Platão (427-347 a.C.)




VIDA E OBRA: Platão foi o primeiro filósofo a construir um corpo de obra substancial e que chegou até nós. Com Aristóteles, foi a mais importante influência da filosofia ocidental.
Nascido numa família ateniense nobre, Platão tinha parentesco com membros do governo aristocrático dos Trinta Tiranos (404-403 a.C.), mas se suas origens não o predispunham contra a democracia ateniense, o julgamento e a execução de seu mestre, Sócrates, em 399, certamente o fizeram. Platão, então com 30 anos, viajou possivelmente ao Egito e mais tarde à Sícilia, onde provavelmente conheceu a filosofia pitagórica. Em 387 retornou a Atenas e fundou a Academia. Baseada no princípio de que os alunos deviam aprender a criticar e a pensar por si mesmos, em vez de aceitar as ideias de seus mestres, esta é considerada a primeira universidade. Muitos dos dos mais brilhantes intelectos do mundo clássico estudaram ali, inclusive Aristóteles. Platão visitou a
Sícilia mais duas vezes para instruir o príncipe Dionísio, na esperança de produzir um soberano-filósofo, mas sem grande sucesso. Sua obras mais importantes são: Apologia; Fédon; República; Leis. Escritos na forma de diálogos.

PRINCIPAIS IDEIAS: Platão observou que afirmações sobre coisas físicas envolvem sempre uma restrição. P. ex., não podemos dizer que um objeto é plenamente belo ou que uma pessoa é completamente corajosa. Eles serão sempre belos ou corajosos sob algum aspecto ou em algum grau, não atingindo o ideal da beleza ou da coragem. Mas se nada no mundo pode ser considerado verdadeiramente belo, como chegarmos ao ideal de beleza? E o que todos os atos de coragem tëm em comum? Platão responde a ambas as perguntas postulando a existência real da "ideia" ou "forma" de beleza, coragem e outros termos gerais. A ideia é o universal a que tais termos se referem. Um carvalho, p. ex., é um membro de uma classe particular de coisas - carvalhos - porque se assemelha a ideia eterna do carvalho. Esta ideia não pode ser observada com os sentidos, ela só pode ser alcançada através de uma espécie de visão intelectual. Esta é, em essência a teoria das ideias, pela qual Platão é mais lembrado.
Conhecimento: Como Heráclito. Platão pensava que as coisas percebidas pelos sentidos estão sempre se tornando outra coisa. Mas o conhecimento, conclui ele, tem que ser daquilo que é plenamente, o que significa, que não podemos ter, de fato, conhecimento do mundo dos sentidos. O conhecimento deve ser o das ideias, isto é, daquilo que não muda, a ideia do carvalho sempre será a ideia do carvalho, ela não perece. Assim, Platão divide a realidade em dois reinos, o mundo físico do vir-a-ser e um mundo do ser constituído por ideias eternas e perfeitas. Cabe ao filósofo atingir esse mundo. Portanto, aprender não é realmente descobrir algo novo, mas recordar, visto que tudo já existe anteriormente no mundo das ideias. Se todo conhecimento é recordação, como afirma Platão, isso mostra que a alma existe antes do nascimento e abre a possibilidade de que ela sobreviva à morte física.
República foi a primeira de muitas tentativas de delinear uma cidade ideal. Platão rejeita a democracia como sistema de governo, alegando que o povo não está qualificado para governar. Seu modelo é um Estado em que o conflito eterno foi abolido e cada cidadão cumpre seu papel. Isso significa instituir um regime rigoroso de treinamento e seleção para produzir um grupo de elite de governantes sábios e incorruptíveis. Estes, os guardiões de seu Estado, merecerão o nome de "filósofos", porque serão genuínos amantes da sabedoria. E eles devem adquirir o conhecimento do bem, para poder governar efetivamente em nome do bem do Estado como um todo.

Bibliografia:
CHAUI, Marilena – Iniciação à Filosofia; Ed. Ática, 2009
LAW, Stephen – Guia Ilustrado Zahar de Filosofia; Ed. Zahar, 2008