gestão de recursos humanos
Universidade Católica Portuguesa
Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais
Gestão
de Recursos Humanos
- apontamentos teóricos -
Recursos Humanos
(Teóricas)
A função de recursos humanos
A função de recursos
humanos é o conjunto de tarefas e responsabilidades em gerir pessoas.
Os recursos humanos
são um recurso, no entanto este recurso apresenta algumas diferenças
relativamente aos outros recursos, que o tornam mais importante.
Características dos recursos humanos:
Os recursos humanos gerem todos os
outros recursos. Ou seja são sempre pessoas que analisam e organizam os
recursos, controlam os seus resultados e avaliam o seu desempenho. Ora se as
pessoas que trabalham na empresa não forem boas, a empresa não terá um bom
desempenho, mesmo com ótimos recursos (não humanos).
São os Recursos humanos que decidem qual a tecnologia ou sistema a adotar.
Se esta decisão for má tomada, a culpa das máquinas serem inadequadas não é da
máquina mas sim de quem estudou e analisou as necessidades da empresa e acabou
por escolher essa tecnologia.
Há diferentes tipos de decisões de Recursos Humanos:
ï Gestores de topo – É importante que o gestor de topo seja muito competente,
pois as suas decisões comprometem todas a empresa. Quem decide deve
ser:
§ Competente
§ Ter
visão
§ Ser
capaz de correr riscos
§ Basear-se em informação correta e realista
ï Gestor intermédio – Também aqui os resultados da empresa dependem da sua
competência. O
Gestor intermédio deverá ser:
§ Líder
§ Motivador
§ Competente
§ Dinâmico
ï
Trabalhadores – A qualidade do pessoal é determinante
sobretudo quando são estes que vão lidar, no dia a dia, com os clientes.
Os recursos humanos reagem ás
decisões tomadas de diferentes formas. As decisões que agradam a um
departamento, podem não agradar a outro departamento, afetando-se no seu
desempenho. Além disso as pessoas podem mesmo agir de forma individualizada.
Por vezes a oposição de uma única pessoa a uma proposta, pode levar à revisão
dessa proposta, dado a importância do oponente na empresa. Assim, é fundamental
pensar na reação que a nossa proposta pode ter, e ponderar se somos capazes de
reagir a essa reação.
Há certas decisões onde se deve ir para a frente sem ouvir os outros, de
forma a não se gerar confusão desnecessária.
Quando se deve adotar uma função de recursos
humanos centralizada ou descentralizada:
Vantagens
da descentralização:
Em vez de se ter diretor de RH que faz esta gestão para a empresa como um
todo, tem-se na administração alguém que atribui esta função aos diretores de
cada uma das áreas.
Dá mais responsabilidade aos diretores operacionais pela gestão do seu
pessoal. Cada diretor decide que formação irá dar, resolve conflitos dentro da
equipa etc.
Rapidez
de decisão
Sensibiliza os responsáveis das áreas operacionais para a gestão do
pessoal.
Desvantagens
da descentralização:
Se a empresa for muito grande e tiver uma estrutura de recursos humanos
fracos (pouca experiência na distribuição de benefícios, gestão de carreiras,
etc.) é difícil responsabilizar cada um dos diretores operacionais. Nesse caso
é mais fácil criar um departamento de RH que crie os instrumentos fundamentais
de RH.
Se não há ninguém com capacidade para gestão de recursos humanos e para sensibilizar
para a sua importância, esta função pode ser desvalorizada.
As empresas de maior dimensão tendem a ter esta função centralizada,
enquanto que as empresas de pequena dimensão tendem a ter esta função
descentralizada.
Em muitos casos, sobretudo em empresas grandes, adota-se o modelo misto,
onde algumas funções são descentralizadas e outras funções são centralizadas:
ï
O recrutamento tende a ser descentralizado
ï
O sistema de avaliação é centralizado pois geralmente é
igual em qualquer país.
ï
O sistema de carreiras é centralizado
ï Quanto aos salários e benefícios, existe uma centralidade definida, mas
permite oscilações em diferentes países. Ou seja há uma
política central mas com flexibilidade.
ï
Parte administrativa de RH (como: processamento de
salários etc.) tende a ser centralizado devido:
§ Rapidez
§ Facilidade
com os sistemas informáticos
Para além destes 3 métodos há também a possibilidade de fazer outsourcing
da parte administrativa de RH que inclui:
ï Processamento
de salários
ï Benefícios
ï Descontos
Tendo
como principal vantagem:
ï
Não se ocupa espaço no escritório
ï
Menos trabalhadores que podem causar conflitos.
Na formação, se ficar descentralizada, quem trata desta é cada um dos
diretores que tem presente este custo no seu orçamento. Quando é centralizada
quem trata de tudo é o departamento de RH.
Quais as grandes áreas que RH cobre:
Obtenção de recursos: recrutar, selecionar, acolher e integrar. Note-se que recrutar é
diferente e selecionar. Enquanto que recrutar consiste em obter candidatos,
selecionar consiste em avaliar os candidatos no sentido de optar por uns em vez
de outros.
Há ainda os candidatos naturaisà Quando abre uma vaga e se quer que seja ocupado por alguém interno na
empresa, e há alguém que devido ao seu desempenho passado mostrou-se apto para
a nova função.
Reter os recursos: Manter os colaboradores dentro da empresa através de incentivos:
ï Benefícios
ï Condições
de trabalho
ï Ambiente
de trabalho
ï Politica de carreiras
Desenvolver os recursos: através de formação
Controlar a utilização dos recursos: quando por exemplo se faz formação,
convém verificar se teve retorno ou não.
Gestão de competências
Grande parte das
empresas atualmente tem um sistema de gestão de competências.
Mas o que
são competências?
Conhecimentos –
Compreende os fenómenos
Experiência
–
Sabe executar
Note-se que as pessoas
com conhecimentos têm mais facilidade em mudar, pois sabem o que está por trás.
Pessoas que apenas tem experiência podem mesmo ser um bloqueador da mudança,
dado que está habituado a comportar-se de uma determinada forma, por vezes sem
compreender porquê, pelo que uma alteração nos seus hábitos é muito difícil de
implementar. No entanto a experiência também é muito importante, pois
resultados rápidos apenas são atingidos por experiência.
Traços pessoais – Características das pessoas como: criatividade,
iniciativa, risco etc.
Características físicas – Nomeadamente aspetos
sensoriais ou motores. Exemplo: coordenação motora, vê bem, ouve
bem etc.
Motivação – A pessoa vem trabalhar para quê? O que a motiva? O
salário, segurança, autonomia e responsabilidade…
Expectativas – O que espera vir a alcançar
Aspirações – O que gostaria de alcançar
É importante saber
gerir as expectativas e aspirações dos colaboradores, de forma a que estas não
fiquem desiludidas e insatisfeitas.
Relações sociais – Que a pessoa conhece. Não só pessoas mas também
empresas. Estas características podem ser muito importantes para a função de
vendedores. Contratar um vendedor, que tenha uma carteira de clientes muito
elevada pode ser muito importante para a empresa.
Atitudes e valores – Se se rege com base em valores
de lealdade, sigilo profissional.
Em suma, quando uma
pessoa entra numa empresa, trás com ela determinadas características
importantes para a empresa. A todas essas características dá-se o nome de
competências.
A empresa
deve definir 3 níveis de competências:
A empresa deve definir que competências quer que toda a empresa tenha. Desde o porteiro ao administrador de topo. A
estas se dá o nome de competências
transversais ou estratégicas.
Deve também definir competências próprias de determinadas áreas funcionais.
Como
da área de marketing, finanças etc.
Por último deve definir as competências próprias de cada função.
Vantagens
de recrutar com base nas competências:
As competências podem ser medidas à É possível construir perfis de competências. Apesar de ser difícil medir
motivações, aspirações e valores, há forma de os medir.
Não há pessoas competentes nem incompetentes. Todas as pessoas têm
competências, o que pode acontecer é as pessoas não terem as competências
necessárias para uma função.
Podemos descrever as pessoas e as funções com base nas competências.
Define-se qual o perfil de competências do gestor na empresa, que consiste nas
características que é necessário que uma pessoa tenha para desempenhar bem essa
função. Depois quando se quiser recrutar alguém para essa função, comparo as
competências das pessoas com as competências definidas pela função, e escolho o
candidato com um perfil mais parecido ao definido.
As competências podem ser desenvolvidas.
Permite montar todo o sistema de RH de acordo com o perfil de competências.
Como as
competências são definidas numa empresa?:
Com base em 3
fontes:
1.
Missão, visão e valores à Pois nestes conceitos já estão implícitos algumas competências. Estas
competências devem ser comuns a todos os colaboradores, logo são transversais.
2.
Estratégia e objetivos à Estes conceitos também incluem competências gerais.
3.
Análise de funções à Esta vai definir as competências para cada função.
Interligação entre a estratégia de RH e de
negócios
A estratégia de RH
deve servir a estratégia de negócios. Caso isto não aconteça a certa altura a
empresa quer implementar uma nova estratégia na empresa e apercebe-se que a sua
correta implementação é bloqueada devido ao perfil dos seus colaboradores.
De facto uma empresa
que não tem pessoal com o perfil necessário para implementar uma determinada
estratégia, vai ser incapaz de seguir essa estratégia, devido a não ter
condições para isso.
Há várias situações
onde isto é visível:
Estratégia de internacionalização:
A estratégia de
internacionalização exige uma boa estratégia de Recursos humanos.
Há vários tipos de
internacionalização:
ï Aquisição
ï Exportação
ï Franchising
ï
Abrir um negócio em outro país
Mas qualquer que seja a estratégia que a empresa siga vai
precisar:
ï Quadros especializados para planearem e implementarem a estratégia. Pelo
que a empresa terá de ter pessoal empreendedor e com visão estratégica
ï Ocupar novos lugares. Mas nem todas as pessoas estão dispostas a seguir uma
carreira internacional devido:
o
Exige motivação para as pessoas se deslocarem
o
Envolve instabilidade, pois os colaboradores não sabem se regressam, quando e em que condições
regressam.
o
Ir para o estrangeiro é um investimento para esses
colaboradores, que esperam no futuro tirar certas vantagens.
o
Pessoas mais velhas não estão tão disponíveis para ir
trabalhar para o estrangeiro, pois já tem uma vida estável e tem mais a perder
em deslocar-se do que pessoas mais novas.
Logo uma empresa tem
de gerir antecipadamente este fenómeno, apostando numa estratégia de Recursos
Humanos que prepare pessoal para a estratégia de internacionalização.
Por exemplo, o
recrutamento deverá procurar pessoas que queiram ter uma experiência
internacional e geralmente pessoas mais novas que não se deparem com tantos
obstáculos para o fazer.
Combater
a desnatação que ocorre na empresa:
Uma empresa que perde
consecutivamente o pessoal essencial à empresa, está a ter uma má estratégia de
Recursos Humanos que se vai refletir mais tarde em futuras estratégias de
negócio más.
De facto quando isto
acontece as pessoas com mais importância na empresa são as primeiras a sair,
ficando na empresa aquelas com menos competências e que portanto não são
escolhidas pela concorrência.
Para evitar isto, o que pode a empresa fazer?
ï
Fazer um survey no mercado sobre o salário praticado nas
outras empresas. Este estudo é muito importante, sobretudo para as funções
chave. Pois temos de ajustar os salários a um nível que torne atrativo ás
pessoas mais importantes na empresa manterem-se lá. Depois de efetuar o survey
a empresa tem de definir em que nível quer estar. Pode por exemplo seguir uma
política do percentil 70%. Esta política consiste em colocar-se numa posição no
mercado onde 30% das empresas no mercado pagam mais do que nós, mas as
restantes 70% pagam menos.
ï
Para além do salário pode-se conceder outras regalias
como computador, carro etc.
ï Carreira
e evolução de carreira
ï
Formação e Desenvolvimento dos colaboradores, que é não
só um investimento para a empresa, mas também para os colaboradores.
Assim uma empresa que sofre
de desnatação tem de procurar identificar o que está mal na sua estratégia de
recursos humanos (remuneração, benefícios etc.) e contrariar esta situação.
Empresas
com estratégia de custos baixos e preços baixos:
Esta estratégia só é
possível de implementar se for acompanhada por uma gestão de RH eficiente:
ï
Estas empresas não fazem formação com impacto de médio e
longo prazo. Toda a formação efetuada é de curto prazo, e geralmente é feita no
próprio local de trabalho por colegas de trabalho.
ï
Não investem muito em recrutamento. Geralmente colocam
uma etiqueta na porta a dizer que precisam de pessoal e assim evitam gastar
dinheiro em anúncios.
