A SIDA em Angola
A SIDA em Angola
RESUMO
A SIDA é uma terrível doença, fundamentalmente de transmissão sexual, que afecta um grande número de pessoas em todo o mundo. Foram objectivos do nosso trabalho, diagnosticar se as informações dadas pela Rádio-Huíla sobre o VIH/SIDA, são bem percebidas pelos professores e alunos; diagnosticar o grau de conhecimentos que os alunos e professores têm sobre a SIDA; analisar se os professores e alunos captam as informações dadas pela Rádio-Huíla e se as aplicam no seu dia-a-dia. Concluímos que: as informações dadas pela Rádio-Huíla sobre a SIDA são bem percebidas pelos professores e alunos das escolas do III nível do Lubango, da reforma Educativa; o grau de conhecimentos dos alunos e professores das escolas do III nível do Lubango, é satisfatório, na medida em que apresentam certo conhecimento sobre as medidas de contenção da doença, no que diz respeito a prevenção; constatamos que os alunos captam as informações dadas pela Rádio – Huíla, uma vez que durante as aulas, têm apresentado dúvidas e sugestões sobre matérias que tenham escutado da Rádio-Huíla; os professores por seu turno, demonstraram que captam as informações porque tentam aclarar na medida do possível as preocupações expostas pelos alunos.
Palavras – chave: Saúde Pública - SIDA – Escola – Rádio.
INTRODUÇÃO
A SIDA é uma terrível doença que afecta um grande número de pessoas em todo o mundo nesta ultima década. Haverá pessoas que olham para a palavra SIDA e não saberem do seu significado. SIDA, por extenso significa Síndrome de Imuno Deficiência Adquirida, esta é uma das fases de infecção no estado mais avançado, provocada pelo Vírus de Imunodeficiência Humana (VIH).
A sociedade na qual estamos inseridos está assolada por esta doença da SIDA, tão mortífera e que já dizimou enumeras vidas humanas, isto é, homens, mulheres e com mais incidência na camada jovem.
A Rádio, é um meio de difusão massiva cujo objectivo é de manter informadas as populações, bem como educá-las para uma boa conduta social. A Rádio -Huíla tem um importante papel na educação das comunidades sobre o perigo que esta doença representa para a saúde pública e informá-las sobre a observação de medidas preventivas, já que até ao momento, estudos feitos mostram que ainda não foram encontrados mecanismos para a cura da SIDA, por isso, os cuidados devem ser redobrados.
A escola não é importante apenas pelo conteúdo pedagógico que transmite; ela exerce vários outros efeitos sobre o aluno. Diversos aprendizados que não estão escritos no currículo formal são experimentados pelo adolescente em sua vida escolar.
É do conhecimento público que a escola é o viveiro da sociedade e o mundo de amanhã será exactamente como o prepararmos hoje. Para que não tenhamos um futuro enfermo e um mundo cheio de pandemias tão mortíferas quanto a SIDA, torna-se necessário educarmos os alunos sobre os perigos das doenças de transmissão sexual e sua prevenção.
Foi por isso que escolhemos esta amostra para sabermos o nível de conhecimentos que os professores e alunos têm sobre a SIDA, e se procuram informar – se através dos programas educativos da Rádio – Huíla.
Importância social e actualidade da SIDA.
A palavra SIDA significa o seguinte:
S – é a inicial da palavra síndroma, que significa conjunto de sinais e sintomas que permitem ao técnico de saúde avaliar e diagnosticar o indivíduo que os apresenta.
I – Equivale a imuno, refere-se ao sistema responsável pela defesa do organismo quando é atacado por microrganismos patogénicos que causam doenças.
D – Vem de deficiência, que significa falha ou mau funcionamento de uma célula, órgão, sistema de órgãos, aparelho ou o organismo no seu todo.
A – Significa adquirida. Implica dizer que a dita anomalia não nasceu com a pessoa, mas sim alcanço-a ou adquiriu-a ao longo da vida.
Antecedentes.
A SIDA é considerada uma doença recente, na verdade, em 1981, um organismo de Atlânta, denominado CDC, que nos Estados Unidos da América faz o controlo das doenças, fala pela primeira vez de uma nova síndroma a qual não conheciam a sua causa, nele viram que existia uma falha no sistema imunitário.
A OMS (1982), permitiu que se designasse SIDA para identificar esta nova síndroma. Em 1983 dois investigadores do Instituto Pasteur de Paris e do Instituto Nacional de Cancro dos EUA, Luc Montagnier e Robert Gallo respectivamente, descobriram que a SIDA é uma doença provocada pelos efeitos do VIH no organismo, este vírus de forma redonda, com o código genético ARN (Retrovirus) de acção lenta, ou seja que não se manifesta imediatamente.
