A SIDA

ÍNDICE






INTRODUÇÃO

A SIDA é provocada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH), que penetra no organismo por contacto com uma pessoa infectada. A transmissão pode acontecer de três formas: relações sexuais; contacto com sangue infectado; de mãe para filho, durante a gravidez ou o parto e pela amamentação. O VIH é um vírus bastante poderoso que, ao entrar no organismo, dirige-se ao sistema sanguíneo, onde começa de imediato a replicar-se, atacando o sistema imunológico, destruindo as células defensoras do organismo e deixando a pessoa infectada (seropositiva), mais debilitada e sensível a outras doenças, as chamadas infecções oportunistas que são provocadas por micróbios e que não afectam as pessoas cujo sistema imunológico funciona convenientemente. Também podem surgir alguns tipos de tumores (cancros). Entre essas doenças, encontram-se a tuberculose; a pneumonia por Pneumocystis carinii; a candidose, que pode causar infecções na garganta e na vagina; o citomegalovirus um vírus que afecta os olhos e os intestinos; a toxoplasmose que pode causar lesões graves no cérebro; a criptosporidiose, uma doença intestinal; o sarcoma de Kaposi, uma forma de cancro que provoca o aparecimento de pequenos tumores na pele em várias zonas do corpo e pode, também, afectar o sistema gastrointestinal e os pulmões. A SIDA provoca ainda perturbações como perda de peso, tumores no cérebro e outros problemas de saúde que, sem tratamento, podem levar à morte. Esta síndrome manifesta-se e evolui de modo diferente de pessoa para pessoa. O presente trabalho tem a finalidade de descrever os desafios sobre o HIV/SIDA na região da SADEC, e que de facto impõe uma finalidade essencial no conhecimento das directrizes sobre a doença na nossa região.




