os dez princípios da economia 2
Princípio 1:
As Pessoas Enfrentam Trade-offs
A primeira lição sobre a tomada de decisões está
resumida no provérbio: “Nada é de graça”. Para conseguirmos algo que queremos,
geralmente precisamos abrir mão de outra coisa de que gostamos. A tomada de
decisões exige escolher um objetivo em detrimento de outro.
Consideramos, por exemplo, uma estudante que
precisa decidir como alocar seu recurso mais precioso, o tempo. Ela pode passar
todo o seu tempo estudando economia, ou estudando psicologia, ou pode dividir
seu tempo entre as duas disciplinas. Para cada hora que passa estudando uma
matéria, ela abre mão de uma hora que poderia usar para estudar á outra. E,
para cada hora que passa estudando qualquer uma das duas matérias, abre mão de
uma hora que poderia gastar cochilando, andando de bicicleta, vendo TV ou
trabalhando mio período para ganhar dinheiro para alguma despesa extra.
Ou consideremos um casal decidindo como gastar sua
renda familiar. Eles podem comprar comida, roupas, ou pagar uma viagem para a
família. Ou podem poupar parte da renda para sua aposentadoria ou para pagar a
faculdade dos filhos. Quando decidem gastar um dólar a mais em qualquer uma
dessas coisas, têm um dólar a menos para gastar em outras coisas.
Quando as pessoas estão agrupadas em sociedade,
deparam - se com tipos diferentes de tradeoff. O tradeoff clássico se da entre
“armas e manteiga”. Quanto mais gastamos em defesa nacional (armas) para
proteger nossas fronteiras de agressores estrangeiros, menos podemos gastar com
bens de consumo (manteiga) para elevar nosso padrão de vida interno. Igualmente
importante na sociedade moderna é o tradeoff entre um meio ambiente sem
poluição e um alto nível de renda. As leis que exigem que as empresas reduzam a
poluição elevam o custo de produção de bens e serviços. Devido aos custos mais
elevados, essas empresas acabam obtendo custos menores, pagando salários
menores, cobrando preços mais elevados ou fazendo alguma combinação dessas três
coisas. Assim, embora os regulamentos antipoluição nos proporcionem o benefício
de um meio ambiente com menos poluição e a melhor saúde que dele decorre, eles
trazem consigo o custo de redução da renda dos proprietários das empresas,
trabalhadores e clientes.
Outro tradeoff que a sociedade enfrenta é entre eficiência e equidade. Eficiência significa que a sociedade está obtendo o máximo que pode de seus recursos escassos. Equidade significa que os benefícios advindos desses recursos estão sendo distribuídos com justiça entre os membros da sociedade. Em outras palavras, a eficiência se refere ao tamanho do bolo econômico e equidade, à maneira de como o bolo é dividido. Muitas vezes, quando estão sendo formuladas as políticas do governo, esses dois objetivos entram em conflito.
Consideremos, por exemplo, as políticas que têm por
objetivo atingir uma distribuição mais igualitária do bem-estar econômico.
Algumas delas, como o sistema de bem-estar econômico ou o seguro-desemprego,
procuram ajudar os membros mais necessitados da sociedade. Outras, como o
imposto de renda das pessoas físicas, requerem que os bem sucedidos
financeiramente contribuam mais do que outros para sustentar o governo. Embora
essas políticas tragam o beneficio de levar a uma maior equidade, elas têm um
custo em termos de redução da eficiência. Quando o governo redistribui renda
dos ricos para os pobres, reduz a recompensa pelo trabalho árduo; com isso, as
pessoas trabalham menos e produzem menos bens e serviços. Em outras palavras,
quando o governo tenta cortar o bolo econômico em fatias mais iguais, o bolo
diminui de tamanho.
Reconhecer que as pessoas enfrentam tradeoffs não
nos diz, por si só, quais as decisões que elas tomarão ou desejariam tomar. Uma
estudante não deveria abandonar o estudo de psicologia apenas porque isso
aumenta o tempo disponível para estudar economia. A sociedade não deveria
deixar de proteger o meio ambiente só porque as regulamentações ambientais
reduzem nosso padrão de vida material. Os pobres não deveriam ser ignorados só
porque ajudá-los distorce os incentivos ao trabalho. Ainda assim, reconhecer os
tradeoffs em nossa vida é importante porque as pessoas somente podem tomar boas
decisões se compreendem as opções que lhes estão disponíveis.