A verdadeira origem da SIDA, não é conhecida, apenas existem hipóteses, uma delas é que o vírus pertence a mesma família do VIH que existia nos macacos verdes africanos, possa ter passado deles para o homem.
Outra das hipóteses, diz que devido a um desequilíbrio ecológico terá obrigado o vírus para se manter vivo encontrando um novo hospedeiro, isto porque certos macacos encontravam-se em extinção.
Existe ainda hipótese que o vírus terá sofrido alterações a que se designa mutação. Diz-se também que na década de setenta chega às Caraíbas através de emigrantes infectados, vindos da Africa Central, desta forma começam a ser infectados indivíduos desta Ilha.
Alguns habitantes das Caraíbas emigravam para os EUA, onde, para a sua sobrevivência, dedicavam-se a comercialização de sangue que em muitos casos estava contaminado com o vírus do VIH, e, em 1981 surgiram os primeiros casos nos EUA. Devido a comercialização de sangue e seus derivados em todo o mundo e também através de pessoas contaminadas, com o vírus que tinham relações sexuais desprotegidas e compartilhavam seringas e objectos perfurantes, a SIDA terá se propagado em todo o mundo.
O primeiro caso de SIDA em Portugal foi diagnosticado em 1983. Portugal é dos países europeus onde se regista um aumento do número de infectados com a SIDA. Até 1998, falava-se da existência de 2919 casos dos quais 50% já faleceram. Os indivíduos infectados tinham idade compreendida entre os 20 e os 45 anos. Pensa-se que muitos destes doentes tenham sido infectados durante a adolescência, visto que a doença só se manifesta após alguns anos de a ter possuído. Não há qualquer medicamento que seja capaz de destruir o VIH, no entanto, foi criado recentemente um medicamento, o T20, que é considerado por muitos um "MILAGRE". Actualmente, os tratamentos utilizados contra o VIH/SIDA, permitem prolongar a vida das pessoas infectadas com mais dignidade e menos sofrimento. A investigação mundial tem apostado na descoberta de uma vacina que vai permitir travar avanços do vírus, existindo mesmo uma que possa fazer com que o vírus não destrua as células sãs.
As pessoas com SIDA, não morrem propriamente desta doença, mas sim das doenças que vão sendo infectadas, visto que o VIH destrói o sistema imunitário fragilizando-o ao ponto de não conseguir combater qualquer que seja a doença.
O porquê disso acontecer? Acontece porque o VIH ataca e destrói as células coordenadoras do sistema imunitário (Linfócitos T4). A SIDA pode ser transmitida, através de três maneiras: Por via sexual, via sanguínea e via perinatal.
Via sexual – ao ter relações sexuais desprotegidas, com pessoas portadoras de VIH.
Via sanguínea – quando o sangue de uma pessoa não portadora do vírus VIH, entra em contacto com o sangue infectado ou seja, com algo infectado. Este tipo de transmissão é muito frequente nos toxicodependentes que partilham seringas.
Via peri-natal – uma mulher grávida que está infectada tem a maior probabilidade de transmitir o vírus ao seu filho, por isso deve consultar o médico para ver os riscos que o bebé poderá correr.
Por vezes, os seropositivos são descriminados para além da tristeza que sentem por serem portadores dessa terrível doença, ainda se tornam mais tristes pelo facto das pessoas os porem de parte. A descriminação deriva as vezes do facto das pessoas sentirem medo de serem infectadas e desconhecerem as formas de transmissão desta doença. Com este trabalho pretendemos diagnosticar se as informações dadas pela Rádio-Huíla sobre o HIV/SIDA, são bem percebidas pelos professores e alunos. Assim como diagnosticar o grau de conhecimentos que os alunos e professores têm sobre o HIV/SIDA e analisar se os professores e alunos captam as informações dadas pela Rádio-Huíla e se as aplicam no seu dia-a-dia.
A SIDA em Angola.
Na década 80 surgiu o VIH/ SIDA, que apesar de ser a mais recente, já dizimou milhares de pessoas no nosso pais e continua a ceifar vidas. De acordo com a directora do instituto nacional de luta contra a SIDA, Dulcelina Serrano, estatísticas feitas até aqui revelam que mais de dois milhões de Angolanos estão infectados pelo VIH/SIDA. A organização mundial da saúde (OMS, 2005) revelou que até Dezembro de 2005 os casos de SIDA confirmados em Angola apontavam para dezanove mil pessoas. A incidência desta doença, vem aumentando nos últimos tempos, o que é actualmente considerado problema de saúde pública. Este aumento ocorre em consequência das baixas condições socio-económicas e culturais, das débeis actuações dos serviços de saúde, bem como a falta de uma educação sexual adequada voltada sobretudo para os jovens. É bem verdade que a sexualidade não tem nada de imoral. As funções naturais do corpo não podem ser imorais e todos os mistérios e dissimulações não conseguirão modificar em nada o curso dos fenómenos naturais, daí a necessidade de se optar por uma educação sexual.
