métodos de observação
Métodos de observação
O papel da
observação dentro do processo de investigação científica nas ciências humanas
tem sido amplamente estudado. Em psicologia do desenvolvimento, a observação
recebeu especial atenção por parte dos teóricos (Wright, 1960; Weick, 1968
etc.), quanto aos diferentes métodos de registo e análise do comportamento
infantil. Entretanto, a prática sistematizada da observação directa do
comportamento tem encontrado pouco desenvolvimento, principalmente na área do
diagnóstico.
A observação,
como técnica auxiliar no diagnóstico, permite ao educador o delineamento de um
perfil psicológico da criança, através de uma colecta sistematizada de dados,
desde os níveis mais objectivos do comportamento expresso, até níveis mais
subjectivos, que envolvem os aspectos implícitos de um comportamento aparente
(motivos, sentimentos etc.). Sua compreensão auxilia o profissional a tomar
decisões sobre seu paciente.
A complexidade
do comportamento a ser analisado, sua difícil descrição e interpretação, o medo
de fazer inferências, o conhecimento teórico que se supõe necessário ter, além
da sensação de maior "segurança" que os testes oferecem, tornam a
observação uma técnica pouco explorada. Ficou clara para nós, então, a
necessidade de desenvolver uma técnica sistematizada de análise que fornecesse
uma orientação do que observar e como analisar um comportamento complexo (como
a situação de jogo, por exemplo).
Para tanto,
foram elaborados esquemas de análise a partir da observação do jogo espontâneo
de grupos de crianças frente a brinquedos comummente usados, que permitem uma
descrição dos comportamentos infantis em relação a três categorias básicas:
maneira de conhecer o ambiente; reacção afetivo-emocional às situações e o grau
de sociabilidade através das inter-relações com os demais elementos presentes
na situação.
Os esquemas de
análise
Comparando-se os
registros de observação, foram levantados todos os tipos de comportamento que apareceram.
Esses comportamentos foram agrupados e ordenados em termos da função
psicológica a que se referiam. Cada esquema de análise representa a relação
entre um conjunto de comportamentos diversos relacionados com uma determinada
função psicológica. Procuramos analisar os comportamentos das crianças dentro
das três grandes categorias: cognitiva, afetivo-emocional e social. Na
categoria cognitiva, dentro de uma primeira subcategoria de análise,
temos a exploração, pela qual entendemos um reconhecimento visual e/ou
manipulação de objeto(s), com intuito de descobrir sua(s) qualidade(s),
causa(s), efeito(s), limite(s), sem um objetivo explícito de uso imediato
dentro de um contexto maior. A exploração precedeu quase todas as atividades de
jogo, ocorrendo tanto em relação ao material de brinquedo, como ao espaço,
como também o reconhecimento dos limites de aceitação e reação dos
colegas e dos adultos.
Como segunda subcategoria, consideramos a atenção que a criança dispensa para a execução das tarefas. Consideramos o grau de concentração (dispersa ou concentrada) e de fixação (maior ou menor persistência) na execução
de um trabalho.
Como segunda subcategoria, consideramos a atenção que a criança dispensa para a execução das tarefas. Consideramos o grau de concentração (dispersa ou concentrada) e de fixação (maior ou menor persistência) na execução
de um trabalho.
Uma terceira
subcategoria de análise é a percepção: capacidade de destacar a figura,
que é o centro da atenção, dos estímulos que a envolvem (fundo). Consideramos a
percepção detalhada do material de brinquedo e da pró-
pria situação, além da percepção das atividades dos companheiros.
A memória foi uma outra subcategoria destacada, mais especificamente
a memória recente, compreendida como a maior ou menor capacidade de reter
e evocar acontecimentos ou fatos recentes. Uma outra subcategoria de análise é quanto ao tipo de elaboração apresentado, isto é, a maneira de lidar com o material apresentado, quanto ao:
pria situação, além da percepção das atividades dos companheiros.
A memória foi uma outra subcategoria destacada, mais especificamente
a memória recente, compreendida como a maior ou menor capacidade de reter
e evocar acontecimentos ou fatos recentes. Uma outra subcategoria de análise é quanto ao tipo de elaboração apresentado, isto é, a maneira de lidar com o material apresentado, quanto ao:
a} grau de
originalidade (elaborações mais ou menos comuns); b} grau de fantasia (de
conteúdo mais ou menos expressivo); c) uso ou não de símbolos (ao nível
concreto - que usam características reais do objeto - ou a um nível
simbólico - nível de "faz-de-conta", sendo que a criança atribui aos objetos
um significado próprio para aquele momento que pode independer total ou
parcialmente do significado concreto do objeto ou da situação).