Princípio 2: O Custo de
Alguma Coisa é Aquilo de que Você Desiste para Obtê-la
Como as pessoas enfrentem tradeoffs, a tomada de
decisões exige comparar os custos e benefícios de possibilidades alternativas
de ação. Em muitos casos, contudo, o custo de uma ação não é tão claro quanto
pode parecer à primeira vista.
Consideremos, por exemplo, a decisão de ir à
faculdade. O beneficio é o enriquecimento intelectual e toda uma vida com
melhores oportunidades de emprego. Mas qual é o custo? Para a essa pergunta,
você talvez sinta-se tentado a somar os gastos que tem com anuidades, livros,
moradia, e alimentação. Mas na verdade esse total não representa aquilo que
você sacrifica para passar um ano n faculdade.
O primeiro problema dessa resposta é o fato de que
ela inclui algumas coisas que não são, na verdade, custos para freqüentar a
faculdade. Mesmo que você abandone os estudos, precisará de um lugar para
dormir e de comida para se alimentar. Os custos de moradia e alimentação
somente são custos se forem mais caros na faculdade do que em outro lugar. Na
verdade, o custo de moradia e alimentação pode ser menor na sua faculdade do as
despesas com aluguel e comida que você teria caso morasse por conta própria.
Neste caso, o quanto você poupa em moradia e alimentação são benefícios de
freqüentar a faculdade.
O segundo problema desse cálculo está no fato de
que ele ignora o maior custo de cursar a faculdade – o seu tempo. Quando você
passa um ano freqüentando aulas, lendo livros-texto e fazendo trabalhos, não
pode dedicar esse tempo a um emprego. Para a maioria de estudantes, os salários
que deixam de ganhar enquanto estão na faculdade são o maior custo da sua
educação.
O custo de oportunidade de um item é aquilo de que
você abre mão para obter. Ao tomarem qualquer decisão, como a de freqüentar a
faculdade, por exemplo, os tomadores de decisões precisam estar cientes dos
custos de oportunidade que acompanham cada ação possível. Atletas
universitários que podem ganhar milhões se abandonarem os estudos e se
dedicarem ao esporte profissional estão bem cientes de que, para eles, o custo
de oportunidade de cursar a faculdade é muito elevado. Não é de surpreender que
muitas vezes concluam que o beneficio de estudar não compensa o custo de
fazê-lo.
Princípio 3:
As Pessoas Racionais Pensam na Margem
As decisões que tomamos durante nossa vida
raramente são “preto no branco”; elas geralmente envolvem diversos tons de
cinza. Na hora do jantar, a decisão não é entre jejuar ou comer ate não poder
mais, mais entre aceitar uma colherada a mais de purê de batatas ou não. Quando
chega a hora das provas, sua escolha não é entre não estudar mais nada ou ficar
estudando 24 horas por dia, mais sim passar uma hora extra a mais revendo suas
anotações ou vendo TV. Os economistas usam o termo mudanças marginais para
descrever pequenos ajustes incrementais a um plano de ação existente. Lembre-se
de que “margem” pressupõe a existência de extremos, portanto, mudanças
marginais são ajustes ao redor dos “extremos”, daquilo que você está fazendo.
Em muitos casos, as pessoas tomam as melhores
decisões quando pensam na margem. Suponhamos, por exemplo, que você tenha
pedido conselho a um amigo sobre quantos anos deve dedicar aos estudos. Se ele
comparar o estilo de vida de alguém com Ph.D. ao de uma pessoa que tenha
abandonado a escola no 1˚grau, você pode se queixar do que essa comparação não
auxilia a tomar uma decisão. Você já tem uma certa instrução e provavelmente
está querendo decidir se deve passar mais um ano ou dois na faculdade. Para
tomar essa decisão, você precisa saber quais os benefícios adicionais que um
ano a mais na escola vai oferecer (salários mais altos por toda vida e o
incomparável prazer de aprender) e quais os custos adicionais que você
incorreria (custo da instrução e o salário que você deixara de receber enquanto
você tiver estudando). Comparando esses benefícios marginais com os custos
marginais, você pode avaliar se um ano a mais na faculdade vale a pena.