O hospital Esperança, em Luanda, é a única unidade no país, especializada no tratamento de doentes com SIDA e regista em média trinta casos por dia, predominantemente na faixa de idade fértil, entre os 19 e os 35 anos. Em alguns dias, o hospital recebe cinquenta novos casos por dia. A infecção predominante em Angola é por via sexual. Este hospital, tem a capacidade de atender cerca de trezentos doentes por mês, em regime ambulatório, doentes vindos de todas as províncias do país. Os dados revelados por Milton Veiga, indiciam um aumento de casos de SIDA em Angola, numa altura em que o governo lançou a campanha de sensibilização dirigida aos jovens, num esforço para combater a ignorância sobre a doença num país onde as relações sexuais se iniciam cedo e sem protecção. Um estudo realizado sobre conhecimentos, atitudes e práticas sexuais de jovens do meio urbano em Angola, revelou que 3%dos jovens iniciam a vida sexual aos treze (13) anos. Os dados mais recentes referem que foram registados em Angola mais de 19 mil casos de SIDA, desde 1981, altura em que ocorreu o primeiro caso no país. (Agencia LUSA). A Coordenadora do Programa Nacional de Luta Contra a SIDA, Dulcelina Serrano, revelou em Junho de 2006, que no primeiro semestre deste ano, foram diagnosticados em Angola três mil novos casos de SIDA. Serrano (2006), explicou que estes casos foram detectados graças à abertura de novos centros para testes voluntários. Em 2004, estimava-se que 5% dos cerca de treze milhões de habitantes, estavam infectados com o vírus da SIDA em Angola, país que possui a taxa de prevalência mais baixa da Africa Austral. O governo angolano lançou este ano, uma campanha de sensibilização sobre a SIDA, nas escolas que deverá abranger em todo o país cerca de 600 mil alunos na faixa etária entre os 10 e os 18 anos. Se o mundo aprendeu alguma coisa acerca da SIDA, é que os jovens têm energia para absorverem novas ideias mais facilmente (Iyer, 2006). Os jovens sozinhos não podem vencer a SIDA, é necessário liderança, desde o mais alto nível para confrontar os hábitos controversos que conduzem às epidemias juvenis de SIDA. (Lusa, 2006).
A SIDA na Huíla
São cada vez mais evidentes os esforços envidados pelo governo, parceiros e pessoas singulares, para a erradicação da pandemia do século (como é considerada a SIDA), mas apesar de deste esforço, os casos tendem a aumentar a cada dia que passa. De acordo com o historial do Departamento Provincial de Vigilância Epidemiológica na Huíla, o primeiro caso de SIDA na Huíla foi diagnosticado em Janeiro de 1991, cujo portador era do sexo masculino, solteiro de vinte (20) anos de idade, morador do Bairro Comercial, cidade do Lubango.
No ano seguinte, foram diagnosticados dois casos, que culminaram todos em morte. Segundo Nionissa (2006), (Departamento de vigilância Epidemiológica), em declarações à Rádio-Huíla, até Julho de 2005, os casos diagnosticados na província, atingiram duzentos e noventa e nove.
Estes dados referem que os casos foram mais identificados em heterossexuais, principalmente em jovens com idade compreendida entre os 20 e 29 anos. Notou-se também que existe uma percentagem maior em mulheres grávidas, o que pode contribuir para o elevado índice de transmissão vertical (de mãe para filho). Nionissa (2006) referiu que a fraca afluência das mulheres grávidas às consultas pré-natais, pode também pôr em risco a saúde do recém-nascido.
Para se inverter este quadro, o Departamento de Vigilância Epidemiológica tem levado a cabo campanhas de sensibilização nas escolas e comunidades sobre a importância das consultas pré-natais bem como os cuidados a ter na prevenção da SIDA, pandemia que está cada vez mais a ceifar vidas humanas, sem exclusão de raça, idade ou sexo. Estas campanhas de sensibilização, poderão também estender-se para as províncias vizinhas, como Benguela, Huambo, Namibe e Cunene, para que se estanque o alastramento da doença.