periodo pré - homérico
INTRODUÇÃO
Durante o período de formação da civilização
grega observamos a chegada de diferentes povos à região da Península Balcânica,
do Mar Egeu e no litoral da Ásia Menor. Contando com uma geografia acidentada e
poucas terras férteis disponíveis, os povos que habitavam essa região
dedicavam-se principalmente ao comércio e à colonização de outras regiões
próximas do Mar Tirreno e Adriático. A civilização cretense foi a primeira a se
fixar na região insular do mundo grego. Fixados na Ilha de Creta, essa
civilização construiu várias cidades ao longo da ilha e de outras partes da
Grécia Continental. Desenvolvendo intensa atividade comercial, os cretenses
alcançaram o apogeu de sua civilização. Cerâmica, tecidos, vinhos, mármores e
metais eram os principais itens negociados entre as cidades cretenses. Um
peculiar ponto da cultura cretense refere-se à existência de uma estrutura
familiar onde a mulher ocupava papel de destaque. No campo religioso essa mesma
valorização da figura feminina percebe-se no culto à Deusa-Mãe, representante
da fertilidade e da terra. Tal ponto característico da cultura cretense pode
ser observado dentro da futura Cidade-estado de Esparta, onde as mulheres
exerciam importantes papéis.
PERÍODO HOMÉRICO
O termo período homérico ou Idade das Trevas (c. 1200
a.C.-800
a.C.) refere-se ao
período da história da Grécia
Antiga cujo início tem
lugar a partir da suposta invasão dórica e do final da Civilização Micênica no século
XI a.C. e cujo fim é
marcado pela ascensão das primeiras cidades-estados gregas no século
IX a.C., pela literatura épica de Homero e pelos primeiros registros escritos a
utilizarem o alfabeto
grego, no século VIII a.C..
A arqueologia mostra que houve um colapso da civilização
que habitava o mundo Mediterrâneo ocidental durante esse período. Os grandes
palácios e cidades dos micênicos foram destruídos ou abandonados. A
civilização hitita entrou em colapso. Cidades inteiras foram destruídas, desde Troia até Gaza. A língua
grega deixou de ser
escrita. A arte cerâmica do período homérico grega consistia em desenhos
geométricos simplistas, a decoração figurativa da produção micênica anterior
sendo inexistente. Os gregos do período homérico viviam em habitações menores e
mais esparsas, o que sugere a fome, escassez de alimentos e uma queda
populacional. Não foram encontrados em sítios arqueológicos nenhum artigo
importado, mostrando que o comércio internacional era mínimo. O contato entre
poderes do mundo exterior também foi perdido durante essa época, resultando num
progresso cultural vagaroso, bem como uma atrofia em qualquer tipo de
crescimento.
Os reis desse
período mantiveram sua forma de governo até que foram substituídos por uma
aristocracia. Mais tarde, nalgumas áreas, essa aristocracia foi substituída por
um setor aristocrático dentro de si próprio - a elite da elite. As técnicas
militares de guerra tiveram seu foco mudado da cavalaria para a infantaria, e devido ao barato custo de produção e de
sua disponibilização local, o ferro substituiu o bronze como metal, sendo usado
na manufatura de ferramentas e armas. Lentamente a igualdade cresceu entre os
diferentes estratos sociais, resultando na usurpação de vários reis e na
ascensão da família (γένος , genos).
As famílias
(γένοι, génoi) começaram a reconstruir seu passado, na tentativa de
traçar suas linhagens a heróis da Guerra
de Troia, e ainda mais
além - principalmente a Hércules. Enquanto a maior parte daquelas histórias
eram apenas lendas, algumas foram separadas por poetas da escola de Hesíodo. Alguns desses "contadores de
histórias", como eram chamados, incluíam Hecateu de Mileto e Acusilau de Argos, mas a maioria desses poemas foram perdidos.
Acredita-se que os
poemas épicos de Homero contêm um certo montante de tradição preservada
oralmente durante o período da período homérico. A validade histórica dos
escritos de Homero têm sido disputada vigorosamente (cf. a "questão
homérica"). Ao fim
desse período de estagnação (uma das principais características da período
homérico) a civilização grega foi engolida por um renascença que espalhou-se
pelo mundo grego chegando até ao Mar
Negro e à Espanha.
