Conflito nas organizações


RESUMO
A capacidade de enfrentamento, condução e superação de situações e cenários, onde o conflito faz-se presente é crucial aos gestores de qualquer organização. O conhecimento das causas geradoras de conflitos somado à habilidade de diagnosticar o conflito de forma mais abrangente podem auxiliar os mediadores no gerenciamento de conflitos. No presente trabalho, objectiva-se apresentar em revisão bibliográfica aspectos que caracterizam envolvidos e seus respectivos comportamentos, buscando através de metodologias sugerir medidas e procedimentos para acalmar e superar conflitos em processos empresariais.

Palavras-chaves: Gerenciamento de conflitos, gestão de projectos.
INTRODUÇÃO
O que se vai apresentar neste trabalho é um pouco sobre o conflito nas organizações e antes de tudo devemos entender o que é conflito, que sob a óptica do paradigma psicológico, nada mais é que percepções e interpretações divergentes das partes sobre um determinado assunto. É sempre visto como algo negativo, um rompimento, um fim. Pela nova ordem sistémica, o conflito é um meio, uma oportunidade de reconstrução de realidades e motor gerador de energia criativa. O conflito é natural do ser humano e por isso tão presente no ambiente empresarial, que é composto por pessoas, das mais diversas opiniões e personalidades.




DELIMITAÇÃO
Apesar de que na maior parte das empresas sempre surge conflitos entre colaboradores e não só, neste aspecto, contextualiza-se a forma de como é verificado o conflito laboral no Grupo Pinto Belo.
PROBLEMÁTICA
De maneiras a que se tenha uma explicação conveniente no que se trata sobre o conflito nas organizações especificamente no Grupo Pinto Belo, a questão que se coloca é: Quais são os factores que estão na base dos conflitos no Grupo Pinto Belo?
IMPORTÂNCIA DO ESTUDO
Evidentemente importa-se saber o que causa, quais os parâmetros e como resolver o conflito dentro de uma organização, visto que de maneira profissional, o conflito retira a essência do colaborador dentro de uma organização que pratica esta acção permitindo que haja ruptura de informações ou outro elemento do género na empresa.
OBJECTIVOS
Objectivo gerais
- Descobrir as causas do conflito no Grupo Pinto Belo
- Analisar as consequências que este conflito pode trazer no grupo
Objectivos específicos
- Conhecer as causas do conflito e resolve-los;
- Descrever os motivos que leva os trabalhadores ao conflito;
- Estudar os factores que levam ao conflito.
HIPÓTESES
Um dos factores que está na base dos conflitos dos trabalhadores do Grupo Pinto Belo são:
1-    A falta de deontologia profissional de alguns chefes;
2-    A insatisfação laboral;
3-    A falta de promoção ou mudança de categoria;
4-    A falta de incentivo por parte da chefia.


CAPÍTULO I – REFERENCIAL TEÓRICO
1.1.        Conflitos nas organizações 
Os conflitos existem desde o início da humanidade, o mesmo é fonte de ideias novas, podendo levar a discussões abertas sobre determinados assuntos, o que se revela positivo em algumas das vezes, quando positivo permite a expressão e exploração de diferentes pontos de vista, interesses e valores, ou seja, em certos momentos e em determinados níveis, o conflito pode ser considerado necessário, caso não queira entrar num processo de estagnação. Assim os conflitos não são necessariamente negativos; a maneira como lidamos com eles é que pode gerar algumas reacções.
O conflito é uma situação a que todos nós constantemente estamos sujeitos nas mais variadas e contextos pessoais e profissionais. O conflito, pois, é parte integrante da vida e da actividade social, quer contemporânea, quer antiga. Hoje em dia, ele é reconhecido como um dos processos básicos que devem ser geridos nas organizações. Deste modo, tornou-se um cliché afirmar que o conflito nas organizações é inevitável e frequente, e que serve funções úteis quando gerido apropriadamente.
“Em sentido geral organização é o modo como se organiza um sistema. É a forma escolhida para arranjar, dispor ou classificar objectos, documentos e informações.”
Em Administração a organização tem dois sentidos:
1. Grupo de indivíduos associados com um objectivo comum. Exemplo: empresas, associações, órgãos do governo, ou seja, qualquer entidade pública ou privada. As organizações são compostas de estrutura física, tecnológica e pessoas.
