, os homens precisavam organizar-se em sociedade, para defender-se dos inimigos, abrigar-se e produzir comida para sobreviver. A divisão do trabalho daí decorrente permitiu o desenvolvimento da espécie humana em comunidades cada vez maiores e mais bem estruturadas. Na maior parte dos casos, a produção era basicamente para a própria subsistência. Algumas pessoas produziam um pouco mais, permitindo as trocas, o que gerou especialização.
No lar, os homens produziam as ferramentas e utensílios rudimentares para a agricultura, caça, pesca e para trabalhos com madeira (enxadas, pás, machados, facas, arco, flechas e outras armas). Com o tempo, surgiram pessoas com habilidade que se especializaram na produção de cada um dos tipos de bens. Alguns trabalhadores mais habilidosos não só aprenderam uma profissão específica, como passaram a reunir aprendizes e ajudantes. A escala de produção ampliou-se; os produtos adquiriram maior qualidade e os custos de produção se reduziram em função do aumento das quantidades produzidas. Aqueles que produziam armas ou ferramentas específicas tinham pouco tempo para se dedicar à caça, à pesca ou à agricultura: eles precisavam trocar os produtos que fabricavam por alimentos e peles para vestuário. Aos poucos, o trabalho de alguns homens passou a ser suficiente para atender às necessidades de um conjunto cada vez maior de pessoas. As trocas se intensificaram, portanto, entre artesãos, agricultores, caçadores e pescadores. A economia adquiria maior complexidade à medida que as relações económicas realizadas em determinadas localidades alcançavam comunidades cada vez mais distantes. As trocas colocavam em contacto culturas diferentes, com repercussões locais sobre os hábitos de consumo e a estrutura produtiva. Mais tarde, com o surgimento dos líderes comunitários, formaram-se as classes dos soldados, dos religiosos, dos trabalhadores e dos negociantes. Com a divisão do trabalho e as especializações, ficou bem nítida a formação dos diferentes agentes económicos: governo, consumidores, produtores, comerciantes, banqueiros. O sistema bancário tornou-se importante com o surgimento da moeda, que passou a circular como meio de troca. Na medida em que ela era depositada nos bancos, passou a ser emprestada mediante o pagamento de juros. Contudo, entre os filósofos gregos, com grande influência no mundo antigo, havia restrições filosóficas aos empréstimos a juros, ao comércio e ao emprego do trabalho assalariado. A busca de riqueza era considerada como um mal, tendo em vista que a ambição é um vício. Esse pensamento dificultava o desenvolvimento da economia. De outra parte, na Grécia antiga, como em Roma, na maior parte da população era composta por escravos, que realizavam todo o trabalho em troca do estritamente necessário para sobreviver em termos de alimentos e vestuário. Os senhores de escravos apropriavam-se de todo o produto excedente às necessidades de consumo dos trabalhadores. A economia era quase exclusivamente agrícola; o meio urbano não passava de uma fortificação com algumas casas, onde residiam os nobres, ou chefes militares. Para os gregos, a Economia constituía apenas uma pequena parte da vida da cidade, onde se desenrolava a vida política e filosófica, constituindo segundo eles os verdadeiros valores do homem. Por essa razão, a obtenção de riqueza constituía um objectivo bastante secundário na vida dos cidadãos. Para eles, a questão primordial consistia na discussão acerca da repartição da riqueza entre os homens e não como ela se obtinha. Segundo a filosofia grega, o grande objectivo do homem era alcançar a felicidade, que se encontrava no seio da família e no convívio no interior da cidade, através da interacção entre os cidadãos. A busca da felicidade, no entanto, não devia se restringir ao prazer, porque seria voltar à condição de animal e de escravo. A honra era importante na medida em que mostrava ao homem os verdadeiros valores da vida. Segundo eles, embora o comércio não fosse considerado como uma actividade natural, as trocas não eram condenáveis pois permitiam a diversificação das necessidades humanas e levavam à especialização dos produtores. Entretanto, como o comércio era uma actividade que não possuía limites naturais e a moeda facilitava as trocas, criava-se uma classe de comerciantes ricos. Segundo eles, essa possibilidade de riqueza fácil corrompia os indivíduos, que passavam a dar prioridade à busca da riqueza, em prejuízo da prática das virtudes. Pela lógica grega, tornava-se portanto condenável toda prática que levasse à acumulação de moeda, como a existência de trabalho remunerado e a cobrança de juros nos empréstimos. No pensamento de Platão o comércio e o crescimento económico associavam-se com o mal e com a infelicidade dos homens. Para ele, o trabalho era indigno porque retirava do cidadão o tempo que ele precisava para o lazer e a prática das actividades políticas e filosóficas. Na livro A República, de Platão, os cidadãos que