Vantagens e desvantagens da globalização

INTRODUÇÃO

O presente trabalho visa a realçar sobre a globalização que por sua vez podemos definir como  um dos processos de aprofundamento internacional da integração económica, social, cultural, política, que é impulsionado pelo facilidade dos meios de transporte e de comunicação dos países no final do século XX e início do século XXI. O grande avanço deve-se a queda do muro de Berlim, ao fim do socialismo, a expansão do capitalismo e do neoliberalismo, após a Segunda Grande Guerra Mundial e com o avanço da Comunidade Comum Europeia. O termo globalização, de acordo com os autores contemporâneos,  recebeu  vários significados, que entre as suas mais variadas expressões, objectivam expressar um mundo sem fronteiras, que possibilite uma economia global para os mercados internos já saturados, visando sobremaneira aproximar as nações umas das outras, tudo isto, associado a expansão do capitalismo no mundo.




A GLOBALIZAÇÃO VANTAGENS E DESVANTAGENS

Historial

Os seres humanos têm interagido por longas distâncias por milhares de anos. A Rota da Seda que ligava a Ásia, África e Europa é um bom exemplo do poder transformador de troca que existia no "Velho Mundo". Filosofia, religião, língua, as artes e outros aspectos da cultura se espalharam e misturaram-se nas nações. Nos séculos XV e XVI, os europeus fizeram descobertas importantes em sua exploração dos oceanos, incluindo o início das viagens transatlânticas para o "Novo Mundo" das Américas. O movimento global de pessoas, bens e ideias expandiu significativamente nos séculos seguintes. No início do século XIX, o desenvolvimento de novas formas de transporte, como o navio a vapor e ferrovias, e as telecomunicações permitiram um intercâmbio global mais rápido.
Já em meio à Segunda Guerra Mundial surgiu, em 1941, um dos primeiros sintomas da globalização das comunicações: o pacote cultural-ideológico dos Estados Unidos incluía várias edições diárias de O Repórter Esso, uma síntese noticiosa de cinco minutos rigidamente cronometrados, a primeira de carácter global, transmitido em 14 países do continente americano por 59 estações de rádio, constituindo-se na mais ampla rede radiofónica mundial.
É tido como início da globalização moderna o fim da Segunda Guerra mundial, e a vontade de impedir que uma monstruosidade como ela ocorresse novamente no futuro, sendo que as nações vitoriosas da guerra e as devastadas potências do eixo chegaram a conclusão que era de suma importância para o futuro da humanidade a criação de mecanismos diplomáticos e comerciais para aproximar cada vez mais as nações uma das outras. Deste consenso nasceu as Nações Unidas, e começou a surgir o conceito de bloco económico pouco após isso com a fundação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço - CECA.
A necessidade de expandir seus mercados levou as nações a aos poucos começarem a se abrir para produtos de outros países, marcando o crescimento da ideologia económica do liberalismo.
Actualmente os grandes beneficiários da globalização são os grandes países emergentes, incluindo o BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), com grandes economias de exportação, grande mercado interno e cada vez maior presença mundial. Antes do BRICS, outros países fizeram uso da globalização e economias voltadas a exportação para obter rápido crescimento e chegar ao primeiro mundo, como os tigres asiáticos na década de 1980 e Japão na década de 1970.
Enquanto Paul Singer vê a expansão comercial e marítima europeia como um caminho pelo qual o capitalismo se desenvolveu assim como a globalização, Maria da Conceição Tavares aposta o seu surgimento na acentuação do mercado financeiro, com o surgimento de novos produtos financeiros.

Impacto da globalização na sociedade

A globalização afecta todos os sectores da sociedade, principalmente comunicação, comércio internacional e liberdade de movimentação, com diferente intensidade dependendo do nível de desenvolvimento e integração das nações ao redor do planeta.