O HIV/SIDA UM DESAFIO QUE SE IMPÕE A SADEC

Em  muitas  das  democracias  estabelecidas  recentemente  na  África  Austral,  os dirigentes  políticos  estão  a  trabalhar  no  sentido  de  desenvolverem  respostas  nacionais mais eficazes à crise do HIV/SIDA.  Apesar de tais esforços, a vários países ainda faltam legislação,  políticas,  e  respostas  coordenadas  adequadas  para  diminuir  o  impacto  da epidemia  com  eficácia.  No  seu  papel  de  legisladores,  defensores,  e mobilizadores  de recursos,  os  deputados  têm  capacidade  para  influenciar  significativamente  as  questões relacionadas  com  o HIV/SIDA  e  direitos  humanos  relacionados  com  a  doença  a  nível local,  nacional,  e  regional.    Visto  que  a  pandemia  do  HIV/SIDA  atravessa  fronteiras soberanas, o Fórum Parlamentar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (FP  da  SADC)  começou  a  promover  o  papel  dos  parlamentos  no  combate  contra  o HIV/SIDA como uma das prioridades do Fórum.  Durante um seminário de planeamento estratégico  realizado  na Namíbia, em Fevereiro de 2002, os membros do FP da SADC desenvolveram  um  Plano  de  Acção  sobre  o  Papel  dos  Parlamentos  no  Combate  ao HIV/SIDA que as  legislaturas deviam  seguir quando abordassem a pandemia.  O plano, que foi adoptado na assembleia plenária bianual do Fórum em Angola, em Abril de 2002, exorta  os  legisladores  a  desempenharem  um  papel  de  liderança  na  promoção  da informação  sobre  a  doença  e  na  formação  de  um  consenso  no  sentido  de  se desenvolverem  soluções  sustentáveis  e  eficazes  do  ponto  de  vista  do  custo  para  os desafios que o HIV/SIDA coloca aos governos na região da África Austral.  O Plano de Acção  do  FP  adoptado  procura  aumentar  o  perfil  do  esforço  contra  a  SIDA  a  nível regional  para  que  se  transforme  numa  agenda  regional  permanente  e  partilhada  em comum.   Para melhorar  as  capacidades  de  resposta  dos  governos  nacionais  à  crise  do HIV/SIDA, particularmente no âmbito dos parlamentos, o Instituto Democrático para os Assuntos Internacionais (NDI), em parceria com o FP da SADC, efectuou uma avaliação dos planos, políticas e  legislação nacionais existentes na região da África Austral no que diz respeito ao HIV/SIDA.
Para  o  inquérito  sobre  o HIV/SIDA,  a  equipa  de  avaliação  do NDI  e  do FP  da SADC PF visitaram os Parlamentos Membros da SADC a fim de obter informação sobre as  actuais  diligências  efectuadas  por  dirigentes  políticos  e  deputados  no  sentido  de abordarem  as  consequências  imediatas  e  a  longo  prazo  da  epidemia.  Em  cada  país,  a equipa de avaliação reuniu documentos sobre a  legislação nacional e planos estratégicos sobre  o  HIV/SIDA,  entrevistou  deputados,  representantes  dos  ministérios  de  saúde,  e dirigentes das ONGs com vista a determinar que acções tinham tomado para combater a crise;  e  compilou  informações  comparativas  sobre  as  respostas,  implementação,  e actividades  de  monitorização  nacionais.   Os  resultados  do  inquérito  e  os  documentos coligidos  serão  introduzidos  numa  base  de  dados  situada  no website  do FP  da SADC: www.sadcpf.org.  É  intenção  da  equipa  que  a  base  de  dados  proporcione  informações técnicas e conhecimentos facilmente acessíveis sobre o HIV/SIDA que  funcionem como um recurso destinado aos deputados sobre as boas práticas dos países na região.
A  equipa  de  avaliação  realizou  entrevistas  e  coligiu  documentos nos  seguintes países:  Angola, Botswana, Lesoto, Malawi, Maurícias, Moçambique, Namíbia, África do Sul,  Tanzania,  Zambia,  e  Zimbabwe.   Levaram-se a  cabo  noventa  e  duas  entrevistas informativas chave com representantes de parlamentos, ministérios de saúde, agências de coordenação nacional contra a SIDA, ONGs, e o sector privado.  Em cada uma das  três secções de respostas diferentes, há rubricas semelhantes para que se possam contrastar e comparar  as  percepções  e  respostas  dos  indivíduos  oriundos  dos  parlamentos,  do governo,  e  da  sociedade  civil  sobre  certas  questões  chave.  As  observações  expressas neste  relatório  sobre  respostas  nacionais  ao HIV/SIDA  baseiam-se  nas  entrevistas  com informadores chave e não reflectem as opiniões quer do NDI quer do FP da SADC. 
 Como parte da avaliação, o NDI e o FP da SADC pediram a entrevistados chave em cada país que identificassem legisladores que estivessem especialmente envolvidos na promoção  de  respostas  nacionais  à  crise  do  HIV/SIDA.   Estes legisladores  serão convidados  a  formar  o  núcleo  de  uma  rede  nacional  de  deputados  que  partilham informações  e  ideias  regularmente  sobre  planos  de  acção,  estratégias,  e  legislação regionais com vista a permitir-lhes responder de  forma mais capaz aos desafios gerados pela pandemia.  Tal rede deverá auxiliar a promover o aumento do conhecimento sobre a crise  e  proporcionar  apoio  aos  legisladores  nos  seus  esforços  de  responder  mais eficazmente à ameaça que o HIV/SIDA coloca a todos os aspectos do desenvolvimento.
 Os  factores  que  foram  mencionados  mais  frequentemente  pelos  entrevistados como constituindo obstáculos a  intervenções mais vigorosas sobre o HIV/SIDA foram o estigma, o  receio, a discriminação, a  falta de  vontade política, a corrupção, os  recursos financeiros  insuficientes,  os  recursos  humanos  escassos,  e  a  educação  deficiente.   É necessário priorizar a educação dos cidadãos sobre prevenção, apoio, e tratamento a fim de  reduzir o estigma  e o  receio associados ao HIV/SIDA e  a encorajar uma participação alargada na  realização de  testes voluntários.  Embora existam nos países diversos graus de empenhamento político, a implementação, coordenação, e monitorização das respostas ao HIV/SIDA devem ser reforçadas nos países da SADC.  Os deputados necessitam de ter um melhor acesso as informações comparativas sobre o HIV/SIDA. Devem expandir-se os esforços de defesa dos programas e das políticas de HIV/SIDA a fim de satisfazer as necessidades e as preocupações dos seus eleitores, que se debatem com os problemas sociais, económicos, e sanitários associados à epidemia.