exerciam altos cargos públicos não deviam “trabalhar” para não “poluir a própria alma”. Eles precisavam ignorar o dinheiro, desvincular-se da propriedade de bens e esposa, buscando o que necessitavam na comunidade. Sendo o trabalho necessário para a actividade produtiva, ele precisava ser realizado por escravos. A classe inferior, que trabalhava, podiam possuir bens e trocá-los, bem como acumular riquezas dentro de certos limites para não se tornarem maus trabalhadores. Ele condenava o empréstimo a juros, pois o ganho provém da moeda acumulada e, segundo ele, ela devia ser usada apenas para facilitar as trocas. Aristóteles compartilhava da maioria das ideias de seu mestre Platão, mais rejeitou a comunidade de bens por considerá-la injusta por que não compensava o indivíduo segundo o seu trabalho. Como os indivíduos não são iguais, eles não deviam ter a mesma participação na posse dos bens. Concluía Aristóteles que a comunidade acabava produzindo mais conflitos do que a desigualdade em si. Segundo ele, o indivíduo devia preocupar-se mais com aquilo que lhe pertence e não com a partilha dos bens existentes. A comunidade, ao desestimular a propriedade, produz a pobreza. Considerava que o trabalho agrícola devia ser reservado aos escravos, ficando os cidadãos livres para exercer a actividade política no interior da cidade. Para a maioria da população, a cidade constituía um local de refúgio em caso de ataques inimigos. Constituía também um local de compras, em que o camponês levava seus produtos para vender e abastecia dos géneros de primeira necessidade, sobretudo de bens manufacturados. Porém, as cidades da Antiguidade eram pequenas e insalubres, salvo algumas capitais e centros administrativos. A urbanização expandiu-se um pouco com o desenvolvimento das trocas comerciais. Surgiram cidades relativamente grandes, para os padrões da época, como Atenas, Esparta, Tebas, Corinto e Roma. Devido à pobreza do solo para o cultivo, a navegação tornou-se uma necessidade crucial para os gregos, a fim de aumentar as riquezas de suas cidades, que eram independentes politicamente umas das outras.
No mundo grego antigo justificava-se a escravidão pela ideia de que alguns homens possuíam
uma inferioridade inata. Esse regime de trabalho atrasou o desenvolvimento da humanidade, pois, como o trabalho era considerado tortura, os escravos nada faziam para aumentar a sua eficiência. O domínio da Filosofia sobre o pensamento económico implicava nas ideias de igualdade entre os cidadãos e no desprezo pela riqueza e o luxo. O homem devia procurar o aprimoramento de sua alma, dedicando a maior parte de seu tempo à meditação, com prejuízo de sua actividade económica. Necessitava levar uma vida simples, o que não favorecia o consumo e a produção. Essa posição filosófica dificultava, portanto, o desenvolvimento das relações económicas. A busca e a posse de riquezas era sinónimo de vaidade, orgulho e luxúria. Já entre os romanos o pensamento económico estava ligado à política e ao aumento dos domínios nacionais. O espírito imperialista dos romanos levou à expansão das trocas entre Roma e as nações conquistadas. A riqueza era sempre bem-vinda, o que se obtinha pela dominação: os povos conquistados eram obrigados a produzir os bens que os romanos necessitavam consumir. Os romanos, por seu turno, construíram muitas estradas e aquedutos na Europa e partes da África, com o fim de facilitar o transporte e o abastecimento das tropas; essas construções possuíam, portanto, um fim político e não económico.
Roma surgiu em torno de 750 a.C. e entre 260 e 146 a.C. ela conquistou a actual Itália, ao vencer seu rival Cartago (reino da África do Norte, que criou colónias na Itália e Espanha). Posteriormente (Séculos I e II), ela transformou a Grécia em uma província romana e conquistou sucessivamente a Ásia Menor, a Judeia, a Síria, a Espanha e a Gália. Este foi o primeiro império. O segundo império romano estendeu-se entre os Séculos III e V da era cristã. As artes se desenvolveram desde o primeiro império. As cidades se organizavam em torno de um centro político, o fórum. Em volta do fórum, ficavam os mercados, os templos, os banhos públicos e os teatros. O abastecimento urbano de água era feito por aquedutos, que eram estruturas áreas sustentadas por grandes pilares. As águas desciam das fontes pelos aquedutos e abasteciam as termas, os edifícios públicos e os domicílios. Com a fundação de Constantinopla em 330 d.C. e a transferência da corte romana para essa cidade, Roma entrou em decadência. Houve uma substancial redução dos gastos públicos e redução da massa salarial da cidade. O comércio foi enfraquecido, assim como as actividades económicas, parte das quais havia mudado para a nova capital. O Império do Oriente era uma potência industrial, enquanto o Império do Ocidente definhava em termos económicos. As rotas comerciais que levavam a Roma foram abandonadas e as invasões dos bárbaros ajudou a afundar o Império do Ocidente.

