TIPOS DE TRABALHOS CIENTÍFICO

INTRODUÇÃO
O trabalho científico consiste de informação científica organizada segundo padrões específicos, com o objectivo de facilitar a sua compreensão. Podemos comparar um trabalho científico a uma história, em que devem coexistir 3 partes harmónicas, princípio, meio e fim. O principal objectivo de um trabalho científico é comunicar uma observação ou uma ideia a um grupo de indivíduos potencialmente interessados. Esses indivíduos podem então fazer uso da observação, ou fazer avançar a ideia mediante as suas próprias observações.  Deve existir também, uma nítida ligação entre essas três partes.




O PRÉ REQUISITO LÓGICO DO TRABALHO CIENTIFICO
O trabalho científico em geral, do ponto de vista lógico, é um discurso completo. Tal discurso, em suas grandes linhas, pode ser narrativo, descritivo ou dissertativo. No sentido em que é tratado neste texto, o trabalho científico assume a forma dissertativa, pois seu objectivo é demonstrar, mediante argumentos, uma tese, que é uma solução proposta para um problema, relativo a determinado tema. 
 A demonstração baseia-se num processo de reflexão por argumentação, ou seja, baseia-se na articulação de  ideias e fatos, portadores de razões que comprovem aquilo que se quer demonstrar. Essa articulação é conseguida mediante  a apresentação de argumentos. Esses argumentos fundam-se nas conclusões dos raciocínios e nas conclusões dos processos de levantamento e caracterização dos fatos. 
 O raciocínio é um processo de pensamento pelo qua conhecimentos: são logicamente encadeados de maneira a produzirem novos; conhecimentos. Tal processo lógico pode ser dedutivo ou indutivo Dedução e indução são, pois, processos lógicos de raciocínio. 
 O levantamento e a caracterização de fatos são realizados mediante o processo de pesquisa, sobretudo da pesquisa experimental, de acordo com técnica específica.
A demonstração
 Uma monografia científica deve, pois, assumir a forma-lógica de demonstração de uma tese proposta hipoteticamente para solucionar um problema. 
 O problema é formulado sob a forma de uma enunciação de determinado tema, proposta de maneira interrogativa, pressupondo, portanto, pelo menos uma alternativa como resposta: é assim ou de outra maneira?; ou seja, pressupõe sempre a ruptura de harmonia existente numa afirmação assertiva. O problema, como já se viu, levanta uma dúvida, coloca um obstáculo que precisa ser superado; opta-se, então, por uma das alternativas, na busca  de uma evidência que está faltando.

Para se colocar o problema, é preciso que seja formulado de maneira clara em seus termos, definida e delimitada. E preciso esclarecer os termos, definindo-os devidamente. Daí a importância da definição. Os limites da problematização devem ser determinados, pois não se pode tratar de tudo ao mesmo tempo e sob os mais diversos aspectos.  
A demonstração da tese é realizada mediante uma sequência de argumentos, cada um provando uma etapa do discurso. A demonstração, de modo geral, utiliza-se mais do processo dedutivo. 
 Na demonstração de uma tese, pode-se proceder de maneira directa, quando se argumenta no sentido de provar que uma proposta de solução é verdadeira, sendo as demais falsas. E isto por decorrência das premissas. Nesse caso, trata-se de  encontrar as premissas verdadeiras, objectivamente verdadeiras, e depois aplicar-lhes os procedimentos lógicos do raciocínio. 
 A demonstração, porém, pode proceder de maneira indirecta quando se demonstra ser falsa a alternativa que se opõe contraditoriamente à tese proposta. Assim acontece quando se demonstra que da falsidade de uma tese decorrem consequências falsas; sendo o consequente falso, o antecedente também é falso.
Também se demonstra a falsidade de um enunciado quando se mostra que ele se opõe directamente ao princípio de não-contradição ou a outro princípio evidente. E o caso da redução ao absurdo. 
Note-se que os termos dissertação, demonstração, argumentação e raciocínio são tornados, muitas vezes, como sinónimos. Neste caso, torna-se a parte pelo todo, considerando-se de maneira generalizada um processo parcial desenvolvido durante o discurso.
E, pois, lícito dizer que o discurso é, na realidade, um raciocínio ou ainda uma argumentação. 

