a ginástica
Ginástica
Pintura
do italiano Giovanni Battista Tiepolo, chamada Polichinelo e
os acrobatas de 1797, época em que a ginástica renascia em
apresentações públicas. A obra encontra-se no Museu Settecento Veneziano.
A ginástica é
um conceito que engloba modalidades competitivas e não competitivas e envolve a
prática de uma série de movimentos exigentes de força,
flexibilidade ecoordenação
motora para fins únicos de aperfeiçoamento físico e
mental.
Desenvolveu-se, efetivamente, a partir dos exercícios
físicos realizados pelos soldados da Grécia Antiga,
incluindo habilidades para montar e desmontar um cavalo e habilidades
semelhantes a executadas em um circo, como fazem os chamados acrobatas. Naquela
época, os ginastas praticavam o exercício nus (gymnos – do grego,
nu), nos chamados gymnasios, patronados pelo deus Apolo. A prática só voltou
a ser retomada - com ênfase desportiva e militar -
no final do século XVIII,
na Europa,
através deJean Jacques
Rousseau, do posterior nascimento da escola alemã de Friedrich
Ludwig Jahn - de movimentos lentos, ritmados, de flexibilidade
e de força - e da escola sueca, de Pehr Henrik Ling, que introduziu a melhoria dos aparelhos na
prática do esporte. Tais avanços geraram a chamada ginástica moderna, agora
subdividida.
Anos mais tarde, a Federação Internacional de Ginástica foi
fundada, para regulamentar, sistematizar e organizar todas as suas ramificações
surgidas posteriormente. Já as práticas não competitivas, popularizaram-se e
difundiram-se pelo mundo de diferentes formas e com diversas finalidades e
praticantes.
Etimologia e
significado
O termo ginástica originou-se do grego gymnádzein, que tem por
tradução aproximada "treinar" e, em sentido literal, significa
"exercitar-se nu", a forma como os gregos praticavam os exercícios.
Seu sentido advém da ideia primeira, que é a prática milenar de exercícios
físicos metódicos, ao contrário da ginástica surgida como modalidade
desportiva.1 2 3 A
denominação ginástica, foi ainda inicialmente utilizada como referência aos
variados tipos de atividade física sistematizados, cujos fins variavam de
atividades para a sobrevivência, como na pré-história, aos jogos, ou à
preparação militar, para o atletismo e
as lutas.4
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A
ginástica é a ciência racional de nossos movimentos, de suas relações com
nossos sentidos, inteligência, sentimentos e costumes, e o completo
desenvolvimento de nossas faculdades. É a ciência do movimento racional,
sujeito a uma disciplina e a um fim prático.
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História:
surgimento e evolução
Na Grécia Antiga, a
ginástica era praticada nas chamadas palestras e nos ginásios, junto a
filósofos e artistas, que esculpiam com perfeição o corpo harmônico dos
atletas. Na imagem, cópia romana em mármore do originalApoxyomenos, em
bronze, deLisipo. O
nome significa "aquele que esfrega", e ilustra o preparo para a
atividade física esfregando óleo sobre o corpo nu
Milenar, a ginástica fez parte da vida do ser humano
pré-histórico enquanto atividade
física, pois detinha um papel importante para sua
sobrevivência, expressada, principalmente, na necessidade vital de atacar e
defender-se. O exercício físico utilitário e sistematizado de forma rudimentar
era transmitido através das gerações e fazia parte dos jogos, rituais e
festividades. Mais tarde, na antiguidade, principalmente no Oriente,
os exercícios físicos apareceram nas várias formas de luta, na natação,
no remo,
no hipismo e
na arte de atirar com o arco, além de figurar nos jogos, nos rituais religiosos
e na preparação militar de maneira geral.
Como prática esportiva, a ginástica teve sua
oficialização e regulamentação tardiamente, se comparada a seu surgimento
enquanto mera condição de prática metódica de exercícios físicos, já
encontrados por volta de 2 600 a.C., nas civilizações da China, da Índia e
do Egito,
onde valorizava-se o equilíbrio, a força, a flexibilidade e a resistência,
utilizando, inclusive de materiais de apoio, como pesos e lanças. Este conceito
começou a desenvolver-se pela prática grega, que o levou através do Helenismo e
do Império
Romano. Foram os gregos os responsáveis pelo surgimento das
primeiras escolas destinadas à preparação de atletas para exibições ginásticas
em público e nos ginásios.1 Seu
estilo nascia da busca pelo corpo são, mente sã e do ideal da beleza humana,
expressado em obras de arte deste período: socialmente, os homens reuniam-se
para apreciar as artes desenvolvidas na época, entre pintura, escultura e
música, discutiam a filosofia, também em desenvolvimento e, para divertirem-se
e cultuarem seus corpos, praticavam ginástica, que, definida por Platão e Aristóteles,
era uma prática que salientava a beleza através dos movimentos corporais.5 Foi
ainda na Grécia Antiga,
que a ginástica adquiriu seu status de educação física, pois
esta desempenhava papel fundamental no sistema educativo grego para o
equilíbrio harmônico entre as aptidões físicas e intelectuais. Já emEsparta,
na mesma época, este conceito servia unicamente ao propósito militar, treinando
as crianças desde os sete anos de idade para o combate. Tal pensamento fez sua
participação nos Jogos diminuir com o passar dos anos. Em Atenas, todavia, só a partir dos
quatorze anos, os rapazes praticavam a educação física: exercitavam-se nas
palestras, que eram locais fechados e, sob os conselhos dos sábios, praticavam
os exercícios. Aprovados, seguiam, ao completarem dezoito anos, para os
ginásios, nos quais, tutelados pelos ginastes, formavam-se inseridos num
