autoestima
INTRODUÇÃO
A auto-estima é o julgamento, a apreciação que cada
um faz de si mesmo, sua capacidade de gostar de si. O caminho mais viável para
uma auto-avaliação positiva é o autoconhecimento. Conhecer seu próprio eu é
fundamental, pois implica ter ciência de seus aspectos positivos e negativos, e
valorizar as virtudes encontradas. Este diálogo interior requer um voltar-se
para si mesmo, a determinação de empreender essa jornada rumo à essência do
ser, deixando um pouco de lado o domínio do ego.
AUTO-ESTIMA
A auto-estima é um sentimento; que a criança
não nasce com auto-estima, mas que tal sentimento pode ser desenvolvido durante
a vida da pessoa; que, como qualquer outro sentimento, ela é o produto de
contingências de reforçamento, contingências essas que os pais podem apresentar
para a criança, desde que devidamente orientados sobre como fazê-lo.
Que contingências produzem, então,
auto-estima? A auto-estima é o produto de contingências de reforçamento
positivo de origem social. Assim, sempre que uma criança se comporta de uma
maneira específica, e os pais a consequenciam com alguma forma de atenção,
carinho, afago físico, sorriso (cada uma dessas manifestações por parte dos
pais pode ser chamada de reforço social generalizado positivo ou consequência
positiva), estão usando contingências de reforçamento positivo, estão
gratificando o filho.
Por outro lado, toda vez que uma criança se
comporta e os pais a repreendem, a criticam, se afastam dela, não a tocam, nem
conversam com ela (cada uma dessas manifestações por parte dos pais pode ser
chamada de estímulo aversivo ou consequência negativa), estão usando
contingências coercitivas ou punindo o filho. A primeira condição aumenta a
auto-estima, a segunda a diminui. O uso de contingências reforçadoras positivas
apresenta várias vantagens:
1. Fortalece os comportamentos adequados do
filho que são consequenciados dessa forma;
2.
Produz maior variabilidade comportamental, pode-se dizer que a criança fica
mais criativa;
3. Desenvolve comportamentos de tomar iniciativa;
4. Produz sentimentos bons, tais como
satisfação, bem-estar, alegria, auto-estima etc..
O fundamental para o desenvolvimento da
auto-estima é o reconhecimento que os pais expressam ao filho pelos seus
comportamentos. Assim, é importante salientar o você na frase que explicita o
elogio e não apenas o comportamento: “Você me deixou feliz com seu boletim” é
muito melhor que “As notas do seu boletim me deixaram feliz” etc.. Note que em
todas as frases há um elogio, uma forma de reforçamento positivo social; no
entanto, algumas frases destacam a pessoa que emitiu o comportamento. É esse
tipo de comunicação que melhor desenvolve a auto-estima, uma vez que dá
destaque à pessoa e não ao comportamento.
O reconhecimento do outro não desenvolve,
como se poderia imaginar, dependência na pessoa que foi elogiada. Pelo
contrário, sentindo-se amada pelo outro, ela aprenderá a amar a si mesma, e, a
partir deste processo de vivência comportamental, vai se diferenciando das
outras pessoas e se tornando independente: ela se ama, aprende que é bom ser
amada pelo outro, mas não precisa ser amada por ninguém em particular (pois se
precisasse, então, existiria a dependência).
A pessoa com boa auto-estima aprende a
exercitar o auto-reconhecimento: discrimina que é capaz de emitir
comportamentos e que é capaz de produzir consequências reforçadoras para ela
(por exemplo, pensamentos que explicitam auto-reconhecimento poderiam ser: “Eu
sabia que ia dar certo: planejei com cuidado todos os detalhes da festa. Foi um
sucesso, super divertida.”; “Tenho treinado com afinco para a maratona. Meu
tempo na prova foi um prémio merecido pelo meu esforço.”). Ela é livre do outro
para produzir o que é bom para ela (embora possa ter com o outro o que for bom
para ambos, mas sem dependência). Ela promove para si mesma o que é bom para
ela, simplesmente porque se ama.
Os pais não deveriam, no entanto, esperar
pela ocorrência dos comportamentos desejáveis, mas participar directa e
activamente do processo de modelagem e instalação de tais repertórios
comportamentais. Assim, é essencial que as consequências reforçadoras sejam
dadas também sem que os pais prestem atenção às contingências. Na prática, isso
significa que qualquer comportamento pode ser conseqüenciado, excepto aqueles
muito inadequados, que oferecem perigo para a criança ou para pessoas que a
cercam.