Dissertação é a forma geral do discurso e quer dizer que o discurso está pretendendo demonstrar uma tese mediante argumentos; demonstração é, pois, o conjunto sequenciado de operações lógicas que de conclusão em conclusão chega a uma conclusão final procurada; argumentação é entendida como urna operação, uma actividade executada durante a demonstração pelo uso dos argumentos; já raciocínio é um processo lógico de conhecimento, operação mental específica que pode servir inclusive de argumento para a demonstração.
A argumentação, ou seja, a operação com argumentos, apresentados com objectivo de comprovar uma tese, funda-se na evidencia racional e na evidência dos fatos. A evidência racional, por sua vez, justifica-se pelos princípios da lógica. Não se pode buscar fundamentos mais primitivos. A evidência é a certeza manifesta imposta pela força dos modos de actuação da própria razão. Surge veiculada pelos princípios epistemológicos e lógicos do conhecimento humano, tanto por ocasião do desdobramento do raciocínio, como por ocasião da presentificação dos fatos. 
 A apresentação dos fatos é a principal fonte dos argumentos científicos. Daí o papel das estatísticas e do levantamento experimental dos fatos; no campo ou no laboratório, a caracterização dos fatos é etapa imprescindível da  dissertação científica. 
 A argumentação formal que se desenvolve no discurso filosófico ou científico pressupõe devidamente analisadas as suas proposições em todos os elementos, devendo se ter sempre proposições afirmativas bem definidas e devidamente limitadas. De fato, é com as proposições que se formam os argumentos.   
Argumentar consiste, pois, em apresentar uma tese,  caracterizá-la devidamente, apresentar provas ou razões que estão a seu favor e concluir, se for o caso, pela sua validade. Para evitar que fiquem abertas margens para dúvidas, devem ser examinadas eventualmente as razões contrárias, tentando-se refutar a tese e prevenindo-se de objecções. 
 Esse processo é continuamente retomado e repetido no interior do discurso dissertativo que se compõe, com efeito, de etapas de levantamento de fatos, de caracterização de ideias  e de fatos, mediante processos de análise ou de síntese, de apresentação de argumentos lógicos ou tatuais, de configuração de conclusões. 
 O trabalho cientifico, do ponto de vista de seus aspectos lógicos, pode ser representado, esquematicamente, da seguinte forma:
 
Fig. 1 - Tipos de trabalhos científicos
TIPOS DE TRABALHOS CIENTÍFICOS
Artigo
Texto com autoria declarada que apresenta e discute ideias, métodos, técnicas, processos e resultados nas diversas áreas do conhecimento, destinado à divulgação, através de periódicos.
Artigo Científico
Trata de determinado assunto resultante de pesquisa cientifica, destinado à divulgação através de uma publicação cientifica, sujeita à sua aceitação por julgamento.
Artigo científico pode ser entendido como um trabalho completo em si mesmo, mas possui dimensão reduzida. Köche afirma que “o artigo é a apresentação sintética, em forma de relatório escrito, dos resultados de investigações ou estudos realizados a respeito de uma questão”. Trata-se de um meio de actualização de informações e por isso, enquanto fonte de pesquisa, jamais pode ser ignorada por alunos e professores no processo de busca e aquisição de conhecimentos. Existem dois tipos de artigos: o original e o de revisão.
Crítica
Documento no qual é apreciado o mérito de uma obra literária, artística, cientifica, etc.
Dissertação
Documento que representa o resultado de um trabalho experimental, ou exposição de um estudo cientifico recapitulativo, de tema e bem delimitado em sua extensão, com o objectivo de reunir e interpretar informações. Deve evidenciar o conhecimento da literatura existente sobre o assunto e a capacidade de sistematização do candidato. É feito sob a orientação de um pesquisador, visando à obtenção do título de Mestre.
Ensaio
Documento relatando estudo sobre determinado assunto, porém menos aprofundado e/ou menor que um tratado formal e acabado, expondo ideias e opiniões sem base em pesquisa empírica.
Livros e Folhetos
Livros e folhetos são publicações avulsas, formadas por um conjunto sequenciado de folhas impressas e revestidas por capas. O folheto distingue-se do livro pelo número de páginas, deve ter, no mínimo 5 e no máximo 48 páginas.
Monografia
Documento que descreve um estudo minucioso sobre tema relativamente restrito. Frequentemente solicitado como “trabalho de formatura” ou “trabalho de conclusão” em cursos de graduação ou de pós-graduação “latu-senso”.
Conforme Bebber e Martinello, a monografia é “um estudo realizado com profundidade e seguindo métodos científicos de pesquisa e de apresentação de um assunto em todos os seus detalhes, como contributo à ciência respectiva”.
A monografia se define como um trabalho intelectual concentrado sobre um único assunto decorrente de um estudo que é realizado com profundidade e seguindo métodos científicos de pesquisa. Este tipo de trabalho pode assumir dois sentidos: o stritu e o latu.
Paper
Pequeno artigo científico, texto elaborado sobre determinado tema ou resultados de um projecto de pesquisa para comunicações em congressos e reuniões científicas, sujeitos à sua aceitação por julgamento.
O paper é um trabalho científico que tem como objectivo principal analisar um tema/questão/problema, por meio do desenvolvimento de um ponto de vista de quem o escreve. O paper geralmente trata do particular ou da essência do problema.
O paper tem como objectivo principal analisar um tema/questão/problema, por meio do desenvolvimento de um ponto de vista de quem o escreve. O paper geralmente trata do particular ou da essência do problema. Assim, a composição de um paper decorre do estudo e do posicionamento de quem o escreve.
Projecto de Pesquisa
Documento que descreve os planos, fases e procedimentos de um processo de investigação científica a ser realizado
Para Gil, projecto de pesquisa “é o documento explicitador das acções a serem desenvolvidas ao longo do processo de pesquisa”. Trata-se, portanto, do documento que nos permite planejar todas as acções inerentes à pesquisa.
Publicações
Publicações periódicas são editadas em intervalos prefixados, por tempo indeterminado, com a colaboração de diversos autores, sob a responsabilidade de um editor e/ou comissão editorial. Inclui assuntos diversos, segundo um plano definido.
Relatório Técnico-Científico
Documento que relata formalmente os resultados ou progressos obtidos em investigação de pesquisa e desenvolvimento, ou que descreve a situação de uma questão técnica ou científica.
O Relatório técnico-científico é um documento que relata formalmente os resultados ou progressos obtidos numa investigação. Descreve minuciosamente a situação de uma questão técnica ou científica.
Segundo Rauen, o Relatório se define como uma “[...] comunicação por escrito dos resultados de uma pesquisa, no qual se podem identificar: os passos da pesquisa, a revisão bibliográfica, a análise/interpretação dos dados e as conclusões estabelecidas”.
Trata-se de um tipo de trabalho que tem como finalidade descrever as etapas das investigações realizadas directamente na realidade (“in loco”). É capaz de apresentar, sistematicamente, informação suficiente para que se possam traçar conclusões e fazer recomendações à resolução de determinada situação-problema, caracterizando-se pela fidelidade, objectividade e exactidão de relato.
Resenha
É uma comunicação de pequeno porte relatando o resultado da avaliação sobre uma nova publicação (livro ou revista). A Resenha Crítica é uma modalidade de trabalho científico que consiste no desenvolvimento de uma síntese sobre uma obra, no sentido de expressar um juízo de valor acerca do assunto abordado. Corresponde à apreciação crítica de um texto com o objectivo de discussão das ideias nele contidas. Para desenvolver essa avaliação, é necessário que o resenhista recorra ao posicionamento de outros autores da comunidade científica.
Sinopse
Apresentação concisa de um artigo, obra ou documento.
Resumo
O resumo é a apresentação concisa das principais ideias de um texto. Resulta da capacidade analítica e compreensiva que o leitor adquire no momento em que faz sua leitura. Quanto mais se tem domínio e compreensão do texto, maior será a capacidade de síntese e de apresentação de forma breve.
Existem basicamente dois tipos de resumos: o indicativo e o informativo.


