a observação

O que é Observação?

Chamada de estudo naturalista ou etnográfico em que o pesquisador freqüenta os locais onde os fenômenos ocorrem naturalmente. (Fiorentini e Lorenzato)
Técnica de coleta de dados, que não consiste em apenas ver ou ouvir, mas em examinar fatos ou fenômenos que se desejam estudar, elemento básico de investigação científica, utilizado na pesquisa de campo como abordagem qualitativa, podendo ser utilizada na pesquisa conjugada a outras técnicas ou de forma exclusiva.
Auxilia o pesquisador na identificação e a obtenção de provas a respeito de objetivos sobre os quais os indivíduos não têm consciência, mas que orientam seu comportamento, sujeita o pesquisador a um contato mais direto com a realidade.
O grau de participação do observador é muito relevante, bem como a duração das observações, sendo imprescindível planejar o que e como observar.
Enquanto procedimento científico e para que a pesquisa seja confiável deve servir a um objetivo formulado de pesquisa, sendo sistematicamente planejada e submetida a verificação e controle de validade e precisão.

__Vantagens __

  • Possibilita elementos para delimitação de problemas;
  • Favorece a construção de hipóteses;
  • Aproxima-se das perspectivas dos sujeitos;
  • Útil para descobrir aspectos novos de um problema;
  • Obtenção de dados sem interferir no grupo estudado.
  • Permite a coleta de dados em situações de comunicação impossíveis;
  • Apresenta meio direto e satisfatório para estudar uma ampla variedade de fenômenos;
  • Exige menos do observador do que outras técnicas;
  • Depende menos da introspecção ou da reflexão;
  • Permite a evidência de dados não constantes do roteiro de entrevistas ou de questionários.

__Desvantagens__
  • Presença do pesquisador pode provocar alterações no comportamento dos observados, destruindo a espontaneidade dos mesmos e produzindo resultados pouco confiáveis, por poder provocar alterações no comportamento do grupo observado;
  • O observado tende a criar impressões favoráveis ou desfavoráveis no pesquisador, favorecendo a interpretação pessoal - juízo de valor;
  • Uma visão distorcida pode ser ger*ada pelo envolvimento levando a uma representação parcial da realidade;
  • Fatores imprevistos podem interferir na tarefa do pesquisador;
  • A duração dos acontecimentos é variável dificultando a coleta de dados;
  • Vários aspectos da vida cotidiana, particular podem não ser acessíveis ao pesquisador.
  • Se não forem bem organizados os registros podem depender apenas da memória do observador para serem resgatados, vindo a gerar grande interpretação subjetiva ou parcial do fenômeno estudado.

De acordo com arquivo disponibilizado no CESUR, as observações possuem várias modalidades de acordo com as circunstâncias:
Segundo os meios utilizados
  • Observação não estruturada (Assistemática, espontânea, informal, ordinária, simples, livre, ocasional, acidental): consiste em recolher e registrar fatos da realidade sem que o pesquisador utilize meios técnicos especiais;
  • Observação estruturada (Sistemática, planejada, controlada): utiliza instrumentos para a coleta de dados ou fenômenos observados. O observador sabe o que procura e o que carece de importância.

Segundo a participação do observador
  • Observação não-participante: o observador não se integra à comunidade observada;
  • Observação participante: O observador se incorpora ao grupo, confunde-se com ele.

Segundo o número de observações
  • Observação individual
  • Observação em equipe

Segundo o lugar onde se realiza
  • Observação efetuada na vida real (trabalho de campo)
  • Observação efetuada em laboratório

Logo, os Tipos de Observação são:

  • Observação documental
  • Observação assistemática
  • Observação direta extensiva (mostra, questionário, enquete)
  • Observação direta intensiva (entrevista, teste de atitudes,
  • Observação participante)
  • Observação em equipe
  • Observação em laboratório
  • Observação individual
  • Observação na vida real
  • Observação não-participante
  • Observação sistemática

Segundo Lakatos & Marconi(1992), a observação direta intensiva é um tipo de observação que "[...] utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também examinar fatos ou fenômenos que se deseja estudar".

Observação Participante

Como a observação participante, por sua própria natureza, tende a adotar formas não estruturadas, pode-se adotar a seguinte classificação, que combina os dois critérios considerados:
a) Observação simples;
b) Observação participante;
c) Observação sistemática.

a) Observação Simples
O pesquisador permanece alheio à comunidade, grupo ou situação que pretende estudar, observando de maneira espontânea os fatos que aí ocorrem. Neste procedimento o pesquisador é muito mais um espectador que um ator.

Vantagens da observação simples:
  • Possibilita a obtenção de elementos para a definição do problema de pesquisa;
  • Favorece a construção de hipóteses acerca do problema pesquisador;
  • Facilita a obtenção de dados sem produzir querelas ou suspeitas nos membros das comunidades, grupos ou instituições que estão sendo estudadas.

Limitações da observação simples
  • É canalizada pelos gostos e afeições do pesquisador. Muitas vezes sua atenção é desviada para o lado pitoresco, exótico ou raro do fenômeno;
  • O registro das observações depende, freqüentemente, da memória do investigador;
  • Dá ampla margem à interpretação subjetiva e parcial do fenômeno estudado.

Quando é indicada a observação simples?
A observação simples é indicada, principalmente, para estudos qualitativos de caráter exploratório (levantamento).