Como outro exemplo, imagina uma companhia aérea ao
decidir quanto cobrar de passageiros que estejam na lista de espera. Suponhamos
o vôo de um avião de 200 lugares costa a costa, através do país, custe à
empresa USS 100 mil. Neste caso, o custo médio de cada assento será de USS 100
mil / 200, ou seja, de USS 500. Poderia ser tentador concluir que a empresa
jamais deveria vender uma passagem por menos do que USS 500. Na verdade,
entretanto, a empresa pode aumentar seus lucros pensando na margem. Vamos
imaginar que o avião esteja prestes a decolar com dez assentos vagos e que um
passageiro em espera esteja disposto a pagar USS 300 pela passagem. A empresa
deve vender a passagem a esse preço? Claro que sim! Se o avião esta com
assentos vagos o custo de acrescentar mais um passageiro é minúsculo. Embora o
custo médio por passageiro seja de USS 500, o custo marginal é apenas o custo
do saquinho de amendoins e do refrigerante que o passageiro extra consumirá.
Desde que o passageiro pague mais do que o custo marginal, vender a passagem
para ele é lucrativo.
Como esses exemplos mostram, pessoas e empresas
podem tomar decisões melhor pensando na margem. Um tomador de decisões racional
executa uma ação se e somente se o beneficio marginal da ação ultrapassa o
custo marginal.
Princípio 4:
As Pessoas Reagem a Incentivos
Como as pessoas tomam decisões por meio de
comparação de custos e benefícios, seu comportamento pode mudar quando os
custos ou benefícios mudam. Em outras palavras as pessoas reagem a incentivos.
Quando o preço de uma maçã aumenta, por exemplo, as pessoas optam por comer
mais pêras e menos maçãs porque o custo de comprar maçãs ficou maior. Ao mesmo
tempo, os donos de pomares de macieiras decidem contratar mais trabalhadores, e
comer mais maçãs porque o beneficio de vender maçãs também aumentou. Como
veremos, o efeito do preço sobre o comportamento dos compradores e dos
vendedores num mercado – o mercado de maçãs, neste caso – é cruel para entender
como a economia funciona.
Os formuladores de políticas públicas nunca devem
esquecer-se dos incentivos, já que muitas políticas alteram os custos e
benefícios para as pessoas e, portanto, alteram seu comportamento. Um imposto
sobre a gasolina, por exemplo, e um incentivo para que as pessoas usem carros
menores e que consomem menos gasolina. Também é um incentivo para que prefiram
o transporte público ao carro particular e para que vivam mais perto de seu
local de trabalho. Se o imposto fosse elevado o bastante, as pessoas começariam
a usar carros elétricos.
Quando os formuladores de políticas deixam de
considerar como suas políticas afetam os incentivos, muitas vezes chegam a
resultados diferentes do desejado. Vamos pensar, por exemplo, na política
pública quanto à segurança no transito. Hoje, todos os carros têm cintos de
segurança, mais isso não ocorria há 50 anos. Na década de 1960, o livro Unsafe
at Any Speed, de Ralph Nader, gerou uma grande preocupação pública com a
segurança. O congresso norte-americano reagiu com leis que impunham os cintos
de segurança como equipamento obrigatório em todos os carros novos.
Que efeito tem uma lei de cintos de segurança sobre
a segurança no transito? O efeito direto é óbvio: quando uma pessoa usa cinto
de segurança, a probabilidade de que sobreviva a um acidente grave aumenta. Mas
a historia não acaba aí, uma vez que a lei também afeta o comportamento ao
alterar incentivos. O comportamento em questão aqui é a velocidade e o cuidado
com que os motoristas conduzem seus carros. Dirigir de vagar e cautelosamente é
custoso porque consome tempo e energia do motorista. Ao decidirem o nível de
cuidado tomado ao dirigir, as pessoas racionais comparam o beneficio marginal
de dirigir cuidadosamente com seu custo marginal. Elas dirigem mais devagar e
mais cuidadosamente quando o beneficio do aumento da segurança é elevado. Não é
de surpreender, por exemplo, que as pessoas dirijam mais lentas e
cuidadosamente quando as estradas estão molhadas e escorregadias do que quando
elas estão secas.