ï
Preferem candidatos jovens que não pretendem ficar por lá
durante muito tempo. Permitindo assim reduzir custos pois a empresa evita ter
de conceder benefícios e aumentos periódicos. De facto, a elevada rotação de
pessoal, que caracteriza este tipo de empresas, é uma forma de manter os
salários a valores muito baixos, e assim conseguir manter os custos baixos, o que
é indispensável ao sucesso da estratégia de negócios.
Empresas cuja estratégia se baseia na inovação:
Estas empresas
caracterizam-se por ganhar vantagem competitiva, através da constante produção
de inovações.
Daí que a estratégia
de Recursos Humanos tem de apostar em pessoas criativas, ambiciosas, que se
mantenham na empresa durante longos períodos de tempo.
A estratégia de
Recursos Humanos deverá ser:
ï
Formação de médio e longo prazo
ï
Equipas estáveis onde existe uma reduzida rotatividade
ï
Poucas pessoas no mercado que a substituam
ï
Muito exigente em quem vai contratar
ï Sistema
de carreiras a funcionar
ï
Aposta em formação de atualização, dado que envolvem
funções que estão sempre a mudar.
Assim se a empresa tem
uma estratégia de negócio diferente terá de optar por uma estratégia de
recrutamento diferente. O sucesso do negócio está cada vez mais ligado ás
pessoas: pessoas qualificadas que são geridas de uma forma estratégica.
Politica de RH Vs Estratégia de RH
Estratégia
de RH:
Conjunto de objetivos
de médio e longo prazo que quero atingir com as pessoas de uma empresa. Tem de
ser articulado com a estratégia de negócio. Estes princípios e objetivos devem
ser formulados após a estratégia de negócio.
Politica
de RH:
A politica de RH é
mais especifica que a estratégia e consiste em linhas de ação que indicam aos
decisores como estes devem decidir em determinadas situações de RH. Há
políticas de recrutamento, seleção etc.
Exemplo:
Politicas de
remuneração: são orientações gerais sobre remuneração. Há empresas que seguem a
politica de praticar um salário base igual ao salário mínimo, mas depois
atribuir uma parte variável que expresse o desempenho do colaborador. Isto
ocorre muito em posições comerciais.
Recrutamento, Avaliação e Integração
Recrutar – Conjunto de técnicas cujo objetivo principal é identificar candidatos
disponíveis para o lugar. Nem sempre é fácil fazê-lo pois apesar de sabermos o
que queremos, nem sempre sabemos onde estão. Quer podem estar à procura de
emprego, quer podem estar empregados (e nesse caso é mais difícil).
Selecionar
– Posterior ao recrutamento e envolve a seleção do
candidato de modo a que se avalie os candidatos e se escolha quem é melhor para
a empresa.
Contrato – Passa a todas as fases de seleção e é aceite na empresa.
Acolhimento – Dar a conhecer à pessoa que é selecionada, a empresa e as pessoas com
quem vai trabalhar. Deve-se informar antecipadamente os colegas de trabalho da
sua entrada na empresa, de forma a evitar bisbilhotices.
Integração – Integração é diferente de acolhimento. Enquanto que o acolhimento é
feito após a entrada do novo colaborador e é muito rápido. A integração
consiste em a pessoa ser aceite pela equipa de trabalho e fazer parte do grupo.
Não ficar de fora.
Aculturação – Integração mais profunda que envolve que o colaborador assuma a cultura
da empresa, vista a camisola. Sente-se um elemento da empresa e representa a
sua cultura e valores. É um processo bastante mais longo que a integração.
Recrutamento
Há vários obstáculos
internos ao recrutamento externo.
Pois quando há um
lugar a preencher, a primeira questão que a empresa coloca é como não o preencher. Pois se um lugar está
em aberto e não é preenchido a empresa consegue estar a reduzir custos sem ter
de fazer despedimentos.
Assim a empresa cria
um conjunto de normas internas antes de recorrer à fase de recrutamento, para
ocupar esse lugar.
Estes
procedimentos são:
É possível distribuir as funções da pessoa que saiu, pelas pessoas que
ainda estão na empresa. Este procedimento levanta o problema de sobrecarregar
as pessoas que ficam, o que pode não ser bem aceite, caso não se reflita também
num aumento do salário ou outro benefício.
Restruturar ou reorganizar o trabalho no setor para que determinada função
deixe de fazer sentido.
Socorrer a novas tecnologias como: automatização de algumas áreas.
Outsourcing – Passar algumas funções que até agora eram prestadas por
serviços internas, para externas. Este método tem várias vantagem:
ï
A empresa apenas se foca naquilo que sabe fazer bem, deixando
as outras atividades para empresas especializadas.
ï Transformar
custos fixos em variáveis
ï
Pode-se escolher a empresa que preste um melhor serviço.
Quando se tem trabalhadores efetivos isto não é tão fácil.
Exemplo de outsourcing: assessoria jurídica, publicidade, contabilidade.
Se mesmo assim se chegar à conclusão que esse lugar tem de ser preenchido.
Tenta-se primeiramente preencher o lugar com pessoas de dentro da empresa
(recrutamento interno).
Vantagens do recrutamento interno:
Não aumento o número de pessoas na empresa pois por vezes a função que
precisa de ser ocupada é mais importante para a empresa do que aquela donde se
retirou a outra pessoa.
Se sempre que abre uma vaga, pensamos em primeiro lugar em que essa seja
ocupada por pessoas da empresa, esta atitude tem um impacto motivador, pois é
visto como uma forma de premiar os colaboradores que tem um bom desempenho. Dá
oportunidades de carreira aos seus colaboradores.
No recrutamento interno conhece-se a pessoa que se vai selecionar. Temos
noção de como trabalha, se adotou a cultura da empresa e se se adapta
facilmente a mudanças.
Permite rentabilizar a formação. Pois se não damos oportunidades aos
colaboradores da empresa, mais cedo ou mais tarde os bons vão se embora e levam
com eles tudo aquilo que aprenderam na empresa, e a formação, pondo esta
experiência ao serviço da concorrência.
Promoção dos colaboradores, ao fazê-los passar de lugares mais baixos, para
lugares mais acima.
Inconvenientes do recrutamento interno:
Se se está sempre a recrutar pessoas internamente corre-se o risco de estar
a promover os trabalhadores para o seu nível de incompetência. Isto é estamos a
perder pessoas que são boas em determinadas tarefas e promove-las para funções
a que não se adeqúem.
Falta de pontos de vista diferentes. O recrutamento interno sistemático
gera formas de pensar repetitivas e sem inovação. È preciso, de tempos a
tempos, entrar sangue novo para aumentar o dinamismo e espírito crítico.
As pessoas habituam-se a que quer desempenhem bem ou mal a sua tarefa, mais
cedo ou mais tarde, vão ser promovidos. O recrutamento externo minimiza o
comodismo e incentiva o esforço e o trabalho pois não se tomar como garantido a
promoção.
Mecanismos
de recrutamento:
Os mecanismos de
recrutamento são cada vez mais específicos e cuidadosos. As empresas precisam
de menos pessoas, mas mais qualificadas.
Por vezes procura-se
mesmo pessoas que estão no mercado de trabalho. Como é o caso do Direct Search.
Este mecanismo de
recrutamento consiste em ir buscar candidatos não no contexto das pessoas
desempregadas mas sim ás empresas onde essas pessoas estão a trabalhar
atualmente.
Neste caso o
recrutamento tem de ser mais apurado, pois tem de se convencer pessoas que tem
um emprego a mudarem de emprego.
O Direct Search é
diferente de recrutamento pois é direto, pelo que se tem de saber o perfil que
se procura, identificar uma pessoa que responda a esse perfil e depois ir
buscar essa pessoa. A procura direta quase sempre se serve da entrevista
Seis Ideias-Chave na GRH
1ª Ideia-Chave: “O sucesso
de uma organização depende sobretudo das pessoas”
§
uma boa ou má escolha é a diferença entre um lucro ou um
prejuízo elevado
§
é necessário que os RH sejam competentes, capazes,
inteligentes, etc
§
desafios para o sucesso: 1) aprender, e desaprender mais
e mais rapidamente; 2) trabalhar por objetivos; 3) inovar; 4) fazer qualidade;
5) estar próximo dos clientes
2ª Ideia-Chave: “Gerir as
pessoas é algo que se aprende”
§
exige estudo (não é intuitivo)
§
experiência de trabalho (em anos) não é sinónimo de “eu
sei fazer isto”
§
ter maturidade, ser ético (confiável, justo, coerente),
encontrar equilíbrio, capacidade de negociação, capacidade de ouvir vários
pontos de vista
3ª Ideia-Chave: “A gestão das
pessoas deve estar alinhada com a estratégia da
organização”
§
qualidade como elemento importante de diferenciação
estratégica
§
saber quais os valores da empresa, qual o seu projeto de
futuro para poder selecionar e gerir as pessoas de acordo com esse objetivo
§
formação técnica e a nível social/moral permanente
§
pessoas com espírito inovador (“qualidades favoráveis
para criação de qualidade”)
§
por vezes, maior rotatividade permite um maior controlo
da gestão dos RH (“sangue novo”)
4ª Ideia-Chave: “Só mudamos as organizações quando
mudamos os comportamentos das pessoas”
5ª Ideia-Chave: “A GRH é
uma responsabilidade de todos os colaboradores”
§ gerir bem a relação
chefe-subordinado de forma a aumentar a comunicação e a troca de ideias
6ª
Ideia-Chave: “O grande desafio
atual da GRH é conseguir obter, fixar e desenvolver
pessoas de elevada competência”
§ o que gerimos não
são as pessoas enquanto pessoas, gerimos as suas competências
Capítulo V
Gestão do Desempenho e Coaching
Avaliar = consiste em medir alguma coisa e implica sempre
estabelecer uma comparação: compara uma característica, execução ou resultado,
com um determinado padrão; também ao avaliar os resultados de um trabalhador
estamos a compará-los com os resultados inicialmente previstos ou alcançados
por outros; a noção de que os resultados são bons ou maus só é possível se
houver um termo de comparação.
Avaliação de Desempenho = apreciação sistemática,
periódica, estandardizada e qualificada, do valor demonstrado por um indivíduo,
no seu posto de trabalho, do ponto de vista da organização onde trabalha; está
ligada a aspetos práticos muito valorizados: salário, prémios, progressão na
carreira, etc; tema que interessa não só aos visados, como a quem avalia. Tem
que ser bem feito, pois um sistema de desempenho mal construído traz para a
empresa elevadas consequências
A
avaliação de desempenho é:
Sistemática- porque requer uma observação orientada e continuada do
desempenho profissional dos indivíduos;
Periódica – na medida em que implica a definição de períodos
regulares de observação e avaliação;
Estandardizada e Qualificada – porque obedece a um conjunto de critérios e
procedimentos, estabelecidos tecnicamente, e concretizados na utilização de uma
ficha e de um Manual de Avaliação.
Valor
demonstrado pelo indivíduo – pode
ser entendido de 2 maneiras:
(1) em termos de
eficácia corresponde aos resultados atingidos no desempenho da sua função
(2) em termos de eficiência, corresponde às
características pessoais, competências ou comportamentos, evidenciados no
exercício da função.
Visão clássica = Avaliação de Desempenho: consiste numa
única avaliação realizada no final do ano com base na definição,
no inicio do ano, dos objetivos. É uma parte da Gestão do Desempenho, mas
não o esgota
Visão
Moderna = Gestão de Desempenho: consiste num sistema que ao longo do ano acompanha as
pessoas com as respetivas formas necessárias, por forma a que o desempenho seja
monitorizado ao longo do tempo (geri-lo), visando melhorá-lo; para isto é
necessário uma chefia preparada para esta gestão que é tão importante quanto
qualquer outra área. A avaliação do desempenho está aqui incluída como uma
parte do desempenho
Desempenho: diz respeito aquilo que resulta, que é visível e
observável no trabalho; é avaliado através de tudo o que o trabalhador produz e
realiza na empresa; não é só uma realidade para ser medida, é preciso
desenvolvê-la de forma a aumentar o nível de desempenho a longo prazo; por
vezes o desempenho tem um nível muito intelectual pelo que não é tão simples de
medir/observar
4 Aspetos do Desempenho:
1) Valores – pessoa
quando trabalha demonstra +/- os seus valores (ex.: fazer as coisas com
profissionalismo); são avaliados através
dos comportamentos (as pessoas do dia a dia de trabalho devem demonstrar que
cumprem os valores da empresa). São os princípios orientadores ou códigos de
conduta que dirigem o comportamento das pessoas
a) Profissionalismo: leva a sério a sua atividade, acredita nela e no
trabalho que faz; faz as coisas com padrões de qualidade mínima/determinados e
não cede a eles facilmente; pessoa que se mantém atualizada acerca da sua área
de trabalho; seguem determinadas normas éticas associadas à sua atividade
b) integridade
c) sigilo
2) Objetivos — em que grau o
indivíduo atinge os objetivos (previamente estabelecidos para cada
pessoa/grupo) que foram estipulados; tem por base o tipo de estratégia que a
empresa segue;
Objetivos individuais – leva que as pessoas compitam muito e trabalhem pouco
Objetivos por equipa – mais
incentivo para trabalhar e níveis de desempenho mais elevados
Objetivos
Quantitativos (SMART) – simples, mensurável
Objetivos
qualitativos – ex.: objetivo de desenvolvimento de competências
3) Competências (2 abordagens): características que a pessoa apresenta no seu dia a dia
(forma como a pessoa atinge os resultados)
ü De liderança e
chefia
ü Técnicas ou
técnico-profissionais
ü Comportamentais
Se previamente tivermos definido as competências gerais
de gestão necessárias para a nossa empresa, de acordo com nossa estratégia de
gestão, o trabalho de Avaliação de Desempenho é baseado nesta mesma lista
inicial de competências.
