Membrana plasmática
INTRODUÇÃO
Toda a célula, seja procarionte ou eucarionte,
apresenta uma membrana que isola do meio exterior: a membrana plasmática. A
membrana plasmática é tão fina (entre 6 a 9 nm) que os mais aperfeiçoados
microscópios ópticos não conseguiram torná-la visível. Foi somente após o
desenvolvimento da microscopia electrónica que a membrana plasmática pode ser
observada. Nas grandes ampliações obtidas pelo microscópio electrónico, cortes
transversais da membrana aparecem como uma linha mais clara entre duas mais
escuras, delimitando o contorno de cada célula. Com efeito,
as numerosas reacções bioquímicas que ocorrem simultaneamente no espaço celular
encontram-se fisicamente confinadas em compartimentos delimitados por
estruturas membranares. São deste modo, por um lado, evitadas interferências
espontâneas entre reacções antagónicas, as quais seriam indutoras de desordem.
Por outro, a existência de proteínas, com funções enzimáticas, inseridas na
membrana, permite que certas reacções possam ocorrer junto da superfície
destas, de forma ordenada, sequencial. De acordo com o
conceito trifásico, todo o funcionamento da célula assenta no intercâmbio entre
as duas fases e, destas, com o exterior.
MEMBRANA
PLASMÁTICA
Diagrama de uma
membrana plasmática (clique para ampliar).
A membrana plasmática, membrana celular ou plasmalema é a estrutura que
delimita todas as células vivas, tanto as procarióticascomo as eucarióticas.2 Ela estabelece a fronteira entre o meio
intracelular, o citoplasma, e o ambiente extracelular, que pode ser amatriz dos diversos tecidos.3
Aparece em eletromicrografias como duas linhas escuras separadas por
uma faixa central clara, com uma espessura de 6 a 10 nm. Esta estrutura trilaminar encontra-se em todas as
membranas encontradas nas células, sendo por isso chamada de unidade de
membrana oumembrana unitária.
A membrana celular
não é estanque, mas uma “porta” seletiva que a
célula utiliza para captar os elementos do meio exterior que lhe são
necessários para o seu metabolismo e para libertar as substâncias que a célula
produz e que devem ser enviadas para o exterior (sejam elas produtos de excreção, das quais deve se libertar, ou secreções que a célula utiliza para várias funções relacionadas com o meio).
O modelo do mosaico fluído
A disposição das moléculas na membrana plasmática foi
elucidada recentemente, sendo que os lipídios formam uma camada dupla e
contínua, no meio da qual se encaixam moléculas de proteína. A dupla camada de
fosfolipídios é fluida, de consistência oleosa, e as proteínas mudam de posição
continuamente, como se fossem peças de um mosaico. Esse modelo foi sugerido por
dois pesquisadores, Singer e Nicholson, e recebeu o nome de Modelo Mosaico
Fluido.
Os fosfolipídios têm a função de manter a estrutura da
membrana e as proteínas têm diversas funções. As membranas plasmáticas de um
eucariócitos contêm quantidades particularmente grande de colesterol. As
moléculas de colesterol aumentam as propriedades da barreira da bicamada
lipídica e devido a seus rígidos anéis planos de esteróides diminuem a
mobilidade e torna a bicamada lipídica menos fluida.

COMPOSIÇÃO QUÍMICA
Todas as membranas
plasmáticas celulares são constituídas predominantemente por fosfolipídeos e proteínas em proporções variáveis e uma pequena fração
de açúcares, na forma de oligossacarídeos. Exteriormente, na grande maioria das
células animais, a membrana plasmática apresenta uma camada rica
em glicídeos: o glicocálix ou glicocálice.4 Entre outros papéis, o glicocálix tem a função
de reconhecimento químico da célula para seu exterior e tem também função
protetora, impedindo que alguns tipos de vírus ou bactérias se anexem à célula.
Os lipídios presentes nas membranas celulares pertencem
predominantemente ao grupo dos fosfolipídeos. Estas moléculas são formadas pela união de três grupos de
moléculas menores: um álcool, geralmente oglicerol, duas moléculas de ácidos graxos e um grupo fosfato, que pode conter ou não uma segunda molécula de
álcool. A proporção de fosfolipídeos varia muito: compõe cerca de 50% da
membrana plasmática e 90% da membrana mitocondrial.5
A estrutura das
membranas deve-se primariamente a essa camada dupla de fosfolipídios. Esses
lipídios são moléculas longas com uma extremidade hidrofílica (tem afinidade com a água) e a cadeia hidrofóbica (não tem afinidade com a água). O grupo fosfato
está situado nas lâminas externas da estrutura trilaminar. A parte
situada entre as lâminas fosfatadas é composta pelas cadeias hidrofóbicas.
