visão geral de testes psicológicos


VISÃO GERAL DE TESTES PSICOLÓGICOS
- Conceito de testes:
Teste é uma palavra de origem inglesa que significa “ prova”; deriva do latim testis
e é usada internacionalmente para denominar uma modalidade de medição bastante
conhecida hoje em dia em diversos campos científicos e técnicos. “ Uma medição só é
chamada de teste se for usada, primordialmente, para se descobrir algo sobre o indivíduo,
em vez de responder a uma questão geral. (Tyler, 1973). Essencialmente, a finalidade de um teste consiste em medir as diferenças existentes, quanto a determinada característica, entre diversos sujeitos, ou então o comportamento do mesmo indivíduo em diferentes ocasiões – diferença inter e intra – individual, respectivamente. O instrumento psicométrico mais típico é o teste. Todavia, não é o único. Trata-se de uma situação estimuladora padronizada ( itens de teste e ambiente de aplicação) à qual uma pessoa responde.
Entende-se por situação experimental tudo aquilo que faz parte do teste e da aplicação
do mesmo, definidos anteriormente, ou seja, material empregado, instruções, local da
aplicação, etc... Essas condições precisam ser padronizadas para que se evitem variações
nas condições da administração. Em segundo lugar, se o teste é um estímulo que gera uma
resposta do indivíduo, o registro desse comportamento é deveras importante. Deve ser
preciso para ser confiável. No caso dos testes em que cabe ao indivíduo registrar a própria
resposta, não há problema. Entretanto, quando se precisa anotar a resposta do indivíduo e,
ao mesmo tempo, observar sua responsividade não-verbal, todo o cuidado é pouco.
- Classificação de testes:
Não existe um modo inteiramente satisfatório de classificar os testes que seja adotado
por unanimidade pelos diversos autores. Diferentes critérios podem ser adotados. O que
será feito a seguir é definir cada uma dessas características , integrando-as em uma única
classificação.
- Segundo o método utilizado:
De acordo com o método, os testes dividem-se em psicométricos e projetivos. Tem-se
denominado método psicométrico ao procedimento estatístico sobre o qual se baseia a
construção dos testes, assim como a elaboração dos dados da investigação. Entretanto,
quando se trata da metodologia empregada para a obtenção de dados, diz-se que um teste
que um teste psicométrico é aquele cujas normas gerais utilizadas são quantitativas, o que
quer dizer que o resultado é um número ou medida. Os itens do teste são objetivos e podem
ser computados de forma independente uns dos outros, seguindo uma tabela ( ex.: testes de
inteligência).
Os testes cuja metodologia á projetiva, por sua vez, são aqueles cujas normas são
qualitativas, ou seja, são testes menos objetivos. O resultado se expressa através de uma
tipologia. Por terem uma avaliação qualitativa, evidentemente que seus elementos ( itens de
teste) não podem ser medidos em separado. E a constância de certas características
avaliadas no teste como um todo que dará a relativa certeza de um diagnóstico ( ex.: testes
de personalidade em geral).
- Segundo a Finalidade:
Nesse caso, dividem-se em Testes de Velocidade, ou Rapidez, e Testes de Potência,
ou Nível. Os testes puros de velocidade medem a rapidez de raciocínio ou execução de
determinada tarefa. Caracterizam-se pelo tempo certo de administração e pelo fato de serem
homogêneos, isto é, medirem o mesmo fatos comum em todos os itens muito fáceis para se
ter como variável apenas a rapidez de execução.
Os testes puros de potência são aqueles que medem, não a rapidez da execução, mas a
qualidade da mesma. Avaliam a potencialidade do indivíduo em relação a alguma
característica. Os itens apresentam-se em dificuldade crescente – teste heterogêneo- e isso
toma mais tempo para a sua realização. Não se pode dizer que o tempo é ilimitado, pois
isso implicaria ter-se que estar à disposição do testando.