Consideremos agora como uma lei sobre cintos de
segurança afeta o calculo de custo-benefício de um motorista. Os cintos de
segurança reduzem os custos dos acidentes porque diminuem a probabilidade de
ferimento ou morte. Em outras palavras, os cintos de segurança reduzem o
beneficio de se dirigir lenta e cuidadosamente. As pessoas reagem aos cintos de
segurança da mesma maneira que reagiriam a uma melhora das condições das
estradas – dirigindo com velocidade mais alta e com menos cuidado. Assim, o
resultado de uma lei sobre cintos de segurança é um maior numero de acidentes
de acidentes. A diminuição da condução cuidadosa tem um efeito claro e adverso
sobre os pedestres, que passam a terem maiores chances de serem envolvidos em
um acidente, mas (ao contrário dos motoristas) não gozam do beneficio da maior
segurança decorrente da utilização do cinto de segurança.
À primeira vista, esta discussão sobre os
incentivos e os cintos de segurança pode parecer mera especulação. Mas, em um
estudo realizado em 1975, o economista Sam Peltzmam demonstrou que as leis de
segurança no trânsito apresentavam muitos efeitos como esse. De acordo com as
evidências apresentadas por Peltzmam, essas leis produzem tanto menos mortes
por acidentes quanto um maior número de acidentes. O resultado líquido é uma
pequena variação do número de mortos de motoristas e um aumento do número de
mortes de pedestres.
A análise que Peltzmam fez da segurança no transito
é um exemplo do princípio segundo o qual as pessoas reagem a incentivos. Muitos
dos incentivos que os economistas estudam são mais diretos do que os das leis
de segurança no trânsito. Ninguém estranha o fato de que as pessoas usarem
caros menores na Europa, onde os impostos sobre a gasolina são elevados, do que
nos Estados Unidos, onde esses impostos são baixos. Mas, como demonstra o
exemplo dos cintos de segurança, as políticas públicas podem ter efeitos que
não são tão óbvios antes de ocorrerem. Ao analisarmos qualquer política,
precisamos considerar não apenas seus efeitos diretos, mas também os efeitos
indiretos que operam por maio dos incentivos. Se a política mudar os
incentivos, ela provocara alteração no comportamento das pessoas.
Princípio 5:
O Comércio Pode Ser Bom para Todos
Você provavelmente já tomou conhecimento pelos
noticiários de que o Japão concorre com os Estados Unidos na economia mundial.
De certa forma isso é verdade, á medida que empresas norte-americanas e
japonesas produzem muitos bens do mesmo tipo. A Ford e a Toyota concorrem pelos
mesmos clientes no mercado de carros. A Compaq e a Toshiba concorrem pelos
mesmos clientes no mercado de computadores pessoais.
Mas e fácil se enganar na competição entre países.
O comercio entre os Estados Unidos e o Japão não é como uma competição
esportiva, em que um lado ganha e o outro perde. Na verdade, o que acontece é o
contrario: o comércio entre dois países pode ser bom para ambas as partes.
Para sabermos porque, vamos pensar como o comércio
afeta sua família. Quando um parente seu procura por emprego, está concorrendo
com membros de outras famílias que também querem estar empregados. As famílias
também competem umas contra as outras quando vão as compras, uma vez que cada
uma quer comprar os melhores bens aos melhores preços. Assim, de certa forma,
cada família existente na economia está concorrendo com todas as demais.
Apesar dessa competição, contudo sua família não se
daria melhor isolando-se de todas as outras. Se o fizesse precisaria produzir
sua própria comida, confeccionar suas próprias roupas e construir sua própria
casa. É evidente que sua família se beneficia muito de sua própria habilidade
de comerciar com as outras pessoas. O comercio permite que as pessoas se
especializem na atividade em que são melhores, seja ela a agricultura, a
costura ou a construção. Ao comerciar com os outros as pessoas podem comprar
uma maior variedade de bens e serviços a um custo menor.
Assim com as famílias, os países se beneficiam – se
da possibilidade de comerciar um com os outros. O comercio permite que elas se
especializem naquilo que fazem melhor e desfrutem de uma maior variedade de
bens e serviços. Os japoneses, como os franceses, os egípcios e os brasileiros,
são tanto nossos parceiros na economia mundial como nossos concorrentes.
Princípio 6:
Os Mercado São Geralmente uma Boa Maneira de Organizar a Atividade Econômica
O colapso no comunismo na União Soviética e no leste
Europeu na década de 1980 pode ser a mudança mais importante que aconteceu no
mundo nos últimos 50 anos.
Os países comunistas operavam com base na premissa
de que os planejadores centrais do governo estavam na melhor posição para
conduzir a atividade econômica.