Ficha de leitura
A ficha de leitura é um instrumento adequado para se reter as informações resultantes de uma leitura. É o registo em algum suporte físico. Achar que a memória vai dar conta de armazenar tudo, é um grande engano. Na memória, infelizmente, não se pode confiar.
A ficha pode ser realizada com diferentes fins:
a) como instrumento de colecta de dados na realização de uma pesquisa bibliográfica;
b) como trabalho académico em disciplinas de graduação e pós-graduação;
c) como preparação de textos na apresentação oral de trabalhos em sala de aula;
d) como um instrumento auxiliar na leitura e registo das ideias de um texto.




CONCLUSÃO
Mediante os postulados, pode parecer um tanto quanto complicado ao autor elaborar seu artigo, mas o que na verdade ocorre é que, frente a tal incumbência, ele descobrirá pontos relevantes que o permitirão desenvolver habilidades, tais como: a de sintetizar suas ideias frente ao contexto científico, a de seleccionar de forma concisa e ao mesmo tempo precisa as fontes bibliográficas que lhe servirão de apoio, bem como a de avaliar melhor os dados colectados e apresentar os resultados obtidos, entre outros aspectos. A produção pode ser realizada de forma provisória, por meio de um projecto de pesquisa, o qual delimitará as bases que fundamentarão o trabalho a ser realizado. Foi de grande relevância fazer pesquisar este tema que de facto aumentou a minha capacidade de aprendizagem concernente ao que diz respeito a trabalhos científicos.




BIBLIOGRAFIA
ü  LAKATOS, Ena. Metodologia do Trabalho cientifico.5ª ed, São Paulo; editora Atlas: 2003.
ü  ANDRADE, Maria Margarida. Metodologia do Trabalho cientifico 6ª ed. São Paulo :Atlas, 2003.

ü  SEVERINO, Jaquim, Metodologia do Trabalho Cientifico,2ª ed, São Paulo Cortez Editora, 2001.