4) Potencial de
Desempenho: trata-se de medir quais são as características que a
pessoa poderá vir a desenvolver (não é mt objetiva). É importante qd se
pretende converter as pessoas
ü Nem sempre a
empresa o dá a conhecer aos indivíduos avaliados;
ü Avaliamos
outras funções que a pessoa poderia desempenhar, e os limites aos quais poderá
chegar.
Nota:
A escolha da vertente que se pretende avaliar do ponto de vista adotado
pela organização o qual, por sua vez, é condicionado pelas contingências do
meio externo, pelo grau de desenvolvimento da organização e pelas políticas e
estratégias que definiu.
A avaliação de desempenho é sempre feita com referência aos seu posto de
trabalho, ou seja, às responsabilidades e tarefas da função que desempenha.
Avaliador – tem que conhecer com objetividade as tarefas e
responsabilidades da função, as competências exigidas para ser desempenhada com
eficiência e eficácia; só conhecendo o
que o titular faz, como faz e para que faz (o que exige uma prévia análise da
função), é possível ao avaliador determinar o valor do desempenho do titular.
Avaliação de
Desempenho – consiste em duas comparações
sucessivas:
(1) do descritivo
da função com o desempenho do trabalhador;
(2) do desempenho
do indivíduo avaliado com os desempenhos dos outros trabalhadores.
(1) Ao
verificar-se se o trabalhador executa as tarefas descritas na função podem
observar-se duas alternativas:
-
se executa – determina-se o valor do desempenho;
-
se não executa – é necessário averiguar porquê.
(2) Os
desempenhos dos indivíduos que têm funções com tarefas e responsabilidades
idênticas, avaliadas pelos mesmos critérios, podem ser diretamente comparados.
A comparação dos desempenhos da totalidade dos indivíduos que integram a
organização só é possível com a aplicação de técnicas específicas, que permitem
traduzir todos os resultados numa mesma escala.
Importância da
Avaliação de Desempenho = é um instrumento “central” na GRH, pelas múltiplas
relações que estabelece com os outros instrumentos de gestão nesta área.
Nota:
A avaliação de desempenho é determinada diretamente pelas
responsabilidades e objetivos definidos para a função, e indiretamente pela
estratégia organizacional que determina os critérios e “pesos” a serem
considerados na avaliação dos desempenhos.
A avaliação de desempenho pode levar à redefinição dos
conteúdos funcionais, pois representa uma fonte de dados para o diagnóstico das
necessidades de formação, para o ajustamento dos objetivos e dos programas e
para validar a própria formação.
A Avaliação dos Desempenhos dos titulares, em conjunto
com as orientações da estratégia e as condicionantes estruturais, determinam
quem, como, quando e para onde devem ser realizadas as movimentações das
pessoas (deslocações, transferência, saídas, promoções), os critérios e
decisões a adotar na gestão das carreiras e o plano de recrutamento para
responder às necessidades que não podem ser cobertas pelo processo de
desenvolvimento das carreiras.
A Avaliação de Desempenho pode dar fundamento mais
objetivo à atribuição de prémios de desempenho, o que em conjunto com o valor
salarial atribuído à função se traduz na remuneração total auferida.
Porquê
avaliar o desempenho?
Objetivo Principal da Avaliação de
Desempenho = melhorar os resultados, ajudando as pessoas a atingirem
níveis de desempenho mais elevados.
v Empresas querem
rentabilizar os Recursos Humanos – grande pressão nesta área
v As pessoas são
cada vez mais sensíveis à parte variável da remuneração (cada vez estabelece-se
mais 1 salário base + remuneração variável). Deve medir-se o desempenho para o
remunerar de forma justa
v Para poder melhorar
Plano
de coaching (plano de apoio de trabalho formalizado dividido em
fases): processo através do qual as
empresas obrigam os trabalhadores a alcançar os níveis de desempenho desejados.
Fases do Desempenho:
1.
Controlar (coincide com
o Taylorismo) – o desempenho é para ser controlado (vigiado) para verificar se
estava dentro do que era previsto
2.
Medir (começam a
desenvolver-se técnicas de avaliação do desempenho - anos 50) – Utiliza os
traços de personalidade das pessoas (designação de vagas e mt subjetivas, que
podem conduzir a mal entendidos)
3.
Desenvolver (Fase da
Gestão do Desempenho) – fase que prevalece
4. Preparação e Implantação de um
sistema de Gestão de Desempenho
Sistema de Gestão
de Desempenho
Objetivo base: Melhorar permanentemente o desempenho de todas as
pessoas.
Objetivos secundários:
- Melhorar a comunicação entre chefe e subordinado (o que
permite que cada pessoa saiba o que o seu chefe prende do seu trabalho)
- Premiar os diferentes desempenhos das diversas
pessoas. Tem de se arranjar um sistema remuneratório para
fazer com que as pessoas se apercebam que um bom desempenho é efetivamente
recompensado.
- Diagnosticar as necessidades de formação das pessoas. Isto não
deverá ser feito perguntando diretamente às pessoas, mas sim gerindo o
desempenho de cada um, encontrando lacunas e tentando preenchê-las com
formação adequada.
- Fazer as próprias pessoas participarem na melhoria
delas mesmas.
Responsabilizar
as pessoas e dar-lhes a conhecer os seus pontos fracos.
Lançamento do Sistema de Gestão de Desempenho
1.
Preparação
a) Sessões de sensibilização e informação, clara e
objetiva, para colaboradores, esclarecendo o que vai ser feito (20-30 pessoas);
reuniões de pequenos grupos por forma a transmitir tudo o que vai ser feito
- Devem ser
assistidas por 1 técnico que gira a sessão;
- Devem ter um
administrativo/diretor de topo para dar credibilidade e seriedade ao lançamento
do sistema;
b) Definição dos objetivos do sistema. O que se
pretende do sistema e o que é que daí vai resultar? (objetivos são logo
transmitidos bem como as implicações daí derivadas, nas sessões de informação)
c) Organização e estruturação do sistema. Que partes e variáveis vão ser incorporadas no
sistema?
d) Criação de um grupo/comissão de acompanhamento, com função dupla, constituído
pelas várias áreas da empresa, o qual… (nas reuniões com as suas equipas, os
representantes vão informando os seus colaboradores de que um SGD está a ser
construído e vai ser posto em funcionamento)
- É informado do decorrer da
implantação do processo;
- Leva a informação do que se
está a pensar fazer para as diversas áreas da organização;
- Devem servir de “ponte” com
a sua área respetiva;
e) Segmentar a empresa em diversas áreas ou grupos, pois este sistema nem sempre
é igual para todos os grupos de pessoas (certos fatores não são generalizáveis
a todas as áreas ou é-lhes dada mais importância numa área que outra); um SGD
não se aplica da mesma forma a vários grupos de pessoas (raramente é igual)
f) Fase de teste do
sistema junto de uma amostra.
- Escolhem-se pessoas de áreas distintas
- se sim, passa-se à 2ª fase
2. Implementação
a) Formação: tanto para os avaliadores
como para os avaliados; antes do sistema chegar às pessoas estas devem ser
preparadas. Devem-se FORMAR TODOS os utilizadores (avaliadores e avaliados). Depende
das empresas até onde o sistema é depois estendido.
- 2 ½ / 3 dias
-
em sala: ±20 colaboradores
ETAPAS
1º DIA
- Técnicas de observação e
avaliação das pessoas;
- Enviesamentos no 1º dia:
o
Efeito de halo: quando uma pessoa tem, por
exemplo, uma característica positiva, há um contágio deste juízo positivo a
toda uma série de outras competências do indivíduo;
o
Efeito de estereotipia: leva
a uma generalização abusiva;
o
Efeito de tendência central: por se ter medo de fazer distinções entre as pessoas ou
não se conseguirem distinguir pormenores, há tendência para avaliar todas as
pessoas com quotas médias. Uma solução possível para este efeito será uma
auditoria feita por pessoas do departamento de RH, em casos específicos, para
verificar os resultados médios encontrados. Desvios sistemáticos feitos por uma
administração é sinal de má capacidade de avaliação;
o
Efeito de recenticidade: as
últimas (+recentes) impressões são aquelas que ficam gravadas na memória;
o
Efeito de prioridade/anterioridade: o 1º impacto gera a impressão que o avaliador vai ter
para o futuro;
2º DIA
- Como devem agir os
avaliadores e aplicar na prática o sistema?
3º DIA
- Entrevista de avaliação,
a qual deverá ser feita diversas vezes durante o ano: entrevistas de
monitorização e apoio (coaching). Regista-se depois a cotação da avaliação
no final do ano (+complicado).
- Estratégia seguida:
- Nunca começar com a
avaliação em si;
- Começar com uma espécie
de balanço daquele ano de trabalho;
- Qual a avaliação do
avaliador vs a avaliação do avaliado;
- Quais os pontos
positivos e/ou de possível melhoria (frontalidade relativamente aos
últimos);
- Assertividade;
- Finalizar com um Plano
de Melhoria – compromisso de melhoria, o qual deverá não só ficar
escrito, como também deverá ser o próprio avaliado a sugeri-lo (viável e
realista).
NOTA: Apesar de tudo, os Sistemas de
Gestão de Desempenho podem falhar!
5. Métodos e instrumentos de
avaliação; dificuldades e erros mais frequentes na avaliação
Manutenção do Sistema – Métodos e instrumentos de avalição
As Organizações são unidades dinâmicas que evoluem no tempo, tanto a
nível dos seus objetivos e estratégias (para responder adequadamente ao meio
externo), como ao nível da sua estrutura hierárquico-funcional.
Deste modo, qualquer instrumento de Avaliação de
Desempenho deve adaptar-se periodicamente à realidade da Organização em
permanente mudança.
Criar um instrumento de Avaliação de RH é uma tarefa
complexa, que implica um aperfeiçoamento contínuo dos próprios critérios de
avaliação, uma vez que estão em causa pessoas e a observação avaliativa dos
seus comportamentos ou resultados.
Dispor de formas de análise da eficácia do sistema como
forma de obter feedback e proceder ao seu reacerto face aos objetivos é
fundamental.
A análise da eficácia é feita por 2 métodos:
(1) Os resultados
de cada avaliador são analisados estatisticamente com a finalidade de
identificar e corrigir eventuais distorções de avaliação;
(2) O resultado
e o impacto das decisões tomadas com base nos resultados de Avaliação são
comparados com os objetivos estabelecidos inicialmente para este instrumento.
Existem
várias causas para que não haja
homogeneidade de juízos entre diferentes avaliadores:
-
diferença nos padrões de avaliação utilizados pelos
avaliadores;
-
diferenças nos tipos de erros de avaliação de cada
avaliador;
-
tendência, em igualdade de circunstâncias, a pontuar as
funções com maiores responsabilidades;
-
tendência, em igualdade de circunstâncias, a pontuar mais
as pessoas entre os 26 e os 35 anos;
-
tendência, em igualdade de circunstâncias, a pontuar mais
quem exige menos supervisão;
-
tendência a pontuar de acordo com a perceção que se tem
dos impactos secundários das avaliações.
As ações de aperfeiçoamento do Sistema de Avaliação de
Desempenho e de melhoria da sua objetividade incluem quer técnicas de
tratamento estatístico dos dados, quer a formação permanente dos
avaliadores.