As membranas animais possuem ainda o colesterol,6 e as células vegetais possuem outros esteróis, importantes para o controle da fluidez das
membranas. A uma dada temperatura, quanto maior a concentração de esteróis,
menos fluida será a membrana. As células procariontes, salvo algumas exceções, não possuem esteróis.
As proteínas são as principais fontes de energia e os
principais componentes funcionais das membranas celulares. A maioria das
proteínas da membrana celular está mergulhada na camada dupla do fosfolipídios,
interrompendo sua continuidade, são as proteínas integrais. Outras,
as proteínas periféricas, estão aderentes às extremidades de
proteínas integrais. Algumas proteínas atuam no transporte de substâncias para dentro ou para fora da célula. Entre estas, encontram-se glicoproteínas (proteínas ligadas a carboidratos). Algumas destas proteínas formam conexões,
os fibronexos, entre
o citoplasma e macromoléculas da matriz extracelular. Os grupos
sanguíneos A-B-O, M-N e Rh, bem como
fatores HLA, são antígenos da superfície externa da membrana.
A membrana celular é
responsável pela manutenção de uma substância do meio intracelular, que é diferente do meio extracelular, e pela recepção de nutrientes e sinais químicos do
meio extracelular. Para o funcionamento normal e regular das células, deve
haver a seleção das substâncias que entram e o impedimento da entrada de
partículas indesejáveis, ou ainda, a eliminação das que se encontram no citoplasma. Por ser o componente celular mais externo e
possuir receptores específicos, a membrana tem a capacidade de
reconhecer outras células e diversos tipos de moléculas, como hormônios.
As membranas
celulares possuem mecanismos de adesão, de vedação do espaço intercelular e de
comunicação entre as células. Os microvilos ou microvilosidades são muito frequentes e aumentam a superfície
celular.
Não confundir a
membrana celular com a parede celular (das células vegetais, por exemplo), que tem uma função principalmente de
proteção mecânica da célula. Devido à membrana citoplasmática não ser muito
forte, as plantas possuem a parede
celular, que é mais resistente.
A membrana celular é
uma camada fina e altamente estruturada de moléculas de lípidos e proteínas, organizadas de forma a manter o potencial
eléctrico da célula e a controlar o
que entra e sai da célula (permeabilidade selectiva da membrana). Sua estrutura só vagamente pode ser verificada com
um microscópio de transmissão electrônica. Muitas vezes, esta
membrana contém proteínas receptoras de moléculas específicas, os Receptores de
membrana, que servem para regular o
comportamento da célula e, nos organismosmulticelulares, a sua organização em tecidos (ou em colónias).
Por outro lado, a
membrana celular não é, nem um corpo rígido, nem homogêneo – é muitas vezes
descrita como um fluido bidimensional e
tem a capacidade de mudar de forma einvaginar-se para o interior da célula, formando alguns dos
seus organelos.
A matriz
fosfolipídica da membrana foi pela primeira vez postulada em 1825 por
Gorter e Grendal; no entanto, só em 1895, Charles Overton deu
força a esta teoria,tendo observado que a membrana celular apenas deixava
passar algumas substâncias, todas lipossolúveis.
TRANSPORTE ATRAVÉS DAS MEMBRANAS
Mesmo nas membranas não biológicas, como as de plástico ou celulose, há moléculas que as conseguem atravessar, em determinadas
condições. Dependendo das propriedades da membrana e das moléculas (ou átomos ou íons)
em presença, o transporte através das membranas classifica-se em:
·
Transporte passivo – quando não envolve o consumo de energia do sistema, sendo utilizada apenas a energia
cinética das moléculas; a movimentação dá-se a favor do gradiente de
concentração.
·
Transporte ativo – quando o transporte das moléculas envolve a
utilização de energia pelo sistema; no caso da célula viva, a energia utilizada
é na forma de Adenosina
tri-fosfato (ATP); a movimentação das
substâncias dá-se contra o gradiente de concentração.