Relações económicas na idade média

Considera-se como Idade Média o período entre o desaparecimento do Império Romano do Ocidente, no ano de 476, e a queda de Constantinopla, tomada pelos turcos em 1453. Esse período caracteriza-se particularmente pela pulverização política dos territórios e por uma sociedade agrícola dividida entre uma classe nobre e uma classe servil, que se sujeitava à primeira. A economia conhece um retrocesso, principalmente entre os séculos V ao XI. As trocas passaram a se realizar em nível local, entre Senhor e os servos; as antigas estradas romanas deixaram de ser conservadas e tornaram-se intransitáveis (Hugon,1988, p. 45).
Na base do sistema feudal estava o servo, que trabalhava nas terras de um senhor, o qual, por seu turno, devia lealdade a um senhor mais poderoso, e este a um outro, até chegar ao rei. Os senhores davam a terra a seus vassalos para serem cultivadas, em troca de pagamentos em dinheiro, alimentos, trabalho e lealdade militar. Como retribuição a essa lealdade, o senhor concedia protecção militar a seu vassalo.
O servo não era livre, pois estava ligado à terra e a seu senhor, mas ele não constituía sua propriedade, como o escravo. As trocas restringiram-se ao nível regional, entre as cidades e suas áreas agrícolas. A cidade, com seus muros, constituía o local de proteção dos servos, em caso de ataque inimigo. Aos poucos, porém, passou a ser o local onde se realizavam as trocas, o mercado. Desenvolveram-se o comércio, as corporações de ofício, surgindo a especialização do trabalho. Com as Cruzadas, a partir de 1096, expandiu-se o comércio mediterrâneo, impulsionando cidades como Génova, Pisa, Florença e Veneza.
A Teologia católica exerceu um poder muito grande sobre o pensamento económico da Idade Média. A propriedade privada era permitida, desde que fosse usada com moderação. Resulta desse fato a tolerância pela desigualdade. Havia uma ideia de moderação na conduta humana, o que levava às concepções de justiça nas trocas e, portanto, de justo preço e justo salário. Nenhum vendedor de um produto ou serviço poderia tirar proveito da situação e ganhar acima do valor considerado normal, ou justo. “O justo preço é aquele bastante baixo para poder o consumidor comprar (ponto de vista económico), sem extorsão e suficientemente elevado para ter o vendedor interesse em vender e poder viver de maneira decente (ponto de vista moral)” (Hugon, 1988, p. 51). Similarmente, o justo salário é aquele que permite ao trabalhador e sua família viver de acordo com os costumes de sua classe e de sua região. Essas noções de justiça na fixação de preços e salários, implicava também a ideia de justiça na determinação do lucro. Em outras palavras, o justo lucro resultava da justiça nas trocas: ele não devia permitir ao artesão enriquecer. Havia, portanto, julgamentos de valor na conduta económica, ou seja, a Filosofia e a Teologia dominavam o pensamento económico. Foi mais tarde que o racionalismo e o positivismo tomaram conta do pensamento económico, já no século XVIII.
O empréstimo a juros era condenado pela Igreja, ideia que vem de Platão e Aristóteles, pois contrariava a ideia de justiça nas trocas: o capital reembolsado seria maior do que o capital emprestado. Por não serem cristãos, os judeus receberam permissão para emprestar a juro, razão pela qual se explica a sua predominância no sector financeiro, em muitos países. A partir de 1400, no entanto, as excepções ampliaram-se com o crescimento das actividades manufactureiras e do próprio comércio na era mercantilista.