2. Modo como foi estruturado, dividido e sequenciado o trabalho.
Segundo Montana (2003, p. 170) organizar é o processo de reunir recursos físicos e humanos essenciais à consecução dos objectivos de uma empresa.
A estrutura de uma organização é representada através do seu organograma. Segundo Maximiano (1992) uma organização é uma combinação de esforços individuais que tem por finalidade realizar propósitos colectivos. Por meio de uma organização torna-se possível perseguir e alcançar objectivos que seriam inatingíveis para uma pessoa. Uma grande empresa ou uma pequena oficina, um laboratório ou o corpo de bombeiros, um hospital ou uma escola são todos exemplos de organizações.
Uma organização é formada pela soma de pessoas, máquinas e outros equipamentos, recursos financeiros e outros. A organização então é o resultado da combinação de todos estes elementos orientados a um objectivo comum.
Organizar compreende atribuir responsabilidades às pessoas e actividades aos órgãos (unidades administrativas). A forma de organizar estes órgãos chama-se de departamentalização.
Do grego "organon", organização significa instrumento, utensílio. De acordo com o Prof. João Bilhim "a organização é uma entidade social, conscientemente coordenada, gozando de fronteiras delimitadas que funcionam numa base relativamente contínua, tendo em vista a realização de objectivos comuns". Sobrevivência e crescimento (metas e objectivos) é o que a maioria ambiciona. Objectivos que exigem grupos de duas ou mais pessoas, que estabelecem entre eles relações de cooperação, acções formalmente coordenadas e funções diferenciadas, hierarquicamente hierárquica.
Conceito
 O conceito de conflito tem sido alvo de múltiplas definições no seio das Ciências Organizacionais, as quais convergem na forma como o conceptualizam.
De acordo com Ferreira (1996), conflito vem do latim conflictu, e significa embate dos que lutam; discussão acompanhada de injúrias e ameaças; desavença; guerra, combate, colisão, choque; o elemento básico determinante da acção dramática, a qual se desenvolve em função da oposição e luta entre diferentes forças.
Para Chiavenato (1993), Conflito significa a existência de ideias, sentimentos, atitudes ou interesses antagónicos e colidentes que podem se chocar.
Ainda para Chiavenato (2004), conflito ocorre pela diferença de objectivos e interesses pessoais, e é parte inevitável da natureza humana; constitui o lado oposto da cooperação e da colaboração, a palavra conflito está ligada a desacordo, discórdia, etc. Para que haja conflito, além da diferença dos factores citados, deve haver uma interferência deliberada de uma das partes envolvidas, ou seja, quando uma das partes, seja individuo ou grupo, tenta alcançar seus próprios objectivos interligados com alguma outra parte, a qual interfere na sua busca de atingir os objectivos.
Desta forma, conforme Chiavenato (2004, p. 416), “o conflito é muito mais do que um simples acordo ou divergência: constitui uma interferência ativa ou passiva, mas deliberada para impor um bloqueio sobre a tentativa de outra parte de alcançar os seus objectivos”.
Para Wisinski (1994, citado em Beck, 2009), o conflito é um fenómeno normal e natural. É visto como uma dinâmica interpessoal e, quando tratado de maneira correcta, pode ser gerido, muitas vezes resolvido e, provavelmente, terá resultados bastante criativos.
Para Cunha e colaboradores (2007), Os conflitos são situações que se caracterizam por uma escassez de recursos onde se associa um sentimento de hostilidade.
Burbridge e Burbridge (2012) defendem que conflitos são naturais e em muitos casos necessários. São o motor que impulsiona as mudanças. No entanto muitos conflitos são desnecessários e destroem valores, causando prejuízo para as empresas e pessoas que nela trabalham. O principal desafio dos gestores é identificar os conflitos produtivos e contra produtivos e gerenciá-los.
O conflito pode ocorrer no contexto de relacionamentos entre duas ou mais partes, podendo ser entre pessoas, grupos ou organizações, assim como pode ocorrer entre mais de duas partes ao mesmo tempo. Nota-se que maior parte dos autores concordam sobre a inevitabilidade do conflito, pois é da natureza humana, e como as pessoas integram as organizações, estas terão de aprender a lidar com essa realidade.