PROBLEMAS MAIS IMPORTANTES QUE OS PAÍSES NA REGIÃO ENFRENTAM

 A maioria dos deputados apontou o HIV/SIDA como o problema mais crítico que os  seus  países  necessitam  de  resolver.   O segundo problema  mencionado  mais frequentemente  pelos  deputados  foi  a  necessidade  de  aliviar  a  pobreza,  seguido  pela educação,  desemprego,  e  estabilidade  política.   Outros problemas  que  também  foram mencionados  frequentemente  foram  a  estabilidade  económica,  crime,  restrições orçamentais, e fome.  Muitos entrevistados realçaram que muitos destes problemas estão inter-relacionados.  Os  problemas  como  a  pobreza, HIV/SIDA,  desemprego,  restrições orçamentais,  fome,  crime,  e  estabilidade  económica  constituem  desafios  relacionados com o desenvolvimento.  A maioria dos deputados entrevistados acreditava que  não  se podia  responder  à  crise  do  HIV/SIDA  eficazmente  sem  simultaneamente  se  tomar medidas no sentido de reduzir a pobreza e os problemas a ela associados.  Sem acesso a uma  nutrição  adequada  e  a  educação  acerca  da  prevenção,  tratamento,  e  apoio  ao HIV/SIDA,  os  cidadãos  não  beneficiarão  dos  esforços  realizados  pelos  governos  para responder  à  crise  do  HIV/SIDA.   Visto  que  a  falta  de  nutrição  está  associada directamente à pobreza e à doença, muitos países necessitam de melhorar a produtividade do  sector  agrícola  com  vista  a  aumentar  os  abastecimentos  de  produtos  alimentares  e fazer  crescer  a  economia.  Diversos  deputados  comentaram  que  a  igualdade  do  género também representava uma questão  importante que se devia abordar no contexto de cada uma das outras questões de política. 
 Em cada país, as  respostas  foram contraditórias sobre se o país  tinha capacidade para  lidar com a crise do HIV/SIDA.  Alguns deputados afirmaram que, apesar do  seu país  ter os  recursos  financeiros e  técnicos necessários para  responder à crise, havia que saber  se  a  liderança  política  tinha  vontade  e  empenho  para  lidar  efectivamente  com  o problema.  Alguns queixaram-se que havia discussão a mais e acção a menos na reacção à  epidemia  do HIV  e  da  SIDA.  Os  que  acreditavam  que  os  seus  países  tinham  uma capacidade  adequada,  reconheceram  que  os  recursos estatais  estavam  demasiadamente dilatados,  e  que  uma  abordagem  multi-sectorial,  com  o  envolvimento  do  governo,  da sociedade civil, e do sector privado, era crucial para o êxito dos esforços para combater o problema.
 Os deputados definiram falta de capacidade como a falta de recursos financeiros e humanos  adequados  e  de  perícia  técnica  para  tentar  resolver  a  epidemia  com  eficácia. 
Sugeriu-se que a maioria dos países não possui  infra-estruturas de saúde ou sistemas de prestação de cuidados de saúde adequados para lidar com a crescente procura de serviços de  saúde  gerada  pela  epidemia.   Há  falta  de  profissionais  de  saúde  formados, particularmente médicos  e  enfermeiras,  e muitas  clínicas  não  têm  pessoal médico  para supervisionar o tratamento dos pacientes que vivem com a SIDA.