As vertentes da auto-estima
A
auto-estima se forma ao longo da infância, com base na educação e no tratamento
recebido dos familiares, amigos e professores. É muito importante o ambiente, o
contexto em que a criança cresce, pois este meio pode edificar ou destruir a
confiança do infante em si mesmo. Se os pais tornam a criança um ser
dependente, ela pode se tornar imbuída de falsas crenças, o que contribui para
sua baixa auto-estima. Segundo a psicologia, a auto-estima pode abranger o que
se chama de crenças auto-significantes – “Eu sou inteligente/ignorante” -,
emoções auto-significantes agregadas – segurança/insegurança – e traços de
comportamento. Ela pode ser um aspecto definitivo da personalidade ou um estado
emocional passageiro.
Se a
criança tem uma capacidade inata para o aprendizado e é produtiva na escola,
isto contribui automaticamente para sua auto-estima. Nessa relação com a esfera
educativa, incluindo o relacionamento com os colegas, vê-se este sentimento se
desenvolver bem cedo. Neste momento a criança é facilmente influenciada e
moldada pelos que a cercam, especialmente os pais, que são para ela o modelo de
comportamento, a imagem em que ela se reflecte. Assim se formam os elos de amor
ou de ódio, que reflectirão imediatamente na formação da sua auto-estima. Se os
filhos crescem em um ambiente depreciativo, em meio a zombarias e ironias, sua
auto-imagem será naturalmente inferior. Esse mesmo padrão pode se repetir na
escola e com o círculo de amigos, o que reforçará este sentimento.
Há
caminhos que se pode seguir para elevar a auto-estima. Um deles, talvez o mais
importante, já foi citado, o autoconhecimento. Também é necessário cuidar da
aparência física, para que se tenha prazer de olhar no espelho, saber valorizar
nossas qualidades, deixando de super estimar os defeitos, aprender com as
vivências experimentadas ao longo da vida, saber desenvolver por si mesmo amor
e carinho, ouvir a intuição e acreditar que se tem o merecimento de ser feliz,
de ser amado, bem como desfrutar os prazeres mais simples da vida, mas que
efectivamente nos fazem felizes. Assim o indivíduo receberá mais tranquilamente
os elogios e afectos, e aprenderá a retribuí-los, diminuirá sua ansiedade, terá
mais coerência em seus sentimentos, que estarão sintonizados com seu discurso,
não terá tanta necessidade de receber a aprovação alheia, será mais flexível,
sua autoconfiança crescerá, bem como seu amor-próprio, sua produtividade
profissional será incrementada e, acima de tudo, ele sentirá uma intensa paz
interior.
A AUTO-ESTIMA RESUMIDAMENTE
1. Auto-estima é um sentimento aprendido e
desenvolvido durante a vida da pessoa;
2. Auto-estima é produzida por uma história
de reforçamento positivo social, em que a pessoa tem seus comportamentos
reforçados pelo outro;
3. Auto-estima decorre de relações
inter-pessoais em que a pessoa, e não apenas seus comportamentos, é reconhecida
pelo outro como reforçadora;
4. Auto-estima passa a ser mantida e
desenvolvida pela própria pessoa, à medida que ela aprende com o outro o
auto-reconhecimento e a observar seus comportamentos e as consequências
reforçadoras positivas que eles produzem;
5. Auto-estima só se desenvolve a partir da
inserção da pessoa num contexto social e esse desenvolvimento é proporcional à
capacidade do meio social (dos pais, família etc.) de prover reforçadores
positivos para seus membros (filhos, por ex.);
6. Auto-estima se desenvolve quando os pais
têm como prioridade o filho e não os comportamentos do filho; assim sendo,
reforçam comportamentos que lhe são reforçadores, mas também comportamentos dos
filhos, que, mesmo não produzindo reforçadores para os pais, são importantes
para os filhos;
7. Auto-estima se desenvolve quando os pais
reforçam os comportamentos do filho sem atentar para as contingências;
8. Auto-estima se desenvolve, exclusivamente,
a partir de contingências sociais reforçadoras positivas amenas. Punições,
contingências coercitivas em geral ou contingências muito intensas não
contribuem para desenvolver auto-estima;
CONCLUSÃO
Concluindo diz-se que a auto-estima está
associada à possibilidade da pessoa de sentir-se livre, de sentir-se amada, de
tomar iniciativas e de apresentar criatividade (variabilidade comportamental
que produz reforços positivos). Essa possibilidade é criada pelas contingências
positivas e amenas fornecidas pelos pais.
BIBLIOGRAFIA
HÉLIO JOSÉ GUILHARDI: Auto-estima,
autoconfiança e responsabilidade. 2009
ÍNDICE