Mercantilismo

O Renascimento cultural e científico e o Mercantilismo abriram os horizontes da Europa, a partir de 1450. A reforma de João Calvino (1509-1564), exaltando o individualismo, a actividade económica e o êxito material, deu grande impulso à economia. Enriquecer não constituía mais um pecado, desde que a riqueza fosse obtida honestamente e pelo trabalho. A cobrança de juro e a obtenção de lucro passaram a ser permitidas. Entre os protestantes, o verdadeiro pecado veio a ser a ociosidade, quando a mente desocupada passa a se ocupar do mal. Como a leitura da Bíblia tornou-se fundamental no culto, incentivou-se a educação, o que se repercutiu na melhoria da produtividade do trabalho e no desenvolvimento económico. No início da era mercantilista, ocorreu uma transformação política na Europa, com o enfraquecimento dos feudos e a centralização da política nacional. Aos poucos, foi se formando uma economia nacional relativamente integrada, com o Estado central dirigindo as forças materiais e humanas, constituindo um organismo económico vivo. O governo central forte passou a criar universidades e a realizar grandes empreendimentos, como as navegações que abriram as mentes das pessoas. No plano internacional, as descobertas marítimas e o afluxo de metais preciosos para a Europa deslocaram o eixo económico do Mediterrâneo para novos centros como Londres, Amesterdão, Bordéus e Lisboa. Até então, a ideia mercantilista dominante era a de que a riqueza de um país media-se pelo afluxo de metais preciosos (metalismo). O afluxo excessivo de ouro e prata provocou inflação na Espanha, cuja taxa chegou a 20% ao ano na Andaluzia, entre1561/1582 (Sachs e Larrain, 1995, p. 820). Com a ideia de garantir afluxos significativos de ouro e prata para os seus países, os
Mercantilistas sugeriam que se aumentassem as exportações e que se controlassem as importações. Entre os principais autores Mercantilistas, podem ser citados (ver Hugon, 1988, p. 59 e seguintes):
a) Malestroit (Paradoxos sobre a moeda, 1566): segundo ele, o aumento do estoque de metais preciosos não provocava inflação;
b) Jean Bodin (Resposta aos paradoxos do Sr. Malestroit, 1568): para ele, maior quantidade de moeda gerava aumento do nível geral de preços;
c) Ortiz (Relatório ao rei para impedir a saída de ouro, 1588): ele afirmava que, quanto mais ouro o país acumulasse, tanto mais rico ele seria;
d) Montchrétien (Tratado de economia política, 1615): ensinava que o ouro e a prata suprem as necessidades dos homens, sendo o ouro muitas vezes mais poderoso do que o ferro;
e) Locke (Conseqüências da redução da taxa de juro e da elevação do valor da moeda, Londres, 1692): argumentava que os metais preciosos precisavam permanecer no país.
f) Thomas Mun (Discurso sobre o comércio da Inglaterra com as Índias orientais, 1621). Através dessa obra, Mun exerceu grande influência sobre o colonialismo inglês. Na França, o Mercantilismo manifestou-se pelo Colbertismo, ideias derivadas de Jean Baptiste Colbert (1619-1683), segundo as quais as disponibilidades de metais preciosos poderiam aumentar pelas exportações e pelo desenvolvimento das manufacturas. Colbert foi Ministro das Finanças de Louis XIV e chegou a controlar toda a administração pública. Protegeu a indústria e o comércio. Trouxe para a França importantes artesãos estrangeiros, criou fábricas estatais, reorganizou as finanças públicas e a justiça, criou empresas de navegação e fundou a Academia de Ciências e o Observatório Nacional da França. Com a protecção à indústria, as exportações seriam mais regulares e com maior valor. Com esse objectivo, os salários e os juros passaram a ser controlados pelo Estado, a fim de não elevar os custos de produção e poder assegurar vantagens competitivas no mercado internacional. O Colbertismo implicava na intervenção do Estado em todos os domínios e caracterizava-se pelo protecionismo, ou seja, pela adopção de medidas pelo governo para proteger as empresas nacionais contra a concorrência estrangeira. Seu pensamento encontra-se na sua obra Cartas, instruções e memórias, 1651 a 1669. Outro importante autor francês que se afastou do pensamento mercantilista foi Richard Cantillon (Ensaio sobre a natureza do comércio em geral, 1730). Cantillon viu no trabalho e na terra os principais factores da formação da riqueza nacional. A moeda ingressa no país pelo fato do valor das exportações ser maior do que o valor das importações. Contudo um excesso de moeda eleva os preços internamente, o que provoca o encarecimento das exportações e o barateamento das importações, gerando posteriormente deficit na balança comercial e a saída de ouro e prata do país. Na Espanha, o Mercantilismo não teve esse carácter desenvolvimentista da França, mas foi mais puro em sua essência, ou seja, a preocupação central era simplesmente obter o ingresso no país de metais preciosos, seja pelo comércio internacional (maximização das exportações e controle de importações), seja pela exploração de minas nas colónias. A preocupação central do governo era financiar a pesquisa e a exploração de ouro e prata na América espanhola.
Assim, com o objectivo de maximizar o saldo comercial e o afluxo de metais preciosos, as metrópoles estabeleceram um pacto colonial com suas colónias. Por meio desse “pacto”, todas as importações da colónia passaram a ser provenientes de sua metrópole, assim como todas as suas exportações seriam destinadas a ela exclusivamente. A metrópole monopolizava também o transporte dessas mercadorias. Para maximizar os ganhos, ela fixava os preços de seus produtos em níveis mais altos possíveis; inversamente, a fixação dos preços de suas importações eram os mais baixos. Segundo Celso Furtado, esse “pacto” deu origem ao subdesenvolvimento contemporâneo, porque implicava em uma sangria permanente de riquezas que fluíam para as metrópoles.
O principal defeito do Mercantilismo foi ter atribuído valor excessivo aos metais preciosos na concepção de riqueza. Contudo, sua contribuição foi decisiva para estender as relações comerciais do âmbito regional para a esfera internacional. Ele constituiu uma fase de transição entre o feudalismo e o capitalismo moderno. Com o comércio, formaram-se os grandes capitais financeiros que de certa forma financiaram a revolução tecnológica, precursora do capitalismo industrial. O sistema mercantilista não favoreceu a agricultura, como poderia ter ocorrido, na medida que todos os países procuram importar o mínimo possível, mesmo quando havia escassez de alimentos, ou quando se necessitava de matérias-primas para a indústria nascente. Isso ocorreu na França, pois Colbert cobrava impostos de importação relativamente altos para a importação de carvão coque para a fundição de metais.
Naquela época, como nos países em desenvolvimento dos dias actuais, a agricultura constituía praticamente todo o produto nacional. Inicialmente, os campos eram cultivados uma vez por ano, com baixa produtividade. Posteriormente, as lavouras passaram a ser divididas em duas partes, ficando uma em descanso, para recuperar fertilidade. Mais tarde, o sistema passou a ser de três campos, o que resultou em aumento substancial da produção agrícola por área cultivada. Isso fez com que a população europeia duplicasse entre os anos 1000 e 1300. O número de cidades aumentou, assim como sua população.
Com o Mercantilismo, as trocas de novos produtos intensificaram-se entre os países europeus, asiáticos e árabes.3 Desenvolveu-se o sistema manufactureiro doméstico, artesanal, dando nascimento à indústria capitalista. Inicialmente, o mercador-capitalista fornecia ao artesão a matéria-prima, para que transformasse em produto a ser comercializado. Posteriormente, o mercador-capitalista passou a fornecer as máquinas, as ferramentas e, às vezes, o prédio onde os bens seriam produzidos. Finalmente, em vez de comprar dos diferentes artesãos os produtos que vendia no mercado, ele acabou contratando também os trabalhadores necessários à produção, passando a reuni-los em um mesmo local, originando a fábrica. A formação de grandes capitais, a expansão dos mercados e o surgimento do trabalho assalariado deram nascimento ao sistema capitalista.
No Mercantilismo, a ética paternalista cristã, católica, ao condenar a aquisição de bens materiais, entrava em conflito com os interesses dos mercadores-capitalistas. Aos poucos, o Estado nacional passou a ocupar o lugar da Igreja na função de supervisionar o bem-estar da colectividade.
Gradativamente, os governos tornaram-se influenciados pelo pensamento mercantilista. Leis paternalistas, como a Lei dos pobres, deram lugar a leis que beneficiavam os interesses dos Mercantilistas e do capitalismo nascente, como a Lei do cercamento das terras, ou as leis quedavam incentivo à indústria ou criavam barreiras às importações.
A ideia central do Mercantilismo de que o acúmulo de metais preciosos era sinónimo de riqueza foi muito criticada pelos economistas das escolas fisiocrática e clássica. A moeda passou a ter um fim em si mesma e não um meio de troca. A produção foi relegada a um plano secundário. No entanto, a valorização dos metais preciosos como moeda trouxe segurança nos pagamentos internacionais. De outra parte, o aumento do estoque de metais preciosos, ou seja, de moeda, reduzia as taxas de juro, o que estimulava os investimentos, a produção e o emprego, contribuindo para o surgimento do modo de produção capitalista.

