ACTIVIDADES LÚDICAS A SEREM DESENVOLVIDAS NA COMUNIDADE DA LITERACIA
1. ACTIVIDADES LÚDICAS A SEREM
DESENVOLVIDAS NA COMUNIDADE DA LITERACIA
1.1. O papel do educador
Para se ter dentro de instituições infantis o
desenvolvimento de atividades lúdicas educativas, é de fundamental importância
garantir a formação do professor e condições de atuação. Somente assim será
possível o resgate do espaço de brincar da criança no dia-a-dia da escola ou
creche.
"A esperança de uma criança, ao caminhar para a
escola é encontrar um amigo, um guia, um animador, um líder - alguém muito
consciente e que se preocupe com ela e que a faça pensar, tomar consciência de
si de do mundo e que seja capaz de dar-lhe as mãos para construir com ela uma
nova história e uma sociedade melhor". (ALMEIDA, 2004, p. 195)
No brincar espontâneo podemos registrar as ações
lúdicas a partir da: observação, registro, análise e tratamento. Com isso,
podemos criar para cada ação lúdica um banco de dados sobre o mesmo,
subsidiando de forma mais eficiente e científica os resultados das ações. É
possível também fazer o mapeamento da criança em sua trajetória lúdica durante
sua vivência dentro de um jogo ou de uma brincadeira, buscando dessa forma
entender e compreender melhor suas ações e fazer intervenções e diagnósticos
mais seguros ajudando o indivíduo ou o coletivo. Com isso defini-se, a partir
de uma escolha criteriosa, as ações lúdicas mais adequadas para cada criança
envolvida, respeitando assim o princípio básico de individualidade de cada ser
humano.
Já no brincar dirigido pode-se propor desafios a
partir da escolha de jogos, brinquedos ou brincadeiras determinadas por um
adulto ou responsável. Estes jogos orientados podem ser feitos com propósitos
claros de promover o acesso a aprendizagens de conhecimentos específicos como:
matemáticos, lingüísticos, científicos, históricos, físicos, estéticos,
culturais, naturais, morais etc. E um outro propósito é ajudar no
desenvolvimento cognitivo, afetivo, social, motriz, lingüístico e na construção
da moralidade (nos valores). O educador tem como papel ser um facilitador das
brincadeiras, sendo necessário mesclar momentos onde orienta e dirige o
processo, com outros momentos onde as crianças são responsáveis pelas suas
próprias brincadeiras.
É papel do educador observar e coletar informações
sobre as brincadeiras das crianças para enriquecê-las em futuras oportunidades.
Sempre que possível o educador deve participar das brincadeiras e aproveitar
para questionar com as crianças sobre as mesmas. É importante organizar e
estruturar o espaço de forma a estimular na criança a necessidade de brincar,
também visando facilitar a escolha das brincadeiras. Nos jogos de regras o
professor não precisa estimular os valores competitivos, e sim tentar
desenvolver atitudes cooperativas entre as crianças. Que o mais importante no
brincar é participar das brincadeiras e dos jogos.
A brincadeira permite à criança criar, imaginar e
representar a realidade e as experiências por ela adquiridas. O bom brinquedo
deve ser aquele com a qual a criança interage e que desperta sua imaginação.
Uma boneca de pano, construída, quem sabe, por ela mesma, pode ser mais
interessante do que uma boneca eletrônica, diante da qual ela se torna um mero
espectador.
As atividades lúdicas fazem com que a criança aprenda
com prazer, alegria, sendo relevante ressaltar que a educação lúdica está
distante da concepção única de passatempo e de diversão. É de suma importância
a utilização das brincadeiras e dos jogos no processo pedagógico, pois os conteúdos
podem ser trabalhados por intermédio de atividades lúdicas contribuindo, dessa
forma, para o crescimento global da criança.
Sabemos que a criança brinca porque gosta de brincar
e, quando isso não acontece, alguma coisa pode não estar bem com ela. De modo
geral, a criança traz consigo a inquietude da descoberta, da curiosidade e do
querer aprender as coisas. Jogos e brincadeiras contribuem para o
desenvolvimento motor, emocional e cognitivo da criança. É brincando com o
mundo que ela aprende sobre ele e desenvolve a imaginação, a criatividade e a
atenção. O brincar se torna cada vez mais importante na construção do
conhecimento, oportunizando o prazer enquanto incorpora as informações e
transforma as situações da vida real.