Esses planejadores decidiam que bens e serviços
produzir, quanto produzir de cada um e quem os produziria e consumiria. A
teoria desenvolvida a partir do planejamento central era de que apenas o
governo poderia organizar a atividade econômica de uma maneira que promovesse o
bem-estar econômico de todo o país.
Hoje, a maioria dos países que tiveram economias de
planejamento central abandonou esse sistema e está tentando desenvolver
economias de mercado. Numa economia de mercado, as decisões do planejador
central são substituídas por decisões de milhões de empresas e famílias. As
empresas decidem quem contratar e o que produzir. As famílias decidem em que
empresas trabalhar e o que comprar com seus rendimentos. Essas empresas e
famílias interagem no mercado, em os preços e os interesses próprios guiam suas
decisões.
À primeira vista, o sucesso das economias de
mercado é enigmático. Afinal, numa economia de mercado, ninguém cuida do
bem-estar econômico de toda a sociedade.
Os mercados livres contem muitos compradores e
vendedores de diversos bens e serviços e todos estão interessados, antes de
mais nada, no seu próprio bem estar. Ainda assim, apesar da tomada
descentralizada de decisões e de tomadores de decisões movidos pelo interesse
particular, as economias de mercado têm se mostrado muito bem-sucedidas na
organização da atividade econômica de maneira a promover o bem-estar econômico
geral.
O economista Adam Smith, em seu livro A Riqueza das
Nações, publicado em 1976, fez a observação mais famosa de ciência econômica:
as famílias e as empresas, ao interagirem nos mercados, agem como se fossem
guiadas por uma “mão invisível” que as leva á resultados de mercados
desejáveis. Estudar economia, você aprendera que os preços são o instrumento
com que a mão invisível conduz a atividade econômica. Os preços refletem tanto
um valor de um bem para a sociedade quanto o custo social de produzi-lo. Como
as famílias e as empresas observam os preços para decidir o que comprar e o que
vender, levam em consideração, involuntariamente, os custos e benefícios
sociais de suas ações. Conseqüentemente, os preços levam os tomadores de
decisões individuais, a resultados que muitos casos maximizam o bem-estar de
sociedade.
Há um corolário importante que se deduz da
atividade da mão invisível como condutora da atividade econômica: quando o
governo impede que os preços se ajustem naturalmente à oferta e à demanda,
impede que a mão invisível coordene os milhões de famílias e empresas que
compõe a economia. Esse corolário explica por que os impostos têm um efeito
adverso sobre a locação de recursos: eles distorcem os preços e com isso as
decisões das empresas e das famílias. Explica também o mau ainda maior que pode
ser causado por políticas de controle direto dos preços, como a de controle dos
aluguéis. E explica o fracasso do comunismo. Nos países comunistas, os preços
não eram determinados no mercado, mais ditados pelos planejadores centrais. Os
planejadores não tinham as informações que são refletidas nos preços quando
estes reagem livremente às forcas de mercado. Os planejadores centrais falharam
porque tentaram conduzir a economia como uma mão amarrada nas costas – a mão
invisível do mercado.
Princípio 7:
Às Vezes os Governos Podem Melhorar os Resultados dos Mercados
Se a mão invisível do mercado é tão boa, porque
precisamos do governo? Uma resposta é o fato de que a mão invisível precisa que
o governo a projeta. Os mercados só funcionam bem quando os direitos de
propriedade são garantidos. Os fazendeiros não cultivaram alimentos se acharem
que suas colheitas serão roubadas, e os restaurantes só servirão refeições se
tiverem à garantia de que os clientes pagarão antes de ir embora. Todos
confiamos no governo para providenciar policia e tribunais para fazer valer
nossos direitos sobre aquilo que produzimos.
Há ainda outro motivo pelo qual precisamos do
governo: embora os mercados sejam, geralmente uma boa maneira de organizar a
atividade econômica, essa regra esta sujeita algumas exceções importantes. Há
dois motivos genéricos para que o governo intervenha na economia – promover a
eficiência e promover a equidade. Ou seja, a maioria das políticas tem por
objetivos ou aumentar o bolo econômico ou mudar a maneira como o bolo é
dividido.
