A narrativa

INTRODUÇÃO

O presente trabalho insere-se na abordagem essencial da narrativa que por sua vez podemos dizer que é um discurso capaz de evocar, através da sucessão de fatos, um mundo dado como real ou imaginário, situado num tempo e num espaço determinados. Neste contexto é evidente a enunciação dos seus elementos que o coadjuvam para a sua melhor percepção. Sendo assim a pesquisa feita nos levará até ao ponto de percebermos as suas características e outros elementos que constituem a narrativa.

A NARRATIVA

A narrativa literária costuma se apresentar em forma de prosa, mas pode ser também em versos  (epopeia, romanceiros). No século XX, a partir do estruturalismo, surge uma espécie de teoria semiótica da narrativa (ou narratologia) que propõe-se estudar a narratividade em geral (romances,  contos,  filmes,  espectáculos,  mitos,  anedotas,  canções,músicas,  vídeos). Encabeçados por Roland Barthes, estes estudos pretendem encontrar uma "gramática" da narrativa, mais ou menos como Saussure encontrara para a fala. É a partir daí que surgem as fichas de leitura e os estudos sobre o narrador, os actantes, as estratégias narrativas de determinada escola, entre outros.
Roland Barthes, mestre no estudo da narrativa, afinal dos tempos só Deus pode acabar com o mundo.
A narrativa está presente em todos os tempos, em todos os lugares, em todas as sociedades, começa com a própria história da humanidade. (...) é fruto do génio do narrador ou possui em comum com outras narrativas uma estrutura acessível à análise".

Acção

A acção é o conjunto de acontecimentos que acontecem num determinado espaço e tempo.  Aristóteles, em sua Poética, já afirmava que "sem acção não poderia haver tragédia". Sem dificuldade se estende o termo tragédia à narração, e assim a presença de acção é o primeiro elemento essencial ao texto narrativo.

Estrutura da narração

É a palavra que expressa compreensão a acção da narrativa é constituída por três acções: Intriga, Acção principal e Acção secundária.
·         Intriga: Acção considerada como um conjunto de acontecimentos que se sucedem, segundo um princípio de causalidade, com vista a um desenlace. A intriga é uma acção fechada.
·         Acção principal: Integra o conjunto de sequências narrativas que detêm maior importância ou relevo.
·         Acção secundária: A sua importância define-se em relação à principal, de que depende, por vezes; relata acontecimentos de menor relevo.
A narração consiste em arranjar uma sequência de fatos na qual os personagens se movimentam num determinado espaço à medida que o tempo passa. O texto narrativo é baseado na acção que envolve personagens, tempo, espaço e conflito. Seus elementos são: narrador, enredo, personagens, espaço e tempo.

Sequência

A acção é constituída por um número variável de sequências (segmentos narrativos com princípio, meio e fim), que podem aparecer articuladas dos seguintes modos:
·         Encadeamento ou organização por ordem cronológica
·         Encaixe, em que uma acção é introduzida numa outra que estava a ser narrada e que depois se retoma
·         Alternância, em que várias histórias ou sequências vão sendo narradas alternadamente pela forma que foi escrito. Esse eu lírico deve ser mais abrangente de forma que o leitor se familiarize com a leitura.
A acção pode dividir-se em:
·         Situação inicial ― é o momento do texto em que o narrador apresenta as personagens, o cenário, o tempo, etc. Nesse momento ele situa o leitor nos acontecimentos (fatos).
·         Desenvolvimento ― é nesse momento que se inicia o conflito (a oposição entre duas forças ou dois personagens). A paz inicial é quebrada através do conflito para que a acção, através dos fatos, se desenvolva.
·         Clímax ― momento de maior intensidade dramática da narrativa. É nesse momento que o conflito fica insustentável, algo tem de ser feito para que a situação se resolva.
·         Desfecho ― é como os fatos (situação) se resolvem no final da narrativa. Pode ou não apresentar a resolução do conflito.

Tempo

·         Tempo cronológico ou tempo da história - é o tempo em que a acção acontece.
·         Tempo histórico - refere-se à época ou momento histórico em que a ação se desenrola.
·         Tempo psicológico - é um tempo subjectivo, vivido ou sentido pela personagem, que flui em consonância com o seu estado de espírito.
·         Tempo do discurso - resulta do tratamento ou elaboração do tempo da história pelo narrador. Este pode escolher narrar os acontecimentos:
·         Por ordem linear e neste caso poderá falar-se numa isocronia;
·         Com alteração da ordem temporal (anisocronia), recorrendo à analepse (recuo a acontecimentos passados) ou à prolepse (antecipação de acontecimentos futuros); Ex: acontecimento 3-1-5-2 etc.
·         A um ritmo temporal ( medido pela relação entre a duração da história, medida em minutos, horas, dias, ect... e a duração do discurso medida em linha e páginas) igual ou semelhante, estamos de novo perante uma isocronia;
·         A um ritmo temporal diferente (anisocronia), neste caso o narrador pode servir-se elipses (omissão de acontecimentos), pausas (o tempo da história para dar lugar a descrições, por exemplo) e de resumos ou sumários (resumo de acontecimentos pouco relevantes ou preparação para eventos importantes).