O transporte através
das membranas pode ainda ser classificado em mediado, envolve permeases (transporte ativo e difusão facilitada), e
não-mediado (difusão directa).
O interior das células – o citoplasma – é basicamente uma solução aquosa de sais e substâncias orgânicas. O transporte passivo de substâncias na célula pode
ser realizado através de difusão ou por osmose.
A difusão se dá
quando a concentração interna de certa substância (soluto) é menor que
a externa, e as partículas tendem a entrar na célula. Quando a concentração
interna é maior, as substâncias tendem a sair. A difusão pode ser auxiliada por
enzimas permeáveis sendo
classificada difusão
facilitada. Quando não há ação de enzimas,
é chamadadifusão simples
No que se refere
à osmose, quando a concentração externa de substâncias é maior
que a interna, parte do líquido citoplasmático tende a sair fazendo com que a
célula murche -plasmólise. Quando a concentração interna é maior, o líquido do
meio externo tende a entrar na célula, dilatando-a - Turgência, entretanto existe ainda a situação em que a célula
murcha e depois por motivos externos volta a obter sua quantidade normal de
água,então esse fato é chamado de Deplasmolise, ou seja, uma plasmolise
inversa. Neste caso, se a diferença de concentração for muito grande, pode
acontecer que a célula estoure. As células que possuem vacúolos são mais resistentes à diferença de
concentração, pois estasorganelas, além de outras funções, agem retendo líquido.
1.
O transporte ativo
através da membrana celular é primariamente realizado pelas enzimas ATPases, como a importante bomba de sódio e potássio,
que tem função de manter o potencial elétrico das células.
Muitas células
possuem uma ATPase do cálcio que opera as concentrações intracelulares baixas
de cálcio e controla a concentração normal (ou de reserva) deste importante
mensageiro secundário. Uma outra enzima actua quando a concentração de cálcio
sobe demasiadamente. Isto mostra que um íon pode ser
transportado por diferentes enzimas, que não se encontram permanentemente
ativas.
Há ainda dois
processos em que, não apenas moléculas específicas, mas a própria estrutura da
membrana celular é envolvida no transporte de matéria (principalmente de
grandes moléculas) para dentro e para fora da célula:
·
Endocitose – em que a membrana celular envolve partículas
ou fluido do exterior - fagocitose ou pinocitose - e a transporta para dentro, na forma
duma vesícula; e
·
Exocitose – em que uma vesícula contendo material que deve
ser expelido se une à membrana celular, que depois expele o seu conteúdo. A exocitose
pode se subdividir em Clasmocitose, defecação celular, ou Clasmatose quando
resíduos provenientes da digestão intracelular realizado pelas células é
eliminado, e em secreções quando a célula descarrega substâncias no meio
externo.
Nos seres humanos e
animais, a secreção serve como meio que o corpo possui de eliminar resíduos
metabólicos celulares que ainda tem importância funcional.
Através da fusão
entre o lisossomo e bolsas formadas na fagocitose ou pinocitose, forma-se o
vacúolo digestivo. Nesse vacúolo, parte das substâncias são digeridas e
transformadas em moléculas menores que atravessam a membrana e se espalham no
citosol. A outra parte não digerida permanece no vacúolo, que agora passa a ser
vacúolo residual. A clasmocitose termina quando o vacúolo residual se funde à
membrana plasmática da célula e expulsa o seu conteúdo para o meio externo.
CONCLUSÃO
A Membrana citoplásmática serve para proteger a célula
e permite a troca de substâncias do interior para o exterior da célula e vice
versa. E o
núcleo é a parte que controla o metabolismo da célula, e contem sua identidade
ou seja o material genético. O
conhecimento da composição química, da arquitectura molecular, das propriedades
e das funções das membranas celulares é por conseguinte, essencial à
compreensão dos fenómenos subjacentes à vida da célula. A sua arquitectura
molecular sendo universal, não exclui contudo diferenças sectoriais ao nível da
composição química e da própria espessura, relacionadas com as funções que
exerce.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ü JUNQUEIRA,
Luis C. & CARNEIRO, J. "Biologia Celular e Molecular". Editora
Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 1991. 5ª Edição. Cap. 1.
ü OLIVEIRA,
Óscar; RIBEIRO, Elsa & SILVA, João Carlos "Desafios Biologia".
Editora ASA, Porto, 2007. 2ª Edição. Cap.1.
ÍNDICE