Dificuldades na
Avaliação:
Na avaliação do desempenho falamos numa
situação pontual (normalmente faz-se uma entrevista anual para avaliar o
desempenho)
Traz
muitas limitações:
¨
É um sistema
redutor uma vez que nos limitamos a, anualmente, fazermos 1 avaliação do
desempenho de 1colaborador segundo objetivos e competências pré-definidas no
inicio do ano.
¨
É muito difícil
pré-estabelecer objetivos no início do ano e deixar as pessoas sozinhas e sem
acompanhamento nem apoio por parte de um responsável que oriente a pessoa. A
avaliação do desempenho deverá ser contínua, sendo feita regularmente.
¨
Além disto, as
condições de trabalho podem alterar-se! Um objetivo estabelecido em janeiro
pode tornar-se inatingível em outubro, por exemplo. Assim, as próprias pessoas
desistem ao admitirem e encararem estes objetivos como irrazoáveis. Para
evitar esta situação:
¨
Deverá haver
uma revisão regular dos objetivos por parte das chefias.
¨
Poder-se-á ter
de fazer uma reconsolidação de objetivos em “cascata” e de forma ascendente (da
base para o topo).
¨
Há que estar
atento a situações de desmotivação (o que pode levar mesmo à quebra dos resultados da empresa). As pessoas
não têm apenas de fazer aquilo que lhes é atribuído, tendo sim de fazer mais
ainda do que aquilo que lhes é meramente pedido, com entusiasmo e motivação.
Uma chefia competente deve manter-se atenta às flutuações do desempenho e falar
com as pessoas em causa (isto acontece para flutuações positivas e negativas)
¨
Há que apoiar,
monitorizar, gerir e nunca abandonar os recursos humanos durante o ano (não só colaboradores internos mas também
clientes, fornecedores, etc.). Se o elemento humano for colocado em 2º plano,
todos os restantes recursos serão afetados.
Surge a Gestão do Desempenho – além de
avaliado, o desempenho pode ser desenvolvido e aperfeiçoado – Sistema
de avaliação de Desempenho
Elementos para o Sucesso:
1.
Apoio forte do sistema por um elemento de topo e não apenas
por responsáveis pelo departamento de RH. Isto provará que se aposta no
trabalho dos colaboradores.
2. As pessoas deverão participar na
feitura do sistema através, por exemplo, de uma comissão de acompanhamento
formada por elementos das várias áreas da empresa. Estes opinarão sobre o
sistema e os seus objetivos e servirão de ponte entre as respetivas áreas e a
constituição do sistema pelos RH e a Administração.
3. Formação e informação CONSTANTE
dos utilizadores do sistema!
4. Auditar o sistema. Ir
efetivamente ao terreno, ver como as pessoas foram cotadas, se tal foi feito
com coerência e encontrar possíveis anomalias e respetivas correções.
5. Estudar estatisticamente os
resultados para verificar se as médias dos vários avaliadores são muito
diferentes, etc. de forma a tornar possível a comparação entre diferentes
avaliadores.
Capítulo VI
Política Salarial e Sistemas de
Benefícios
Ø A parte
salarial nas empresas é pouco referenciada, contudo é muito senão a mais
importante e sensível. As empresas têm que ter em atenção esse aspeto. Ter um
sistema salarial é muito complexo.
Ø Por vezes as
pessoas tomam decisões de trabalho de acordo com o salário e benefícios. Por
vezes isto faz com que o currículo tenha funções que entre si não têm lógica,
assim deve-se ter em conta uma evolução coerente de carreira.
Ø Na sociedade em
que vivemos tudo tende a ser comprado com dinheiro e por isso dá-se muita
importância ao salário. Esta importância tem cada vez mais tendência a
aumentar. À medida que as pessoas vão para a cidade só através do salário é que
têm alimentação e habitação.
Ø Um bom salário
dá estatuto social, poder e permite um bom nível de vida, lazer, cultura. Assim
as pessoas desejam sempre melhorar o seu salário.
REMUNERAÇÃO (muito
quantitativo): recompense em dinheiro ou benefícios facilmente traduzíveis em
dinheiro
SISTEMA DE
RECOMPENSAS (não é só dinheiro)
-
Salário
base
-
Outras remunerações facilmente convertíveis em dinheiro
-
Elementos intangíveis: ambiente de trabalho, localização,
estrutura do trabalho, tardes livres, automóvel, complementos à reforma
O impacto da avaliação do desempenho que vem ter impacto
nestas recompensas vem contrariar a teoria tradicional de que a responsável por
uma evolução na carreira é a antiguidade. Hoje dá-se mais importância ao
desempenho e contributo que as pessoas dão para a empresa.
OBJETIVOS DE UM SISTEMA DE RECOMPENSAS:
1.
O sistema de
recompensas deve ser Estrategicamente Alinhado
Por exemplo, se a empresa pretende
internacionalizar-se o sistema de recompensas deve ter em conta que existem
pessoas que vão ser exportadas. Estes devem ter recompensas especiais.
Ou então, quando vão buscar
pessoas às universidades têm que ter um sistema de recompensas capaz de os reter
nos anos posteriores
·
Empresas Viveiro – as pessoas começam lá a sua carreira, mas depois não
as conseguem reter; bons candidatos em inicio de carreira que não têm outra
alternativa de carreira, mas que mais tarde a empresa não tem condições para os
reter; são treinados (experiência profissional) e depois perdem-nos quando
entram na fase de maior empenho.
·
O que as empresas
querem pagar?
-
As responsabilidades das pessoas. O salário está ligado à
subida na hierarquia, à promoção
-
As competências das pessoas (formação, nível escolar,
capacidade liderar). Pagar competências significa que a remuneração estará de
acordo com as competências de cada um
-
Existe ainda outra perspetiva: remunerar consoante a
performance, logo significa remunerar resultados
2.
A maior parte das organizações não consegue remunerar de
igual forma todos os seus colaboradores. Os custos de o fazer seriam muito
elevados. As empresas têm assim de distinguir políticas salariais diferentes
para áreas diferentes (grupos diferentes). Dado que as pessoas não têm todas a
mesma importância, quem são aquelas que se deverão privilegiar no sistema de
benefícios? (esta é uma vertente discriminatória que é impossível ignorar). Há
que definir estes grupos
3.
O sistema de recompensas deve atrair e reter bons
colaboradores: pessoas preferem empresas que oferecem melhores
condições à Sistema de benefícios: não é só ir buscá-los, é também
necessário mantê-los
4.
Um sistema de benefícios deve refletir 2 aspetos:
(1) As responsabilidades das pessoas, traduzir diferentes níveis de
responsabilidade – pessoas que exercem funções diferentes deverão ser
remuneradas de maneira diferente, pois caso contrário seria uma situação de
injustiça. Esta EQUIDADE INTERNA
é extremamente difícil de atingir (as pressões das chefias de topo, por
exemplo, influenciam muito esta equidade). No entanto, esta equidade é na
verdade uma utopia, nunca é atingida (pressupõe ocorrências difíceis de prever)
(2) EQUIDADE EXTERNA – comparação que as pessoas fazem entre as
várias organizações. Deve ser vigiada através da recolha de dados no mercado
(normalmente através da comparação de funções-chave) e levantamento dos
salários praticados, apesar destes dados poderem não ser totalmente credíveis
uma vez que as remunerações completas das pessoas raramente são 100%
comunicadas (credibilidade relativa)
5.
O sistema de recompensas deve assegurar a motivação dos
trabalhadores. Não há provas de que o aumento salarial das pessoas se
traduz num aumento da motivação estável e sustentado, pois após um aumento
salarial a motivação eleva-se temporalmente, mas logo declina; era necessário
que as empresas surpreendessem os seus colaboradores periodicamente (sendo que
os aumentos deviam ser percentualmente superiores). O salário funciona muito
mais como desmotivador (quando percecionado como em falta) do que como
motivador. Quando as pessoas começam a ter uma ideia de que a empresa paga
menos do que os outros começam a sentir-se desmotivadas e começam a procurar
alternativas.
6.
Deve estabelecer uma relação entre desempenho e
remuneração, ou seja, deve assegurar que o desempenho das pessoas tenha algum
reflexo na remuneração destas. (Parte
fixa + Parte variável, consoante indicadores financeiros, etc)
NOTA: Cada
organização deve elaborar o seu Sistema de Recompensas bem montado.
O QUE ENVOLVE UM SISTEMA DE RECOMPENSAS?
1.
RECOMPENSAS INTRINSECAS: recompensa que a pessoa obtém
com o próprio trabalho – caráter psicológico, por exemplo, ter mais autonomia e
mais responsabilidades, o reconhecimento do trabalho realizado, o
desenvolvimento pessoal e profissional, o progresso na carreira ou o espírito
de equipa; tratam-se de recompensas inerentes à atividade que a pessoa exerce
2.
RECOMPENSAS EXTRINSECAS: são recompensas independentes do
trabalho que se tem ou faz; são exteriores ao próprio trabalho; Envolvem:
o
Salário
- Base
(estes tendem a ser o mais reduzidos possíveis)
- Variável
(esta é cada vez maior).
o
Benefícios
-
Sociais (são idênticos para todos os funcionários da empresa)
Ex: pensões, subsidio de alimentação…
- Regalias (benefícios só
dados a associados a funções especificas ou a determinados níveis dentro da
empresa) Ex: stock options
o
Símbolos
de estatuto
Ex: gabinete mais bem
decorado, mais bem localizado
o
Segurança
e condições de trabalho
o
Políticas
de RH
NOTA: Para
pessoas mais motivadas deve existir um pacote equilibrado das recompensa
intrínsecas e extrínsecas. Se as extrínsecas não forem suficientemente boas, as
intrínsecas perdem importância (no caso de estarem 100% verificadas)
Capítulo VII
Formação e Desenvolvimento
Salário vs Formação – Por vezes é
melhor ter um salário um pouco mais baixo mas tendo, ao mesmo tempo, formação
ao longo dos anos de trabalho de forma a haver uma atualização constante, do
que não beneficiar de uma formação regular apesar de se poder ter um salário um
pouco mais elevado. Isto é reforçado pelo facto de que para se fazer formação é
preciso bastante dinheiro. Uma outra razão para a constante formação
e atualização desta é que se não o fizermos, o nosso próprio valor de
mercado poder descer.
FORMAR ≠ DESENVOLVER
Formação = Atividade de curto-prazo que permite às pessoas serem mais
competentes e realizarem melhor o seu trabalho. São aquisições teórico-práticas
sobre a própria função. É uma estratégia conjuntural.
Desenvolvimento = É uma atividade a longo-prazo que serve os interesses da
organização e também dos colaboradores. Permite desenvolver as potencialidades
e abrir novas perspetivas de evolução na carreira, levando as pessoas a irem
além das suas funções atuais. É uma estratégia construtiva. Tem a ver
com os aspetos comportamentais do indivíduo. Melhoria das competências da
pessoa.
Exemplo:
- Se uma empresa tem 1 dimensão média/grande aposta muito no
desenvolvimento.
- Se uma empresa tem uma função de lucro direto deve apostar na formação.
ØAo longo do tempo,
FORMAR e DESENVOLVER foram vistas 2
perspetivas diferentes, passando estas por 3 fases:
ANOS
60:
·
Foram anos fundamentais no desenvolvimento da formação.
·
A Formação é encarada como um luxo dando à empresa um
certo estatuto. Só algumas empresas a praticavam. Exemplos destas foram bancos
e seguradoras. No ramo industrial destacou-se a CUF, a qual foi pioneira a
investir na formação dos seus colaboradores, na sua melhoria e qualificação
técnica.
·
Na altura era uma questão de imagem, de visibilidade no
mercado
ANOS
80:
·
Previam a explosão da formação. Contudo, esta era
encarada de forma muito incipiente.
·
A formação era tida como 1espécie de prémio para os que
apresentassem resultados significativos (ex: empresa oferecia um curso como
prémio)
ANOS 90:
·
A formação passa a ser vista como um investimento
tendo-se sempre em conta haver posteriormente um retorno como resultado desta.
Também os RH têm de passar a mostrar resultados, isto porque se se investiu em
formação com vista a um incremento da qualidade, é necessário verificar se esta
efetivamente melhorou ou não. Têm de se ganhar e conseguir resultados efetivos
(como seja o aumento da produtividade, melhorias a nível de apoio ao cliente e
satisfação deste, etc.) àjá não é uma “prendinha”
·
O orçamento vai assim ser influenciado neste sentido de
existirem resultados.
NOTA: Formação
passou de custo a investimento!
