Movimento através da membrana
INTRODUÇÃO
O presente trabalho visa a falar sobre o movimento através
da membra que por sua vez define-se como uma estrutura fina que envolve todas
as células vivas, tanto as procarióticas como as eucarióticas. Ela estabelece a
fronteira entre o meio intracelular (interior da célula) e o ambiente
extracelular (exterior). A membrana celular não é apenas uma barreira, mas
também uma “porta” seletiva, permitindo que a célula capture, para seu
interior, apenas os elementos do meio exterior que lhe são necessários. Além
disso, permite que a célula libere algumas substâncias do seu interior para o
exterior, conforme sua necessidade. Essa capacidade da membrana em controlar a
entrada e a saída de determinadas substâncias da célula, chama-se permeabilidade seletiva, sendo essa
propriedade fundamental para manter intacta a composição química do interior da
célula. Outra propriedade da membrana plasmática é permitir que a célula
relacione-se com exterior, reconhecendo substâncias químicas do meio externo
através da interação destas substâncias com proteínas presentes na membrana
celular. Por exemplo, quando a taxa de glicose no sangue está elevada, as
moléculas de glicose interagem com proteínas presentes na membrana plasmática
das células do pâncreas, desencadeando uma série de reações químicas no
interior da dessas células, culminando na produção de insulina. A insulina é
liberada do interior da célula para o meio externo através da membrana
plasmática. Assim, podemos descrever as principais funções da membrana celular:
·
Envolver a célula,
separando o meio intracelular do extracelular
·
Garantir a manutenção da
composição química da célula através da permeabilidade seletiva
·
Permitir que a célula
relacione-se com o meio externo
·
Ao regular sua composição
química e separar a célula do meio externo, a membrana celular deu à célula a
propriedade da individualidade, ou seja, permitiu reconhecer a célula como um
indivíduo, uma unidade capaz de ter seu próprio metabolismo e reproduzir-se. Em
última análise, foi a membrana celular que deu a célula o título de menor
unidade viva.
ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO QUÍMICA
Todas as células apresentam membrana celular com
estrutura e composição química é muito semelhante. Além disso, nas células
eucariontes, o núcleo, as mitocôndrias e os cloroplastos, também estão envoltos
por uma membrana, semelhante à membrana celular. A membrana plasmática é
formada basicamente por fosfolipídios, proteínas e carboidratos, no entanto a proporção
entre essas substâncias pode variar conforme o tipo de membrana, por exemplo,
nas células nervosas, as membranas de mielina contêm 80% de lipídios, pois
possuem a função de isolante elétrico. Já nas mitocôndrias, a membrana possui
apenas 25% de lipídios, predominando as proteínas na sua constituição.
A membrana plasmática é formada por duas camadas de
fosfolipídios com moléculas de proteínas inseridas nessas camadas. Os
fosfolipídios são moléculas constituídas por duas cadeias longas de ácidos
graxos e um grupo fosfato. Isso permite dividir os fosfolipídios em duas
regiões, uma região hidrofílica onde se localiza o fosfato, e uma região
hidrofóbica, onde se localizam as duas cadeias de ácidos graxos. Podemos
representar a molécula de fosfolipídios com uma "cabeça", que contém
o fósforo, e uma região formada por duas "caudas", constituída pelas
duas longas cadeias de ácidos graxos. A região da "cabeça" é
hidrofílica, ou seja, atrai a água. Já a região da "cauda" é
hidrofóbica, ou seja, repele a água. As moléculas das duas camadas de
fosfolipídios da membrana estão organizadas de tal forma que suas cabeças
hidrofílicas fiquem voltadas para o meio extracelular ou para o citoplasma. Já
as caudas hidrofóbicas estão voltadas umas para as outras, constituindo a parte
interna da membrana celular. Assim, podemos dizer que a membrana plasmática é
formada por três regiões: uma camada central hidrofóbica e duas camadas
periféricas hidrofílicas (uma voltada para o meio externo e outra voltada para
o meio intracelular).
Essas duas camadas de fosfolipídios são fluidas,
com consistência semelhante ao óleo, permitindo, dessa forma, que os
fosfolipídios e as proteínas mudem de posição continuamente. Assim, diz se que
a membrana plasmática é um mosaico
fluido, sendo essa teoria proposta inicialmente por Singer e Nicholson