Comunicação e a globalização

A globalização das comunicações tem sua face mais visível na internet, a rede mundial de computadores, possível graças a acordos e protocolos entre diferentes entidades privadas da área de telecomunicações e governos no mundo. Isto permitiu um grande fluxo de troca de ideias e informações sem critérios na história da humanidade. Se antes uma pessoa estava limitada a imprensa local, agora ela mesma pode se tornar parte da imprensa e observar as tendências do mundo inteiro, tendo apenas como factor de limitação a barreira linguística.
Outra característica da globalização das comunicações é o aumento da universalização do acesso a meios de comunicação, graças ao barateamento dos aparelhos, principalmente celulares e os de infra-estrutura para as operadoras, com aumento da cobertura e incremento geral da qualidade graças a inovação tecnológica. Hoje uma inovação criada no Japão pode aparecer no mercado português ou brasileiro em poucos dias e virar sucesso de mercado. Redes de televisão e imprensa multimédia em geral também sofreram um grande impacto da globalização. Um país com imprensa livre hoje em dia pode ter acesso, algumas vezes por televisão por assinatura ou satélite, a emissoras do mundo inteiro, desde NHK do Japão até Cartoon Network americana.
Pode-se dizer que este incremento no acesso à comunicação em massa accionado pela globalização tem impactado até mesmo nas estruturas de poder estabelecidas, com forte conotação a democracia, ajudando pessoas antes alienadas a um pequeno grupo de radiodifusão de informação a terem acesso a informação de todo o mundo, mostrando a elas como o mundo é e se comporta.
Mas infelizmente este mesmo livre fluxo de informações é tido como uma ameaça para determinados governos ou entidades religiosas com poderes na sociedade, que tem gasto enorme quantidade de recursos para limitar o tipo de informação que seus cidadãos tem acesso.
Na China, onde a internet tem registado um expressivo crescimento, já contando com 136 milhões de usuários graças à evolução, iniciada em 1978, de uma economia centralmente planejada para uma nova economia socialista de mercado, é outro exemplo de nação notória por tentar limitar a visualização de certos conteúdos considerados "sensíveis" pelo governo, como do Protesto na Praça Tiananmem em 1989, além disso em torno de 923 sites de noticias ao redor do mundo estão bloqueados, incluindo CNN e BBC, sites de governos como Taiwan também são proibidos o acesso e sites de defesa da independência do Tibete. O número de pessoas presas na China por "ação subversiva" por ter publicado conteúdos críticos ao governo é estimado em mais de 40 ao ano.
No Irã, Arábia Saudita e outros países islâmicos com grande influência da religião nas esferas governamentais, a internet sofre uma enorme pressão do estado, que tenta implementar diversas vezes barreiras e dificuldades para o acesso a rede mundial, como bloqueio de sites de redes de relacionamentos sociais como Orkut e MySpace, bloqueio de sites de noticias como CNN e BBC. Acesso a conteúdo erótico também é proibido.

Qualidade de vida nos tempos globalizados

O acesso instantâneo de tecnologias, principalmente novos medicamentos, novos equipamentos cirúrgicos e técnicas, aumento na produção de alimentos e barateamento no custo dos mesmos, tem causado nas últimas décadas um aumento generalizado da longevidade dos países emergentes e desenvolvidos. De 1981 a 2001, o número de pessoas vivendo com menos de US$1 por dia caiu de 1,5 bilhão de pessoas para 1,1 bilhão, sendo a maior queda da pobreza registada exactamente nos países mais liberais e abertos a globalização.
Na China, após a flexibilização de sua economia comunista centralmente planejada para uma nova economia socialista de mercado, e uma relativa abertura de alguns de seus mercados, a percentagem de pessoas vivendo com menos de US$2 caiu 50,1%, contra um aumento de 2,2% na África sub-saariana. Na América Latina, houve redução de 22% das pessoas vivendo em pobreza extrema de 1981 até 2002.
Embora alguns estudos sugiram que actualmente a distribuição de renda ou está estável ou está melhorando, sendo que as nações com maior melhora são as que possuem alta liberdade económica pelo Índice de Liberdade Econômica,20 outros estudos mais recentes da ONU indicam que "a 'globalização' e 'liberalização', como motores do crescimento económico e o desenvolvimento dos países, não reduziram as desigualdades e a pobreza nas últimas décadas".
Para o prémio Nobel em economia Stiglitz, a globalização, que poderia ser uma força propulsora de desenvolvimento e da redução das desigualdades internacionais, está sendo corrompida por um comportamento hipócrita que não contribui para a construção de uma ordem económica mais justa e para um mundo com menos conflitos. Esta é, em síntese, a tese defendida em seu livro A globalização e seus malefícios: a promessa não-cumprida de benefícios globais. Críticos argumentam que a globalização fracassou em alguns países, exactamente por motivos opostos aos defendidos por Stiglitz: Porque foi refreada por uma influência indesejada dos governos nas taxas de juros e na reforma tributária.