- Segundo a Influência do Examinador
Segundo a influência do examinador, os testes podem ser Pessois ou Impessoais. Esse
é um critério importante, já que a influência do examinador pode favorecer ou desfavorecer
o escore do examinando. Nos casos em que é extremamente necessária a presença do
examinandor para explicar a tarefa, observar atitudes, etc., sua personalidade e sua conduta
influem consideravelmente no resultado. Ao contrário, nos testes impessoais o examinador
se limita a administrar o rapport . Geralmente esses testes são auto-administrados ,pois vêm
com instruções impressas, cabendo ao examinando apenas segui-las para respondê-las.
Em princípio, todos os testes são pessoais – o que varia é o grau de influência. Os
testes projetivos, em maior grau, e os testes psicométricos, em menor grau, são exemplos
disso.
- Segundo o Modo de Administração:
Segundo o modo de administração, os testes podem ser individuais, coletivos e autoadministrados. Chama-se teste individual aquele que exige apenas a presença de um
examinador e um examinando, não se podendo aplicá-lo a um grupo de sujeitos
simultaneamente. Suas instruções são complexas, exigindo maior treino por parte do
aplicador, principalmente no que diz respeito à coleta das informações não-verbais
expressas pelo candidato. São muito pessoais: TAT, Rorschach, PMK...). Os testes
coletivos não exigem um contato tão direto entre examinador-examinando. São mais
simples e qualquer um, com um pequeno treino, pode administrá – los . Por isso são
realizados em grupo, apresentando como vantagem a economia de tempo ( ex.: Baterias de
Aptidões).
Os testes que possuem instruções na capa, não determinam tempo e dispensam a
presença de um aplicador, tamanha a facilidade comque são executados, são chamados de
testes auto-administrativos. Podem ser aplicados coletivamnete ou mesmo de forma
individual, desde que adaptados às exigências da situação.
- Segundo o Atributo Medido
Segundo o atributo medido, os testes dividem-se em de rendimento, aproveitamento
ou realização; e aptidão e de personalidade. Os testes de aproveitamento servem para medir o grau de eficiência na realização de uma tarefa aprendida. O objetivo é medir, objetivamente, o conhecimento que o indivíduo adquiriu sobre algo, em relação ao seu grupo. São muito usados em empresas quando se exigem candidatos especializados para obtenção de promoções. Também para objetivos educacionais, seja avaliar o desempenho no final de um curso ou medir a aprendizagem vocacional especializada.
Os testes de aptidão medem o “potencial ” do indivíduo para aprender ou realizar
uma tarefa. Anteriormente, achava-se que se tratava de capacidades “ latentes ”, bastando
um pequeno treinamento adequado para que fossem atualizadas. Hoje se reconhece que isso
é um tanto ingênuo. As realizações dos testes de aptidão refletem influências acumulativas
de numerosas experiências da vida diária. A aprendizagem é realizada sob condições não –
controladas ou desconhecidas. Além do mais, todos os testes psicológicos medem o
comportamento atual, e este está carregado de influências da aprendizagem anterior. Uma
forma de subdivisão desses testes é: testes de aptidão específica; testes de aptidão especial.
Os testes de aptidão geral (Fator g) medem inteligência como um todo; dão a medida
geral da esfera intelectiva. São os testes que se referem , ao mesmo tempo, a diferentes
aspectos da atividade inteligente. Como exemplo desses instrumentos , temos o INV, o
Barcelona, o Dominó, etc. Os testes que medem o Fator G dividem-se em testes ou escalas
que avaliam o desenvolvimento mental, ou seja, a inteligência em seu aspecto evolutivo e
testes de capacidade mental que mensuram a função intelectiva já desenvolvida.
Os testes de Personalidade
Os testes de personalidade medem as características de personalidade propriamente
ditas, que não se referem aos aspectos cognitivos da conduta. Ex.: estabilidade emocional,
atitude, interesse, sociabilidade, etc.
Sabendo-se que a personalidade do indivíduo muda constantemente, surge a seguinte
pergunta: Que medir? Na verdade, medem-se características mais ou menos constantes da
personalidade – mesmo assim, em determinado momento. Critérios para a utilização dos testes psicológicos:
Para que um teste psicológico cumpra com os seus objetivos como instrumento de
medida cientificamente válido, é necessário que o usem de forma adequada. É
imprescindível o controle em relação à sua utilização, limitando-lhe a venda e o uso a
pessoas habilitadas para tal, e também evitando a divulgação de seu conteúdo.
