SISTEMA DE INFORMAÇÃO HOSPITALAR

Introdução
Tem sido afirmado que a combinação de computadores, redes de telecomunicações, informações médicas online e dados eletrônicos de pacientes pode melhorar a qualidade e as decisões inerentes ao cuidado de saúde, além de facilitar o acesso aos serviços disponíveis. Assim sendo, tem-se enfatizado a automação do prontuário do paciente, já que os sistemas de arquivo médico baseados em computadores, por mais incompletos que sejam, contribuem significativamente para melhorar a qualidade do tratamento e o controle dos custos de saúde (Lindberg e Humphreys, 1995; Rodrigues Filho, 1995).
Não há dúvidas de que as tecnologias de informação e comunicação estão nos conduzindo a uma nova era, à medida que nos aproximamos do final do século XX; contudo não podemos deixar de nos preocupar com os limites da difusão dessas tecnologias, sobretudo na área de saúde: será que todos se beneficiarão do aumento das disponibilidades de recursos de saúde online, ou estamos caminhando para uma sociedade dos que têm e dos que não têm informações? (Thomas et al., 1998). A disponibilidade da opção tecnológica que visa a uma combinação poderosa da tecnologia digital e dados é muito recente, razão pela qual os sistemas de informações clínicas desenvolvidos nos últimos vinte anos são considerados pobres em qualidade e desempenho, além de oferecerem poucas opções aos profissionais médicos (Chu, 1993).


SISTEMA DE INFORMAÇÃO HOSPITALAR
 Um sistema de informação hospitalar integrado, como qualquer outro de área distinta, consiste em dois componentes: hardware e software. Contém diversos módulos ou subsistemas, dentro dos seguintes grupos funcionais: administração, gerenciamento de pacientes, aplicações médicas e sistema médico-técnico (vide Figura 1). Historicamente, os sistemas de informações hospitalares foram desenvolvidos para atender inicialmente às necessidades administrativas: aplicações financeiras, folha de pagamento, contabilidade etc. Em seguida enfatizou-se a automação dos sistemas médico-técnicos: patologia, radiologia, laboratórios, farmácia etc., os quais compõem também um sistema de informação hospitalar. A tecnologia da época facilitou automatizar sistemas alimentados por dados ou informações bem estruturadas, a exemplo dos sistemas administrativos e médicotécnicos. As informações necessárias ao cuidado direto do paciente diferenciam-se qualitativamente das informações que apóiam as funções administrativas. Além disto, informações administrativas podem ser coletadas retrospectivamente, mas as informações sobre o tratamento do paciente devem ser oportunas e disponíveis no ponto ou hora do cuidado.
A alegação era de que os vendedores de software estavam ainda tentando recuperar os seus investimentos destinados ao desenvolvimento de aplicações de software de épocas passadas. Infelizmente, no mundo ocidental, os vendedores de software e alguns consultores é que definem as necessidades dos usuários no tocante à definição de sistemas de informação. Conseqüentemente, a tecnologia da informação é orientada pelo mercado e não pelas necessidades do usuário, ou seja, as pessoas têm de se ajustar à tecnologia e não a tecnologia ser ajustada aos interesses do usuário, em benefício do bem-estar e qualidade de vida. Além do mais, muitas vezes quando a tecnologia da informação é introduzida nos países em desenvolvimento, tipicamente tem sido na forma de aplicações e sistemas que são “soluções do primeiro mundo” para “problemas do primeiro mundo” (Braa, 1996).
No caso específico da saúde, é preciso que os profissionais de saúde e as associações médicas e paramédicas comecem a ter papel decisivo na definição dos sistemas de informação, enquanto usuários, propondo até mesmo uma mudança de paradigma, quando necessário, em matéria de desenvolvimento de sistemas (Rodrigues Filho, 1999). É comum encontrar instituições hospitalares com sistemas de informações financeiras, contas hospitalares, folhas de pagamento e muitas outras funções, que não atendem às exigências do hospital, por serem completamente desintegradas. Nos últimos anos, as organizações hospitalares têm-se preocupado com a integração de dados administrativos e dados clínicos, como forma desejável e necessária ao seu bom funcionamento.

Para alguns, a falta de sucesso dos sistemas de informações hospitalares pode ser atribuída à falha dos planejadores de sistemas em entender o fluxo de dados clínicos; à noção errada dos administradores de acharem que as aplicações médicas são um produto das aplicações administrativas; à falha de não incluírem os usuários, sobretudo os profissionais médicos, no desenho e implementação dos sistemas de informações hospitalares, além da falta de recursos destinados ao processamento automatizado dos hospitais

SISTEMA DE REGISTRO DE PACIENTES
 Um sistema de registro de pacientes, denominado R-ATA (registro-admissão, transferência e alta), foi desenvolvido como módulo básico de um sistema de gerenciamento de pacientes, com as possibilidades de interligação com outros módulos, como se mostra na Figura 1. Esta aplicação computacional tem as seguintes funções: . Identficar ou verificar pacientes por meio de um índice de pacientes criado e mantido pelo processo de registro. O índice de pacientes deve ser mantido não só por hospitais, mas por qualquer unidade de assistência médica, sendo uma subfunção do registro.

Manter o arquivo de registro e dados demográficos como um nó comum para o sistema de arquivo médico, de modo que possa ser utilizado por outros sistemas a serem desenvolvidos. . Estabelecer o registro inicial de entrada de dados dos pacientes mediante a criação do segmento de dados demográficos, que serão usados para a criação de um índice de pacientes para o arquivo médico.. Acompanhar a movimentação do paciente dentro do hospital. . Produzir o censo de pacientes e relatórios estatísticos.. Oferecer aos outros departamentos do hospital informações comuns sobre cada paciente registrado/admitido. . Criar relatórios administrativos sobre a taxa de ocupação e média de permanência do hospital. O controle de leitos é a ferramenta gerencial que visa a assegurar que o leito, como fonte produtora de receitas, está sendo utilizado de forma eficiente. . Identificar os médicos de cada paciente. . Elaborar lista de altas hospitalares de interesse dos setores de admissão do serviço de arquivo médico, farmácia e outros departamentos. Os desafios do gerenciamento das informações de saúde, em geral, e hospitalar em particular, não dependem apenas dos avanços tecnológicos. Além da tecnologia, um estudo da melhoria do registro de pacientes deve considerar como o uso desses registros deve ser melhorado. A melhoria dos registros e a racionalidade clínica dos profissionais de saúde são tópicos que estão inevitavelmente associados, uma vez que os registros médicos refletem o processo racional clínico. Se se deseja criar melhores sistemas de registro de pacientes, o usuário deve ser reconhecido e as atividades inerentes às soluções dos problemas dos profissionais de saúde devem ser examinadas.
Problemas de Conteúdo e Formato

Os dados do prontuário médico são frequentemente ilegíveis, não acurados, fragmentados, incompletos, incompreensíveis para o paciente e seus familiares e, algumas vezes, excessivos ou redundantes. Nem sempre a documentação do prontuário é ordenada de forma lógica; a pobreza do seu formato impede uma utilização mais eficiente.