Efeitos na indústria e serviços

Os efeitos no mercado de trabalho da globalização são evidentes, com a criação da modalidade de outsourcing de empregos para países com mão-de-obra mais baratas para execução de serviços que não é necessário alta qualificação, com a produção distribuída entre vários países, seja para criação de um único produto, onde cada empresa cria uma parte, seja para criação do mesmo produto em vários países para redução de custos e ganhar vantagens competitivas no acesso de mercados regionais.
O ponto mais evidente é o que o colunista David Brooks definiu como "Era Cognitiva", onde a capacidade de uma pessoa em processar informações ficou mais importante que sua capacidade de trabalhar como operário em uma empresa graças a automação, também conhecida como Era da Informação, uma transição da exausta era industrial para a era pós-industrial.
Nicholas A. Ashford, académico do MIT, conclui que a globalização aumenta o ritmo das mudanças disruptivas nos meios de produção, tendendo a um aumento de tecnologias limpas e sustentáveis, apesar que isto irá requerer uma mudança de atitude por parte dos governos se este quiser continuar relevante mundialmente, com aumento da qualidade da educação, agir como evangelista do uso de novas tecnologias e investir em pesquisa e desenvolvimento de ciências revolucionárias ou novas como nanotecnologia ou fusão nuclear. O académico, nota porém, que a globalização por si só não traz estes benefícios sem um governo pró-activo nestas questões, exemplificando-o cada vez mais globalizado mercados EUA, com aumento das disparidades de salários cada vez maior, e os Países Baixos, integrante da UE, que se foca no comércio dentro da própria UE em vez de mundialmente, e as disparidades estão em redução.

Teorias da Globalização

A globalização, por ser um fenómeno espontâneo decorrente da evolução do mercado capitalista não direccionado por uma única entidade ou pessoa, possui várias linhas teóricas que tentam explicar sua origem e seu impacto no mundo actual.
A rigor, as sociedades do mundo estão em processo de globalização desde o início da História, acelerado pela época dos Descobrimentos. Mas o processo histórico a que se denomina Globalização é bem mais recente, datando (dependendo da conceituação e da interpretação) do colapso do bloco socialista e o consequente fim da Guerra Fria (entre 1989 e 1991), do refluxo capitalista com a estagnação económica da URSS (a partir de 1975) ou ainda do próprio fim da Segunda Guerra Mundial.
No geral a globalização é vista por alguns cientistas políticos como o movimento sob o qual se constrói o processo de ampliação da hegemonia económica, política e cultural ocidental sobre as demais nações. Ou ainda que a globalização é a reinvenção do processo expansionista americano no período pós guerra-fria (esta reinvenção tardaria quase 10 anos para ganhar forma) com a imposição (forçosa ou não) dos modelos políticos (democracia), ideológico (liberalismo, hedonismo e individualismo) e económico (abertura de mercados e livre competição).
Vale ressaltar que este projecto não é uma criação exclusiva do estado norte-americano e que tampouco atende exclusivamente aos interesses deste, mas também é um projecto das empresas, em especial das grandes empresas transnacionais, e governos do mundo inteiro. Nesta ponta surge a inter-relação entre a Globalização e o Consenso de Washington.

Segundo António Negri o pensador italiano, defende, em seu livro "Império", que a nova realidade sócio-política do mundo é definida por uma forma de organização diferente da hierarquia vertical ou das estruturas de poder "arborizadas" (ou seja, partindo de um tronco único para diversas ramificações ou galhos cada vez menores). Para Negri, esta nova dominação (que ele batiza de "Império") é constituída por redes assimétricas, e as relações de poder se dão mais por via cultural e económica do que uso coercitivo de força. Negri entende que entidades organizadas como redes (tais como corporações, ONGs e até grupos terroristas) têm mais poder e mobilidade (portanto, mais chances de sobrevivência no novo ambiente) do que instituições paradigmáticas da modernidade (como o Estado, partidos e empresas tradicionais).

