IPV6
INTRODUÇÃO
O presente trabalho visa a falar sobre o IPv6
desenvolvido para o melhoramento de conexão da rede internet. neste contexto
podemos dizer que uma rede pode ser definida como um conjunto de computadores e
outros equipamentos interligados e capazes de comunicarem-se utilizando um
conjunto pré-determinado de regras, ou “linguagem”, chamada de protocolo. O IP
(Internet Protocol), é um protocolo que foi projectado para criar ligações entre diferentes redes, possibilitando a
intercomunicação entre dispositivos nelas presentes. Uma interligação entre
diversas redes é normalmente chamada de Internet. Cada computador numa
determinada Internet possui um número único, que o identifica dentre da mesma,
chamado endereço IP. O objectivo
principal deste trabalho é demonstrar como funciona o IPv6, como está
estruturado, as suas características e as melhorias que trouxe no mercado
actual.
O IPV6
O IPv6 é a versão mais actual
do Protocolo de Internet. Originalmente oficializada em 6 de Junho de 2012, é fruto do esforço do
IETF para criar a "nova geração do IP" (IPng: Internet
Protocol next generation), cujas linhas mestras foram descritas por Scott
Bradner e Allison Marken, em 1994, na RFC 1752. Sua
principal especificação encontra-se na RFC 2460.
O protocolo está sendo implantado gradativamente na Internet e deve funcionar lado a lado com
o IPv4, numa situação tecnicamente chamada de "pilha
dupla" ou "dual stack", por algum tempo. A longo prazo, o
IPv6 tem como objetivo substituir o IPv4, que só suporta cerca de 4 bilhões
(4x109) de endereços IP, contra cerca de 3,4x1038 endereços
do novo protocolo.
O assunto é tão relevante que alguns governos têm apoiado essa implantação.
O governo dos Estados Unidos, por exemplo, em 2005, determinou que todas as suas agências federais
deveriam provar ser capazes de operar com o protocolo IPv6 até Junho de 2008.
Em Julho de 2008, foi liberada uma nova revisão das recomendações para adopção
do IPv6 nas agências federais, estabelecendo a data de Julho de 2010 para
garantia do suporte ao IPv6.
MOTIVAÇÕES PARA A IMPLANTAÇÃO DO IPV6
O esgotamento do IPv4 e a necessidade de mais endereços na Internet
O principal motivo para a implantação do IPv6 na Internet é a necessidade
de mais endereços, porque a disponibilidade de endereços livres IPv4 terminou.
Para entender as razões desse esgotamento, é importante considerar que a
Internet não foi projectada para uso comercial. No início da década de 1980,
ela poderia ser considerada uma rede predominantemente académica, com poucas
centenas de computadores interligados. Apesar disso, pode-se dizer que o espaço
de endereçamento do IP versão 4, de 32 bits, não é
pequeno: 4 294 967 296 de endereços.
Ainda assim, já no início de sua utilização comercial, em 1993, acreditava-se
que o espaço de endereçamento da Internet poderia se esgotar num prazo de 2 ou
3 anos. Isso não ocorreu por conta da quantidade de endereços, mas sim por
conta da política de alocação inicial, que não foi favorável a uma utilização
racional desses recursos. Dividiu-se esse espaço em três classes principais
(embora existam a rigor actualmente cinco classes), a saber:
·
Classe A: com 128 segmentos, que
poderiam ser atribuídos individualmente às entidades que deles necessitassem,
com aproximadamente 16 milhões de endereços cada. Essa classe era classificada
como /8, pois os primeiros 8 bits representavam a rede, ou segmento, enquanto
os demais poderiam ser usados livremente. Ela utilizava o espaço compreendido
entre os endereços 00000000.*.*.* (0.*.*.*) e 01111111.*.*.* (127.*.*.*).
·
Classe B: com aproximadamente 16 mil
segmentos de 64 mil endereços cada. Essa classe era classificada como /16. Ela
utilizava o espaço compreendido entre os endereços 10000000.0000000.*.*
(128.0.*.*) e 10111111.11111111.*.* (191.255.*.*).
·
Classe C: com aproximadamente 2 milhões
de segmentos de 256 endereços cada. Essa classe era classificada como /24. Ela
utilizava o espaço compreendido entre os endereços 11000000.0000000.00000000.*
(192.0.0.*) e 11011111.11111111.11111111.* (213.255.255.*).
