Métrica divisão de sílaba


INDICE


INTRODUÇÃO

Todas as palavras são compostas por sílabas que, por sua vez, são constituídas por outros elementos ainda menores: a letra, se estivermos a pensar na palavra escrita, ou o fonema, se estivermos a pensar na palavra falada. No entanto, existem ainda dois tipos de sílabas: as sílabas gramaticais, mais fáceis de identificar na palavra escrita, e as sílabas métricas, mais fáceis de identificar na palavra falada.


MÉTRICA DIVISÃO DE SÍLABA

Metro é a medida do verso. O estudo do metro chama-se metrificação e escansão é a contagem dos sons dos versos. As sílabas métricas, ou poéticas, diferem das sílabas gramaticais em alguns aspectos
A divisão métrica distingue-se da vulgar divisão silábica, pois tem em conta «a forma do verso que é determinada pela combinação de sílabas, acentos e pausas, contando-se as suas sílabas até à última acentuada» (Cunha e Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, Lisboa, Sá da Costa, 2002, p. 666).
Assim, em poesia, «na contagem das sílabas [contagem essa que se refere à medição musical do verso, ou metro (como também é designado)] fundem-se estas conforme a pronúncia corrente (o que constitui a sinalefa), de modo que se contam só as emissões de voz individualmente bem distintas, e cada emissão chama-se sílaba métrica ou prosódica» (Amorim de Carvalho, Tratado de Versificação Portuguesa, 5.ª ed., Lisboa, Universitária Editora, 1987, pp. 15-16).
Portanto, a escansão destes versos é feita do seguinte modo:
O/ mons/tren/go/ que es/tá/ no/ fim /do / mar / = 10 sílabas métricas
À/ ro/da/ da/ Nau/ vo/ou/ três/ ve/(zes) = 9 sílabas métricas
El/-Rei/ D./ Jo/ão/ Se/gun/(do) = 7 sílabas métricas

FUSÃO DE SÍLABAS

No primeiro verso, há um caso de fusão de sílabas, em que se verifica «a contração numa sílaba de duas ou mais vogais em contacto» (Celso Cunha e Cinta, op. cit., p. 667) — «que es/tá» —, o que leva a que a contagem dessas sílabas respeite as ligações das palavras. Assim sendo, o que em prosa corresponderia a 2 sílabas («que es») tem, na divisão métrica, o valor de 1 sílaba, respetivamente. Como a última palavra desse verso — mar — é constituída por uma só sílaba, esta é a última sílaba tónica do verso, razão pela qual se conta. Portanto, este verso tem 10 sílabas métricas.

Os outros dois versos não têm casos que permitam a contração de vogais. Repare-se que na palavra «voou», em que há a sequência de duas vogais iguais, não se fez a contração, porque isso implicaria uma outra palavra: vou. Ora, tal não é possível, porque não se deve alterar o valor de cada palavra.
O que se verifica na escansão destes dois versos é o respeito por outra particularidade da divisão métrica que nos indica que «metricamente, a contagem das sílabas métricas se faz apenas até ao último acento tónico.

O TRATADO DE VERSIFICAÇÃO PORTUGUESA

Segundo o Tratado de Versificação Portuguesa, de Amorim de Carvalho, em poesia, «na contagem das sílabas [contagem essa que se refere à medição musical do verso, ou metro (como também é designado)] fundem-se estas conforme a pronúncia corrente (o que constitui a sinalefa), de modo que só se contam as emissões de voz individualmente bem distintas, e cada emissão chama-se sílaba métrica ou prosódica» (Amorim de Carvalho, Tratado de Versificação Portuguesa, 5.ª ed., Lisboa, Universitária Editora, 1987, p. p. 15-16).

 

MÉTRICA ANTIGA E CLÁSSICA

Na poesia grega e latina , a métrica conta-se em função da quantidade das sílabas, consoante sejam breves ou longas. Ao conjunto de sílabas chama-se pé. Entre os mais divulgados contam-se o iambo, com uma sílaba breve seguida de uma longa (U—); o espondeu, com duas sílabas longas (— —); o dáctilo com uma sílaba longa e duas breves (—UU).
Dos diversos tipos de verso usados, destacam-se o hexâmetro, com seis pés, e o pentâmetro, com cinco pés. O hexâmetro classifica-se segundo o tipo do penúltimo pé:hexâmetro dactílico com o quinto pé dáctilo, e hexâmetro espondaico com o quinto pé espondeu.
Um par formado por um hexâmetro e um pentâmetro designa-se dístico elegíaco.

MÉTRICA MEDIEVAL

Na Idade Média continuou a usar-se o pé como unidade métrica. Mas nessa época a noção de quantidade já não era aplicável às sílabas na generalidade das línguas. Assim, o pé passou a contar-se em função das sílabas tônicas.
Tipos de pé:
·         Troqueu - Uma sílaba tônica e uma átona;
·         Jambo - Uma sílaba átona e uma tônica;
·         Dáctilo - Uma sílaba tônica e duas átonas;
·         Anapesto - Duas sílabas átonas e uma tônica.


CONCLUSÃO

Em suma chamamos de sílabas métricas ou sílabas poéticas cada uma das sílabas que compõem os versos de um poema. As sílabas de um poema não são contadas da mesma maneira que contamos as sílabas gramaticais. A contagem delas ocorre auditivamente. Quando fazemos isso, dizemos que estamos escandindo os versos.


BIBLIOGRAFIA

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