OS KIMBUNDO

OS KIMBUNDO 
Os M’bundu (Kimbundu), situados entre os rios Cuanza e Dande, com cerca de 26% da população, abrangendo Luanda, na costa, até à bacia do Cassange, na parte oriental do distrito de Malange. Faziam parte deste grupo Kimbundu vinte povos: Ambundu, Luanda, Luango, Ntemo, Puna, Dembo, Bangala, Holo, Cari, Chinje, Minungo, Bambeiro, Quibala, Haco, Sende, Ngola ou Jinga, Bondo, Songo, Quissama e Libolo. Exprimem-se em Kimbundu.
Como afirma Segundo Teresa Neto:
 ‘’ grupo Kimbundu constitui o grupo étnico, no centro do país, que mais assimilou os costumes coloniais portugueses’’; e, Lawrence W.Henderson corrobora afirmando também que ali foi o centro da assimilação porque na abordagem dele: ‘’os Kimbundu aprenderam o português ao serem assimilados, como foram eles quem produziu as primeiras obras das literaturas escritas angolana’’.
A zona sobre qual me debruço é a que vai do Libolo a Kibala, abrangendo Kilenda, Ebo, Gabela, Mussende e partes do Uaco-Kungo, Kassongue entre outros espaços da Província do Kuanza-Sul. Trata-se de uma zona de transição etno-linguística entre os ovimbundu e os ambundu. Por isso, a língua contém elementos de duas outras línguas, com maior ou menor acentuação ou prodominância, à medida que se vai aproximando ou distanciando dos pólos (ambundu e ovimbundu). No período da existência do reino do Ndongo, o Libolo, a Kibala, Ebo, Kilenda, Gabela e até parte do Uaco Kungo integravam este reino, razão pela qual, ainda hoje, quando perguntamos às pessoas destas áreas que língua falam, muitos respondem que falam Kimbundu. Porém, há as que dizem falar Kibala ou Ngoya, conforme um estudo publicado nesta pa'gina. Sobre a origem dos povos Kibala, demonstrou-o, e muito bem, o Reverendo Vinte e Cinco no seu livro “Os Kibalas”. Também o Dr. Moisés Malumbu no seu livro “Os Ovimbundos do Planalto Central de Angola” faz excelentes apreciações sobre os povos vizinhos dos ovimbundu e das relações de interdependência entre eles. Malumbu diz mesmo que os actuais povos Mbalundu e Ndulo (Bailundo e Andulo), dos quais nascem os povos planálticos dos nossos dias, são descendentes dos Kibala a quem os ovmbundu tratam por Va-kua-nano (os de cima/norte). Porém, não basta esta relação de pertença para se dizer, como muitos o fazem, que que os povos que habitam o Kuanza-Sul são "bailundus ou kimbundus" por extensão. Têm uma língua e características próprias. Costumes que fazem uma cultura e língua próprias e que devem ser estudas. Têm também os seus provérbios com grande carga pedagógica. No que toca a outras particularidades da Cultura e História, é só ver que nenhum outro povo, dos que habitam Angola, construiu necrópoles (sepulturas em pedras) senão os ancestrais dos Kibalas e seus vizinhos. O que partilho convosco é que independentemente dos kibalas falarem uma língua parecida com o kimbundu ou umbundu, esta língua tem um nome. Tratemo-la por Kibala ou Ngoya (termo depreciativo mas muito divulgado), ela deve ser divulgada de modo a legá-la a novas gerações. Para que tal aconteça é preciso que seja investigada, divulgada e ensinada. Tenhamos como exemplo a própria língua portuguesa que falamos, herdada do colono. É uma língua que deriva do latim, tal como o espanhol, o italiano, o francês, o romeno, entre outras e recebe empréstimos do inglês e línguas africanas. -O português é ou não uma língua própria?-Tem ou não um nome?-É ou não estudado, desenvolvido, divulgado e transmitido a novos falantes?Este exemplo chama-nos atenção para o que devemos fazer para a valorização da nossa língua. Não quero, aqui e hoje, definir que nome atribuir à nossa língua. Pesquisei um pouco e encontrei várias divergências entre os autores. Mas que temos que investigar, isso temos. Em seguida quero mostrar-vos o que tenho feito para demonstrar a carga pedagógica dos provérbios da nossa língua.





Os Ambundu são o povo dominante na região da capital angolana, mais precisamente nas províncias do Bengo,Kwanza Norte, Malange e nordeste do Kwanza Sul. Apesar de os portugueses terem travado relações comerciais com os Ambundu, logo após a sua chegada ao reino do Kongo, a partir da altura em que estabeleceram uma colónia permanente em Luanda, no ano de 1576, como base para o comércio de escravos, houve revoltas constantes contra a ocupação dos portugueses na região, sendo a mais famosa a encabeçada pela Rainha N'Ginga.
Boa parte dos mais de 4 milhões de escravos traficados para o estrangeiro entre os séculos XVI e XIX (especialmente para o Brasil) eram Ambundu, já que este foi o grupo étnico onde a secular presença portuguesa na "cabeça de ponte" de Luanda teve mais impacto1 nota 4 .
O desenvolvimento da cidade de Luanda como capital e principal centro industrial levou a que muitos Ambundu se deslocassem para a capital, terminando na construção de imensos musseques nos arredores da cidade e levando a que, por causa da pesada presença dos portugueses e do grande número de mestiços lusófonos, o português se sobrepusesse à língua nativa, levando a que hoje muitos Ambundu só saibam falar o português1 .
Foi no tecido social constituído pela sociedade luandense e os Ambundu que começou a desenvolver-se, no século XX, uma identidade social "nacional", isto é, um sentido de pertença a Angola no seu conjunto. Gerou-se, em consequência disto, uma oposição à ocupação colonial que desde o início teve uma perspectiva "nacionalista".