O PAPEL DOS LEGISLADORES NO COMBATE CONTRA O HIV/SIDA

Os deputados em todos os países da SADC concordaram que, como  legisladores, tinham papéis importantes a desempenhar na resposta à crise.  Apesar da consciência que tinham sobre a sua responsabilidade em  liderar o país na resposta ao HIV/SIDA, muitos deputados  reconheceram  que  precisavam  de  oferecer  uma  liderança  mais  forte relativamente à crise.  Houve um consenso sobre o facto de que mais deputados deviam manifestar-se publicamente sobre o ABC da  prevenção  (abstenção,  ser  fiel, utilização  de  preservativos),  tratamento, apoio,  discriminação,  e  realização  de testes  voluntários.   Até  ao  momento, apenas um presidente na região anunciou publicamente  que  se  tinha  submetido  a um  teste  de  HIV  e  os  resultados  do mesmo.
Os  deputados  têm  um  papel  a desempenhar  quando  influenciam  a opinião  pública  e  informam  o  público sobre  assuntos  importantes  a nível  de política.   Sugeriu-se  que  cada  discurso  dos  deputados  devia  incluir  uma  menção  ao HIV/SIDA, especialmente no que diz respeito à prevenção.  Num dos países, o presidente do comité de saúde acredita que todos os deputados devem dar o exemplo submetendo-se a testes e anunciando os resultados com vista a diminuir o estigma e o receio em redor da SIDA.   Ao  anunciarem  em  público  o  seu  estado,  os  deputados  podem  transmitir  a mensagem que a  realização de  testes pode prolongar a vida de uma pessoa e proteger o seu  parceiro/parceira.   Alguns  deputados  estão  a  encorajar  os  jornalistas  a  escreverem mais sobre a crise por forma a aumentar a consciência pública sobre a forma como  lidar com o HIV/SIDA, especialmente no que diz respeito à prevenção e aos cuidados.
Um  dos  papéis  designados  dos  deputados  é  monitorizar  as  actividades  dos ministérios e supervisionar o  ramo executivo.  Um deputado sul africano comentou que os  deputados  na África do Sul  deviam  organizar  reuniões  de  supervisão  que  apelem  a todos os ministérios a assumir responsabilidade pelas suas acções na resposta à crise da SIDA, visando especialmente apoiar as pessoas que vivem com o HIV/SIDA, a  fim de garantir que todos os ministérios desempenhem um papel activo em reagir à crise.
Quando analisam o orçamento nacional, os deputados têm capacidade de atribuir fundos  para  apoiar  programas  nacionais  efectivos  sobre  o HIV/SIDA.   Embora  alguns parlamentos tenham atribuído valores  importantes do orçamento nacional aos programas de  HIV/SIDA,  muitos  deputados não  defendem  de  forma  activa  os  programas  e iniciativas sobre o HIV/SIDA.  Um deputado sugeriu que, para além de atribuir fundos ao orçamento nacional, os deputados individuais deviam participar de forma mais activa, em escolas  e  noutras  instituições  locais,  em  actividades  que  visem  aumentar  a  consciência sobre a SIDA.  Um deputado no Botswana angariou mais de 50,000 Pula caminhando 80 quilómetros para aumentar a consciência nacional sobre o HIV/SIDA.
Para realizar actividades de alcance do eleitorado e de advocacia relativamente ao HIV/SIDA,  os  deputados  necessitam  de  formação adicional  sobre  todos  os  aspectos  da epidemia.    Nalguns  parlamentos,  os  deputados  comentaram  que  era  difícil  realizar actividades  de  alcance  do  eleitorado  porque  não  tinham  as  verbas necessárias  para  tais actividades  e  os  pequenos  subsídios  que  recebiam  para  essas  actividades  não  eram suficientes  para  cobrir  o  custo  do  combustível  necessário  para  percorrer  as  longas distâncias entre comunidades.