CAPITAL E CAPITALISMO EM PERSPECTIVA HISTÓRICA

O capital é um dos factores de produção utilizados para facilitar o trabalho humano e aumentar a sua produtividade, ou seja, para permitir a obtenção da maior quantidade possível de produto por trabalhador, durante determinado período de tempo. Ele é constituído pela soma de bens, monetários e não monetários, possuídos por uma pessoa ou por uma empresa, constituindo um património, e que tem como finalidade gerar uma renda, através de aplicações financeiras ou por seu emprego na produção, com o fim de produzir outros bens e gerar lucro.

Evolução do capitalismo

O capitalismo caracteriza-se pelo emprego de trabalhadores assalariados, juridicamente livres, que vendem a sua força de trabalho aos proprietários dos meios de produção, denominados empresários, que os contratam para produzir bens ou serviços a serem destinados ao mercado, com o fim de obter lucro. Para gerar esse lucro, definido como a diferença entre as receitas totais e os custos totais, o capitalista aluga ou constrói prédios, compra máquinas e matérias-primas e contrata trabalhadores, incluindo-se pessoal de escritório e técnicos de nível médio e superior. O capitalismo é um sistema económico e social que sucedeu o Mercantilismo e que se baseia na propriedade privada dos meios de produção e de troca. Esse sistema se caracteriza pela busca do lucro, pela livre iniciativa e pela concorrência entre os indivíduos e as empresas. O capitalista é aquele que possui capitais e que os empresta para a realização de empreendimentos por terceiros ou que os aplica directamente na produção de bens e serviços. Assim, qualquer pessoa que tenha determinada quantia de dinheiro e que compre acções em uma corretora, ou que aplique no si tema financeiro para receber juros, está se comportando como capitalista.
O capitalismo, tal qual conhecemos hoje, passou por várias fases evolutivas. Primeiro, ele emergiu no próprio Mercantilismo. Com o empobrecimento dos nobres, houve grande migração rural-urbana, dando surgimento aos burgos, ou cidades relativamente grandes que serviam de mercado para cidades menores e para as áreas rurais. Os habitantes dos burgos passaram a ser conhecidos como burgueses por se dedicarem ao artesanato e ao comércio. Aos poucos, os burgueses passaram a fazer parte de uma nova classe social, distinta da nobreza e dos agricultores.

Concentração do capital

A concentração do capital é inerente ao modo de produção capitalista, não apenas porque toda pequena e média empresa procura crescer e tornar-se grande, como também porque, no mundo dos negócios, muitas empresas são absorvidas por outras. No processo de inovação tecnológica,
característico das economias modernas, a tendência é a de que as empresas não inovadoras venham a fechar as suas portas.
Com a introdução de novos produtos e novos processos produtivos, os preços dos factores de produção e das matérias-primas e componentes manufacturados sobem, pela maior procura, o que eleva os custos de todas as empresas. Como os preços dos novos produtos também sobem, as empresas inovadoras não apenas suportam os custos maiores, como ainda realizam lucro extraordinário. A concentração empresarial ocorre tanto na indústria, como no comércio, nos serviços e no sector financeiro.
A própria concorrência capitalista, como já foi referido, aumenta a necessidade de o capitalista aumentar o seu estoque de capital, a fim de elevar a produtividade do trabalho e manter a sua taxa de lucro em crescimento. Desse modo, cada trabalhador possui a sua disposição uma quantidade de equipamentos cada vez maior. O trabalhador japonês ou americano é bem mais equipado do que o trabalhador mexicano ou brasileiro. Assim, a relação capital/trabalho é bem maior nos países desenvolvidos do que nos países em desenvolvimento, o que favorece a formação de grandes empresas e a concentração do capital na maioria dos sectores industriais. Por seu turno, com a concentração do capital, os produtos são obtidos com maiores quantidades de capital e menos trabalho e o número de empresas em cada indústria se reduz ainda mais, gerando oligopolização. De outra parte, com a centralização do capital em grandes empresas, gera-se uma concorrência desigual entre estes oligopólios e as empresas de menor porte. Em nível mundial, essa dicotomia materializa-se entre as grandes empresas multinacionais, dos países desenvolvidos, com as empresas de capital nacional, dos países em desenvolvimento.
As empresas multinacionais, possuindo uma escala de produção de maior dimensão, de nível mundial, conseguem custos médios inferiores aos das empresas nacionais actuando no mesmo sector, o que lhes permite maior competitividade internacional e maior taxa de lucro. A tendência é essas empresas multinacionais crescerem cada vez mais, ou seja, intensificando a concentração de capital em detrimento de empresas de menor escala, com mercados restritos e dificuldades de exportação.5 Essas grandes empresas multinacionais controlam também o mercado de capitais em nível mundial. Excepto poucos casos (Microsoft, Rede CNN etc.), elas não possuem um dono em particular, mas uma miríade de acionistas, incluindo fundos de pensão e clubes de investimentos. A propriedade dessas empresas, em pequenas partes, ou na sua totalidade, é transaccionada no mercado de capitais, mediante a venda e a compra de acções, que são títulos emitidos pelas empresas, com direito a dividendos, que representam participação nos lucros da empresa respectiva. Os donos das acções são os capitalistas, que hoje em dia se distribuem aos milhões nos países desenvolvidos, podendo ser um jovem, uma viúva, ou um multimilionário, como Bill Gates, dono da Microsoft. O capitalista, detentor do dinheiro, poderá aplicá-lo em um fundo de investimentos, recebendo juros, ou comprar directamente uma acção de uma empresa. Neste caso, ele assume riscos de possíveis prejuízos, recebendo dividendos, em caso de lucros. Conforme o tipo da acção, ele poderá ter direito a voto nas assembleias da empresa, passando a influenciar o seu destino.