Breve historial
Se a história for observada, ate há pouco tempo à ausência de conflitos era vista como expressão de bom ambiente, boas relações, e no caso das organizações, como sinal de competência, pois a maioria dos profissionais via o conflito de forma negativa, sendo o resultado de uma acção ou mau comportamento de algumas pessoas, e associavam à agressividade, ao confronto físico e verbal e sentimentos ruins, que eram considerados prejudiciais ao bom relacionamento entre pessoas e ao bom funcionamento das organizações.
A partir do surgimento de inúmeras transformações políticas, culturais e sociais percebidas no decorre deste século, emergiu entre as organizações a necessidade de tornarem-se cada vez mais produtivas e competitivas, visando sua vitalidade num mercado muitas vezes delas restrito. Sabendo desta necessidade, muitos lideres passaram a analisar, avaliar e identificar os problemas enfrentados pela equipe na aceitação e adaptação de mudanças, para então, perceber as dificuldades, e necessidades individuais de cada colaborador e partir para a pratica tentando entusiasmá-los com o quesito mudanças em seus afazeres.
NÍVEIS E ESTÁGIOS DO CONFLITO
Causas dos conflitos dentro das Organizações
Os conflitos surgem por razões tipo competição entre as pessoas, por recursos disponíveis, mas escassos; pela divergência de alvos entre as partes; e pelas tentativas de autonomia ou libertação de uma pessoa em relação a outra, assim como podem ser atendidos como fontes de conflito: direitos não atendidos ou não conquistados; mudanças externas acompanhadas por tensões, ansiedades e medo; luta pelo poder; necessidade de status, desejo de êxito económico; exploração de terceiros (manipulação); necessidades individuais não atendidas; expectativas não atendidas; carências de informação, tempo e tecnologia; escassez de recursos; marcadas diferenças culturais e individuais; divergência e metas; tentativa de autonomia; emoções não expressas/ inadequadas; obrigatoriedade de consenso; meio-ambiente adverso e preconceitos.
No dia-a-dia das organizações e até mesmo de nossas vidas pessoais vivemos o conflito de diferentes maneiras: quantas vezes as pessoas não atravessam nosso caminho, dificultando ou mesmo impedindo o atingimento de nossos objectivos? Assim, o conflito não deve ser visto apenas como impulsionador de agressões, disputas ou ataques físicos, mas como um processo que começa na nossa percepção e termina com a adopção de uma acção adequada e positiva, os conflitos surgem e nosso dever é estar situado quanto às causas dos mesmos normalmente estes se dão, por muitos aspectos, logo abaixo estaremos citando alguns:
- Pela experiência de frustração de uma ou ambas as partes, ou seja, a incapacidade de atingir uma ou mais metas ou realizar os seus desejos, por algum tipo de interferência ou limitação pessoal, técnica ou comportamental.
- Diferenças de personalidades, que são invocadas como explicação para as desavenças tanto no ambiente familiar como no ambiente de trabalho, e reveladas no relacionamento diário através de algumas características indesejáveis na outra parte envolvida;
- Metas diferentes, pois é comum estabelecermos ou recebermos metas a serem atingidas e que podem ser diferentes dos de outras pessoas e de outros departamentos, o que nos leva à geração de tensões em busca de seu alcance;
- Diferenças em termos de informações e percepções, costumeiramente tendemos a obter informações e analisá-las à luz dos nossos conhecimentos e referenciais, sem levar em conta que isto ocorre também com o outro lado com quem temos de conversar ou apresentar nossas ideias, e que este outro lado pode ter uma forma diferente de ver as coisas.
Por muito diferente que seja o sector de actividade em que as empresas actuam, as pessoas que nelas trabalham e todas as outras particularidades inerentes a cada empresa, há uma série de factores comuns que são responsáveis pelo aparecimento de conflitos no seio das equipas de trabalho. A seguir, eis as possíveis causas:
- Acumulação de problemas. As desavenças fazem parte do dia-a-dia e muitas vezes resolvem-se por si próprias, mas quando as pessoas vão deixando acumular situações que as incomodam é provável que um dia venham a "explodir".