PRINCIPAIS DESAFIOS ÀS INTERVENÇÕES SOBRE O HIV/SIDA

Os  factores  que  foram  mencionados  mais  vezes  pelos  legisladores  como obstáculos  a  intervenções mais  vigorosas  sobre  o HIV/SIDA  foram  o  estigma,  receio, discriminação,  falta  de  vontade  política,  corrupção,  recursos  financeiros  insuficientes, recursos humanos  insuficientes, e educação deficiente.  É necessário dar-se prioridade à educação dos cidadãos no que diz respeito à prevenção, apoio, e tratamento para reduzir o estigma  e  o  receio  associados  ao  HIV/SIDA  e  encorajar  uma  ampla  participação nos testes  voluntários.   Os  deputados  necessitam  de  ter  um  melhor  acesso  a  informações comparativas sobre o HIV/SIDA para defender com mais eficácia programas e políticas de  combate  ao  HIV/SIDA  que  satisfaçam  as  necessidades  e  preocupações  dos  seus eleitores que se debatem com os problemas sociais, económicos, e sanitários decorrentes da epidemia.
 Em Angola, os deputados apontaram a  falta de  recursos humanos,  financeiros, e técnicos adequados como principais obstáculos na  luta contra o HIV/SIDA.   Embora os legisladores  acreditem  que  há  vontade  política  para  responder  à  crise  do HIV/SIDA,  o fim da prolongada guerra civil exigiu uma atenção e  financiamento urgentes dirigidos a problemas como a nova fixação da população, repatriamento de refugiados, desminagem, e reconstrução geral do país. 
Segundo os legisladores no Botswana, a discriminação, o receio, e o estigma são obstáculos  importantes para vencer a guerra contra o HIV/SIDA.  É necessário oferecer-se  nas  escolas  e  nas  comunidades  uma  educação  contínua  sobre  prevenção,  apoio,  e tratamento  por  forma  a  aumentar  a  consciência  dos  cidadãos  sobre  o  HIV/SIDA, incluindo os efeitos benéficos dos ARVs e a importância da boa alimentação para aqueles que  vivem  com  a  doença.   Um  deputado  observou  que  as  PVCHS  têm  um  papel importante a desempenhar como defensores de tal política e que devem ser incluídas mais frequentemente em reuniões e conferências para falarem das suas experiências e vivência com a SIDA.   As PVCHS podem ser um poderoso exemplo da  forma como as pessoas com SIDA podem viver vidas activas e produtivas se tiverem acesso a medicamentos e a uma alimentação apropriada.
 Os  deputados  entrevistados  no Lesoto  concordaram  que  o  país  precisa  de mais recursos  financeiros e programas educativos para  responder eficazmente ao HIV/SIDA.  Os deputados afirmaram que se devia proporcionar mais educação sobre o HIV/SIDA e problemas  associados  ao  HIV/SIDA,  especialmente  para  deputados  e  ministros.   É necessário dar mais  importância à  formação para ajudar as pessoas a desenvolverem as aptidões necessárias para lidar com problemas como o viver com SIDA e a discriminação no local de trabalho.  
Os entrevistados no Malawi declararam que os principais obstáculos no combate à epidemia eram as crenças religiosas, as  falsas  informações sobre a causa, prevenção, e tratamento da doença, e a  tensão entre as convicções modernas e as  tradicionais.  Todas estes  factores  impedem as pessoas de se  submeterem a  testes e de serem  francas acerca do seu estado de seropositividade.  Também se mencionaram a falta de vontade política e a ausência de uma  resposta conjunta dos deputados como  factores que enfraquecem os esforços nacionais para lidar com a crise.
Em Moçambique é necessário um programa nacional integrado, com articulações a  nível de  HIV/SIDA  entre  todos  os  sectores.    Os  entrevistados  observaram  que  o parlamento devia assumir um papel mais activo  relativamente a esta questão ao exercer uma maior supervisão sobre as despesas estatais para o HIV/SIDA.  Um outro desafio é o facto de os deputados  terem  tendência para agir em conformidade com os seus partidos em  vez  de  se  manifestarem  livremente  como  líderes  individuais  sobre  os  problemas relacionados com o HIV/SIDA.