Embora a mão invisível geralmente leve os marcados
a alocar os recursos de forma eficiente, isso nem sempre acontece. Os
economistas usam a expressão falha de mercado para se referir a uma situação em
que o mercado, por si só, não consegue produzir uma alocação eficiente de
recursos. Uma possível causa de falha de mercado é a externalidade, que é o
impacto de das ações de uma pessoa sobre o bem-estar dos que estão próximos. Um
exemplo clássico de custo externo é a poluição. Outra causa possível de falha
de uma falha de mercado é o poder de mercado, que se refere à capacidade de uma
pessoa (ou um pequeno grupo de pessoas) influenciar indevidamente os preços de
mercado. Se, por exemplo, todas as pessoas de uma cidade precisar de água, mas
houver apenas um poço, o proprietário do poço não estará sujeito à forte
competição por meio da qual a mão invisível costuma controlar os interesses
particulares. Quando há externalidades ou poder de mercado, políticas públicas
bem sucedidas podem aumentar a eficiência econômica.
A mão invisível pode também não conseguir garantir
que a prosperidade econômica seja distribuída eqüitativamente. Uma economia de
mercado recompensa as pessoas de acordo com sua capacidade de produzir coisas
pelas quais as outras pessoas estejam dispostas a pagar. O melhor jogador de
basquete do mundo ganha mais do que o melhor jogador de xadrez simplesmente
porque as pessoas estão dispostas a pagar mais para assistir uma partida de
basquete do que para assistir um jogo de xadrez. A mão invisível não garante
que todos tenham comida suficiente, roupas decentes e atendimento médico
adequado. Muitas políticas públicas, por exemplo, o imposto de renda e o
sistema de seguridade social, têm por objetivo atingir uma distribuição mais
eqüitativa do bem-estar econômico.
Dizer que o governo pode, por vezes, melhorar os
resultados do mercado não significa que ele sempre o fará. A política pública
não é feita por anjos, mas por um processo político que esta longe de ser
perfeito. Às vezes, as políticas são concebidas somente para recompensar os politicamente
poderosos. Às vezes, são feitas por lideres bem – intencionados, mas mal
informados. Um dos objetivos do estudo da economia e ajudar você a julgar
quando uma política governamental e justificável para promover a eficiência ou
a equidade e quando não é.
Princípio 8:
O Padrão de Vida de um País Depende de sua Capacidade de Produzir Bens e
Serviços
As diferenças de padrão de vida em todo o mundo são
assustadoras. Em 2000, o norte-americano médio teve renda de aproximadamente
USS 34.100. No mesmo ano, o mexicano médio ganhou USS 8.790 e o nigeriano
médio, USS 800. Não é de surpreender que essa grande variação do nível de
rendimento se reflita em diversos indicadores de qualidade de vida. Os cidadãos
de países de renda elevada têm mais televisores e carros, melhor nutrição,
melhor assistência médica e uma expectativa de vida mais longa do que os
cidadãos do países de baixa renda.
As mudanças do padrão de vida ao longo do tempo
também são grandes. Nos Estados Unidos, historicamente as rendas crescem cerca
de 2% ao ano (após ajustes que ocorreram devido a alteração no custo de vida).
A essa taxa, a renda media dobra a cada 35 anos. No ultimo século, a renda
media aumentou aproximadamente oito vezes.
O que explica essa grande diferença de padrão de
vida entre países e ao longo do tempo? A resposta e surpreendentemente simples.
Quase todas as variações de padrão de vida podem ser atribuídas a diferenças de
produtividade entre países – ou seja, a quantidade de bens e serviços
produzidos em uma hora de trabalho. Em países onde os trabalhadores podem
produzir uma grande quantidade de bens e serviços por unidade de tempo, a
maioria das pessoas desfruta de padrões de vida elevados; em nações onde os
trabalhadores são menos produtivos, a maioria das pessoas precisa enfrentar uma
existência com maior escassez e, portanto, menos confortável. De forma
semelhante, a taxa de crescimento de produtividade de um país determina a taxa
de crescimento de sua renda média.
A relação fundamental entre produtividade e padrão
de vida é simples, mas suas implicações são profundas. Se a produtividade é o
determinante principal do padrão de vida, outras explicações devem ser de
importância secundária. Por exemplo, poderia ser tentador creditar aos
sindicatos de trabalhadores ou as leis de salário mínimo a elevação do padrão
de vida dos trabalhadores norte-americanos durante o século passado. Mas a
verdadeira heroína dos trabalhadores norte-americanos é a sua produtividade
crescente. Vejamos outro exemplo: alguns comentaristas afirmaram que a
competição crescente vinda do Japão e de outros países explica o lento
crescimento de renda nos Estados Unidos nas décadas de 1970 e 1980. Mas na
verdade o vilão não era a competição internacional, e sim o menor crescimento
da produtividade no país.