- Dependência dos outros. Há pessoas que são muito dependentes dos colegas para conseguirem realizar o seu trabalho. O facto de estarem constantemente a colocar questões, a querer atenção e a procurar aceitação, pode causar irritação por parte "das suas vítimas".
- Insucessos. Após um mau resultado ou algum projecto mal sucedido dentro da equipa, 'é quase inevitável que surja uma troca de acusações, As pessoas tentam apontar responsabilidades a terceiros com vista a isentarem-se das suas próprias culpas, o que raramente traz bons resultados.
- Interesses pessoais. Quando as pessoas põem os seus objectivos pessoais à frente dos objectivos da empresa, é natural que possam surgir muitas diferenças na forma de encarar as situações.
- Falhas de comunicação. Os "mal-entendidos" e as dificuldades de comunicação são dos mais frequentes responsáveis para todo o tipo de conflitos. Da falta de comunicação para o "diz-que-disse", passando pelo boato, todos são potenciais geradores de situações menos pacíficas na esfera laboral.
- Papéis mal definidos. Quando numa empresa não está bem definido quem faz o quê e onde começam e acabam as responsabilidades de cada um, os conflitos acabam por surgir inevitável mente.
- A luta pelo "poder". Causa comum de confrontos no trabalho são as promoções de um colega da equipa ou o aparecimento de algum novo elemento que assuma uma posição destacada, e a "inveja" que rapidamente se alastra por todos os que se mantêm no mesmo lugar.
- Personalidades diferentes. A "eterna" questão de as pessoas serem todas diferentes entre si condiciona a sua forma de estar e as suas escolhas. Há pessoas que não se conseguem mesmo entender. Uma pessoa demasiado detalhista pode ter dificuldades em aceitar o ponto de vista de uma pessoa que prefere olhar para o "cenário geral", por exemplo.
- Recursos restritos. Quando os recursos são limitados e as pessoas são "obrigadas" a lutar pelos mesmos, o potencial para serem gerados conflitos é elevado. Seja dinheiro de um orçamento, material de trabalho, salas de reuniões, automóveis, tempo do chefe, espaço de trabalho até a mais pequena coisa pode servir de pretexto para que surjam disputas.
A EVOLUÇÃO DOS CONFLITOS E SUAS CARACTERÍSTICAS
Nível 1 - Discussão: é o estágio inicial do conflito; caracteriza-se normalmente por ser racional, aberta e objectiva;
Nível 2 - Debate: neste estágio, as pessoas fazem generalizações e buscam demonstrar alguns padrões de comportamento. O grau de objectividade existente no nível 1 começa a diminuir;
Nível 3 - Façanhas: as partes envolvidas no conflito começam a mostrar grande falta de confiança no caminho ou alternativa escolhidos pela outra parte envolvida;
Nível 4 - Imagens fixas: são estabelecidas imagens preconcebidas com relação à outra parte, fruto de experiências anteriores ou de preconceitos que trazemos, fazendo com que as pessoas assumam posições fixas e rígidas;
Nível 5 - Loss of face (ficar com a cara no chão): trata-se da postura de .continuo neste conflito custe o que custar e lutarei até o fim., o que acaba por gerar dificuldades para que uma das partes envolvidas se retire;
Nível 6 - Estratégias: neste nível começam a surgir ameaças e as punições ficam mais evidentes. O processo de comunicação, uma das peças fundamentais para a solução de conflitos, fica cada vez mais restrito;
Nível 7 - Falta de humanidade: no nível anterior evidenciam-se as ameaças e punições. Neste, aparecem com muita frequência os primeiros comportamentos destrutivos e as pessoas passam a se sentir cada vez mais desprovidas de sentimentos;
Nível 8 - Ataque de nervos: nesta fase, a necessidade de se auto preservar e se proteger passam a ser a única preocupação. A principal motivação é a preparação para atacar e ser atacado;
Nível 9 - Ataques generalizados: neste nível chega-se às vias de fato e não há alternativa a não ser a retirada de um dos dois lados envolvidos ou a derrota de um deles.
Tipos de conflitos
Um conflito, como já se viu, frequentemente pode surgir de uma pequena diferença de opiniões, podendo se agravar e atingir um nível de hostilidade que chamamos de conflito destrutivo, para lidar com estes é importante conhecê-los, saber qual é sua amplitude e como estamos preparados para trabalhar com eles;
Existem inúmeros tipos de conflitos e sua identificação pode auxiliar a detectar a estratégia mais adequada e talvez possamos a partir destas informações, saber como superá-los ou utilizá-lo como um auxílio de crescimento na organização.