Os  legisladores  namibianos  declararam  que  o  estigma  e  a  falta  de  recursos financeiros  suficientes  constituíam  obstáculos  ao melhoramento  da  resposta  do  país  ao HIV/SIDA.  O principal destes obstáculos é a necessidade de um aumento de fundos para os  programas  de  HIV/SIDA.   Com  recursos  financeiros  suficientes,  apontou  um legislador, o governo podia oferecer aos seus cidadãos mais centros de aconselhamento e testes  voluntários  (ATV),  mais  medicamentos,  mais  educação,  mais  instalações destinadas a tratamento, e mais formação.  O estigma e o medo impedem as pessoas de se submeterem  a  testes.   Os  indivíduos  que  se  apresentam  voluntariamente  para  se submeterem  a  testes  não  são  francos  sobre  o  seu  estado  porque  há  uma  tendência  nas comunidades para  isolar as pessoas que  se  sabe  serem  seropositivas.  Sugeriu-se que o parlamento  fosse mais  activo  nos  seus  esforços  para  aumentar  o  conhecimento  e  a compreensão  pública  das  questões  relacionadas  com  o  HIV/SIDA  porque  a  falta  de compreensão  é  a  fonte  do  estigma.   Os  deputados  devem  ser  modelos  manifestando atitudes tolerantes e apoiantes para com as PVCHS.
Os  deputados  na  África  do  Sul mencionaram  igualmente  a  negação,  o estigma,  e  o  receio  de  rejeição  como principais  desafios  à  prevenção  e tratamento eficazes.  Visto que as pessoas têm  receio  de  revelar  o  seu  estado seropositivo,  os  governos  da  SADC  não conhecem o número  real de pessoas que vivem  com HIV/SIDA.  Todas  as  cifras actuais  são  estimativas,  baseadas  em números provenientes de clínicas para parturientes.  Os governos não podem  responder com o tratamento necessário se os seropositivos não notificarem outras pessoas acerca do seu estado.  Um deputado sugeriu que o parlamento devia aprovar  legislação que fizesse do  HIV/SIDA  uma  doença  notificável.   Outro  comentou  que  os  sentimentos  de responsabilidade  e  de  culpa  relativamente  ao  HIV/SIDA  ainda  são  predominantes  e representam  importantes  obstáculos  para  se  lidar  com  a  epidemia.   O  governo  deve providenciar mais centros de aconselhamento com profissionais que sejam devidamente formados  para  abordar melhor  o  impacto  devastador  da  doença sobre  as  famílias  e  as comunidades.
A  Zambia  enfrenta  numerosas  barreiras  nos  seus  esforços  para  lidar  com  o impacto do HIV/SIDA.  Ao país  faltam  recursos  financeiros e humanos adequados para satisfazer  as  necessidades  dos  seus  cidadãos.  Para  além  dos  obstáculos  ao  acesso  ao tratamento devido à falta de clínicas e de profissionais de saúde formados, as pessoas têm de andar grandes distâncias em estradas más, muitas das quais são  inacessíveis durante a estação chuvosa, para chegaram a instalações de tratamento.  O parlamento podia auxiliar o  país  a  ultrapassar  estes  obstáculos  pressionando  o  governo  a  aumentar  o  apoio orçamental destinado ao tratamento do HIV/SIDA.
O plano estratégico nacional do Zimbabwe para o HIV/SIDA não tem directrizes claras  para  implementar  actividades  associadas  ao  HIV/SIDA,  o  que  os  deputados consideraram  ser  um  problema  importante.   Os  deputados  também  notaram  que  a coordenação entre o Ministério da Saúde, o Conselho Nacional contra a SIDA, as ONGs, e  o  sector  privado  era  má  e,  consequentemente,  havia  duplicações  de  esforços  e  de financiamento para as actividades sobre o HIV/SIDA.  Também se mencionou a falta de vontade  política  como  um  impedimento  a  uma  resposta  nacional  efectiva  à  crise  de HIV/SIDA.  Os entrevistados notaram que a actual crise política e económica constituíam sério  desafio.   As significativas  reduções  no  auxílio  prestado  pelos  doadores internacionais, aliadas à  falta de  reservas externas e  hiper-inflação do país, diminuíram dramaticamente  os  fundos  para  programas  de  prevenção,  tratamento,  e  apoio  ao HIV/SIDA.   