Os 32 blocos /8 restantes foram reservados para Multicast e para a IANA (Internet Assigned Numbers Authority).
O espaço reservado para a classe A atenderia a apenas 128 entidades, no
entanto, ocupava metade dos endereços disponíveis. Não obstante, empresas e
entidades como HP, GE, DEC, MIT, DISA, Apple, AT&T, IBM, USPS, dentre
outras, receberam alocações desse tipo.
As previsões iniciais, no entanto, de esgotamento quase imediato dos
recursos, não se concretizaram devido ao desenvolvimento de uma série de
tecnologias, que funcionaram como uma solução paliativa para o problema trazido
com o crescimento acelerado:
·
O CIDR (Classless Inter Domain Routing), ou roteamento sem uso de
classes, que é descrito pela RFC 1519. Com o CIDR foi abolido o esquema de classes, permitindo atribuir blocos
de endereços com tamanho arbitrário, conforme a necessidade, trazendo um uso
mais racional para o espaço.
·
O uso do NAT (Network
address translation) e da RFC 1918, que especifica os endereços privados, não válidos na Internet, nas redes
corporativas. O NAT permite que com um endereço válido apenas, toda uma rede
baseada em endereços privados, tenha conexão, embora limitada, com a Internet.
·
O DHCP (Dynamic Host Configuration Protocol), descrito pela RFC 2131. Esse protocolo trouxe a possibilidade aos provedores de reutilizarem
endereços Internet fornecidos a seus clientes para conexões não permanentes.
O conjunto dessas tecnologias reduziu a demanda por novos números IP, de
forma que o esgotamento previsto para a década de 1990, ainda não ocorreu. No
entanto, as previsões actuais indicam que o esgotamento no IANA, que é a
entidade que controla mundialmente esse recurso, ocorrerá até 2011, e nos Registos
Regionais ou Locais, como o LACNIC, que controla os números IP para a América Latina e Caribe.
Outros factores motivantes
O principal factor que impulsiona a implantação do IPv6 é a necessidade.
Ele é necessário na infra-estrutura da Internet. É uma questão de continuidade
de negócios, para provedores e uma série de outras empresas e instituições.
Contudo, há outros factores que motivam sua implantação:
·
Internet das Coisas: Imagina-se que, em um futuro onde a computação seja ubíqua, a tecnologia estará presente em vários dispositivos
hoje não inteligentes, que serão capazes de interagir autonomamente entre si -
computadores invisíveis interligados à Internet, embutidos nos objectos usados
no dia a dia - tornando a vida ainda mais líquida. Pode-se imaginar electrodomésticos
conectados, automóveis, edifícios inteligentes, equipamentos de monitoramento
médico, etc. Dezenas, talvez mesmo centenas ou milhares de equipamentos estarão
conectados em cada residência e escritório... O IPv6, com endereços abundantes,
fixos, válidos, é necessário para fazer desse futuro uma realidade.
·
Expansão das redes: Vários factores
motivam uma expansão cada vez mais acelerada da Internet: a inclusão digital,
as redes 3G, etc. São necessários mais IPs.
·
Qualidade de serviço: A convergência das redes de telecomunicações futuras para a camada de
rede comum, o IPv6, favorecerá o amadurecimento de serviços hoje incipientes,
como VoIP, streaming de vídeo em tempo real,
etc., e fará aparecerem outros, novos. O IPv6 tem um suporte melhorado a
classes de serviço diferenciadas, em função das exigências e prioridades do
serviço em causa.
·
Mobilidade: A mobilidade está a
tornar-se um factor muito importante na sociedade de hoje em dia. O IPv6
suporta a mobilidade dos utilizadores, estes poderão ser contactados em
qualquer rede através do seu endereço IPv6 de origem.
NOVIDADES NAS ESPECIFICAÇÕES DO IPV6
·
Espaço de Endereçamento. Os endereços IPv6 têm um tamanho de 128 bits.
·
Autoconfiguração de endereço. Suporte para atribuição automática de endereços numa rede IPv6, podendo
ser omitido o servidor de DHCP a que estamos habituados no IPv4.
·
Endereçamento hierárquico. Simplifica as tabelas de encaminhamento dos roteadores da rede, diminuindo assim a carga
de processamento dos mesmos.