1.2. Tipos da actividade lúdica
Quanto ao tipo de actividades lúdicas existentes, são
muitas, podemos citar:
- Desenhar;
- Brincadeiras;
- Jogos;
- Danças;
- Construir
colectivamente;
- Leituras;
- Softwares
educativos;
- Passeios;
- Dramatizações;
- Cantos;
- Teatro
de fantoches, etc.
As actividades lúdicas podem ser uma brincadeira, um
jogo ou qualquer outra actividade que permita tentar uma situação de interacção.
Porém, mais importante do que o tipo de actividade lúdica é a forma como é
dirigida e como é vivenciada, e o porquê de estar sendo realizada. Toda criança
que participa de actividades lúdicas, adquire novos conhecimentos e desenvolve
habilidades de forma natural e agradável, que gera um forte interesse em
aprender e garante o prazer. Na educação infantil, por meio das actividades
lúdicas a criança brinca, joga e se diverte. Ela também age, sente, pensa,
aprende e se desenvolve. As actividades lúdicas podem ser consideradas, tarefas
do dia-a-dia na educação infantil.
De acordo com Teixeira (1995),
vários são os motivo que induzi os educadores a apelar às actividades lúdicas e
utilizá-las como um recurso pedagógico no processo de ensino-aprendizagem. Segundo Schwartz (2002), a criança é auto-motivada
para qualquer prática, principalmente a lúdica, sendo que tendem a notar a
importância de actividades para o seu desenvolvimento, assim sendo, favorece a
procura pelo retorno e pela manutenção de determinadas actividades.
Huizinga (1996), diz que numa actividade lúdica,
existe algo “em jogo” que transcende as necessidades imediatas da vida e confere
um sentido à acção.
Para Schaefer (1994), as actividades
lúdicas promovem ou restabelecem o bem estar psicológico da criança. No
contexto de desenvolvimento social da criança é parte do repertório infantil e
integra dimensões da interacção humana necessária na análise psicológica
(regras, cadeias comportamentais, simulações ou faz-de-conta aprendizagem
observacional e modelagem).
Toda a actividade lúdica pode ser aplicada em diversas
faixas etárias, mas pode sofrer intervenção em sua metodologia de aplicação, na
organização e no prover de suas estratégias, de acordo com as necessidades
peculiares das faixas etárias. As atividades lúdicas têm capacidade sobre a
criança de gerar desenvolvimento de várias habilidades, proporcionando a
criança divertimento, prazer, convívio profícuo, estímulo intelectivo,
desenvolvimento harmonioso, autocontrole, e auto-realização. O educador deverá
propiciar a exploração da curiosidade infantil, incentivando o desenvolvimento
da criatividade, das diferentes formas de linguagem, do senso crítico e de
progressiva autonomia. Como também ser activo quanto às crianças, criativo
e interessado em ajudá-las a crescerem e serem felizes, fazendo das actividades
lúdicas na educação Infantil excelentes instrumentos facilitadores do
ensino-aprendizagem. As actividades lúdicas, juntamente com a boa pretensão dos
educadores, são caminhos que contribuem para o bem-estar, entretenimento das
crianças, garantindo-lhes uma agradável estadia na creche ou escola.
Certamente, a experiência dos educadores, além de somar-se ao que estou
propondo, irá contribuir para maior alcance de objectivos em seu plano
educativo.
As intuições infantis precisam ser acolhedoras,
atraentes, estimuladoras, acessíveis ás crianças e ainda oferecer condições de
atendimento ás famílias, possibilitando a realização de acções socioeducativas.
As crianças necessitam receber nas
instituições de educação infantil:
- Acções
sistemáticas e continuadas que visam a fornecer informações;
- Realizar
vivências através de actividades lúdicas;
- Aprimorar
conhecimentos.