SUGESTÕES DAS ONGS PARA MELHORAR AS RESPOSTAS NACIONAIS AO HIV/SIDA

Uma maioria de  representantes  das ONGs  afirmou  que  se  devia  fortalecer  a coordenação e a cooperação entre governos e  ONGs.   A  maioria  dos  países  tem  uma  superabundância  de  grupos  da  sociedade civil  que  trabalham  no  sentido  de  resolver diversos  problemas  relacionados  com  a SIDA, mas frequentemente os governos não sabem o que é que cada organização está a fazer  e,  em  resultado,  há  duplicações  e  lacunas  nas  actividades  relacionadas  com  o HIV/SIDA.  As  intervenções  em matéria  de HIV/SIDA  deviam  ser mais  sistemáticas, coordenadas,  e  monitorizadas  a  nível  das  bases  para  que  os  países  saibam  que intervenções são eficazes e as que não o são. 
 Muitos entrevistados de ONGs acreditam que se devia aumentar a educação sobre todos os aspectos do HIV/SIDA para se  reduzir o estigma,  receio, e desinformação que continuam a rodear a epidemia.  Os níveis actuais de silêncio e estigma que envolvem a epidemia mantêm-na escondida  e dificultam os esforços no  sentido de evitar a doença.  Os entrevistados comunicaram que a  informação sobre o HIV/SIDA não está a chegar às  pessoas mais  vulneráveis  nas  comunidades.   Um  entrevistado  declarou:  “O  governo precisa de alargar as campanhas de prevenção e de educação nas áreas  rurais porque as pessoas que vivem nessas áreas têm pouca consciência das causas e das consequências do vírus.”  Numa província em Angola, espancaram-se até à morte pessoas com SIDA.
À retórica política necessita de corresponder uma acção empenhada e um diálogo franco  sobre  problemas  relacionados  com  o HIV/SIDA.  Os  cidadãos  e  os  dirigentes  a todos os níveis devem assumir responsabilidade por resolver o problema.  As ONGs e as PVCHS devem ser mais incluídas na formulação de políticas e programas nacionais para o HIV/SIDA  porque  estes  grupos  têm  um  conhecimento  directo  e  experiência  sobre  a forma como lidar com a epidemia a nível da comunidade.



PERCEPÇÕES  DAS  ONGS  DOS  SUCESSOS  E  DAS  FALHAS  GOVERNAMENTAIS  NA  RESPOSTA  AO HIV/SIDA

Houve  uma  considerável  discrepância  nas  respostas  dadas  relativamente  aos sucessos dos governos.  Alguns presidentes foram elogiados pela sua liderança, enquanto outros foram criticados pela falta de empenho político demonstrado.  Vários países estãoa avançar no que diz respeito à  implementação de programas de PTMPF, suprimento de testes  e  aconselhamento  gratuitos,  e maior  acessibilidade  dos  cidadãos  aos  ARVs  e  a outros  medicamentos.   Pelo contrário,  alguns  governos  não  mostraram  grandes progressos quanto à implementação de uma resposta tangível à epidemia.
 Em  Angola,  os  entrevistados  de  ONGs  consideraram  a  aprovação  da  nova legislação sobre o HIV/SIDA um  importante sucesso.     O estabelecimento da Comissão Nacional  contra  a SIDA  e  a  adopção  do  plano  estratégico  também  foram  considerados avanços  importantes do governo no seu esforço de abordar as questões do HIV/SIDA no país. No entanto, alguns entrevistados notaram que, apesar do envolvimento de todos os ministérios governamentais na  resposta nacional ao HIV/SIDA, os seus orçamentos são insuficientes e que é necessário reforçar-se a liderança em todos os níveis do governo. 
 Um  factor  importante  no  êxito  alcançado  pelo  governo  do  Botswana  para desenvolver  uma  resposta  total  à  crise  tem  sido  o  forte  empenho  e  a  liderança  do Presidente  na  busca  de  soluções.  O Presidente  preside  ao Conselho Nacional  contra  a SIDA.  Outros sucessos notáveis são o  fornecimento universal e gratuito de ARVs, por parte do governo, e os programas de PTMPF.  Segundo os entrevistados, o programa de ARVs  tem  sido mais  bem  sucedido  do  que o  programa  de PTMPF  porque  houve  uma mobilização, formação, e educação da comunidade sobre os ARVs.  O Botswana também está a participar num programa de vacinas experimentais.
A disposição do governo em  falar abertamente sobre a crise  foi citada como um sucesso  importante  pelos  malawianos,  que  notaram  que  o  anterior  governo  se  tinha calado quanto a esta questão.  O estabelecimento da Comissão Nacional contra a SIDA, a nomeação de um Ministro para o HIV/SIDA, o desenvolvimento de um plano estratégico nacional  para  o  HIV/SIDA,  e  o  financiamento  proporcionado  às  ONGs  destinado  a actividades  relacionadas  com  o  HIV/SIDA  foram  mencionados  como  exemplos  de sucessos.   A  maioria  concordou  que  a  abordagem  das  questões  relacionadas  com  o HIV/SIDA constituía agora uma prioridade na agenda do governo.
Como o Botswana, as Maurícias fornecem ARVs gratuitos a todas as pessoas que deles precisem  e  o Primeiro Ministro  preside  ao Comité Nacional  contra  a SIDA.   Os representantes das ONGs atribuíram uma elevada pontuação ao governo pela prontidão de  resposta  às  exigências  das  ONGs  relativamente  a  questões  relacionadas  com  o HIV/SIDA.   O  único  fracasso  governamental  mencionado  referiu-se  à  necessidade  de desenvolver  um  programa  de  troca  de  agulhas  e  um  centro  de  desintoxicação  para mulheres.
Embora  Moçambique  tenha  aprovado  uma  lei  do  trabalho  que  aborda  os problemas  relacionados  com  o  HIV/SIDA  no  local  de trabalho,  os  entrevistados provenientes das ONGs declararam que a  lei  não está a  ser  implementada.  O governo estabeleceu  centros  de  realização  de  testes  voluntários  e  de  aconselhamento  e  está  a trabalhar no sentido de disponibilizar o acesso a ARVs a todos os cidadãos.