• Conflito latente: não é declarado e não há, mesmo por parte dos elementos envolvidos, uma clara consciência de sua existência. Eventualmente nem precisam ser trabalhados.
• Conflito percebido: os elementos envolvidos percebem, racionalmente, a existência do conflito, embora não haja ainda manifestações abertas do mesmo;
• Conflito sentido: é aquele que já atinge ambas as partes, e em que há emoção e forma consciente;
• Conflito manifesto: trata-se de conflito que já atingiu ambas as partes, já é percebido por terceiros e pode interferir na dinâmica da organização.
•  Substantivo: aquele que se relaciona à substância da tarefa (conflito surgido da forma como as tarefas são executadas na organização);
•  Afectivo: aquele que se relaciona com diversos aspectos que afectam as relações interpessoais (a nossa vivência do dia-a-dia);
•  Pessoal ou interpessoal: aquele que envolve um único indivíduo dentro da organização;
•   Intergrupal: aquele que envolve dois ou mais grupo nas organização;
•   Intragrupal: aquele envolve os membros de um mesmo grupo;
•  lnterorganizacional: aquele que envolve organizações, sejam elas parceiras ou concorrentes.
Os conflitos ainda podem ser tipificados segundo os seus efeitos à produzir na empresa. Desta feita, surgem:
•   Conflitos Construtivos (ou Funcionais): aqueles que carretam benefícios para as pessoas, para o grupos e para a organização.
•    Conflito Afectivo: não tem nada a ver com a empresa.
Conflitos Interpessoais nas Organizações
Os conflitos interpessoais se dão entre duas ou mais pessoas e podem ocorrer por vários motivos: diferenças de idade, sexo, valores, crenças, por falta de recursos materiais, financeiros, e por diferenças de papéis, podemos dividir este tipo de conflitos em dois:
• Hierárquicos: colocam em jogo as relações com a autoridade existente. Ocorre quando a pessoa é responsável por algum grupo, não encontrando apoio junto aos seus subordinados e vice-versa. Neste caso, as dificuldades encontradas no dia-a-dia deixam a maior parte das pessoas envolvidas desamparada quanto à decisão a ser tomada.
• Pessoais: dizem respeito ao indivíduo, à sua maneira de ser, agir, falar e tomar decisões. As “rixas pessoais” fazem com que as pessoas não se entendam e, portanto, não se falem. Em geral esses conflitos surgem a partir de pequenas coisas ou situações nunca abordadas entre os interessados. O resultado é um confronto tácito que reduz em muito a eficiência das relações.
Todos os conflitos podem ser resolvidos, mas nem todos os conflitos irão ser resolvidos". A afirmação paradoxal é de George Kohlrieser, psicólogo especializado em comportamento organizacional. Desta forma, ele quer demonstrar que não há limites para quem está disposto a se esforçar para atingir seus objectivos.
"Nosso cérebro está programado para enxergar o lado negativo das coisas, por uma questão de sobrevivência. Mas podemos treiná-lo para pensar sempre positivamente". Por isso, esteja atento a suas reacções mediante a situações conflituosas. “Se você é perfeccionista, crítico, beirando a ansiedade, por favor, comece já a reformular sua mente. Conflitos são como um peixe embaixo de uma mesa”.
Após algum tempo, começa a cheirar mal", exemplifica. Ou seja, não dá para esconder as dificuldades por muito tempo porque uma hora elas irão emergir. E qual o caminho mais curto para a resolução de problemas? "A solução é trazer o peixe à tona e limpá-lo. Não é para haver confronto com o outro, mas uma conversa sincera sobre a questão". Kohlrieser afirma que, em uma discussão, se você é atacado, não ataque de volta.