ambiente em que se exibiam obras de arte e onde os filósofos reuniam-se para
discutir sobre a união corpo e mente.6Apresentado
à Roma, este conceito esportivo atingiu fins estritamente militares, de prática
nas palestras, para os jovens acima dos quatorze anos, e adquiriu um novo nome,
o de ginástica higiênica, aplicada nas termas, já que os romanos viam o culto
físico como algo satânico e, em nome de Deus e da moral, decretaram o
fim dos Jogos
Olímpicos antigos, nos quais estava inserida a ginástica enquanto
festividade e preparação.3 7 8 No
entanto, parte do povo manteve o culto ao corpo e a educação física como
práticas secretas.6 9
Na Idade Média, a
ginástica perdeu sua importância devido à rejeição do culto ao físico e à
beleza do homem, ressurgindo somente na fase renascentista,
influenciada pela redescoberta dos valores gregos, aparecendo assim nos teatros
de rua, que motivavam os espectadores a praticarem em grupo as atividades
físicas. Estruturalmente, ressurgiu o termo ginástica higiênica, voltada para a
prática do exercício apenas direcionada para a manutenção da saúde do
indivíduo, descrita na obra Arte Ginástica, de Jeronimus Mercurialis. Por
volta do século XVIII,
recuperou-se e desenvolveu-se conceituada em duas linhas, como expressão
corporal e como exercício militar, após a publicação de Émile,
livro do pedagogo Jean-Jacques Rousseau,
que defensor da aprendizagem indutiva, definiu:9
Imagem
datada do ano de 1851 mostra a prática gímnica masculina, ao ar livre e em
grupo, nos primórdios da transformação à modalidade esportiva e posteriormente,
competitiva
Desse momento em diante, inúmeros educadores voltaram-se
para a prática esportiva, na busca de uma melhor elaboração de métodos
especializados e escolas de educação física.1 Entre
os destacados estiveram o espanhol Francisco Amoros,
que desenvolveu um estudo voltado para a resistência física, o alemão Friedrich
Ludwig Jahn, que desenvolveu aparelhos e deu início a
sistematização da ginástica artística,1 o
sueco Pehr Henrik Ling, que
iniciou a separação da ginástica em categorias, como a de fins militares e a
para a formação, e o dinamarquês Niels Bukh, que desenvolveu vestimentas, novas formas de toque
na prática coletiva e envolveu o conceito, assim como Jahn, com a política.
Enquanto Jahn utilizou dos conceitos da ginástica para restaurar o espírito
alemão humilhado por Napoleão e
desenvolver a força física e moral dos homens através da prática desta
atividade para assim reunir seguidores militares contra as tropas do
governantes francês, Bukh cooperou, com seus estudos, para o regime nazista,
enquanto melhorias na preparação dos combatentes.
Com a evolução da educação
física, a ginástica especializou-se, de acordo com as
finalidades com que é praticada ou então em correspondência com os movimentos
que a compõem. Enquanto modalidade esportiva, não parou de se desenvolver.
Dentre as provas esportivas dos Jogos Olímpicos, é
uma das mais antigas. Por isso e por seu desenvolvimento, sua história é
constantemente confundida com a de sua primeira ramificação, a artística, o que
não fere suas individualidades. Fora das escolas e dos ginásios, a
ginástica conquistou espaço por desempenhar função na sociedade
industrial, apresentado-se capaz de corrigir os vícios da
postura acarretados pelos esforços e repetições físicas no ambiente de
trabalho. Tal capacidade mostrava sua vinculação com a medicina e
isso lhe rendeu status entre os adeptos e estudiosos dessas
questões, adquirindo então uma nova ramificação em sua história evolutiva.4 Durante
o século XIX, a
ginástica passou a refletir apenas o significado de prática esportiva moderna,
deixando para trás a preparação militar e a preparação para e junto a outras
atividades, como o atletismo praticado
nos Jogos Olímpicos antigos. Nesta época, surgiram e aprimoraram-se as
escolas inglesa, alemã, sueca e francesa. Exceto a inglesa, destinada
unicamente a elaboração de jogos e a atividade atlética, as demais determinaram
e expandiram os métodos ginásticos, passados através dos movimentos europeus
que resultaram na criação das Lingiadas, festival internacional de
ginástica criado em comemoração aos cem anos da morte de Ling. Estes movimentos
ainda influenciaram-se e universalizaram os conceitos ginásticos,
posteriormente trabalhados dentro de cada modalidade.
Nesse mesmo século, surgiu a entidade que passou a
regrar as práticas do desporto: a Federação Europeia de Ginástica (em francês: Fédération Européenne de Gymnastique),
fundada por Nicolas J. Cupérus e
que contou com a participação de três países - Bélgica, França e Holanda.
Em 1921, a FEG tornou-se a atualmente conhecida FIG (Federação Internacional de Ginástica),
quando os primeiros dezesseis países não europeus foram admitidos na entidade,
sendo os Estados
Unidos, o primeiro. Nos dias atuais, é considerada a
organização internacional mais antiga responsável pela estruturação da
ginástica. Mesmo sem carácter competitivo, a modalidade tem figurado em
cerimônias de abertura de jogos, caracterizando-se como um dos pontos mais
belos destes eventos, nos quais a criatividade, a plasticidade e a expressão
corporal tornam-se presentes na participação sincronizada de um grande número
de ginastas. Na era moderna, a ginástica, inicialmente tida como prática
física, passou a ser dividida e estruturada em cinco campos de atuação, que
desenvolvem-se unidas pelo conceito e separadas nos fins: condicionamento
físico, de competições, fisioterapêuticas, de demonstração e de conscientização
corporal.