 




RECOMENDAÇÕES

O documento  legislativa baseia-se nas directrizes  internacionais da ONU e, conforme for necessário, poderá auxiliar os deputados a identificarem tópicos que possam necessitar de reforma legislativa.
·         Discriminação  contra  grupos  vulneráveis  no  local  de  trabalho,  escolas,  e instalações de prestação de cuidados de saúde;
·         Acesso equitativo aos cuidados de saúde;
·          Realização de testes voluntários e consentimento informado sobre a realização de testes ao HIV;
·          Confidencialidade da informação médica;
·         Notificação do estado de seropositividade a parceiros;
·         Regulamentação dos padrões de segurança do sangue;
·         Regulamentação dos bens e serviços relacionados com o HIV;
·         Exposição ou transmissão propositadas do HIV;
·         Regulamentação da indústria do sexo;
·         Serviços de prevenção e de apoio ao HIV nas prisões;
·         Igualdade  do  género  no  que  diz  respeito  aos  direitos  de  propriedade  e  relações conjugais;
·          Protecção contra a violência sexual;
·         Direitos das  crianças  relativamente ao abuso  sexual  e à educação,  realização de testes, e prevenção do HIV;
·         Protecção e apoio aos órfãos; e
·         Protecção dos direitos dos participantes humanos na pesquisa sobre HIV/SIDA.

 




CONCLUSÃO

Portanto a região da SADC tem feito maior esforço para o combate do HIV/SIDA na Região Austral e nos países vizinhos. Nos últimos dias a doença tem tido maior facilidade de propagação como consta no nosso relatório. É preciso que a população da Região Austral tome em conta a grande epidemia que desde que foi descoberto, até aos dias de hoje, os médicos não descobriram o retroviral para a cura da mesma doença. Mas segundo os relatórios dos países da SADC, constam que os governos têm evidado esforços para o combate e a prevenção do HIV/SIDA nas regiões, actuando de uma maneira eficiente, para que os seus serviços tenha sucesso na propagação de luta contra o HIV/SIDA. Assim os meios de comunicação, as autoridades tradicionais, as ONGs e activistas com livre disposição estão a trabalhar no sentido de colaborar com a população para explicar e trabalhar com as pessoas infectadas com este vírus. É preciso que a população ponha em mente as recomendações feitas pelas organizações para que a doença não se propague nas gerações futuras.



BIBLIOGRAFIA

BANCO MUNDIAL : Acção de Intensificação  contra  o  HIV/SIDA  em  África:  Respondendo  a  uma  Crise  de Desenvolvimento.  Região de África, Banco Mundial, Junho de 1999.
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