São vários os benefícios das actividades
lúdicas, entre eles estão:
- Assimilação
de valores;
- Aquisição
de comportamentos;
- Desenvolvimento
de diversas áreas do conhecimento
- Aprimoramento
de habilidades;
- Socialização.
1.3. O papel das actividades lúdicas no processo de desenvolvimento e
aprendizagem
O jogo enquanto ferramenta de aprendizagem vai se
desenvolver de forma positiva, se o educador souber trabalhar adequadamente com
ele. É sabido que muitos vêem este tipo de actividade como actividade de
disputa, onde há perdedores e ganhadores e uma grande parte dos docentes
dissemina este conceito erróneo que se tem desta actividade. Quando se trabalha
o corpo, a ludicidade e o jogo, desenvolvemos diversas potencialidades como a
criatividade, o prazer, a interacção entre as pessoas, a cooperação, entre
outras.
Devido o carácter sócio-histórico de Vygotsky, o qual
aponta a brincadeira como uma actividade dominante na infância, em que através
dela a criança expressa sua imaginação, conhece seu corpo e até mesmo cria suas
próprias regras, verificamos que a brincadeira tem carácter essencial na
formação e no desenvolvimento do indivíduo na sociedade. Todavia,
constantemente nos deparamos com situações onde os jogos são relegados a um
segundo plano.
O desenvolvimento da criança e seu consequente
aprendizado ocorrem quando esta participa activamente: seja discutindo as
regras do jogo, seja propondo soluções para resolvê-los. É de extrema
importância que o professor também participe e que proponha desafios em busca
de uma solução e de uma participação colectiva. O papel do educador neste caso
será de mediador e este não delimitará mais a função de cada e nem como se deve
jogar.
Outro teórico que percebe o jogo como actividade
importante no desenvolvimento da criança, resultando em benefícios morais,
intelectuais e físicos, é FROEBEL. Para este teórico, a falta de liberdade e a
repressão repercutem negativamente, no que diz respeito ao estímulo da actividade
espontânea, característica fundamental para o desenvolvimento.
Ele percebe o jogo como instrumento de ensino, no qual é possível trabalhar as diferentes disciplinas, tais como: Matemática, Ciências e outras. De acordo com Froebel:
“ Brincar é a fase mais importante da infância do desenvolvimento humano neste período-por ser a auto-ativa representação do interno a representação de necessidades e impulsos internos.” (FROEBEL, 1912, pp. 54-55)
Ele percebe o jogo como instrumento de ensino, no qual é possível trabalhar as diferentes disciplinas, tais como: Matemática, Ciências e outras. De acordo com Froebel:
“ Brincar é a fase mais importante da infância do desenvolvimento humano neste período-por ser a auto-ativa representação do interno a representação de necessidades e impulsos internos.” (FROEBEL, 1912, pp. 54-55)
Assim, semelhante ao pensamento de Vygotsky, que vê a
interacção como acção que provoca intervenções no desenvolvimento da criança,
Froebel, também concorda que os jogos interferem positivamente, pois no brincar
a criança expõe sua capacidade representativa, o prazer e a interacção com
outras crianças.
Desta forma, entendo que as actividades lúdicas
cooperativas contribuem e oportunizam as crianças momentos de expressão,
criação e de troca de informação, além de trabalhar a cooperação. Torna-se
necessário também que o educador reavalie seus conceitos a respeito dessas actividades,
principalmente com relação aos jogos, e que neste processo a criança tenha
espaço para expressar sua fala, seu ponto de vista e suas sugestões. O
professor ao propor algum tipo de actividade, deve deixá-lo à vontade, pois
através da troca de experiências com outros colegas, da criatividade e busca de
soluções, ele conseguirá construir seu próprio conhecimento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
-
KISHIMOTO, Tizuko Morchida (org) – O Brincar e suas teorias – São Paulo:
Ed. Pioneira, 2002.
- SANTOS, Carlos António – Jogos e Actividades Lúdicas – Editora Spirit –1998.
- VYGOTSKY, L. A Formação Social da Mente. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 1984.
TEIXEIRA, Carlos E. J. A ludicidade na escola. São Paulo: Loyola, 1995.