"Em vez disso, mantenha a calma e faça uma pergunta. Questione a outra parte sobre o porquê de seu comportamento". Dentro da organização, os conflitos devem ser administrados por um líder que saiba dialogar e que seja uma base segura para os funcionários. "Deve pensar nas pessoas e não só ter foco nos resultados". Confira alguns atributos para a prevenção de conflitos organizacionais entre os membros da equipe (Compromisso com as metas; Diálogos com respeito mútuo, Liderança criativa e Máximo autodomínio). A maior experiencia de Kohlrieser para dissolver conflitos e viver satisfatoriamente é saber renovar-se, pois, para ele, mesmo as pessoas mais idosas podem ter aprendizado contínuo. "Mude sua identidade e aprenda a crescer". O segredo para viver bem, de acordo com ele, é ter prazer em tudo o que se faz. "Mesmo quando a situação não for das melhores, lembre-se: a festa não acabou", festeja.
Consequências do conflito
Podemos identificar em algumas situações, vários aspectos do conflito que podem ser considerados como negativos e aparecem com frequência dentro das organizações.
• Quando desviam a atenção dos reais objectivos, colocando em perspectiva os objectivos dos grupos envolvidos no conflito e mobilizando os recursos e os esforços para a sua solução;
• Quando tornam a vida uma eterna derrota para os grupos de “perdedores habituais”, interferindo na sua percepção e na socialização daqueles que entram na organização;
• Quando favorecem a percepção estereotipada a respeito dos envolvidos, como ocorre frequentemente em organizações. Se por um lado existem os estereótipos genéricos referentes às categorias profissionais, dentro de cada organização, além dos tipos que fazem parte de sua cultura individual, como seus heróis, mitos, tipos ideais, começam a surgirem seus “perdedores”, “ganhadores”, “culpados” e “inimigos”.
No entanto temos potenciais de efeitos benéficos dos conflitos, a saber:
• São bons elementos de socialização, pois oferecem aos novos participantes de um grupo a sensação de envolvimento com alguma causa;
• Ajudam a equilibrar as relações de poder dentro da organização, pois qualquer episódio de conflito pode haver diferente ganhador (independentemente das percepções anteriores);
• Propiciam a formação de alianças com o objectivo de ganhar num conflito específico, mas também de garantir mais poder.
Como resolver os conflitos dentro das Organizações
Para se resolver os conflitos é preciso compatibilizar alguns passos a ser seguido, conhecer e aplicar alguns “saberes” e, também, definir o estilo a ser adoptado.
Os passos a seguir são considerados importantes, para o sucesso da administração de conflitos dentro da organização:
• Criar uma atmosfera afectiva;
• Esclarecer as percepções;
• Focalizar em necessidades individuais e compartilhadas;
• Construir um poder positivo e compartilhado;
• Olhar para o futuro e, em seguida, aprender com o passado;
• Gerar opções de ganhos mútuos;
• Desenvolver passos para a acção a ser efectivada;
• Estabelecer acordos de benefícios mútuos.
Mas para que a administração de conflitos possa ocorrer com sucesso, é necessário que ambas as partes saibam se comunicar, ouvir, e perguntar, pois sem diálogo, não há comunicação nem solução possível para os problemas, a maioria dos erros, omissões, irritações, atrasos e conflitos são causados por uma comunicação inadequada.
O ato de ouvir activamente é de extrema necessidade também, pois metas e intenções não compreendidas levam sempre a uma resolução sem sucesso, saber perguntar é uma outra faceta do ouvir activamente, pois quem pergunta conduz a conversa.
Quanto ao estilo a ser adoptado, é recomendável adoptar um estilo que leve à solução do conflito da forma mais pacífica possível. A que vai definir a resolução dos conflitos está directamente ligada a duas importantes características de comportamento: assertividade e cooperação.
EFEITOS DOS CONFLITOS
Os conflitos podem ter resultados positivos ou negativos, esse resultado depende de diversos factores, desde o motivo do conflito até mesmo a forma como foi tratado.
Chiavenato (2004) destaca alguns efeitos positivos e negativos dos conflitos, conforme a seguir:
Efeitos positivos: o conflito desperta sentimentos e energia no grupo, fazendo com que muitas vezes busquem meios mais eficazes de realizar tarefas e soluções criativas e inovadoras. Também é estimulada a coesão intragrupal, e por vezes é chamada atenção para problemas existentes, que sendo tratados de forma eficaz evitam problemas maiores no futuro.