O SURGIMENTO DE UM NOVO SISTEMA DE ESCRITA
O uso do sistema
silábico dos minoicos, as tão chamadas escritas lineares, caíram em
nítido desuso uma vez que o novo sistema alfabético de escrita semítico, criado pelos fenícios mas tomado e, depois, modificado - pelos
gregos começou a ser empregado - para grafar não só a língua grega, mas também
outras línguas no mediterrâneo ocidental da época. Antes desse turbulento
período, os micênicos escreviam sua língua utilizando o Linear
B, mas após o
período homérico, quando a história começava novamente a ser registrada,
encontramos este
novo alfabeto, o habitual alfa-beta-gama.
Também os etruscos mais antigos provavelmente se beneficiaram
com a nova forma de escrita. Uma vez que esse povo alcançou a Itália ocidental nos séculos posteriores a 1.200
a.C., esse mesmo sistema de escrita espalhou-se rapidamente pela Itália -
servindo de grande valia ao latim - e chegando a ser adotado pelas tribos
germânicas nortistas na forma de runas. Os lêmnios, de posse dum idioma falado na ilha
egeia de Lemnos,
similar à língua
etrusca, usavam um
alfabeto idêntico aos dos etruscos numa inscrição chamada Estela
de Lemnos. As escritas
lineares anteriores, contudo, não foram abandonadas inteiramente, uma vez que
algumas inscrições pertencentes a séculos posteriores foram encontradas
mostrando tais sistemas de escrita, como as inscrições D eteocipriotas.
CONFLITOS NO MEDITERRÂNEO E OS POVOS DO MAR
É por volta dessa
época que revoltas em larga escala tomaram lugar, além de tentativas de
usurpação dos reinos existentes por parte de povos vizinhos vítimas da praga,
inanição e penúria. O reino hitita tombou devido à invasão dos chamados
"povos do mar", um conjunto de populações originárias das áreas circunvizinhas
em volta do Mediterrâneo. Um outro conjunto de povos tentou tomar o Egito duas vezes: uma durante o reino de Merneptá, e novamente durante o reino de Ramsés III. As defesas egípcias, contudo, ao contrário
das hititas, tiveram sucesso em ambas as vezes devido ao Egito estar bem melhor
protegido pela distancia e geografia que a Anatólia(excessivamente próxima da
terra de origem dos povos do mar).
Embora a civilização cretense tenha ficado conhecida em parte por meio
de relatos míticos, como a lenda do Minotauro, disseminados posteriormente ao
período pré-homérico, a arqueologia revelou características de uma cultura
primordial extremamente original e sedutora, onde a mulher possuía um papel
importante e que muito provavelmente rejeitava a escravidão. Já a civilização
civilização micênica ou ‘aquéia’, era formada pelos aqueus, povo do norte da
Península Balcânica, e tinha seu centro na cidade de Micenas, situada na região
da Argólida, região beneficiada por planícies férteis e por suas relações
marítimas com Creta e as demais ilhas do Egeu. Os aqueus ficaram mais caracterizados
pela belicosidade e pela austeridade de uma vida cotidiana mais dura em
contraste com o refinamento artístico dos cretenses e seu apego ao bem viver. Nesse período, os grandes centros urbanos e a
intensa atividade comercial antes observada deram lugar ao predomínio das
atividades agrícolas. Fugindo da dominação dórica e criando novas áreas de
ocupação delimitamos o advento da Primeira Diáspora Grega, que encerra o
período homérico. A partir de então, a população grega organizou-se por meio
das comunidades coletivas atreladas ao trabalho agrícola.
CONCLUSÃO
O período pré-homérico, ou Idade do Bronze, ficou marcado pela superação
da civilização cretense pela civilização micênica. O declínio de Creta e o
progesso de Micenas se acentuou com a invasão de ordas de aqueus que saquearam
a ilha, colocando fim a civilização cretense, embora os aqueus acabassem
usurpando da herança cultural dos cretenses, sofrendo grande influência no
âmbito artístico e religioso da civilização que haviam subjugado. Posteriormente,
por volta do século XII a.C, dórios, um povo guerreiro oriundo do norte da
Grécia, promoveu invasões que impuseram termo também à civilização micênica,
compelindo aqueus, eólios e jônios a se deslocarem da Grécia Continental para
as ilhas do Mar Egeu e litoral da Ásia Menor num processo conhecido como
primeira diáspora grega. Para um compreensão geral do período pré-homérico, é
interessante observar a existência dessa dupla civilização formada por
cretenses e micênicos, suas diferenças e características no plano social,
político, econômico e cultural. Deve-se analisar o declínio de uma e o
progresso de outra, e o ocaso de ambas através das invasões dóricas que
promovem a primeira diáspora grega.
BIBLIOGRAFIA
·
Snodgrass, Anthony M. (c2000). The
dark age of Greece: an archaeological survey of the eleventh to the eighth
centuries BC, New York: Routledge.