Pensamento liberal e crises económicas

O Mercantilismo provocou grandes distorções no sector produtivo das economias, como abandono da agricultura em benefício da indústria, excessiva regulamentação e intervencionismo exagerado do Estado nos negócios privados. Aos poucos, porém, foram surgindo novas teorias sobre o comportamento humano, de cunho liberal e individualista, mais de acordo com as necessidades da expansão capitalista. Como foi visto, o capitalismo foi um sistema que emergiu dos artesãos e comerciantes que se tornaram financistas e grandes empreendedores. Eles recebiam a oposição da nobreza, grandes proprietários de terras, que possuíam privilégios, não pagavam impostos e muitas vezes recebiam rendas vitalícias do Estado.

Fisiocracia e doutrina do Laissez-Faire

Na França, o pensamento económico constituía um segmento do pensamento filosófico. Com o movimento enciclopedista liderado por Diderot e d’Alembert, nas primeiras décadas do Século XVIII, os escritos económicos se multiplicaram. Surgiram pensadores como Turgot (1727-1781), que defendeu a livre circulação de grãos entre as regiões francesas, assim como a liberdade para o comércio internacional e o saneamento das finanças públicas. Antes de Adam Smith (1723-1790), ele formulou o princípio dos rendimentos decrescentes na agricultura e formulou os rudimentos da teoria do equilíbrio económico. Além do Enciclopedismo, outro movimento intelectual daquela época foi a Fisiocracia, que constituiu a primeira escola económica de carácter científico. A Fisiocracia foi liderada pelo médico francês François Quesnay (1694-1774), autor da obra O quadro económico, em que analisa as variações do rendimento de uma nação. Para “os economistas”, como passaram a ser conhecidos a partir de então, os fenómenos económicos precisam circular livremente no espaço e entre sectores, seguindo leis naturais, como o sangue no organismo humano. Essa ideia de ausência de obstáculos para uma melhor circulação dos bens e serviços, assim como do fluxo de rendas, constituiu o embrião das teorias económicas modernas. Segundo a doutrina fisiocrática, a sociedade é formada pelas classes produtiva (agricultores), pela classe dos proprietários de terras e pela classe estéril, compreendendo esta última todos os que se ocupam do comércio, da indústria e dos serviços. A agricultura era considerada produtiva por ser, para os Fisiocratas, o único sector que gera valor. Desse modo, os preços agrícolas deviam ser os mais elevados possíveis (teoria do bom preço), a fim de gerar lucros e recursos para novos investimentos agrícolas. Os consumidores seriam compensados pela cobrança de um imposto único sobre a renda dos proprietários de terras e por medidas que reduzissem os preços industriais.
A ideia de classe estéril resultou da reacção fisiocrática contra a doutrina mercantilista. A moeda passou a ter apenas função de troca e não de reserva de valor, pois este encontra-se somente na agricultura. A indústria e o comércio constituem desdobramentos da agricultura, pois apenas transformam e transportam valores. A terra produz valor por sua fertilidade, seguindo leis físicas, ou de ordem natural. Desse modo, a agricultura precisava ser incentivada para aumentar o produto nacional. No entanto, não era isso que se via na prática: a agricultura era penalizada pela acção discriminatória do Estado. Quando havia boas colheitas, a abundância de produtos reduzia os preços, pois os produtos não podiam ser escoados de regiões com produção abundante para regiões com produção insuficiente. Em caso de más colheitas, a escassez resultante de produtos tendia a aumentar os preços. No entanto, os controles de preços do Governo, para não elevar o custo de vida da população, não permitiam que os agricultores saíssem do prejuízo. Ao mesmo tempo, eles eram sobrecarregados de impostos, uma vez que o Governo obtinha suas receitas com base na classe produtiva. Os nobres e o clero praticamente não pagavam impostos.
A redução do jugo do Estado poderia diminuir com uma conduta mais liberal, deixando o mercado agir naturalmente. Turgot pregava a livre circulação de bens e a liberdade total para empreender, assim como os Fisiocratas, como uma maneira de desenvolver a economia. Com a presença de uma lei natural regulando a ordem económica, os homens precisam agir livremente; qualquer intervenção do Estado inibiria essa ordem, ao criar obstáculos à circulação de pessoas e de bens. Assim, eles propunham a redução da regulamentação oficial, para aumentar a produtividade da economia, e a eliminação de barreiras ao comércio interno e a promoção das exportações. Ao se proibir as exportações de cereais, aumenta a oferta interna e reduz os preços, o que reduz os lucros, impede novos investimentos e diminui a produção na safra seguinte.