Efeitos negativos: o conflito pode provocar consequências indesejáveis para o bom funcionamento da organização, como sentimentos de frustação, hostilidade e tensão nas pessoas, que prejudica tanto o desempenho das tarefas como o bem-estar das pessoas. Geralmente é desperdiçada muita energia na resolução de conflitos, o que poderia ser direccionado para o trabalho, e podem surgir comportamentos que prejudiquem a cooperação e relacionamentos entre as pessoas do grupo.
De acordo com Burbridge e Burbridge (2012), os conflitos auxiliam no processo de mudanças necessárias e crescimento das organizações, mas em contrapartida, geram custos que passam despercebidos, mas que influenciam no funcionamento da empresa, como a alta taxa de rotatividade, absenteísmo, motivação reduzida, baixa produtividade, etc.
“O que vai determinar se o conflito é construtivo ou negativo será a motivação das pessoas envolvidas, sendo que, em qualquer organização, é de responsabilidade do gestor ou gerente facilitar a gestão desse conflito.” (McINTYRE, 2007, p. 303).
Evidencia-se que os conflitos interferem sim no funcionamento das organizações, resta então identificar se essa interferência é favorável ou não às actividades, estimulando as situações onde as discordâncias geram novas ideias e soluções diferenciadas, e mitigando aquelas onde as consequências serão restritas aos custos e perdas, tanto na produtividade quanto na qualidade de relacionamento entre as pessoas.
A administração de conflitos exige muita habilidade por parte de quem for tratá-lo, porém nem sempre é ruim, se bem analisado e com o uso das ferramentas correctas ele pode transformar-se em um aliado do crescimento e da mudança.
As pessoas têm personalidades e opiniões diferentes, por isso é comum ter situações divergentes na convivência, tanto em ambientes familiares quanto empresariais. Mas se a razão do conflito for boa e construtiva, um simples choque de opiniões pode trazer uma mudança importante e necessária.
 O que raramente se considera, no entanto, é que o conflito não só é algo inerente e inevitável nas relações humanas, como é um sinal de vitalidade da organização. Dar ao conflito essa dimensão positiva significa considerar a importância e o reconhecimento das diferenças, da diversidade de pensamentos e ideias, da criatividade e da singularidade.
A psicanálise ajuda a dar uma certa positividade ao conflito, ao compreender que o ser humano se constitui na rede das relações que cria, sustenta e compartilha, e na tensão entre os pólos contraditórios do desejo e da realidade, do individual e do colectivo. Esse conflito está posto nas relações interpessoais e de trabalho e faz parte de toda e qualquer relação humana. Nas organizações, portanto, não poderia ser diferente.
Considerando que as empresas são constituídas por pessoas que trabalham, criam, empreendem, produzem e que, nesse sentido, não há como desconsiderar a singularidade de cada uma delas e as repercussões disso no âmbito organizacional, o conflito deve ser considerado a matéria-prima de trabalho de qualquer gestor. A sua análise permanente e a incessante busca de soluções são uma ferramenta de crescimento e desenvolvimento das equipes e das organizações.
Compreendido dessa forma, o conflito é um indicador das contradições presentes em qualquer relação humana e, ao mesmo tempo, a expressão da singularidade dos que compõem o cenário organizacional. Requer da gestão capacidade para fazer negociações entre o individual e o colectivo, de se mobilizar e se antecipar frente às dificuldades e adversidades da organização e do mundo.
Nesse sentido, a gestão de conflitos é um trabalho incessante, que exige dos seus gestores e da equipe uma permanente e incansável atenção às acções e metas, na medida em que o futuro a ser alcançado não está assegurado e depende do desejo e empenho de todos, enquanto projecto colectivo, sem desconsiderar o desejo de cada um. Para tal, todos precisam ser escutados e respeitados.
Lidar com as incertezas e a falta de garantias próprias das relações humanas pode lançar as empresas numa busca incessante por metodologias, procedimentos e instrumentos que as capacitem a evitá-las. No entanto, é o trabalho com a gestão nas empresas, com suas equipes, e a capacidade de lidar com o conflito e de encará-lo que possibilitam o enfrentamento das dificuldades e a construção do futuro desejado. Enquanto houver conflito, há vida, organização, relações de trabalho e pessoas.