·
Cabeçalhos de extensão. Opção para guardar informação adicional.
·
Suporte a qualidade diferenciada. Aplicações de áudio e vídeo passam a estabelecer conexões apropriadas
tendo em conta as suas exigências em termos de qualidade de serviço (QoS).
·
Capacidade de extensão. Permite adicionar novas especificações de forma simples.
·
Encriptação. Diversas extensões no IPv6 permitem, à
partida, o suporte para opções de segurança como autenticação, integridade e
confidencialidade dos dados.
FORMATO DO DATAGRAMA IPV6
Um datagrama IPv6 é constituído por um cabeçalho base, ilustrado na figura
que se segue, seguido de zero ou mais cabeçalhos de extensão, seguidos depois
pelo bloco de dados.
Formato do cabeçalho base do datagrama IPv6:
·
Tem menos informação que o cabeçalho do
IPv4. Por exemplo, o checksum será removido do
cabeçalho, que nesta versão considera-se que o controle de erros das camadas
inferiores é confiável.
·
O campo Traffic Class é
usado para assinalar a classe de serviço a que o pacote pertence, permitindo
assim dar diferentes tratamentos a pacotes provenientes de aplicações com
exigências distintas. Este campo serve de base para o funcionamento do mecanismo
de qualidade de serviço (QoS) na rede.
·
O campo Flow Label é
usado com novas aplicações que necessitem de bom desempenho. Permite associar
datagramas que fazem parte da comunicação entre duas aplicações. Usados para
enviar datagramas ao longo de um caminho pré-definido.
·
O campo Payload Length representa,
como o nome indica, o volume de dados em bytes que pacote transporta.
·
O campo Next Header aponta
para o primeiro header de extensão. Usado para especificar o
tipo de informação que está a seguir ao cabeçalho corrente.
·
O campo Hop Limit tem o
número de hops transmitidos antes de descartar o datagrama, ou seja, este campo
indica o número máximo de saltos (passagem por encaminhadores) que o datagrama
pode dar, antes de ser descartado, semelhante ao TTL do IPv4.
FRAGMENTAÇÃO E DETERMINAÇÃO DO PERCURSO
No IPv6 o responsável pela fragmentação é o host que envia o datagrama, e não os roteadores intermédios como no caso
do IPv4. No IPv6, os roteadores intermédios descartam os datagramas maiores que
o MTU da rede. O MTU será o MTU máximo suportado pelas
diferentes redes entre a origem e o destino. Para isso o host envia
pacotes ICMP de vários tamanhos; quando um pacote chega
ao host destino, todos os dados a serem transmitidos são
fragmentados no tamanho deste pacote que alcançou o destino.
O processo de descoberta do MTU tem que ser dinâmico, porque o percurso
pode ser alterado durante a transmissão dos datagramas.
No IPv6, um prefixo não fragmentável do datagrama original é copiado para
cada fragmento. A informação de fragmentação é guardada num cabeçalho de
extensão separado. Cada fragmento é iniciado por uma componente não
fragmentável seguida de um cabeçalho do fragmento.
MÚLTIPLOS CABEÇALHOS
Uma das novidades do IPv6 é a possibilidade de utilização de múltiplos
cabeçalhos encadeados. Estes cabeçalhos extra permitem uma maior eficiência,
pois o tamanho do cabeçalho pode ser ajustado segundo as necessidades, e uma
maior flexibilidade, porque podem ser sempre adicionados novos cabeçalhos para
satisfazer novas especificações.
As especificações actuais recomendam a seguinte ordem:
1.
IPv6
2.
Hop-By-Hop Options Header
3.
Destination Option Header
4.
Routing Header
5.
Fragment Header
6.
Authentication Security Payload Header
7.
Destination Options Header
8.
Upper-Layer Header
ENDEREÇAMENTO
O endereçamento no IPv6 é de 128 bits, e inclui prefixo de rede e sufixo
de host. No entanto, não existem classes de endereços, como
acontece no IPv4. Assim, a fronteira do prefixo e do sufixo pode ser em
qualquer posição do endereço.
Um endereço padrão IPv6 deve ser formado por um campo provider ID, subscribe
ID, subnet ID e node ID. O node ID (ou
identificador de interface) deve ter 64 bits, e pode ser formado a partir do
endereço físico (MAC) no formato EUI 64.