Por sua vez o economista português Mário Murteira, autor de uma das abordagens científicas mais antigas e consistentes sobre o fenómeno da Globalização , defende que, no século XXI, se verifica uma 'desocidentalização' da Globalização, visto que se constata que os países do Oriente, como a China, são os principais atores actuais do processo de Globalização e a hegemonia do Ocidente, no sistema económico mundial, está a aproximar-se do seu ocaso, pelo que outras dinâmicas regionais, sobretudo na Ásia do Pacífico, ganharam mais força a nível global. Para Mário Murteira, a Globalização está relacionada com um novo tipo de capitalismo em que o «mercado de conhecimento» é o elemento mais influente no processo de acumulação de capital e de crescimento económico no capitalismo actual, ou seja, é o núcleo duro que determina a evolução de todo o sistema económico mundial do presente século XXI.

Stuart Hall em A Identidade cultural na Pós-Modernidade, Hall (2003) busca avaliar o processo de deslocamento das estruturas tradicionais ocorrido nas sociedades modernas, assim como o descentramento dos quadros de referências que ligavam o indivíduo ao seu mundo social e cultural. Tais mudanças teriam sido ocasionadas, na contemporaneidade, principalmente, pelo processo de globalização. A globalização alteraria as noções de tempo e de espaço, desalojaria o sistema social e as estruturas por muito tempo consideradas como fixas e possibilitaria o surgimento de uma pluralização dos centros de exercício do poder. Quanto ao descentramento dos sistemas de referências, Hall considera seus efeitos nas identidades modernas, enfatizando as identidades nacionais, observando o que gerou, quais as formas e quais as consequências da crise dos paradigmas do final do século XX.

Neste contexto Benjamin Barber em seu artigo "Jihad vs. McWorld", Barber expõe sua visão dualista para a organização geopolítica global num futuro próximo. Os dois caminhos que ele enxerga — não apenas como possíveis, mas também prováveis — são o do McMundo e o da Jihad. Mesmo que se utilizando de um termo específico da religião islâmica (cujo significado, segundo ele, é genericamente "luta", geralmente a "luta da alma contra o mal", e por extensão "guerra santa"), Barber não vê como exclusivamente muçulmana a tendência antiglobalização e pró-tribalista, ou pró-comunitária. Ele classifica nesta corrente inúmeros movimentos de luta contra a acção globalizante, inclusive ocidentais, como os zapatistas e outras guerrilhas latino-americanas.

Está claro que a democracia, como regime de governo particular do modo de produção da sociedade industrial, não se aplica mais à realidade contemporânea. Nem se aplicará tampouco a quaisquer dos futuros económicos pretendidos pelas duas tendências apontadas por Barber: ou o pré-industrialismo tribalista ou o pós-industrialismo globalizado. Os modos de produção de ambos exigem outros tipos de organização política cujas demandas o sistema democrático não é capaz de atender.

Para Daniele Conversi, os académicos ainda não chegaram a um acordo sobre o real significado do termo globalização, para o qual ainda não há uma definição coerente e universal: alguns autores se concentram nos aspectos económicos, outros nos efeitos políticos e legislativos, e assim por diante. Para Conversi, a 'globalização cultural' é, possivelmente, sua forma mais visível e efectiva enquanto "ela caminha na sua trajectória letal de destruição global, removendo todas as seguranças e barreiras tradicionais em seu caminho. É também a forma de globalização que pode ser mais facilmente identificada com uma dominação pelos Estados Unidos. Conversi vê uma correlação entre a globalização cultural e seu conceito gémeo de 'segurança cultural', tal como desenvolvido por Jean Tardiff, e outros.

Conversi propõe a análise da 'globalização cultural' em três linhas principais: a primeira se concentra nos efeitos políticos da alterações sócio-culturais, que se identificam com a 'insegurança social'. A segunda, paradoxalmente chamada de 'falha de comunicação', tem como seu argumento principal o fato de que a 'ordem mundial' actual tem uma estrutura vertical, na realidade piramidal, onde os diversos grupos sociais têm cada vez menos oportunidades de se intercomunicar, ou interagir de maneira relevante e consoante suas tradições; de acordo com essa teoria não estaria havendo uma 'globalização' propriamente dita, mas, ao contrário, estariam sendo construídas ligações-ponte, e estaria ocorrendo uma erosão do entendimento, sob a fachada de uma homogenização global causando o colapso da comunicação interétnica e internacional, em consequência directa de uma 'americanização' superficial. A terceira linha de análise se concentra numa forma mais real e concreta de globalização: a importância crescente da diáspora na política internacional e no nascimento do que se chamou de 'nacionalismo de e-mail" - uma expressão criada por Benedict Anderson (1992). "A expansão da Internet propiciou a criação de redes etnopolíticas que só podem ser limitadas pelas fronteiras nacionais às custas de violações de direitos humanos".