Formação
– assenta em 6 regras fundamentais:
1) As decisões de
formação devem ser parte integrante dos projetos de investimento – a formação
deve “nascer” com o próprio projeto, intimamente ligada às necessidades que ele
cria, e vista com um instrumento essencial para rendibilizar o investimento; as
decisões de formação devem ter um caráter estratégico e ser atempadamente
dotadas dos planos e dos meios necessários
2) A formação não é um
fim em si própria – as necessidades de formação devem ser objetivamente
determinadas à partida e concebidas como desvios que é preciso definir com
rigor, entre uma situação atual, observável, e uma situação futura, pré-determinada,
que se pretende implementar;
3) A avaliação da
formação deve ser estruturada desde o início do projeto da formação – logo que
se definem as necessidades de formação e os objetivos a atingir, devem ser de
imediato estabelecidos os critérios de avaliação da formação, planeada a
recolha dos dados e elaborados os instrumentos específicos a isso destinados
4) A hierarquia da
Organização deve estar ativamente implicada na formação, desde o início do
projeto – demonstrando o seu apoio junto dos participantes e colaborando nas
diversas fases, do diagnóstico das necessidades de formação à avaliação dos
resultados;
5) A participação dos
diversos níveis de chefia e dos próprios destinatários da formação deve ser
também assegurada: não só através de uma sensibilização/informação inicial
sobre o projeto, como através da colaboração no diagnóstico de necessidades, na
formulação dos objetivos e na sua adequação à realidade das funções e da
Organização;
6) A formação deve ser
desenvolvida com base em Cadernos de Encargos – os quais devem conter os
elementos necessários para caracterizar a ação, para a atribuir ao formador
mais indicado e para avaliar os resultados
1. A Importância Estratégica da
Formação e do Desenvolvimento
A formação e o desenvolvimento podem revestir
diversas formas úteis – desde sessões de acolhimento de novos colaboradores até
programas de MBA para os que estão lançados na carreira de gestão
Formação e desenvolvimento podem também ser
tempo e dinheiro perdidos com programas que divertem em vez de educarem ou que
estão centrados nos indivíduos quando deveriam contribuir para transformar o
conjunto da Organização.
A diferença entre formação e
desenvolvimento, produtivos ou inúteis, depende da maneira como uma Organização
consegue articular os seus esforços de formação com a sua estratégia ou a sua
visão global do futuro.
A formação nas Organizações nada tem em
comum com a formação na escola:
Na
escola – é enquanto indivíduos que os alunos obtêm resultados bons ou
medíocres; podem ter sucesso ou insucesso, gostar ou detestar a escola, mas é
uma questão que apenas os afeta a eles
Na
empresa – os indivíduos e a Organização devem desenvolver-se como um conjunto
integrado; os cursos nas empresas formam a Organização e não apenas o
indivíduo.
A formação e o desenvolvimento são hoje
geralmente aceites como instrumentos da mudança, enquanto processo controlado
para a implementação dos objetivos estratégicos das Organizações.
Todo o processo
de formação deverá ser articulado com a própria estratégia da empresa: terá de
estar de acordo com a direção que se quer dar à empresa, com a forma como se
quer posicionar a organização no mercado e com a maneira como se quer
estabelecer a vantagem comparativa face à concorrência.
Cada tipo de estratégia exigirá prioridades de formação
próprias!
EMPRESA DE CUSTOS BAIXOS: Neste caso, o pouco
que se gasta em formação é em formação técnica. Sendo mais fácil de
rentabilizar e tendo efeitos mais rápidos, este é o único “tipo” de formação
que se articula com esta estratégia.
Ø Sendo esta uma estratégia de custos baixos, há que reduzir os gastos em
formação ao máximo. Assim, só a mera formação técnica é admitida. Raramente é
dada formação, por exemplo, em gestão de equipas de trabalho, a qual não tem
resultados a curto-prazo (apenas a médio e longo prazo) sendo a possibilidade
de observar efetivamente frutos concretos muito diminuta.
EMPRESA EM CRESCIMENTO: Esta será sempre uma estratégia
de médio/longo prazo que tem em conta um horizonte temporal de ± 2/3 anos. O turn-over desce
drasticamente. Uma estratégia de crescimento exige uma muito maior necessidade
de competências, o que faz com que haja uma intensa formação para o
desenvolvimento destas.
CICLO DE GESTÃO DA FORMAÇÃO:
|
|||||||||||||||
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2 – a) Diagnóstico das
necessidades de formação e de desenvolvimento
Tem por objetivo determinar
quais as verdadeiras necessidades de formação das pessoas, tendo em vista os
objetivos estratégicos a atingir, e 1conjunto vasto de outras informações que é
necessário recolher e sistematizar (ex: operador de contabilidade necessita de
atualização sobre o POC; telefonista necessita de curso de Inglês)
A melhor
maneira de o fazer é conseguir informações de diversas fontes: da chefia, a
avaliação do desempenho, um relatório de auditoria, as reclamações dos clientes
Para a formação ser um investimento,
tem de estar intimamente relacionada com o desempenho das pessoas. Terá, assim,
de haver uma relação muito clara entre a formação e as necessidades reais de
formação de cada pessoa de maneira a, efetivamente, melhorar os resultados da
empresa. Torna-se, então, necessário fazer um levantamento prévio das
necessidades de formação. Como ?
Ø Através dos
resultados da avaliação de desempenho.
A análise dos pontos positivos e negativos do desempenho individual e das
dificuldades sentidas pelos colaboradores, os desafios que são colocados pelos
objetivos fixados, bem como as perspetivas de desenvolvimento de carreira da
carreira individual, apelam para a formação como instrumento de melhoria e de
desenvolvimento.
Ø Através da análise de acidentes e de problemas do
próprio trabalho, como sejam, reclamações de clientes (isto é muito praticado
pelo setor bancário, o qual quando recebe uma carta de reclamação de algum
cliente, esta é de seguida enviada para o departamento de RH.
Ø Através de auditorias internas e das falhas
apresentadas nos relatórios destas.
Ø Através de novos projetos, na medida em que quando
estes existem, o departamento de RH sabe são necessárias pessoas para
preencherem novas e determinadas funções e que se estas não possuírem as
competências necessárias ter-se-á de lhes dar formação nesse sentido.
Ø Através de
necessidades de formação que existam para o desenvolvimento de carreira (consoante aquela que se pretenda
seguir).
Diagnóstico das necessidades de formação e
desenvolvimento – Para
isto tem de se articular necessidades
que se colocam a cinco níveis:
1) as necessidades que
resultam dos objetivos estratégicos da Organização – os objetivos
estratégicos globais, traçados pela administração, bem como projetos de mudança
ou de investimento, definem, ao nível macro, um conjunto de necessidades de
formação, às quais há que dar resposta para que o investimento em formação
seja, em última análise, justificável
2) necessidades de
formação que se revelam ao nível sectorial ou departamental – relacionadas com
os objetivos de ordem intermédia que concorrem para os objetivos gerais
3) o trabalho ou a
função
– pois a natureza das tarefas e responsabilidades que integram uma função
determinam exigências de formação relacionadas com conhecimentos e competências
essenciais ao seu desempenho;
4) necessidades
individuais de formação para o desempenho atual da função – ainda que o
titular disponha da preparação inicial
para responder aos requisitos da função, num dado momento e face a uma situação
e objetivos específicos, pode não dispor de capacidade de resposta
5) necessidades
previsíveis de formação – têm a ver com a preparação do indivíduo para o
desempenho de tarefas para as quais ainda não dispõe de formação; a maior parte
destas necessidades previsíveis relaciona-se com a mudança, a prazo, no
conteúdo da função ou com o desenvolvimento da carreira individual
3 – b) Formulação dos Objetivos de
Formação
Só depois do levantamento das necessidades é possível formular os objetivos
de formação, os quais devem indicar, de uma forma clara e de preferência em
termos operacionais, o que se quer atingir com a formação.
Tem a vantagem de definir exatamente aquilo que se quer que aconteça no
durante (objetivos pedagógicos) e final da formação (objetivos de formação).
“No final da ação de formação, o formando deverá ser capaz de…”
Os responsáveis pela definição de objetivos são a chefia da pessoa e os
técnicos de RH e não o formador.
Objetivo de Formação = a definição
tão clara e inequívoca quanto possível, do resultado que se pretende atingir
com a formação.
Correta definição dos
objetivos da formação:
Porquê? (Vantagens)
- Ter uma visão clara do que se pretende atingir;
- Orientar as atividades de formação para os alvos
essenciais;
- Melhorar a articulação dos diferentes contributos e
o aproveitamento dos recursos disponíveis;
- Motivar os intervenientes no processo formativo,
avaliá-los e recompensá-los, de acordo com os critérios mais objetivos;
- Fazer a avaliação dos resultados da formação.
·
O objetivo deve indicar de forma, de forma clara e
inequívoca, o que o formando deve ser capaz de fazer ou o comportamento exato
que deve ter, no desempenho da função;
·
A formulação deve sempre iniciar-se com um verbo que
traduza uma ação observável (desenhar, calcular, reparar, …) e não com termos
que correspondam a mecanismos não observáveis (conhecer, compreender,
distinguir, …)
·
A ação deve ser expressa do ponto de vista do formando e
não do ponto de vista do formador (ex. “No final, o formando deve ser capaz
de…”.)
·
A formação deve fazer-se em termos de resultados e não em
termos de processos de aprendizagem.
Objetivos de Formação V.S. Objetivos Pedagógicos:
Os
objetivos de formação: definem os desempenhos ou comportamentos que se espera
que a pessoa seja capaz de mostrar, após a formação, na situação de trabalho.
Os
objetivos pedagógicos: definem as competências que os indivíduos devem ter
adquirido no final (ou ao longo) da formação, e permitem ao formador construir,
conduzir e avaliar o ato de formação
Enquanto os objetivos
de formação correspondem a resultados a observar no desempenho da função,
os objetivos pedagógicos são resultados
a observar pelo monitor no período de formação.
Os objetivos de
formação são definidos pelos técnicos de formação, com base no levantamento
das necessidades de formação, ou pelas chefias operacionais. Estes objetivos
são depois transmitidos aos formadores que devem assumir a responsabilidade de
formular os objetivos pedagógicos.
Objetivos Gerais V.S. Objetivos Comportamentais V.S. Objetivos Operacionais
Os objetivos
gerais correspondem a grandes orientações da formação, a serem alcançados
após longos períodos de formação. São frequentemente expressos em termos
abstratos e equívocos e devem ser evitados pela dificuldade de serem avaliados
com um mínimo de objetividade.
Os objetivos
comportamentais têm um caráter mais concreto e inequívoco. Correspondem a
modificações observáveis e avaliáveis nos comportamentos, que devem resultar do
processo de formação. Contudo, estes objetivos podem ainda não ser
satisfatórios quanto à eficácia da sua formulação, se pensarmos que um
comportamento pode ser observado em diferentes condições e avaliados sob
diferentes pontos de vista.
Os objetivos pedagógicos ou de formação devem ser
formulados em termos operacionais.
Um objetivo operacional deve mencionar:
- O comportamento
ou performance que deve ser revelado pelo formando (ex. “no final do curso, o formando deve ser
capaz de escrever por ordem cronológica as operações de arranque de um
programa de computador…”)
- As condições
em que (ou os meios com que) o formando deve desempenhar esse
comportamento (“… a partir de uma
lista das operações dadas por forma aleatória…”)
- Os critérios
para avaliar o comportamento, ou os níveis mínimos de desempenho
aceitáveis (“sem praticar qualquer
erro”)
A correta tradução das necessidades de formação em
objetivos de formação e destes em objetivos pedagógicos, bem como a
operacionalidade dos objetivos, são condições de base para que todo o edifício
da formação se desenvolva nas fases seguintes de uma forma significativa para a
Organização, e os seus resultados possam, no final ser avaliados.
4 – Estratégias e Táticas
Pedagógicas
Os objetivos pedagógicos, bem como os restantes
condicionantes gerais atrás referidos, determinam as estratégias e as táticas
pedagógicas a adotar.