Personagens

·         Antagonista: Que actua em sentido oposto; opositor; adversário. Personagem que é contra alguém ou algo.
·         Personagem secundária: assume um papel de menor relevo que o protagonista, sendo ainda importante para o desenrolar da acção.
·         Figurante: tem um papel irrelevante no desenrolar da acção, cabendo-lhe, no entanto, o papel de ilustrar um ambiente ou um espaço social de que é representante.

Composição

·         Personagem modelada, redonda ou esférica: dinâmica, dotada de densidade psicológica, capaz de alterar o seu comportamento e, por conseguinte, de evoluir ao longo da narrativa.
·         Personagem plana ou desenhada: estática, sem evolução, sem grande vida interior; por outras palavras: a personagem plana comporta-se da mesma forma previsível ao longo de toda a narrativa.
·         Personagem tipo: representa um grupo profissional ou social.
·         Personagem colectiva: Representa um grupo de indivíduos que age como se os animasse uma só vontade.

Caracterização

·         Directa
·         Auto caracterização: a própria personagem refere as suas características.
·         Hetero caracterização: a caracterização da personagem é-nos facultada pelo narrador ou por outra personagem.
·         Indirecta: O narrador põe a personagem em acção, cabendo ao leitor, através do seu comportamento e/ou da sua fala, traçar o seu retrato.

Espaço ou ambiente

·         Espaço ou Ambiente físico: é o espaço real, que serve de cenário à acção, onde as personagens se movem.
·         Espaço ou Ambiente social: é constituído pelo ambiente social, representando, por excelência, pelas personagens figurantes.
·         Espaço ou Ambiente psicológico: espaço interior da personagem, abarcando as suas vivências, os seus pensamentos e sentimentos.
O espaço ou ambiente pode ser desde uma praia a um lago congelado. De acordo com espaço ou ambiente é que os fatos da narração se desenrolam.

Narrador

·         Participação
·         Heterodiegético: Não participante.
·         Autodiegético: Participa como personagem principal.
·         Homodiegético: Participa como personagem secundária.
·         Focalização: É a perspectiva adoptada pelo narrador em relação ao universo narrado. Diz respeito ao modo como o narrador vê os factos da história.
·         Focalização omnisciente: colocado numa posição de transcendência, o narrador mostra conhecer toda a história, manipula o tempo, devassa o interior das personagens.
·         Focalização interna: o narrador adopta o ponto de vista de uma ou mais personagens, daí resultando uma diminuição de conhecimento. (e.g.: na saga Harry Potter o narrador adopta o ponto de vista do personagem principal apenas, no caso, o bruxo Harry)
·         Focalização externa: o conhecimento do narrador limita-se ao que é observável do exterior.
·         Focalização neutra: O narrador não expõe seu ponto de vista (este modo não existe na prática, apenas na teoria).
·         Focalização restritiva: A visão dos fatos dá -se através da ótica de algum personagem.
·         Focalização interventiva : O autor faz observações sobre os personagens (típica dos romances modernos - Machado de Assis)

Sucessão e integração

Toda narrativa consiste em um discurso integrando uma sucessão de acontecimento de interesse humano na unidade de uma mesma acção. Onde não há sucessão não há narrativa, mas, por exemplo, descrição, dedução, efusão lírica, etc. Onde não há integração na unidade de uma acção, não há narrativa, mas somente cronologia, enunciação de uma sucessão de fatos não relacionados".



Totalidade de significação

A totalidade de significação é apontada por Greimas como outro elemento fundamental da narrativa. Ainda que aparentemente o leitor não entenda um texto, há de ter nele uma significação para que se configure como história, como narração.

Em prosa e verso

Apesar de aparecer comummente em prosa, a narração pode existir em versos. Os exemplos clássicos são as epopeias, como a Odisseia, ou os romanceiros, como o Romanceiro da Inconfidência. Mas poemas como O Caso do Vestido e Quadrilha, de Carlos Drummond de Andrade, são verdadeiras narrativas em versos, com acção, personagens, sucessão, integração e significação.



CONCLUSÃO

Depois da pesquisa feita, chega-se então a conclusão de que as narrativas são expressas por diversas linguagens: pela palavra (linguagem verbal: oral e escrita), pela imagem (linguagem visual), pela representação (linguagem teatral) etc. Os seus elementos dão a sequência de fatos interligados que ocorrem ao longo de certo tempo e possui elementos básicos na sua composição. Assim a pesquisa feita teve ênfases e melhoramentos na forma da percepção por nossa parte. Neste aspecto a ideia tida pelo Docente é considerada como uma das melhores porque assim o estudante aperfeiçoa mais os seus conhecimentos.



BIBLIOGRAFIA

A narrativa: https://pt.wikipedia.org/wiki/Modo_narrativo. Acessado aos 20 de Agosto de 2015.
GAGNEBIN, J. M. História e Narração em Walter Benjamin. São Paulo: Perspectiva, 1994.



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