Samuel P. Huntington o cientista político, ideólogo do neoconservadorismo norte-americano, enxerga a globalização como processo de expansão da cultura ocidental e do sistema capitalista sobre os demais modos de vida e de produção do mundo, que conduziria inevitavelmente a um "choque de civilizações".

Antiglobalização

Apesar das contradições há um certo consenso a respeito das características da globalização que envolve o aumento dos riscos globais de transacções financeiras, perda de parte da soberania dos Estados com a ênfase das organizações supra-governamentais, aumento do volume e velocidade como os recursos vêm sendo transacionados pelo mundo, através do desenvolvimento tecnológico etc.
Além das discussões que envolvem a definição do conceito, há controvérsias em relação aos resultados da globalização. Tanto podemos encontrar pessoas que se posicionam a favor como contra (movimentos antiglobalização). Um dos maiores eventos do movimento anti-globalização é o Fórum Social Mundial, que se reuniu pela primeira vez em Porto Alegre, Brasil, em 2001. O Fórum Social Mundial serve como ponto de encontro para movimentos sociais de todo o mundo propondo a globalização alternativa, não baseada nas dinâmicas reguladas pelo capitalismo.
A globalização é um fenómeno moderno que surgiu com a evolução dos novos meios de comunicação cada vez mais rápidos e mais eficazes. Há, no entanto, aspectos tanto positivos quanto negativos na globalização. No que concerne aos aspectos negativos há a referir a facilidade com que tudo circula não havendo grande controle como se pode facilmente depreender pelos atentados de 11 de Setembro nos Estados Unidos. Esta globalização serve para os mais fracos se equipararem aos mais fortes pois tudo se consegue adquirir através desta grande auto-estrada informacional do mundo que é a Internet.
Outro dos aspectos negativos é a grande instabilidade económica que se cria no mundo, pois qualquer fenómeno que acontece num determinado país atinge rapidamente outros países criando-se contágios que tal como as epidemias se alastram a todos os pontos do globo como se de um único ponto se tratasse. Os países cada vez estão mais dependentes uns dos outros e já não há possibilidade de se isolarem ou remeterem-se no seu ninho pois ninguém é imune a estes contágios positivos ou negativos. Como aspectos positivos, temos sem sombra de dúvida, a facilidade com que as inovações se propagam entre países e continentes, o acesso fácil e rápido à informação e aos bens. Com a ressalva de que para as classes menos favorecidas economicamente, especialmente nos países em desenvolvimento, esse acesso não é "fácil" (porque seu custo é elevado) e não será rápido.

CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO

A globalização ou processo de mundialização, de acordo com o entendimento maioritário dos autores contemporâneos,  caracteriza-se pela ampla integração econômica, política, cultural e outros entre as nações. Contudo, a integração nos seus mais variados aspectos se destaca pela economia, podendo ser de diversos tipos, mas nenhuma integração econômica é melhor do que a outra. A escolha do país pelo modelo de integração decorre de seus objetivos e do seu grau de dependência entre as grandes potências.
Os Estados, quando da adoção de medidas ou adesões aos sistemas mundiais, deve se atentar para a questão da soberania nacional ou interna de cada país. A observância visa evitar conflitos entre a legislação interna e legislação estrangeira. 
O desenvolvimento da integração entre os países trouxe o surgimento de um terceiro mercado, denominado de mercado eletrônico ou virtual, decorrente do uso da internet. Neste mercado,  a interferência estatal é praticamente nula ou mínima, porque não existem donos ou porque todos são donos. Característica que o diferencia, dos mercados até então existentes, quais sejam, o mercado nacional e o mercado internacional.
Assim, a globalização em  decorrência  do avanço tecnológico trouxe várias conseqüências positivas e negativas. Dentre os efeitos positivos pode-se enumerar a diminuição de barreiras geográficas, políticas e econômicas, a criação de uma única moeda, maior fluxo de capitais, pessoas e mercadorias, aproximando sobremaneira as pessoas de diferentes  regiões do mundo.
Por outro lado, pode-se elencar, conseqüências negativas, como o crime organizado, paraísos fiscais, tráfico de pessoas, de mercadorias, de entorpecentes e órgãos, e de baixos salários. Referidas características tornam-se mais presentes  entre os  países emergentes, onde o grau de dependência com países desenvolvidos pode levar sobremaneira a amplo desemprego, formação de grandes bolsões de ignorância e miséria, de grandes desigualdades sociais, acarretando sociedades desequilibradas econômica e socialmente.
A globalização dita um direito diferente, especialmente para países periféricos, como o nosso. O direito brasileiro vem sendo redesenhado como resultado de nossa inserção no mundo globalizado, o que isto significa que não basta fazer parte da globalização é necessário a sua instrumentalização, mecanismos  que viabilizem resultados positivos para o governo e para a sociedade.
Para Eric Hobsbawm, os efeitos somente são negativos, por não acreditar que países desenvolvidos possam praticar atos que auxiliem países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos, exemplificando, pode-se citar uma de suas  assertivas,  “primeiro, a globalização acompanhada de mercados livres, atualmente tão em voga, trouxe consigo uma dramática acentuação das desigualdades econômicas e sociais no interior das nações e entre elas”. 
Analisando o  estágio atual do Brasil, pode-se observar que o país  evolui muito nos setores da educação, saúde e moradia com programas populares e de incentivo as populações carentes. Outra característica é a emigração das pessoas dos países mais pobres para os países de economias mais ricas. Neste ínterim, para as nações desenvolvidas e ricas gera uma série de conseqüências positivas, que vão desde a contratação de mão de obra mais barata, sem assegurar aos imigrantes qualquer benefício previdenciário, auxílio saúde até mesmo a uma aposentadoria.
Por outro lado, para as nações mais pobres,  a maioria dos efeitos são negativos, são conseqüências opostas as impostas aos países ricos.

ASPECTOS RELEVANTES DA GLOBALIZAÇÃO

O que se pode observar de um estudo mais aprofundado da globalização é que as grandes potências, restringem  a entrada de países em desenvolvimento,  na rodada de negociações. A barreira tem por finalidade de que estes permaneçam cada vez mais em situação de dependência econômica, social e cultural; pode-se citar como exemplo clássico os medicamentos onde os grandes laboratórios retém a cura de doenças, a fim de manter vínculo de supremacia e superioridade com os países em desenvolvimento (caso da AIDS).
O autor Joseph Stiglitz, assim se manifestou:
                                [...]  o que separa o mundo desenvolvido do em desenvolvimento não é apenas a disparidade de recursos, mas uma disparidade de conhecimentos. O ritmo em que essa desfasagem pode ser diminuída dependerá do acesso dos países em desenvolvimento ao conhecimento, e isso, por sua vez, dependerá de nosso avanço para um sistema mais livre ou mais restrito.
Para o autor, a globalização por quase uma década foi aceita como  a melhor
descoberta do homem.  Mas, a partir de certo instante, este mesmo homem, começou a sentir seus reflexos negativos e ameaças, para o mundo.  Desta forma, conclui-se que a globalização  se apresenta como uma moeda, com dois lados, um positivo e um negativo. O primeiro traz benefícios para as grandes potências; enquanto que o segundo, são as regras impostas aos demais países que não como se fazer serem ouvidos, ficando cada vez mais excluídos de sua própria sociedade e país. Exemplificando, primeiro, têm-se o fato de que o único país no FMI que tem poder de veto são os EUA; segundo, todos os presidentes do Banco Mundial foram designados pelo presidente dos EUA, assim, resta claro, que a globalização é a forma maquiada dos EUA impor sua vontade soberana.  
Preceitua Joseph  Stiglitz, in verbis:
Cerca de 80% da população do mundo vive em países em desenvolvimento, marcados por renda baixa e alta pobreza, alto desemprego e baixa educação. Para esses países, a globalizaçào apresenta ao mesmo tempo riscos e  oportunidades sem precedentes. Para fazer a globalização funcionar de um modo que enriqueça o mundo inteiro é preciso fazê-la funcionar para os habitantes desses países. 
É  preciso esclarecer,  que por mais que o país se insira no cenário internacional,  e receba investimentos estrangeiros, estas ações signifiquem o seu crescimento e desenvolvimento. 