Os endereços IPv6 são normalmente escritos como oito grupos de 4 dígitos
hexadecimais. Por exemplo,
2001:0db8:85a3:08d3:1319:8a2e:0370:7344
Se um grupo de vários dígitos seguidos for 0000, pode ser omitido. Por
exemplo,
2001:0db8:85a3:0000:0000:0000:0000:7344
é o mesmo endereço IPv6 que:
2001:0db8:85a3::7344
Existem no IPv6 tipos especiais de endereços:
·
unicast - cada endereço corresponde a uma interface (dispositivo).
·
multicast - cada endereço corresponde a múltiplas interfaces. É enviada uma
cópia para cada interface.
·
anycast - corresponde a múltiplas interfaces que partilham um prefixo comum.
Um datagrama é enviado para um dos dispositivos, por exemplo, o mais próximo.
Com o IPv6 todas as redes locais devem ter prefixos /64. Isso é necessário
para o funcionamento da autoconfiguração e outras funcionalidades.
Usuários de qualquer tipo receberão de seus provedores redes /48, ou seja,
terão a seu dispor uma quantidade suficiente de IPs para configurar
aproximadamente 65 mil redes, cada uma com endereços. É
preciso notar, no entanto, que alguns provedores cogitam entregar aos usuários
domésticos redes com tamanho /56, permitindo sua divisão em apenas 256 redes
/64.
ESTRUTURAS DE ENDEREÇOS DE TRANSIÇÃO
Os endereços IPv6 podem ser mapeados para IPv4 e são concebidos para
roteadores que suportem os dois protocolos, permitindo que nos IPv4 façam um
"túnel" através de uma estrutura IPv6. Estes endereços são
automaticamente construídos pelos roteadores que suportam ambos os protocolos.
Para tal, os 128 bits do IPv6 ficam assim divididos:
·
campo de 80 bits colocado a '0' (zero),
0000:0000:0000:0000:0000 ...
·
campo de 16 bits colocado a '1' (um),
... FFFF ...
·
endereço IPv4 de 32 bits
Endereços IPv6 mapeados para IPv4:
::FFFF:<endereço IPv4>
OUTRAS ESTRUTURAS DE ENDEREÇOS IPV6
Existem outras estruturas de endereços IPv6:
·
Endereços de ISP - formato projectado para permitir a conexão à Internet por
utilizadores individuais de um ISP.
·
Endereços de Site - para utilização numa Rede Local.
TUNELAMENTO
A
técnica de criação de túneis permite transmitir pacotes IPv6 através da
infra-estrutura IPv4 já existente, sem a necessidade de realizar qualquer
mudança nos mecanismos de roteamento, encapsulando o conteúdo do pacote IPv6 em
um pacote IPv4.
Essas técnicas, tratadas na RFC 4213, têm sido
as mais utilizadas na fase inicial de implantação do IPv6, por serem facilmente
aplicadas em testes, onde há redes não estrututadas
para
oferecer trafego IPv6 nativo. Os túneis podem ser configurados nos seguintes
modos: Roteador-a-Roteador – Roteadores
IPv6/IPv4, conectados via rede IPv4,
podem trocar pacotes IPv6 entre si, ligando um segmento no caminho entre
dois hosts; A figura 1 demonstra a configuração roteador
a roteador.
Exemplo:
O
host X envia pacotes para o host Z de forma transparente, sendo que nenhum dos hosts
precisam saber da existência da rede IPv4 no meio do caminho.
CONCLUSÃO
Portanto
o IPv6 veio para resolver vários problemas do IPv4, entre eles, o número
limitado de endereços disponíveis. Apresenta também melhorias com relação ao
IPv4 em áreas tais como a auto configuração de roteamento e de rede. A
expectativa é que o IPv6 substitua gradualmente IPv4, de tal forma que as duas versões
possam coexistir durante o período de transição. Este trabalho com certeza
desenvolveu a capacidade intelectual e ajudou no aperfeiçoamento da percepção
da matéria que fala sobre o IPv6.
BIBLIOGRAFIA
O
IPv6: disponível em: http://www.ipv6.estg.ipleiria.pt/mobilidade/IPv6@ESTG-Leiria_MIPv6_Relatorio_Final.pdf.
Acessado aos 02 de Outubro de 2014.