em 1972. Ao microscópio eletrônico a membrana plasmática aparece como duas
linhas escuras separadas por uma faixa central clara, com uma espessura de 7 a
10 nanômetros. Esta estrutura trilaminar é denominada unidade de membrana e é visível
em todas as membranas celulares. A parte escura representa as extremidades
hidrofílicas ou polares, já a porção clara, representa as cadeias longas de
ácidos graxos, ou seja, a porção hidrofóbica ou apolar. Em média, a lâmina
clara central mede cerca de 3,5 nanômetros, enquanto que as lâminas escuram tem
espessura média de 2,0 nanômetro cada uma. A unidade de membrana está presente
em todas as células, mas ela varia consideravelmente sua composição química e
funções biológicas, mesmo em uma única célula. Por exemplo, a membrana que
recobre as microvilosidades das células intestinais possui enzimas digestivas
que não são encontradas em outros locais da membrana dessas células.
TRANSPORTE DE SUBSTÂNCIAS ATRAVÉS DA MEMBRANA
Para as diferentes substâncias entrarem ou saírem
da célula, é necessário que elas atravessem a membrana celular. O transporte de
substâncias através da membrana permite a entrada de nutrientes na célula, a
saída de metabólitos e a secreção de substâncias produzidas no interior da
célula, como por exemplo a insulina, que é produzida pelas células do pâncreas
e posteriormente secretada para o meio externo quando o nível de glicose no
sangue está alto. A capacidade de permitir o transporte de substâncias faz da
membrana plasmática uma importante estrutura reguladora da composição química
da célula, uma vez que ao eliminar as substâncias indesejadas e as que estão em
excesso, garante a constância química e o equilíbrio meio interno da célula.
Há diversas maneiras pela qual as substâncias podem
atravessar a membrana celular. Algumas substâncias atravessam livremente a
membrana plasmática, outras atravessam por meio de poros proteicos e há aquelas
que movem-se através da membrana com a ajuda de proteínas transportadoras.
Esses processos permitem o transporte de íons e pequenas moléculas, entretanto,
a membrana é capaz de transportar de uma só vez, grande quantidade de
macromoléculas ou pequenas partículas, por meio de modificações morfológicas da
membrana, como será discutido mais adiante.
O transporte de substâncias através da membrana
pode ser divido de acordo com o gasto energético necessário para sua
realização. Quando o transporte consome energia da célula, dizemos que se trata
de um transporte ativo. Quando a
movimentação de substâncias não consome energia da célula, dizemos que é um transporte passivo. Outra divisão do
transporte de substâncias pela membrana é pela formação ou não de vesículas na
membrana, possibilitando que a célula transporte uma maior quantidade de
substâncias como macromoléculas e até outros microrganismos como bactérias.
Esse tipo de transporte que ocorre em bloco, permite a movimentação de grande
quantidade de substâncias através da membrana e por isso recebe o nome de transporte em quantidade. Assim,
podemos classificar o transporte através da membrana da seguinte forma:
Tipo de transporte
|
Gasto de energia
|
Formação de vesículas
|
Difusão simples
|
Não
|
Não
|
Osmose
|
Não
|
Não
|
Difusão facilitada
|
Não
|
Não
|
Transporte contra gradiente eletroquímico
|
Sim
|
Não
|
Endocitose
|
Sim
|
Sim
|
Exocitose
|
Sim
|
Sim
|
ENDOCITOSE E EXOCITOSE
Enquanto que a difusão simples e facilitada e o transporte ativo são
mecanismos de entrada ou saída para moléculas e ions de pequenas dimensões, as
grandes moléculas ou até partículas constituídas por agregados moleculares são
transportadas através de outros processos.
Endocitose
Este processo
permite o transporte de substâncias do meio extra- para o intracelular, através
de vesículas limitadas por membranas, a que se dá o nome de vesículas de endocitose ou endocíticas. Estas são formadas por
invaginação da membrana plasmática, seguida de fusão e separação de um segmento
da mesma.
Há três tipos
de endocitose: pinocitose, fagocitose e endocitose mediada.
Pinocitose
Neste caso, as
vesículas são de pequenas dimensões e a célula ingere moléculas solúveis que,
de outro modo, teriam dificuldades em penetrar a membrana.
O mecanismo
pinocítico envolve gasto de energia e é muito seletivo para certas substâncias,
como os sais, aminoácidos e certas proteínas, todas elas solúveis em água.