CAPÍTULO II – O CONFLITO NA EMPRESA GRUPO PINTO BELO

Resultados esperados
Os tipos de conflitos identificados no Grupo Pinto Belo pesquisados foram os disfuncionais que são os de relacionamentos pessoais, esses tipos de conflitos são considerados prejudiciais porque criam desentendimentos, disputas e desperdício de tempo, tirando o foco das metas da organização.
A maioria dos funcionários sente raiva, tristeza e angústia da pessoa com quem tem conflitos passando assim a evitá-las. Quanto ao trabalho, se sentem desmotivados e isso gera deficiência na comunicação do grupo, devido a um componente do grupo não querer falar com o outro e por consequência o descanso no cumprimento de metas, resultando na desmotivação dos demais e em casos mais extremos a extinção daquele sector ou até mesmo da própria organização.
Outros funcionários acham que o conflito é ruim, natural, péssimo e desnecessário e, apesar disso, conseguem manter tais sentimentos fora do ambiente de trabalho, a maioria afirma que não levam problemas de trabalho para a vida pessoal, apenas uma pequena parcela chora ou não dorme, devido a problemas no ambiente de trabalho. A maioria alega que a posição tomada na tentativa de solucionar o problema é conversar com o oponente e, em segundo lugar o que fazem é procurar o gestor ou o psicólogo na tentativa que ele resolva o problema.
Esse trabalho atingiu o objectivo de identificar quais as formas de conflitos interpessoais tem estado na base dos funcionários da organização Grupo Pinto Belo e quais os reflexos no ambiente de trabalho.
VARIÁVEL INDEPENDENTE
Espera-se que dentre os funcionários do Grupo Pinto Belo haja uma coesão nas suas formas de funcionamento visto que muitas das vezes contribuem de forma negativa não simplesmente para os seus currículos como profissionais, mas também como contribuem no desequilíbrio principalmente em termos de comunicação da Organização. É evidente que estes casos pode acontecer, mas quando se está presente a estas situações o psicólogo em exercício nesta organização deve fazer o seu papel de forma cuidadosa para que tudo ocorra num sentido de bons resultados.
VARIÁVEL DEPENDENTE
Notou-se que a falta de profissionalismo por parte de alguns funcionários do Grupo Pinto Belo tem sido a fonte de conflito naquela organização. Então neste contexto é importante que o dirigente dos determinados funcionários que não apresentam profissionalismo no verdadeiro sentido dentro daquela organização, opte no sentido de criar um espaço de tempo para seminários de capacitação para que os mesmos tenham em consciência que a forma de funcionamento numa determinada organização funciona de acordo aos parâmetros e sigilos profissionais.




CONCLUSÃO
Sejam eles positivos ou negativos, os conflitos podem ser considerados úteis pelo papel que desempenham na vida das pessoas, portanto é possível constatar que nenhuma organização está livre de conflitos, pois praticamente toda a empresa sofre e se beneficia com eles. Os conflitos são responsáveis por sérias ameaças à estabilidade da organização, mas também podem agir de maneira construtiva estimulando o potencial de inovação.
O manejo de situações de conflito é essencial para as pessoas e as organizações como fonte geradora de mudanças, pois das tensões conflitivas, dos diferentes interesses das partes envolvidas é que nascem oportunidades de crescimento mútuo.
A administração moderna deve encarar o conflito como uma força constante dentro da organização e procurar administrá-la para que estes actuem de maneira construtiva através das técnicas da administração de conflitos.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BURBRIDGE, R. Marc; BURBRIDGE, Anna. Gestão de conflitos: desafios do mundo corporativo. São Paulo: Saraiva, 2012.
CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: e o novo papel dos recursos humanos na organização. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004, p. 415-427.
FILHO, Jaime Teixeira. Evolução, Conflitos e perspectivas. 14/02/2000
FRIEDRICH,  Taíse Lemos– Especialista em Gestão de Pessoas e Marketing, Bacharel em Administração. Conflito nas organizações. Disponível em: http://crars.org.br/artigos_interna/gestao-de-conflitos-transformando-conflitos-organizacionais-em-oportunidades-41.html. Acesso aos 10 de Novembro de 2015.
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McINTYRE, Scott Elmes. Como as pessoas gerem o conflito nas organizações: estratégias individuais negociais. Análise Psicológica, Lisboa, v. 25, n. 2, p. 295-305, jun. 2007.
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