Estratégias pedagógicas = métodos gerais utilizados pelo
formador para garantir a eficácia de aprendizagem. O formador pode optar, entre
muitas outras, pelas seguintes estratégias:
a) Formação centrada no formador ou centrada no formando; na primeira, a
formação é estruturada pelo monitor, que organiza uma série de exposições,
exercício ou atividades, para alcançar os objetivos, definindo o ritmo, as
táticas e as sequências temáticas; na segunda, o formando é chamado a
participar ativamente na escolha do ritmo, das sequências e dos meios
pedagógicos, cabendo ao formador facilitar a situação de aprendizagem e apoiar
os formandos;
b) Formação no trabalho (on job), desenvolvida no próprio local de trabalho onde a função é
realmente executada, ou pela formação fora do local de trabalho (off job), normalmente em sala;
c) Estágios de formação, junto de especialistas
reconhecidos ou de entidades cuja excelência numa área específica pode
proporcionar as aprendizagens pretendidas;
d) Formação-ação, que consiste num processo de formação centrado nos
problemas e nos projetos concretos a realizar, pelo que a análise das situações
reais constitui a própria oportunidade de aprendizagem;
e) Formação à distância, utilizando um conjunto de meios
pedagógicos, de comunicação e de controlo das aquisições, que permitem aos
formandos dispor de todo o apoio necessário para realizarem a formação no local
onde vivem, gerirem o tempo que dedicam à aprendizagem e inserirem a formação
nas suas atividades pessoais e profissionais correntes;
f) Autoformação, individual ou coletiva, apoiada numa frmação específica
que desperte a motivação para a procura e a atualização permanente dos
conhecimentos, com eventual utilização do ensino programado ou do recurso a
centros de informação/documentação.
Tendo decidido
sobre a estratégia, o formador terá de escolher os métodos específicos, ou táticas, mais
apropriados para implementar a estratégia por que optou. Entre as táticas
pedagógicas mais correntes, incluem-se:
a) A lição, ou apresentação oral, apoiada ou
não em meios audiovisuais, seguida ou não de um período final de debate com os
participantes;
b) A demonstração, que consiste na
exemplificação concreta do modo de desempenhar uma tarefa ou resolver um
problema, acompanhada da explicação pelo formador;
c) A simulação ou role-play, em que os formandos devem atuar numa situação dada,
desempenhando os papéis tão próximos quanto possível dos atores reais nessa
situação; os desempenhos de papel podem ser gravados em vídeo possibilitando a
autoscopia;
d) Exercícios de in-basket, nos quais se apresenta ao
formando um conjunto de documentos muito variados (cartas, circulares,
relatórios, tabelas,…) que deve previamente examinar para a seguir tomar as
decisões que lhe são solicitadas;
e) Análise de casos em que se apresentam situações problemáticas às quais o
formando tem de dar uma solução, individualmente ou em grupo de trabalho;
f) Jogos de gestão, nos quais é dado um cenário de negócios integrando uma
ou mais Organizações, com um conjunto de regras e de papéis a serem desempenhados
pelos formandos; estes deverão tomar decisões tendo em vista alcançar os
objetivos definidos para a Organização ou para as áreas funcionais que
representam;
g) Tuturia ou coaching; é uma formação
estruturada, desenvolvida no posto de trabalho ou em gabinete, utilizando a
relação dual formador-formando para explicar, demonstrar ou simplesmente apoiar
o formando no desempenho das suas atividades;
h) Aprendizagem programada; é uma técnica em que o formando
se inicia com materiais e conceitos simples (ou mais gerais) e se move ao longo
de sucessivos estádios para aprendizagens mais complexas, respondendo a
perguntas e resolvendo problemas; o formando utiliza as respostas que lhe são
fornecidas com um feedback
incentivador da aprendizagem;
i)
Aprendizagem
baseada em computador (CBT); é basicamente a técnica de aprendizagem programada
utilizada com recurso ao computador e envolvendo, mais recentemente, processos
interativos.
5 – Organização e Implementação do
Plano de Formação
Definidas as
estratégias e as táticas pedagógicas, é então possível planear todo o material
pedagógico de apoio a ser utilizado (texto, exercícios, casos, transparências,
filmes), escolher o local mais adequado para a formação e confirmar a
duração/data prevista para a realização da ação.
O conjunto dos elementos recolhidos nesta fase do
planeamento são frequentemente apresentados num documento-síntese, o Plano de Formação, cuja estrutura e
conteúdo podem variar muito com as práticas instituídas e a cultura
Organizacional.
Em geral, o Plano de Formação contém:
- Os contributos esperados da formação, para a
implementação da estratégia da Organização;
- A caracterização dos principais problemas de
formação e de desenvolvimento que se colocam;
- Os objetivos gerais a serem alcançados pelo Plano de
Formação e a justificação da sua estrutura e conteúdo;
- A identificação e a apresentação das ações de
formação (por áreas de formação, por setores da Organização, por níveis
funcionais, ou por outro critério), com indicação dos destinatários e dos
critérios de organização e de funcionamento;
- Eventualmente o Plano poderá conter já os objetivos
pedagógicos, os programas e estratégias pedagógicas relativos às ações de
formação, aos ciclos ou aos módulos;
- A orçamentação das despesas envolvidas e dos
recursos para financiamento;
- A descrição dos indicadores que servirão para
avaliar as ações de formação e/ou o Plano na sua globalidade;
- O papel esperado dos diferentes atores (técnicos de
formação, chefias, formandos, administração, etc.) e meios e condições que
asseguram a eficácia do Plano.
Plano de Formação: Os objetivos definidos são o
fundamento do plano de ação a construir. Aqui são definidos os objetivos
pedagógicos e os programas de formação, e planeadas todas as atividades que
concretizarão os seguintes pontos: quem vai ser formado, como, em quê, onde,
quando, por quem, em que situação, com que meios, etc.
6. Avaliação da Formação
Avaliação
de formação
= é
geralmente associada de forma incorreta, à opinião dos formandos sobre a
formação; se, por um lado, é importante conhecer a reação dos formandos à
formação, trata-se, por outro lado, de uma avaliação “a quente”, que, por isso mesmo,
é muito influenciada pela qualidade da relação que o formador estabelece com o
grupo; esta forma de avaliação raramente põe em causa os intervenientes na ação
de formação; o formador, por seu lado, se soube estabelecer uma boa relação com
os formandos e se usou adequadamente os meios técnicos ao seu alcance, não
corre o risco de ser avaliado negativamente.
A avaliação de formação só é possível se
for conduzida com base em 5 princípios:
1) o entendimento de
que a formação é um meio para obter resultados, um investimento que deve ter
retorno, e não um fim em si mesma;
2) a clarificação, à
partida, de quais são os resultados que podem ser alcançados com a formação e
quais os resultados que dela não dependem, mas que estão relacionados com a
mudança noutras variáveis de negócio, ou com as decisões de ordem estratégica
e, por isso, a montante da formação;
3) o entendimento de
que a qualidade e o impacto da formação dependem de uma atuação integrada, isto
é, de uma série de medidas articuladas e estrategicamente orientadas,
desenvolvidas a montante e a jusante da intervenção da formação;
4) a avaliação tanto
dos resultados diretamente relacionáveis com as ações de formação, como das
atividades anteriores e posteriores à sua realização, o que nem sempre é fácil
(ou possível) de discernir;
5) a integração da
avaliação no planeamento geral da formação, o que significa que o processo de
conceção e desenvolvimento da formação deve prever a correta formulação dos
objetivos e a recolha atempada de indicadores, por forma que os resultados
possam ser avaliados.
Aqui faz-se o acompanhamento das
ações, medem-se os resultados de acordo com os critérios previamente definidos
e comparam-se os resultados com os objetivos inicialmente fixados. Através
de 3 aspetos:
§
Avaliação do esforço de formação (mais superficial e
menos credível): no final do programa é feito pelos RH um pequeno
relatório sobre as ações decorridas. Consiste em descrever quais as formações
que a empresa desenvolveu. Por exemplo, quantas horas de formação para cada trabalhador.
Avaliar, por exemplo, a % que a empresa dedicou à formação do seu volume de
negócios, qual a média dos formados, etc. Uma empresa pode cumprir todo o seu
programa, ter boas %, contudo, a formação pode não ter contribuído para o
melhoramento do desempenho de 1 pessoa.
§
Avaliação do processo de formação (aquisições
pedagógicas): espécie de auditoria onde se clarifica como correu a
formação e se os requisitos prévios foram cumpridos (é +credível que a
avaliação do esforço);
Por exemplo, a
formação foi estruturada de acordo com os objetivos estratégicos da empresa?
Tem de haver alinhamento estratégico, pois só assim se conseguirá uma mais
valia;
§
Avaliação dos efeitos da formação (impacto): esta é feita a
4 níveis:
1. Pedagógico ou
Avaliação das Aprendizagens – as pessoas aprenderam? Tiveram um bom aproveitamento
no final do curso? (muitas vezes faz-se também uma avaliação no inicio e no fim
do curso para depois se fazer uma comparação); consiste em avaliar os
conhecimentos, atitudes e comportamentos adquiridos com a formação; é uma forma
de avaliação interna da formação, que compara os resultados obtidos no início e
no fim da formação;
2. Desempenho da
função ou Avaliação do impacto uso-função– retorno do investimento, quanto se
gastou vs quanto é que a aprendizagem vai permitir poupar no futuro; avalia em
que medida os formandos estão a aplicar os conhecimentos, atitudes e
comportamentos adquiridos na formação, no exercício das suas funções; consiste
na chamada validação externa da formação, uma vez que se procede à comparação
das aprendizagens efetuadas na ação com o desempenho da função, ou seja, com
acontecimentos externos à formação; é uma avaliação de impacto ao nível
funcional;
3. Indicadores de
exploração ou Avaliação do Impacto Organizacional – saber se a
formação melhorou a imagem junto do cliente. Não tem a ver com a formação do
indivíduo mas sim em termos de negócio; consiste em estimar o valor da formação
para a organização, tanto do ponto de vista qualitativo (por exemplo, redução
do número de reclamações) como quantitativo (aumento da produção, redução de
custos, etc); é a avaliação do impacto ao nível organizacional
4. Avaliação Reacional: é a forma como os
participantes reagiram à formação; implica quase sempre a resposta a um
questionário que incide sobre os aspetos relativos à condução da ação de
formação, como sejam os conteúdos, monitoria, métodos e meios, organização,
etc;
A Avaliação do investimento em formação
deve ser muito rigorosa. O resultado de um ano influencia o ano seguinte. Se
não forem bons, os investimentos em formação no ano seguinte serão menores.
Muitas empresas colocam os seus órgãos em concorrência com o exterior
Capítulo VIII
Gestão de Carreiras
1. Finalidades e estratégias da
Gestão de Carreiras
A gestão de carreiras tem uma importância central na GRH,
na medida em que:
o
se propõe fixar as pessoas à Organização;
o
dar-lhes perspetivas de evolução futura, dos pontos de
vista pessoal e profissional
o
prepará-las a prazo para desempenharem tarefas e responsabilidades em consonância
com a estratégia definida.
A GC procura:
apoiar o
desenvolvimento das carreiras profissionais dos colaboradores de uma
Organização através de um permanente compromisso entre, por um lado, as
potencialidades e as aspirações dos colaboradores, e por outro, o papel que as
pessoas devem assumir na estratégia de mudança e os recursos de que a
Organização dispõe para o desenvolvimento dos seus colaboradores.
Objetivos da GC: 4Perspetivas da Gestão de carreiras
1) autogestão da
carreira: cada indivíduo deve ser capaz de definir objetivos individuais de
carreira, perspetivar as ocupações profissionais (empregos/funções) como meios
para atingir um objetivo último de carreira, decidir sobre as oportunidades de
emprego que devem ser aceites, decidir quando e para onde mudar de emprego, ter
consciência da relação entre o que se pode dar e obter da Organização em termos
de experiência e realização profissional, por ex;
2) desenvolvimento
das potencialidades dos trabalhadores: contributo da organização(métodos e técnicas) para o
desenvolvimento das potencialidades dos indivíduos, a sua permanência na
Organização, proporcionar oportunidades de promoção e de realização pessoal,
tendo em conta as várias fases das carreiras individuais dos seus
trabalhadores;
3) manutenção e
crescimento da organização: bem como a promoção da adaptação à mudança e a obtenção
de vantagens concorrenciais, através do desenvolvimento e movimentação das
pessoas na Organização;
4) articulação
entre as exigências de implementação da estratégia empresarial (determinando o
número, qualidade e momento dos RH necessários) e as aspirações das pessoa: encontrar
compromissos e equilíbrios entre aquelas exigências, pois determinam a
quantidade, qualidade e progressão desejável dos RH de que a Organização
dispõe, e as aspirações das pessoas, no sentido de encontrarem no seu trabalho
oportunidades de autorrealização e de progresso material.
2. Conceitos e Estádios de
Carreiras
Gestão de Carreiras: conjunto de
métodos e técnicas que sustentam a tomada de decisão nas carreiras
profissionais.
A palavra carreira é igualmente utilizada em
expressões que dão ênfase a aspetos distintos, se bem que interligados,
referentes ao percurso profissional de um indivíduo:
Ø Carreira
Objetiva – Consiste no percurso profissional do indivíduo ao longo
do tempo; é um percurso pré-definido no contexto de uma organização (mas que
tem entrado em declínio). São percursos formalmente definidos. É uma sucessão
de funções que se articulam e sucedem em sentido ascendente, estando previstas
na empresa. Envolve um certo grau de segurança, estabilidade e previsibilidade.