Outra subcategoria de análise foi quanto à linguagem. Vários aspectos
da linguagem foram analisados: vocabulário (amplo ou restrito), dicção (boa
ou não), tamanho da sentença, construção gramatical (correta ou não), tipo
de sentença (afirmativa, negativa, interrogativa, exclamativa, condicional) e o
nível de comunicação entre o grupo (verbal e não-verbal).
A última subcategoria cognitiva foi quanto a maior ou menor facilidade
em tomar iniciativa.
simbólico - nível de "faz-de-conta", sendo que a criança atribui aos objetos
um significado próprio para aquele momento que pode independer total ou
parcialmente do significado concreto do objeto ou da situação).
Outra subcategoria de análise foi quanto à linguagem. Vários aspectos
da linguagem foram analisados: vocabulário (amplo ou restrito), dicção (boa
ou não), tamanho da sentença, construção gramatical (correta ou não), tipo
de sentença (afirmativa, negativa, interrogativa, exclamativa, condicional) e o
nível de comunicação entre o grupo (verbal e não-verbal).
A última subcategoria cognitiva foi quanto a maior ou menor facilidade
em tomar iniciativa.
Dentro da
categoria afetivo-emocional, descreve-se a maneira individual
de cada criança expressar qualitativamente o que sente e o tipo de adaptação
que está realizando na situação que vive.
de cada criança expressar qualitativamente o que sente e o tipo de adaptação
que está realizando na situação que vive.
A. Quanto ao
nível de expressividade emocional frente ao contato com outros
companheiros dentro de um grupo:
companheiros dentro de um grupo:
a) independência/dependência
(independente seria aquela criança que age com autonomia, sem necessidade
de aprovação ou apoio; a dependente seria aquela que não tem autonomia, necessita
de aprovação e apoio);
b) retraimento/exibicionismo
(a criança retraída apresenta uma inibição de ação além de um isolamento; a
exibicionista possui necessidade de se sobressair, de confirmar sua autoridade
de grupo);
c) timidez/expansividade
(a criança tímida apresenta receio, acanhamento,
embaraço; a criança expansiva é desembaraçada,. ousada, desenvolta);
d) agressividade: aparece tanto sob. uma forma direta, através de agressões
físicas, como indiretamente, através de uso de símbolos;
embaraço; a criança expansiva é desembaraçada,. ousada, desenvolta);
d) agressividade: aparece tanto sob. uma forma direta, através de agressões
físicas, como indiretamente, através de uso de símbolos;
e) maior ou
menor possessividade (entende-se por possessão a capacidade da criança de
reter e juntar para si o maior número de objetos). B. Quanto à manifestação
de expressões emocionais: encontramos o choro, o riso, a raiva, a
insatisfação (descontentamento) e a impulsividade.
Dentro da categoria
social, analisou-se o grau de maturação social de cada criança, tendo em
vista sua capacidade de se integrar num grupo (definida tanto pela sua
maior ou menor capacidade de estabelecer contato com os outros membros, como
pela expressão da vontade de participar), nível de participação dentro do
grupo e seu comportamento em relação às regras.
Quanto ao tipo
de participação dentro do grupo, foram diferenciados quatro tipos: competição
(que envolve uma participação conjunta das crianças em direção a um
objetivo comum, mas a ser conquistado separadamente); cooperação (envolve
uma participação conjunta das crianças numa tarefa com determinado objetivo, de
tal maneira que o resultado final denota uma soma de esforços individuais); submissão
(implica a aceitação de tarefas ou regras sugeridas pelos colegas sem
contestação nem voto de participação na elaboração das idéias); rebeldia (não-aceitação
sistemática das idéias propostas).
Analisando o
grupo, dois aspectos foram levantados: papéis que aparecem e a estruturação
do grupo. Quanto à caracterização dos papéis, nota-se a existência de papéis
complementares (pai-filho, por exemplo) com a aceitação ou não da
complementariedade pelo colega e a maior ou menor persistência (duração)
no desempenho dos papéis. Analisando a estrutura do grupo, cada elemento pode
ser líder (aquele que centraliza, orienta ou coordena as idéias,
atividades e interesses do grupo), povo (a criança que segue as
determinações do líder), elemento de triangulação (aquela criança que
funciona comocatalisadora entre os outros dois membros do grupo, amenizando a
competição) e o excluído (aquele indivíduo que não participa do grupo,
tanto por vontade própria como por não ser aceito pelos outros).