A necessidade de se permitir a administração dos testes somente a pessoas preparadas
é importantíssima pois, evidentemente, um mínimo de preparo é necessário, variando a
qualidade do treinamento de acordo com a complexidade do instrumento. Os testes de
personalidade exigem maior esforço e compreensão por parte do aplicador, por exemplo.
A escolha do teste:
O objetivo do estudo e/ou a relevância do teste para o problema em questão é o
primeiro fator a ser considerado. Se o objetivo é realizar uma seleção profissional, por
exemplo, através da descrição do cargo chega-se à escolha dos testes que irão compor a
bateria.
Em segundo lugar, deve-se estar atento às características dos sujeitos que sofrerão a
aplicação – sexo, idade, escolaridade, etc., as quais determinam o tipo de teste a ser
utilizado.
Existem requisitos básicos em relação ao próprio teste que são extremamente
relevantes: trata-se da validade, da fidedignidade e da padronização do instrumento. Diz-se
que um teste é valido quando ele mede realmente o que pretende medir. Por fidedignidade
entende-se a capacidade do teste de repetir os testes em ocasiões diferentes.
A aplicação do teste:
A aplicação do teste deve obedecer rigorosamente às instruções contidas no manual, o
tempo estabelecido para a sua execução e outras recomendações especificadas. A
modificação de tais instruções invalida o teste.
O aplicador deve estar muito bem preparado de modo a evitar imprevistos durante a
aplicação. Deve estar de posse de conhecimento das condições necessárias para aplicações
contidas no manual, e do treinamento.
As condições físicas gerais para a aplicação de um teste também deve ser objeto de
cuidados: tamanho e iluminação da sala, arejamento, temperatura, influência de elementos
perturbadores...Pode parecer desnecessárias, mas essas condições influenciam no bom
desempenho em qualquer atividade, principalmente nos testes. Sabendo-se que as atividades anteriormente desenvolvidas pelos aplicandos podem influenciar seu desempenho, como por exemplo: perturbação emocional, fadiga, uma noite mal dormida... O relacionamento estabelecido entre aplicador e aplicando com finalidade de aumentar a motivação e diminuir a ansiedade chama-se rapport. Apesar de motivá-los, o examinador sabe que é importante que o indivíduo consiga um rendimento máximo por meio de seus próprios esforços. Motivar não é o mesmo que “empurrar’ o sujeito para determinada tarefa.
Testes de Personalidade: Wartegg
O teste foi idealizado por Ehrig Wartegg, em 1930, na Alemanha e apresentado pelo seu
autor ao XV Congresso de Psicologia de Jena (cidade da Alemanha Oriental) em 1937.
Nessa ocasião expôs as linhas gerais de seu teste inspirado em um trabalho de Sander. Este
último tinha apresentado no IX Congresso de Jena em 1928 uma prova que consistia em
integrar um desenho; eram uns sinais sem coerência aparente, para que os sujeitos
submetidos à prova tratassem de coordená-los entre si, dando-lhes um sentido determinado.
Esta única prova apresentada por Sander, foi modificada por Ehrig Wartegg, que a
transformou em uma série, com o objetivo de conseguir maiores e melhores resultados, e
captar melhor o estilo pessoal do examinando.
O Teste de Wartegg é uma técnica de investigação da personalidade através de desenhos
obtidos por meio de uma variedade de pequenos elementos gráficos que servem como uma
série de temas formais a serem desenvolvidos pelo indivíduo de maneira pessoal.
São oito campos onde o testando deverá realizar oito desenhos, na seqüência que desejar, o
tema que quiser, de acordo com seu próprio ritmo.
Cada campo tem um valor arquetípico:
Campo 1 – O eu, ego, auto-estima
Campo 2 – Fantasias, afetividade
Campo 3 – Ambição, metas, objetivos
Campo 4 – Angústia, como lida com conflitos
Campo 5 – Energia vital, transposição de obstáculos
Campo 6 – Criatividade
Campo 7 – Sexualidade, sensualidade e sensibilidade
Campo 8 – Social, empatia com os outros
A integração desses campos constituem a própria personalidade humana, tanto na sua
estrutura como na sua dinâmica.