Este processo,
que ocorre em diversas células, tem uma considerável importância para a
Medicina: o seu estudo mais aprofundado pode permitir o tratamento de grupos de
células com substâncias que geralmente não penetram a membrana citoplasmática
(diluindo-as numa solução que contenha um indutor de pinocitose como, por
exemplo, a albumina, fazendo com que a substância siga a albumina até ao
interior da célula e aí desempenhe a sua função).
Endocitose mediada
Se a invaginação
da membrana for desencadeada pela ligação de uma determinada substância a um
constituinte específico da membrana trata-se de um processo de endocitose
mediada e chama-se a esse constituinte receptor.
Para entrar na
célula deste modo é necessário que a membrana possua receptores específicos
para a substância em questão.
Este mecanismo
é utilizado por muitos vírus (como o HIV, por exemplo) e toxinas para penetrar
na célula dado que ao longo do tempo foram desenvolvendo uma complementaridade
com os receptores.
Este processo
é também importante para a Medicina, pois foram introduzidos em medicamentos
usados para destruir células tumorais fragmentos que se ligam aos receptores
membranares específicos das células que se pretende destruir.

Fagocitose
Este processo é muito
semelhante à pinocitose, sendo a única diferença o fato de o material envolvido
pela membrana não estar diluído.
Enquanto que a pinocitose é
um processo comum a quase todas as células eucarióticas, muitas das células
pertencentes a organismos multicelulares não efetuam fagocitose, sendo esta
efetuada por células específicas. Nos protistas a fagocitose é freqüentemente
uma das formas de ingestão de alimentos.

Os glóbulos brancos
utilizam este processo para envolver materiais estranhos como bactérias ou até
células danificadas. Dentro da célula fagocítica, enzimas citoplasmáticas são
secretadas para a vesícula e degradam o material até este ficar com uma forma inofensiva.
Exocitose
Enquanto que na endocitose
as substâncias entram nas células, existe um processo inverso: a exocitose.
Depois de endocitado, o
material sofre transformações sendo os produtos resultantes absorvidos através
da membrana do organito e permanecendo o que resta na vesícula de onde será
posteriormente exocitado.
A exocitose permite, assim,
a excreção e secreção de substâncias e dá-se em três fases: migração, fusão e
lançamento. Na primeira, as vesículas de exocitose deslocam-se através do citoplasma.
Na segunda, dá-se a fusão da vesícula com a membrana celular. Por último,
lança-se o conteúdo da vesícula no meio extracelular.


Citosol, Citoplasma ou hialoplasma
Os primeiros
citologistas acreditavam que o interior da célula viva era preenchido por um fluído homogêneo e viscoso,
no qual estava mergulhado o núcleo. Esse fluido recebeu o nome de citoplasma
(do grego kytos, célula,
e plasma, aquilo que dá forma, que modela).
Hoje se sabe
que o espaço situado entre a membrana plasmática e o núcleo é bem diferente do
que imaginaram aqueles citologistas pioneiros. Além da parte fluida, o
citoplasma contém bolsas
e canais membranosos e organelas ou orgânulos citoplasmáticos, que
desempenham funções específicas no metabolismo da célula eucarionte.

O fluido
citoplasmático é constituído principalmente por água, proteínas, sais minerais
e açucares. No citosol ocorre a maioria das reações químicas vitais,
entre elas a fabricação das moléculas que irão constituir as estruturas
celulares. É também no citosol que muitas substâncias de reserva das células
animais, como as gorduras e o glicogênio, ficam armazenadas.

Na periferia
do citoplasma, o citosol é mais viscoso, tendo consistência de gelatina mole.
Essa região é chamada de ectoplasma (do grego, ectos, fora). Na parte mais
central da célula situa-se o endoplasma (do grego, endos, dentro), de
consistência mais fluida.

CÉLULA VEGETAL
Ciclose
O citosol
encontra-se em contínuo movimento, impulsionado pela contração rítmica de
certos fios de proteínas presentes no citoplasma, em um processo semelhante ao
que faz nossos músculos se movimentarem. Os fluxos de citosol constituem o que
os biólogos denominam ciclose. Em algumas células, a ciclose é tão intensa que
há verdadeiras correntes circulatórias internas. Sua velocidade aumenta com
elevação da temperatura e diminui em temperaturas baixas, assim como na falta
de oxigênio.
Movimento amebóide
Alguns tipos
de células têm a capacidade de alterar rapidamente a consistência de seu
citosol, gerando fluxos internos que permitem à célula mudar de forma e se
movimentar. Esse tipo de movimento celular, presente em muitos protozoários e
em alguns tipos de células de animais multicelulares, é chamado movimento
amebóide.