Itens que devem ser considerados para os pesquisadores em uma observação simples
  • os sujeitos. Quem são os participantes? Quantos são? A que sexo pertencem? Quais são suas idades? Como se vestem? Que adornos utilizam? O que os movimentos de seu corpo expressão?
  • o cenário. Onde as pessoas se situam? Quais são as características desse local? Com que sistema social pode ser identificado?
  • comportamento social. O que realmente ocorre em termos sociais? Como as pessoas se relacionam? De que modo o fazem? Que linguagem utilizam?

Interpretação dos dados da observação simples
Que significado atribuir aos dados coletados por meio da observação simples?

Cuidados necessários do pesquisador
  • ele deve estar dotado de conhecimentos prévios acerca da cultura do grupo que pretende observar.

b) Observação participante
  • Consiste na participação real do pesquisador na vida da comunidade, do grupo ou de uma situação determinada.
  • O observador assume, pelo menos até certo ponto, o papel de membro do grupo.
  • Daí se dizer que por meio da observação participante se pode chegar ao conhecimento da vida de um grupo a partir do interior dele mesmo.
  • Foi introduzida pelos antropólogos no estudo das chamadas “sociedades primitivas”

Pode ser de duas formas distintas
  • Natural (quando o observador é parte do grupo que investiga);
  • Artificial (quando o observador se integra ao grupo com o objetivo de realizar a investigação).

No caso da observação participante, o pesquisador deve decidir se revelará que está observando o grupo ou não. Nos dois casos o pesquisador terá que ter cuidados e atenção para não tornar sua pesquisa tendenciosa.

Observação participante: vantagens
  • Facilita o rápido acesso a dados sobre situações habituais em que os membros das comunidades se encontram envolvidos;
  • Possibilita o acesso a dados que a comunidade ou grupo considera de domínio privado;
  • Possibilita captar as palavras de esclarecimento que acompanham o comportamento dos observados.

Observação participante: desvantagens
  • Restrições. Pode significar uma visão parcial do objeto estudado;
  • Desconfiança do grupo investigado em relação ao pesquisador;

c) Observação sistemática
  • É utilizada em pesquisas que têm como objetivo a descrição precisa dos fenômenos ou o teste de hipóteses;
  • Pode ocorrer em situações de campo ou de laboratório;
  • Antes da coleta de dados, o pesquisador elabora um plano específico para a organização e registro das informações. Isto implica em estabelecer, antecipadamente, as categorias necessárias à análise da situação.
  • Para que as categorias sejam estabelecidas adequadamente, é conveniente que o pesquisador realize um estudo exploratório, ou mesmo estudos dirigidos à construção dos instrumentos para registro dos dados.

Observação sistemática: registro de Bales (1950)
Reações positivas:
  • Mostra solidariedade, eleva o status do outro, dá ajuda, prêmio
  • Mostra alívio de tensão, brinca, ri, mostra satisfação
  • Concorda, mostra aceitação passiva, compreende, apóia, submete-se

Área Tarefa (Neutra):
  • Dá sugestão e orientação, supondo autonomia do outro
  • Dá opinião, avalia e analisa
  • Dá orientação, informa, repete e esclarece
  • Pede orientação, informação, repetição
  • Pede opinião, avaliação, análise, expressão de sentimento
  • Pede sugestão, orientação, maneiras possíveis de ação

Reações negativas:
  • Discorda, mostra rejeição passiva, formalidade, recusa ajuda
  • Mostra tensão, pede ajuda, afasta-se do campo
  • Mostra antagonismo, reduz o status do outro, defende-se, afirma-se

Observação sistemática: limitações
  • O pesquisador está impossibilitado de ocultar a realização da pesquisa;
  • Tem que ter tempo e preparação prévia das categorias a serem analisadas

Observação sistemática: vantagens
  • Facilidade na análise do material coletado.

Critérios de registro
  • Quanto mais próximo do momento da observação, maior sua acuidade.
  • A forma de registro estará diretamente relacionada com o papel do pesquisador em relação ao grupo observado.
  • Importante deixar bem visível as diferentes informações: as falas, as citações e as observações pessoais. Dica: mudar de parágrafo a cada nova situação.
  • Utilização de vários meio de registro
  • Toda observação deve conter uma parte descritiva e uma parte reflexiva.

Como proceder
  • Conhecimento prévio do que observar antes de iniciar o processo de observação, procure examinar o local.
  • Determine que tipo de fenômenos merecerão registros.
  • Crie, com antecedência, uma espécie de lista ou mapa de registro de fenômenos. * * * * Procure estipular algumas categorias dignas de observação.
  • Esteja preparado para o registro de fenômenos que surjam durante a observação, que não eram esperados no seu planejamento.
  • Para realizar registros iconográficos (fotografias, filmes, vídeos etc.), caso o objeto de sua observação sejam indivíduos ou grupos de pessoas, prepare-os para tal ação. Eles não devem ser pegos de surpresa.
  • O relatório deve ser feito o mais cedo possível, relatando o que foi observado nos momentos mais significativos.

Referências
  • FIORENTINI e LORENZATO. Investigação em Educação Matemática: percursos teóricos e metodológicos. Campinas, São Paulo: Autores Associados, 2006.
  • GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1989.
  • LAKATOS, E.; MARCONI, M.. Fundamentos de Metodologia Científica. São Paulo:Atlas, 1992.
  • Teorias, Conceitos e Observação
  • Técnicas de Pesquisa:Observação

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