A relação entre produtividade e padrão de vida
também trás implicações profundas para a política pública. Quando se pensa
sobre como alguma política afetara os padrões de vida, a questão-chave e como
ela afetara nossa capacidade de produzir bens e serviços. Para elevarem os
padrões de vida, os formuladores de políticas precisam elevar a produtividade
garantindo que os trabalhadores tenham uma boa educação, disponham das
ferramentas que precisam para produzir bens e serviços e tenham acesso à melhor
tecnologia disponível.
Princípio 9:
Os Preços Sobem Quando o Governo Emite Moeda Demais
Na Alemanha, em janeiro de 1921, um jornal custava
30 centavos de marco. Menos de dois anos depois, em novembro de 1922, o mesmo
jornal custava 70.000.000 marcos. Todos os outros preços da economia subiram na
mesma medida. Esse episódio é um dos exemplos mais espetaculares de inflação,
um aumento no nível geral de preços da economia.
Embora os Estados Unidos nunca tenham conhecido uma
inflação próxima de que ouve na Alemanha na década de 1920, a inflação tem
sido, por vezes, um problema econômico. Durante os anos 70, por exemplo, o
nível geral de preços mais do que dobrou e o presidente Gerald Ford referiu-se
a inflação como “inimigo publico número 1”. Pó outro lado na década de 1990, a
inflação foi de cerca de 3% ao ano; a essa taxa, seria preciso mais de 20 anos
para que os preços dobrassem. Como uma inflação elevada impõe diversos custos a
sociedade, mantê-la em níveis baixos é um objetivo dos formuladores de
políticas econômicas de todo o mundo.
O que causa a inflação? Em quase todos os casos de
inflação elevada ou persistente, o culpado é o mesmo – um aumento na quantidade
de moeda. Quando um governo emite grandes quantidades de moeda, o valor da
moeda diminui. Na Alemanha no inicio da década de 1920, quando os preços
estavam, em media, triplicando a cada mês, a quantidade de moeda também
triplicava mensalmente. Embora menos dramática, a história econômica dos
Estados Unidos aponta para uma conclusão semelhante; a inflação elevada da
década de 1970 estava associada a um rápido crescimento da quantidade de moeda
e a baixa inflação dos anos 90 estava associada a um lento crescimento da
quantidade de moeda.
Princípio 10:
A Sociedade Enfrenta um Tadeoff de Curto Prazo entre Inflação e Desemprego
Quando o governo aumenta a quantidade de moeda na
economia, uns do resultado é a inflação. Outro resultado, pelo menos no curto
prazo, é um menor nível de desemprego. A curva que representa este tradeoff de
curto prazo entre inflação e desemprego é chamada de curva de Phillips, em
homenagem ao economista que examinou pela primeira vez essa relação.
A curva de Phillips continua a ser um tópico
controverso entre os economistas, mas a maioria deles hoje admite a idéia de
que a sociedade enfrente um tradeoff de curto prezo entre inflação e
desemprego. Isso significa que em períodos de um ou dois anos muitas políticas
econômicas empurram a inflação e o desemprego em direções opostas. Os
formuladores de políticas enfrentam esse tradeoff independentemente de a
inflação e o desemprego estarem em níveis elevados (como estavam no inicio da
década de 1980), em níveis baixos (como no final da década de 1990) ou em algum
ponto intermediário. A escolha entre inflação e desemprego é apenas temporária,
mas pode durar muitos anos. A curva de Phillps é, portanto, crucial para o
entendimento de muitos fenômenos na economia. Mas especificamente, é importante
para o entendimento do ciclo de negócios – as flutuações irregulares e
altamente imprevisíveis da atividade econômica, medidas pelo numero de pessoas
empregadas ou pela produção de bens e serviços.
Os formuladores de políticas podem explorar o
tradeoff de curto prazo entre inflação e desemprego usando diversos
instrumentos de política. Mudando o montante de gastos do governo, mudando o
valor arrecadado de impostos e mudando o montante de emissão de moeda, os
formuladores de políticas podem influenciar a combinação de inflação e
desemprego que a economia apresenta. Uma vez que esses instrumentos de
políticas monetária e fiscal são potencialmente tão poderosos, as maneiras como
os formuladores de políticas devem utilizá-los para controlar a economia e
mesmo se devem ou não utilizá-los é objeto de constante debate.