O transporte ativo contra gradiente eletroquímico é
dividido em primário e secundário, de acordo com o uso do ATP.
Transporte
activo primário
Neste caso, proteína transportadora usa diretamente a
energia do ATP para realizar o processo de transporte, sendo, portanto, a
proteínas transportadora uma ATPase,
ou seja, tem a capacidade de quebrar e molécula de ATP em ADP liberando energia
nesse processo. O exemplo de transporte ativo primário é a bomba Na/K.
Transporte
activo secundário
A proteínas transportadora não usa diretamente a energia
do ATP, mas aproveita o gradiente eletroquímico gerado por uma bomba ATPase
para realizar o transporte de substâncias, assim, o uso de energia é feito
indiretamente. Por exemplo, as células intestinais devem absorvem grande
quantidade de glicose provinda dos alimentos, para isso, elas usam uma proteína
transportadora chamada cotransportador Na/glicose. Primeiramente, a bomba Na/K,
gastando energia, mantém a concentração de sódio baixa dentro da célula,
criando uma gradiente eletroquímico de sódio entro o meio interno e externo,
uma vez que o meio externa está com excesso de sódio e cargas positivos em
relação ao meio interno. Assim, a tendência é o sódio entrar por difusão na célula.
A glicose aproveita-se dessa tendência do sódio entrar na célula e pega
"carona" com ele, num transporte conjunto através do cotransportador
Na/glicose. Esse transportador capta o sódio e a glicose do meio extracelular e
transporta para o meio intracelular. O sódio movimenta-se a favor do gradiente
eletroquímico mas a glicose movimenta-se contra o gradiente eletroquímico, uma
vez que a concentração de glicose no interior da célula e maior. Assim, a
glicose é transportado contra um gradiente eletroquímico, através do
contrasportador Na/glicose, o qual não usa energia diretamente mas aproveita-se
da energia usada pela bomba Na/K para gerar o gradiente eletroquímico do sódio.
Dizemos também que o transporte ativo secundário pode ser classificado em cotransporte, quando dois íons são transportados na mesma direção
e contratransporte, quando os íons são transportados em direções
diferentes, como por exemplo, o transporte de aminoácido para fora da célula,
que ocorre através do trocador Na/aminoácidos, onde o sódio entra na célula
favorecido pelo seu gradiente eletroquímico enquanto que o aminoácido é
transportado para fora da célula.
·
O transporte contra
gradiente eletroquímico, como o próprio nome diz, ocorre contra um gradiente de
concentração (químico) e um gradiente elétrico.
·
Há participação de uma
molécula transportadora,que pode ser uma ATPase, um cotransportador ou um
trocador (contratransportador).
·
Ocorre gasto de energia.
·
Pode ser primário quando
há uso direto de energia do ATP, ou secundário, quando há uso indireto da energia
do ATP.
·
O transporte ativo
secundário pode ser classificado em cotransporte (mesmo sentido) ou
contratrnasporte (sentidos opostos).
CONCLUSÃO
Chegamos a conclusão de que membrana é considerada
semipermeável, pois, mesmo deixando passar solutos através dela, a
permeabilidade à água é muito maior, permitindo que grande quantidade de água
entre ou saia da célula com facilidade. Para exemplificar, coloquemos uma
célula animal numa solução com alta concentração de qualquer soluto, por
exemplo, cloreto de sódio. Nessa situação, a solução tem uma maior concentração
de soluto (maior pressão osmótica) e uma menor concentração de água (solução hipertônica em
relação à célula), portanto, a água move-se do interior da célula para a
solução de cloreto de sódio, e, consequentemente, a célula perde água, ou seja,
desidrata, ficando a célula com um menor volume e com sua membrana de aspecto
enrugado. Agora, se colocarmos a célula em um meio com menor concentração de
solutos (menor pressão osmótica) e maior concentração de água (solução hipotônica em
relação à célula), a água irá mover-se da solução para o interior da célula,
fazendo com que a mesma aumente seu volume, ficando cada vez mais inchada até
chegar ao ponto onde ocorre ruptura da membrana; fenômeno esse chamado de lise
celular. Quando colocamos a célula numa solução com concentração de solutos e
água semelhantes ao seu interior (solução isotônica em relação à célula), a quantidade de
água que entra e sai da célula será a mesma, permanecendo a célula com seu
volume constante.
BIBLIOGRAFIA
Movimento
através da membrana: Acessado aos 16
de Março de 2015. Disponível em: http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Citologia/cito16.php.
Transporte
por exocitose e endocitose:
Acessado aos 16 de Março de 2015. Disponível em: http://pt.wikibooks.org/wiki/Introdu%C3%A7%C3%A3o_%C3%A0_Biologia/C%C3%A9lula/Estrutura_e_organiza%C3%A7%C3%A3o_da_c%C3%A9lula/Membrana_plasm%C3%A1tica
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