ESCOLA CLÁSSICA

A escola clássica da economia

A escola, clássica ou individualista, surgiu com as obras de Adam Smith e David Ricardo, respectivamente em 1776 e 1817. Refutando o unilateralismo fisiocrático (produtividade preponderante e exclusiva do factor natureza), embora concordando com as críticas dessa corrente contra o mercantilismo, os economistas clássicos, liderados por Smith, passam a investigar as leis naturais que dominam a vida económica. Afirmam que o seu princípio regulador se encontra na livre concorrência, que por sua vez conduz à divisão do trabalho, sendo este o factor verdadeiramente produtivo, o verdadeiro agente da produção, e a natureza seria o factor originário. Desenvolvem, a seguir, a sua famosa teoria do câmbio e o seu sistema de relações económicas.
Economia clássica é o nome dado à primeira escola moderna de pensamento económico. É geralmente aceito que o marco inaugural do pensamento económico clássico seja a obra A Riqueza das Nações, do escocês Adam Smith. Seus conceitos giram em torno da noção básica de que os mercados tendem a encontrar um equilíbrio económico a longo prazo, ajustando-se a determinadas mudanças no cenário económico.
Enquanto Adam Smith enfatizou a produção de renda, David Ricardo na sua distribuição entre proprietários de terras, trabalhadores e capitalistas. Ricardo enxergou um conflito inerente entre proprietários de terras e capitalistas. Ele propôs que o crescimento da população e do capital, ao pressionar um suprimento fixo de terras, eleva os alugueis e deprime os salários e os lucros.
Thomas Robert Malthus usou a ideia dos retornos decrescentes para explicar as baixa condições de vida na Inglaterra. De acordo com ele, a população tendia a crescer geometricamente sobrecarregando a produção de alimentos, que cresceria aritmeticamente. A pressão que uma população crescente exerceria sobre um estoque fixo de terras significa produtividade decrescente do trabalho, uma vez que terras cada vez menos produtivas seriam incorporadas à actividade agrícola para suprir a demanda. O resultado seria salários cronicamente baixos, que impediriam que o padrão de vida da maioria da população se elevasse acima do nível de subsistência. Malthus também questionou a automaticidade da economia de mercado para produzir o pleno emprego. Ele culpou a tendência da economia de limitar o gasto por causa do excesso de poupança pelo desemprego, um tema que ficou esquecido por muitos anos até que John Maynard Keynes a reviveu nos anos 1930.
No final da tradição clássica, John Stuart Mill divergiu dos autores anteriores quanto a inevitabilidade da distribuição de renda pelos mecanismos de mercado. Mill apontou uma diferença dois papéis do mercado: alocação de recursos e distribuição de renda. O mercado pode ser eficiente na alocação de recursos mas não na distribuição de renda, ele escreveu, de forma que seria necessário que a sociedade intervenha.
A teoria do valor foi importante na teoria clássica. Smith escreveu que "o preço real de qualquer coisa é o esforço e o trabalho de adquiri-la" o que é influenciado pela sua escassez. Smith dizia que os alugueis e os salários também entravam na composição do preço de uma mercadoria. Outros economistas clássicos apresentaram variações das ideias de Smith, chamada 'Teoria do valor-trabalho'. Economistas clássicos se focaram na tendência do mercado de atingir o equilíbrio no longo prazo.