VANTAGENS E DESVANTAGENS DA GLOBALIZAÇÃO

 Vantagens
A primeira grande vantagem da globalização tem a ver com o facto de aproximar as pessoas e de fazer circular a informação a uma velocidade inimaginável há alguns anos atrás. Hoje em dia, quer queiramos quer não, somos cidadãos do mundo, como dizia Sócrates sobre si mesmo já no século V a.C.. A comunicação entre as pessoas não conhece fronteiras e aquilo que se passa a milhares de quilómetros de nossa casa chega até nós no mesmo instante. Em termos políticos também há algumas vantagens, na medida em que os políticos se organizaram em instituições cada vez mais amplas - ONU, NATO, UE, FMI... - de modo a eliminar as desigualdades e a promover valores universais. A par das vantagens para o capital, pois claro, que pode circular e multiplicar-se sem grandes limitações.
A abertura foi fundamental no combate à inflação e para a modernização da economia com a entrada de produtos importados, o consumidor foi beneficiado: podemos contar com produtos importados mais baratos e de melhor qualidade e essa oferta maior ampliou também a disponibilidade de produtos nacionais com preços menores e mais qualidade.
A vantagem da globalização é que ela gera empregos, investimentos externos, traz tecnologias, melhora a relação do país com os outros países, ajuda o país a participar das trocas comerciais internacionais, traz cultura de outros lugares.
Desvantagens
As desvantagens também são várias. Desde logo, ao contrário do que era suposto, porque as diferenças entre países ricos e pobres é cada vez maior. O mesmo dentro de cada país, os pobres são cada vez mais pobres e em maior número, enquanto os ricos, uma minoria, são cada vez mais ricos. Depois, porque a economia engoliu a política, obrigada a seguir o ritmo da bolsa, quando deveria ser ao contrário: os políticos a ditar as regras à economia. Em terceiro lugar, exactamente porque a economia é o centro a partir do qual tudo o resto é determinado, as grandes multinacionais têm vindo a impor-se em todo o mundo, às vezes sem olhar a meios e recrutando mão de obra barata e infantil, arrasando com todos os projectos económicos nacionais, regionais e locais o que justifica, para terminar, o perigo da emergência dos novos nacionalismos: há pessoas que entendem que a melhor maneira de lutar contra estas novas injustiças é alimentar um falso nacionalismo, que tende a culpar os estrangeiros e emigrantes, também eles vítimas da globalização, pela descaracterização a que todos vamos sendo sujeitos.
A necessidade de modernização e de aumento da competitividade das empresas produziu um efeito muito negativo, que foi o desemprego. Para reduzir custos e poder baixar os preços, as empresas tiveram de aprender a produzir mais com menos gente. Incorporavam novas tecnologias e máquinas. E também desvaloriza a cultura nacional, faz com que as transnacionais se instalem em outros países pobres, explorando a matéria prima abundantemente e pagando mão de obra barata.



CONCLUSÃO

Deste modo, verifica-se que o processo da globalização decorre no avanço tecnológico, bem como, em decorrência dos países. Pode-se dizer então que, hoje, o mundo está caracterizado pela especialização dos serviços, pela celeridade dos fatos, da sociedade. Neste contesto  o mundo precisa  se organizar, se reestruturar, regulamentar suas relações entre nações, com indivíduos e empresas situadas em outros territórios a fim de facilitar todo o processo de internacionalização do capital e, consequentemente, da globalização, uma vez que, actualmente, não existem mais fronteiras que separem os países quando o tema é acordos e contratos internacionais.  Por fim, resta salientar, que é muito cedo para afirmar se o processo de globalização é ou não bom, vez que, os estados ricos e poderosos  impõem seus interesses e vontades aos países pobres, sem observar e questionar se aquela decisão será ou não favorável aquele país. Simplesmente impõe sua vontade e esta deve ser cumprida e observada incondicionalmente



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