As pessoas vão passando de uns níveis aos outros consoante certas regras
previamente estabelecidas. Têm de obedecer a conjuntos de regras para poder
progredir.
Contudo, esta
noção de carreira está em decadência uma vez que as empresas raramente prometem
futuros às pessoas. Atualmente, dada a instabilidade das organizações, não o
conseguem fazer! Obviamente, as empresas têm escalões definidos e perfis
necessários. No entanto, não há nenhum tipo de regra que diga que ao fim de x
anos se sobe de nível profissional. Mas isto também não quer dizer que as
empresas não apostem nas carreiras dos seus colaboradores. Existe formação e
desenvolvimento das pessoas para que esta possam desempenhar certos cargos e funções
caso venha a ser necessário. É extremamente importante a gestão de
expectativas! A maior parte das organizações, dada a imprevisibilidade de
ascensão, pode alargar a gestão de carreiras à esfera internacional (isto
poderá ser feito, por exemplo, através da troca de informação relativa às
pessoas por intranet).
Muitos
percursos estão legalmente enquadrados (ex: administração pública). Nas
empresas privadas, não há lei mas pode existir o facto das carreiras se
enquadrarem a nível do contrato estabelecido entre os empregados e os
empregadores à São os SISTEMAS DE CARREIRAS INTERNAS: As empresas estão presas
nesta situação não só devido à antiguidade do sistema, mas também aos contratos
celebrados.
Um exemplo
deste tipo de sistemas é o Sistema de Carreiras por Famílias:
1. Análise de funções
2. Organização
destas em famílias: produção, manutenção, comercial…
3. Ordenação de
funções dentro de cada família
4.
Construção
de trajetos/evoluções
Ø Carreira
Subjetiva – Consiste numa sequência de alterações motivacionais, de
atitudes e de valores que ocorrem ao longo da vida de um indivíduo; percurso
que a pessoa faz ao longo da vida, preparando-se para entrar, e posteriormente
estar, no mundo do trabalho. É o percurso que cada um de nós vai percorrendo. Cada
um gere e desenvolve o seu próprio caminho profissional. Há uma grande
incerteza! Se a empresa está em crescimento, há uma muito maior previsibilidade
do que quando a empresa está estagnada ou em declínio. Cria-se ansiedade! As
pessoas não conhecem nem as oportunidades nem o investimento que haverá no
futuro por parte da empresa.
Sinais de que a empresa se preocupa com a gestão de carreiras:
- “Eu (empresa) aposto em si… agora só tem de me
mostrar o que vale!”
Este é um sinal de que a empresa dá alguma importância e
empenha-se em desenvolver o potencial dos seus colaboradores. Existe uma aposta no
desenvolvimento de competências.
·
Dar oportunidade aos melhores! Se há expansão, se existem
novos projetos, postos de trabalho e oportunidades, a empresa torna estas
situações em desafios entregando-as a internos da empresa antes de procurar
exteriormente. Neste caso, poder-se-á mais facilmente progredir na carreira.
Características
de um bom gestor da sua carreira:
·
Autoconsciência:
Pensar com clareza em que é que se é bom ou não. O que dou à empresa? O que
me dá ela? Ser autocrítico. De que forma as minhas capacidades estão a ser
trabalhadas? Em que estou a utilizar os meus pontos fortes e de que forma estão
os fracos a serem melhorados?
·
Analisa quando deve sair das funções em que está.: O pior inimigo é o comodismo, a rotina! Desinstalar
alguém de uma rotina pode originar muitas resistências. Há que as detetar a
tempo para que não se percam competências e empregabilidade. Se me colocassem
fora da empresa agora, que empregabilidade tenho? Há que ter consciência nítida
da posição em que nos encontramos.
·
Sabe escolher muito bem os empregos e empregadores: Raciocina bem sobre a oportunidade de mudar. Que percurso
já fiz? Este meu percurso profissional até aqui encaixa logicamente no que vou
fazer agora? Não só interessa a função que se teve, mas também a empresa em que
se esteve (de preferência, sendo esta de renome).
·
Planeia bem a saída dos empregos: Deve sair-se
sem conflitos, tensões ou contradições. É que o mundo dos negócios é
extremamente pequeno! Deve ser uma saída negociada e beneficiada para a parte
da empresa. Não se deve, por exemplo, sair a meio de um projeto pois isto porá
em causa a credibilidade e responsabilidade da pessoa. Há que ter em atenção os
juízos éticos! Há que cultivar uma imagem de ética, coerência, cuidado e
responsabilidade. As impressões que as outras pessoas têm de nós devem ser
geridas.
Uma carreira deve ter uma estrutura sólida. Deve ser
pensada, ter lógica, consistência e coerência!
FASES DA CARREIRA (Estádios)
1ª FASE – ESTABELECIMENTO:
É uma fase bastante dura. Tem de se mostrar aquilo que se vale e lançar a
nossa imagem, qualidades e competências no mercado de trabalho. Há que se ser
ambicioso, trabalhador, estar sujeito ao stress. Existe uma grande necessidade
de afirmação pessoal. Nesta fase, tem de se saber conciliar a vida profissional
com a formação da vida familiar, o que por vezes se pode tornar bastante
complicado. As grandes metas a atingir nesta fase são: ganhar dinheiro, subir
na carreira e mostrar a importância daquilo que se faz.
2ª FASE – MANUTENÇÃO: Dá-se
aproximadamente a partir dos 40 anos, quando já se tem um bom salário, uma
estabilidade e um estatuto profissional. É a altura em que se recolhem os
louros da já existente carreira profissional e daquilo que já se fez. É a fase
em que se faz um balanço do que foi o percurso profissional até àquele momento.
Por exemplo, já não se quer desafios de carreira internacional, preferindo-se
gozar aquilo que se tem. Preza-se a segurança e a estabilidade.
3ª FASE – DECLÍNIO: Altura em que a
pessoa começa a desligar-se da vida profissional e das próprias organizações. A
pessoa começa a pensar na reforma.
4ª FASE – REFORMA: É o desligar da
vida profissional. É uma transição, por vezes muito dramática, para um
envelhecimento muito rápido. Deve-se saber substituir o trabalho por outras
atividades e começa-se então a pensar em fazer algo para ocupar o tempo.
Ø Carreira
Organizacional – Consiste num plano estabelecido
pela Organização, no qual descreve tudo o percurso profissional por onde os
colaboradores podem movimentar-se dentro de determinadas condições/regras
previamente estabelecidas pela organização.
Ø Padrão de
Carreiras: coerência interna percebida nos interesses e
atividades desenvolvidas por um indivíduo quando observamos o seu currículo.
Ø Sistema de
Carreiras: consiste num conjunto de
carreiras proposto pela organização e regulamentado por esta.
Ø Programa de
Desenvolvimento de Carreiras: é constituído por atividades
de que auxiliam o sistema de carreiras proposto.
3. Construção de Sistemas de
Carreiras
Sistema de Carreiras deve ser concebido de modo a:
1) Representar as
reais possibilidades de progressão, quer lateralmente, quer verticalmente (sem implicar
promoções automáticas);
2) Não limitar a mobilidade, não
impor a especialização forçada numa área técnica;
3) Ser adaptável às mudanças no
conteúdo do trabalho, prioridades de trabalho e necessidades de gestão;
4) Ser flexível;
5) Especificar conhecimentos, aptidões, comportamentos e
outros atributos requeridos para desempenhar eficazmente cada posição ao
longo da carreira;
6) Especificar o modo como os conhecimentos podem ser
adquiridos, as aptidões desenvolvidas e os comportamentos ajustados
Sistema
de Gestão de Carreiras
Dimensão Individual: A dimensão
individual de um sistema de gestão de carreiras diz respeito à identificação
das diversas fases de desenvolvimento de uma carreira.
Dimensão
Organizacional: No que se refere à dimensão
organizacional, esta passa pela construção de um Inventário do Potencial Humano
imprescindível ao conhecimento dos recursos humanos dentro de uma Organização,
que engloba o Psicograma de cada indivíduo.
“Porque todo o trabalho envolve, também, uma
relação interfuncional, a definição de Planos de Carreira joga com as funções e
com o que as caracteriza em termos de afinidades, exigências de competência,
gradativamente mais acentuadas, e traça a constelação que as interliga e as
interpenetra”.
Desta forma, nasce o Sistema de Carreiras por meio da
conjugação dos diferentes percursos de carreira proporcionados pela empresa.
A construção de um plano individualizado de carreira tem
então que conjugar não só a conjuntura e oportunidades oferecidas pela
Organização, mas também as especificidades de cada indivíduo, verificando-se
desta forma uma articulação entre as duas grandezas mencionadas.
Etapas do Processo de Elaboração de um Sistema de
Carreiras
1. Identificar necessidades e
problemas específicos de gestão de carreiras especificamente
relacionados com determinados grupos dentro da empresa; é necessário
diagnosticar quais os grupos-alvo e necessidades/problemas a privilegiar dentro
de uma organização, por meio de um vasto conjunto de métodos de recolha de
informação. Entre estes encontram-se os questionários, as entrevistas
individuais, as entrevistas ou sessões de grupo e registos/relatórios/estudos
específicos.
2. Análise dos atuais instrumentos de
Gestão de Recursos Humanos e da forma como estes contribuem para a constituição de
um bom suporte ao sistema de carreiras.
3. As características culturais da
empresa: A cultura
organizacional tem um grande impacto na carreira de cada trabalhador, pois
dependentemente dela o trabalhador vai ser mais ou menos produtivo, investindo
menos ou mais na sua carreira. Há certas características no seio de uma
Organização que se adequam melhor a um sistema de carreiras dinâmico, como por
exemplo o facto das chefias e subordinados apoiarem se mutuamente na
concretização dos objetivos, responsabilidades e tarefas das respetivas funções
ou ainda a existência do trabalho em equipa que fomentam a inovação e um elevado
grau de desempenho. O facto das pessoas também terem fácil acesso a informação
sobre as funções (a suas características, as suas exigências, as gagas
existentes) também é um fator motivador para a realização de um bom trabalho no
seio da Organização permitindo assim uma boa perspetiva de carreira.
4. Os princípios
orientadores e os objetivos do sistema de gestão de carreiras: Há uma série
de princípios orientadores do sistema de gestão de carreiras que não podem ser
defendidos apenas pela gestão de topo, mas sim com audição da restante
hierarquia da organização. Em primeiro lugar os trabalhadores devem poder
discutir abertamente com as chefias as suas oportunidades de progressão e de
desenvolvimento profissional, saber quais são as suas reais possibilidades quer
lateralmente, quer verticalmente (não existência de limitações de mobilidade).
Deve ser uma análise realista das aspirações de carreira. É também importante
estar especificada a forma como os conhecimentos podem ser adquiridos, como as
aptidões a são desenvolvidas, bem como ajustar os comportamentos às mudanças no
conteúdo do trabalho a efetuar e as prioridades que lhes são atribuídas. Os
trabalhadores devem estar preparados para corresponder as futuras necessidades
da Organização em termos de qualificações e funções com responsabilidades de
gestão. Depois, é feita uma análise de como estes princípios se ajustam às
características da empresa num todo (tanto a nível laboral, como cultural),
face a um grau de desadequação maior um processo de reavaliação destes
princípios deve ser feito (nem que tal facto implique algumas mudanças ou mesmo
a anulação de algum destes princípios). Por último, pode se definir os
objetivos do sistema de gestão de carreiras: devem ser definidos de forma
concreta e apontar claramente a forma como poderão ser mensurados. São
respostas diretas e simples as necessidades ou problemas diagnosticados na
primeira etapa.
5. Avaliação do Programa de Desenvolvimento
de carreiras
i.
Ao nível da organização - se existir um
aumento das discussões de desenvolvimento de carreiras entre chefias e
subordinados que passam a ser planeadas, se estas proporcionarem uma melhor
adequação das características de cada indivíduo às funções, que se repercutem
em aumentos de motivação e produtividade, se existir uma capacidade acrescida
de armazenamento de informação de suporte a decisões futuras de colocação de
pessoal.
ii.
Ao nível do orgão de GRH – uma boa
implementação deste programa vai depender do grau de credibilidade conferido
pelos órgãos de topo da empresa, assim como da capacidade do órgão de gestão de
recursos humanos para responder ao aumento de solicitações. Este programa
revelará igualmente uma boa implementação se se pensar no seu alargamento a
outras áreas funcionais da empresa.
iii.