A escola clássica da administração

A Escola Clássica de Administração Científica foi a primeira escola da área. Criada com o princípio de legitimar a personalidade racional-legal em oposição à personalidade tradicional, dentro das Empresas. Antigamente Max Weber desenvolveu três argumentos segundo os quais se baseava a personalidade humana e partiu do princípio que existem três tipos de personalidades: a carismática, a tradicional e a racional-legal.
Com base na personalidade carismática, partia do pressuposto de que era uma forma de personalidade humana na qual o ser humano era visto na figura de um herói pelos seus atos. Temos como exemplo os líderes, os profetas, guerreiros dentre outros. Sobre a personalidade tradicional, Weber salienta que era baseada nos costumes e tradições, ou seja, na figura dos senhores feudais e patriarcas que foram garantidos pelos costumes religiosos e crenças de uma sociedade. Além disso, temos uma nova personalidade na tentativa de se difundir com o sistema industrial a racional-legal, que para Max Weber era a melhor forma de organização social, tendo como fundamento a legitimação das regras que visavam um melhor desempenho nas atividades industriais que estava surgindo no final do século XIX e início do século XX.
A Escola Clássica vai tentar impor a legitimação da personalidade racional-legal dentro das Empresas a partir de um dos mais conhecidos fundadores da Escola Clássica de Administração Científica, Frederick Winslow Taylor. Para se chegar  às origens da Escola Clássica,  faz-se necessário observar fatos que ocorreram na história. Por volta do século XVIII, Descartes negou todo conhecimento com base em costumes e tradição e propôs o método de racionalidade para resolver qualquer tipo de problema. Já no século XIX, o racionalismo atingiu seu apogeu para no século seguinte ser aplicado às ciências naturais e sociais. Mas o campo do trabalho ainda não havia sido afectado pela racionalização, mesmo com a introdução das máquinas. Nessa mesma época surgiram os pioneiros da racionalização e, por terem ideias semelhantes, ficaram conhecidos como fundadores da Escola Clássica.
Um dos principais fundadores dessa Escola chamava-se Taylor. Engenheiro do Norte USA, até hoje ele é conhecido como “Pai da Organização Científica do Trabalho”. Seus métodos de trabalho eram baseados em experiências que envolviam o controle de tempo e os movimentos desnecessários a execução de uma tarefa. Também preferia trabalhar sempre com a indução do método dedutivo, ou seja, que parte da observação do geral para depois trabalhar com o detalhe de um objecto.
E outro importante contribuinte era Fayol, também engenheiro. No entanto sua formação era francesa, o que o fez preferir sempre trabalhar com o método lógico-dedutivo, e era mais um administrador de cúpula. Era dele a principal divisão das tarefas de um administrador que eram: planejar, controlar, comandar, comandar e coordenar.
Uma das principais ideias que assentam o edifício teórico da Escola Clássica é que alguém será um bom administrador à medida que seus passos forem planejados e organizados de maneira cuidadosa e racional. Para os contemporâneos dessa Escola, o homem era considerado um ser racional e, a partir do momento que toma uma decisão, sabe o curso das acções que é disponibilizado bem como a consequência da opção que escolheu. Trabalhava-se com o pressuposto de racionalidade absoluta em relação ao homem. E uma das frases que mais se fazia presente naquela época era que aos administradores e engenheiros cabia estabelecer as normas e aos operários apenas obedecer. O homem era visto, segundo Taylor, como homo economicus, onde a constante vigilância, o treinamento e incentivos financeiros eram factores que garantiam por si só uma boa produção. Mas para os contemporâneos de Taylor, como o psicólogo Henry Gantty, o incentivo financeiro era uma das falhas da Administração Científica, pois o homem precisava de incentivos diferentes para assegurar uma boa produção. Gantty salientou a efectivação dos incentivos psicossociais, tais como prestígio social, auto-realização, reconhecimento, dentre outros. A produção era outra principal ideia que se fazia necessária nessa época. Afirmava-se que a única maneira certa, se descoberta, ia maximizar a eficiência do trabalho e diminuir os custos com a produção, ou seja, analisando o trabalho em suas diferentes etapas e diminuindo os movimentos desnecessários de forma que os simplifique e reduzam ao mínimo.
A definição que se tinha de Organização, não era de estrutura, e sim o modo pelo qual uma empresa administra de forma organizada o processo de produção de maneira eficiente para atingir seu objectivo principal, o lucro. Segundo a Escola Clássica, para que uma empresa atingisse seu objectivo através da Organização os seguintes factores que seguem se faziam necessário:
- Divisão do trabalho;
- Poucos subordinados para cada chefe e um alto grau de concentração das decisões;
- Acumulação de tarefas obedecendo ao critério de semelhança dentro dos sectores da empresa;
- Acções se deslocavam para a empresa e não para os colaboradores, portanto buscava-se a melhor estrutura e sistemas perfeitos.
Podemos também mencionar o Fordismo como um dos elementos que contribuem para o acervo de conhecimentos que se tem da Escola Clássica. Em uma época onde o trabalho era baseado na produção em massa nas chamadas “esteiras”. Ford implantou a fabricação de um modelo de carro, o Ford Bigode Preto. Essa foi uma fase marcante para sociedade, pois ele colocou esses carros a preços baixos fazendo com que mais pessoas pudessem ter um carro, mas ele salientava que alguém poderia ter um carro a preço baixo desde que esse fosse o Ford Bigode Preto e de cor preta. Muitas pessoas naquela época não tinham acesso a carros e, por custarem muito caro, só os mais milionários podiam possuir.



CONCLUSÃO

Depois da pesquisa feita chegamos a conclusão de que em relação aos demais sectores da economia, para manter baixos os preços das manufacturas e beneficiar os consumidores, os Fisiocratas propunham o combate aos oligopólios (poucos vendedores) e o fim das restrições às importações. O pensamento fisiocrático era, portanto, liberal, traduzindo-se na famosa divisa laissez-faire, laissez passer... (deixai fazer, deixai passar). O principal defeito do pensamento fisiocrático era a premissa de que somente a terra gerava valor. Com isso, eles se mantinham muito tolerantes em relação à classe dos proprietários e à nobreza. Este era a diferença fundamental entre os Fisiocratas e Turgot. Para este último, o valor encontra-se no trabalho e esse pensamento faz dele um precursor da Economia clássica. Em suma, a Escola Clássica contribuiu de forma a ser uma ciência que estava em sua fase inicial e as Escolas que posteriormente ia surgindo tinham a intenção de estudar o objecto da administração de modo a se ter sempre uma nova visão no campo. Além disso, as Escolas que iam surgindo sempre recebiam críticas em relação às posteriores.


BIBLIOGRAFIA

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HUNT, E. K. História do Pensamento Econômico : uma perspectiva crítica. Rio de Janeiro:
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OSER, Jacob, BLANCHFIELD, William C. História do Pensamento Econômico. São Paulo : Atlas,
1983.
SOUZA, Nali de Jesus. Desenvolvimento Econômico. 4 ed., São Paulo : Atlas, 1999.
SOUZA, Nali de Jesus. Curso de Economia. 2 ed., São Paulo : Atlas, 2003.



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