Ao nível das chefias – este programa será avaliado de
forma positiva se forem criados dispositivos que permitam às chefias gerir as
carreiras dos seus subordinados em consonância com estes e com a organização e
uma adequação dos objetivos dos subordinados com as necessidades da
organização, a par de uma maior facilidade na afetação de pessoal quando se
proceder ao recrutamento interno.
iv.
Ao nível dos subordinados - será bem sucedida a implementação se for criado um processo que permita uma
efetiva gestão das suas carreiras de forma realista, planeada e partilhada com as chefias.
Ao considerarmos a carreira de um
indivíduo, temos de averiguar as diversas situações a que pode estar exposta,
como sejam a entrada numa empresa (início de carreira), a promoção (elevação do
grau de responsabilidade do cargo que ocupa), despromoção (movimento no sentido
contrário á promoção), colocação, quando existe uma alteração das atividades
desempenhadas., licenciamento (pausa temporária no exercício das funções),
saída que pode corresponder a um
despedimento ou reforma e que cessa o exercício do trabalho.
6. Desenhar o Sistema de Carreiras: Neste ponto
final é estruturado o sistema de carreiras. São tomadas então três decisões:
qual a arquitetura do sistema (que modelo de carreiras irá ser adotado e a quem
se aplica), de seguida é feita a escolha dos tipos de ações de divulgação do
desenvolvimento de carreira dos colaboradores e por ultimo é feita a conceção
do sistema de carreiras.
4. Movimentação dos RH: políticas
e instrumentos
Tipos de Movimentação Interna de Pessoal utilizados na GC:
1)
Entrada – isto é,
admissão do colaborador na Organização, na função de início de carreira (função
inicial)
2)
Promoção – ou
movimentação ascendente no sentido de funções a que correspondem mais responsabilidade,
maiores competências e salários mais elevados;
3)
Despromoção – ou passagem
a um nível inferior na carreira; é um movimento pouco frequente, limitado pela
lei do trabalho e que ocorre apenas em processos de reclassificação ou de
reconversão profissional;
4)
Colocação – ou transição
para outro local ou área da organização onde a pessoa passa a desempenhar,
transitória ou permanentemente, as suas funções, sem alteração da categoria;
5)
Licenciamento – ou
afastamento temporário do trabalhador efetuado por vontade do próprio ou da
Organização, mediante determinadas condições;
6)
Saída – corresponde
ao afastamento definitivo do colaborador, neste caso, pode assumir as formas de
despedimento (individual ou coletivo), despedimento por iniciativa do
trabalhador ou reforma (compulsiva, por limite de idade, ou antecipada)
Modelos de Evolução na Carreira:
·
Evolução
Vertical – quando a transposição de uma para outra função está diretamente associada
a uma mudança de nível hierárquico;
·
Movimentação
circular/espiral – quando se trata de uma mudança – transferência – para
outra função de nível superior ou igual, mas integrada noutro departamento da
Organização;
·
Movimentação
radial de aproximação ao cerne ou ao círculo inferior de poder da Organização
5. Métodos e instrumentos da GC;
Importância atual da gestão de quadros
Métodos da GC:
a)
Centros de
informação de carreiras – núcleos de informação constituídos por documentação
escrita, ficheiros de profissões, monografias profissionais e outros elementos
frequentemente apresentados em bases de dados informatizadas, que permitem
obter uma informação detalhada sobre o conteúdo e exigências das funções, as
perspetivas de evolução, etc
b)
Cadernos de
trabalho para o planeamento da carreira – documentos constituídos por
questionários e exercícios destinados a apoiar a autoanálise dos pontos fortes
e fracos da pessoa; estimulam a reflexão sobre as relações entre as
competências pessoais e as exigências de vários tipos de função e de carreiras;
elucidam sobre as atividades e a formação que deve ser obtida para se atingirem
os objetivos de carreira traçados. (No final a pessoa deverá responder a
questões como: Quais são os meus objetivos?, Quais as minhas competências mais
elevadas?, Como obter as competências de que preciso para alcançar os meus
objetivos?
c)
Workshops – para o
planeamento da carreira em grupo partem frequentemente de uma avaliação
individual das capacidades, interesses e valores, e proporcionam a seguir uma
discussão destes elementos em grupo. Ajudam a pessoa a ter mais consciência das
vantagens, limitações e dificuldades específicas com que se irá defrontar no
desenvolvimento dos seus planos de carreira
d)
Aconselhamento
da carreira – envolve a discussão dos interesses, aptidões e
objetivos individuais, das atividades que são desempenhadas no presente, do
nível de desempenho alcançado e do ajustamento dos objetivos traçados pelo
próprio. Enquanto atividade formal, o aconselhamento da carreira é conduzido
numa relação dual com um psicológico especializado em aconselhamento de
carreiras, mas informalmente pode ser desenvolvido no relacionamento mais
próximo com colegas ou com a chefia quando se procura junto deles uma troca de
ideias franca e aberta sobre o desempenho, o perfil de competências e as
perspetivas de evolução profissional
e)
Feedback do
desempenho – coincidindo ou não com o momento da avaliação
periódica do desempenho, pode ser uma ocasião não só para refletir sobre o
passado, mas, sobretudo, para fixar objetivos de desempenho, discutir as
necessidades do empregado para desenvolver a sua carreira e articular estas
necessidades com a formação de que deve dispor. Alguns sistemas de avaliação do
potencial de promoção incluem um juízo da chefia sobre as possibilidades da
evolução na carreira que se abrem ao empregado, a médio e a longo prazos.
f)
Formação – ferramenta
mais geralmente utilizada para a gestão das carreiras. O progresso na carreira
pressupõe a definição de objetivos de carreira e a utilização dos meios
necessários para a aquisição das competências, da motivação e da experiência,
necessárias ao exercício da função a outros níveis e/ou noutras áreas
funcionais. O colaborador pode aproveitar, no âmbito do plano de formação
dirigido ao seu setor ou grupo profissional, respostas às suas necessidades,
mas, noutros casos, há que delinear um plano de formação a médio/longo prazo,
mais personalizado, constituído por experiências com valor formativo, dentro ou
fora da Organização em que trabalha
g)
Assessment
centers – usados em seleção, podem também ser utilizados para obter uma diversidade
de informações úteis sobre as potencialidades da pessoa a as áreas em que é
necessário melhorar e desenvolver competências; são baterias de instrumentos de
avaliação, variados quanto à sua natureza e objetivos, mas estruturados com base
num modelo validado das competências relevantes no trabalho.
Instrumentos da GC:
Existe um conjunto de questões que deve ser tomado em
conta por forma a averiguar em que medida os instrumentos de Gestão de Recursos
Humanos são aplicados de maneira eficaz na organização, afim de proporcionar
uma boa base para o sistema de carreiras:
·
Colocação
interna: Todos os colaboradores são potenciais candidatos ao
preenchimento de vagas dentro da organização, por isso deve haver informação
suficiente sobre as funções com vagas em concurso por forma a analisarem em que
medida estão de acordo com a experiência já adquirida, capacidade e objetivos
de carreira.
·
Descrição de
funções: A descrição de funções não são apenas responsabilidades
e tarefas de cada colaborador no seio da Organização, inclui também fatores
comportamentais, tais como competências exigidas por determinadas funções. As
descrições de funções devem estar atualizadas e facilmente disponibilizadas aos
trabalhadores que queiram analisá-las possibilitando assim uma gestão de
carreira adequada a cada trabalhador.
·
Percursos de
carreira: A informação relativa aos percursos de carreiras deve
estar devidamente atualizada e rapidamente disponível para subordinados e
chefias para que estas ultimas estejam em condições de explicar adequadamente
quais os diversos percursos de carreira para os subordinados.
·
Avaliação de
desempenho: É uma forma dos colaboradores saberem mais acerca das
suas capacidades e competências, bem como de as poderem confrontar com a
realidade.
Deve haver por parte dos avaliadores um
feedback relativamente ao desempenho dos colaboradores de forma a proporcionar
uma análise das suas competências e capacidades. Por ultimo o período durante o
qual é feita a avaliação de desempenho deve também ser visto como uma ocasião
para discutir futuras oportunidades e planos de carreira.
·
Formação e
desenvolvimento: A formação abrange todos os colaboradores que necessitam
de formação mas também aqueles que demonstram interesse. As necessidades de
formação e desenvolvimento são avaliadas regularmente por forma atualizar a
oferta de formação que é viabilizada pela empresa. As chefias têm um papel
preponderante, na medida em que estão em condições de informar e aconselhar os
seus subordinados sobre os benefícios da formação.
A informação
sobre competências anteriores e experiências dos trabalhadores, bem como formação
que lhes foi dada é devidamente armazenada. Se houver necessidade as chefias
podem recorrer a inventários que guardam toda esta informação para suprir
lacunas em pessoal.
·
Politicas de
recrutamento, transferência ou promoção: Os colaboradores devem compreender
quais as politicas de recrutamento (interno e externo) da Organização, e se as
veem como justas e rigorosas. Os mecanismos que permitem a transferência de
trabalhadores são feitos de acordo com as qualificações dos mesmos. (planos de sucessão)
·
Sistema de
salários e benefícios: Uma política salarial justa feita no sentido de
acompanhar a progressão de carreira dos colaboradores. Por sua vez os
colaboradores devem compreender a politica de salários e se a consideram justa
e equitativa.
·
Planeamento estratégico: Os planos
futuros da organização são variáveis estratégicas que quando bem delineados,
têm grande influência na evolução da carreira de determinados colaboradores. A
informação sobre o futuro da Organização é apresentada regularmente aos
trabalhadores de forma centralizada ou não (podem ser apenas linhas guiadoras
para a Organização no seu conjunto ou apenas para um departamento).
A importância atual da Gestão
de Carreiras
No final do século XX, a gestão de carreiras ganha
contornos de maior importância na medida em que os desafios que se colocam aos
indivíduos são particularmente exigentes com corolário de fenómenos económicos
e sociais recentes.
Estes acontecimentos têm visto o seu reflexo nas mudanças
das estruturas das organizações (redução dos níveis hierárquicos, colaboradores
efetivos; redefinição dos papéis e responsabilidades.)
É indispensável para a organização identificar as
competências-chave, e potenciais de cada pessoa, tendo em consideração os
objetivos da empresa.
O conceito de “evolução” traduz-se na base para uma boa
gestão de carreiras, deste modo é necessário salientar alguns pontos que se
revestem de extrema importância para uma cuidada Gestão de Carreiras:
1 – Os
fracassos na carreira afetam profundamente as pessoas:
Refletindo-se
na sua autoestima, força capacidade de resposta a novos
desafios. Para que as pessoas possam evoluir
positivamente na sua carreira e preciso proporcionar-lhe as condições
necessárias a esse fim.
2 –
Garantia de maior justiça e igualdade de oportunidades entre todos os membros
da organização: A Gestão de Carreiras, para ser aplicada de forma eficaz
de modo a refletir-se na organização, de forma a promover um bom ambiente de
trabalho entre todos os membros da organização, quer a nível pessoal quer a
nível profissional.
3 –
Impossibilidade de promoção generalizada dos trabalhadores:Esta
impossibilidade de promoção generalizada, faz com que a gestão de carreiras
incentive os trabalhadores a evoluírem, para que futuramente possam progredir
na sua carreira.
4 – Realização das aspirações educativas e de
desenvolvimento pessoal: Atualmente, podemos destacar que as organizações,
para manterem o sucesso, implementam programas de formação pessoal o que
contribuiu para a realização de muitas pessoas em termos de aspirações
educativas e constituiu uma forma de poder valorizar o seu trabalho dentro da
empresa. Este tipo de incentivos, contribuem para motivar as pessoas de forma a
rete-las na empresa.
5 – Melhoria da qualidade
de vida no trabalho:Esta questão é fundamental nas Organizações, na medida em
que contribuiu para a gestão de carreiras do forma a proporcionar:
· um melhor
desempenho profissional, por parte dos colaboradores, permitindo um elevado
grau de evolução de vido ás boas condições de trabalho;
· existem prémios
de mérito de forma a motivar os colaboradores;
· existe uma
liberdade controlada, o que permite às pessoas desenvolver o seu potencial,
tendo em conta a sua carreira profissional, dentro da empresa.
6 – Reconhecimento do valor estratégico das pessoas: Atualmente as
organizações, ao adotarem um sistema de desenvolvimento de carreiras, tendo por
base o reconhecimento pessoal, conferindo um elevado grau de motivação para as
pessoas, a partir do momento em que este sistema tem efetivamente um caráter
dinâmico e eficaz dentro da organização. Em todo o caso se este reconhecimento
pessoal, contribuiu para uma desvalorização da empresa.