África austral e a globalização que estratégia


ÍNDICE



INTRODUÇÃO

Neste trabalho abordarei sobre a África austral  e a globalização que estratégia e Os projetos de industrialização seguem as diretrizes de produzirem sempre mercadorias de destaque no mercado regional, mas que possam também ser exportadas, seja para fora do bloco ou não, e que tenham a maior parte possível da matéria prima extraída dentro dos países membros. Tendo isso em mente, a produção tem concentrado-se emmanufaturados de necessidade imediata e produtos de base, além de produtos de apoio às atividades industriais que estiverem sendo desenvolvidas.
Um dos projetos na área de educação, o treinamento de mão de obra qualificada tem sido, em parte, realizado. Os profissionais a serem formados são os que foram identificados como os mais importantes ao desenvolvimento imediato, como gestores públicos, técnicos, engenheiros (especialmente agrícolas) e cientistas com formações aplicáveis à indústria. Devido à falta de capacidade de treinamento local desses cargos, têm sido oferecidas bolsas de estudo em centros de formação estrangeiros, e tem-se apostado na criação de centros de formação intelectual e técnica na região.







A ÁFRICA AUSTRAL E GLOBALIZAÇÃO

A Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral existe desde 1992, quando foi decidida a transformação da SADCC (Southern Africa Development Co-ordination Conference ou Conferência de Coordenação para o Desenvolvimento da África Austral), criada em 1980 por nove dos estados membros. Em 2011, a SADC engloba 15 países do sul da África.
Os países membros somam uma população de aproximadamente 210 milhões de pessoas e um PIB de aproximadamente 471 bilhões de dólares, valor importante, especialmente levando-se em conta as economias dos países vizinhos.
A região enfrenta uma série de problemas, desde dificuldades naturais como secas prolongadas, a grande prevalência do SIDA e a pobreza. A erradicação destes problemas está as principais metas do grupo, que são:
·                     Promover o crescimento e desenvolvimento económico, aliviar a pobreza, aumentar a qualidade de vida do povo, e prover auxílio aos mais desfavorecidos;
·                     Desenvolver valores políticos, sistemas e instituições comuns;
·                     Promover a paz e a segurança;
·                     Promover o desenvolvimento sustentável por meio da interdependência colectiva dos estados membros e da autoconfiança;
·                     Atingir a complementaridade entre as estratégias e programas nacionais e regionais;
·                     Promover e maximizar a utilização efectiva de recursos da região;
·                     Atingir a utilização sustentável dos recursos naturais e a protecção do meio ambiente;
·                     Reforçar e consolidar as afinidades culturais, históricas e sociais de longa data da região.
O financiamento aos projectos é obtido através de duas maneiras principais. A primeira e mais importante é a contribuição de cada um dos membros, com o valor baseado no PIB de cada um; a segunda é através da colaboração de parceiros económicos internacionais, como a União Europeia e alguns países desenvolvidos, que dependem do projecto a ser desenvolvido.

PRINCIPAIS OBJECTIVOS

Para atingir-se o desenvolvimento económico é essencial que se promova a indústria local. Com a industrialização atingir-se-á a independência em relação aos produtos industrializados estrangeiros e aos produtos da África do Sul, que exerce um claro domínio sobre o mercado dos seus vizinhos. A estratégia principal consiste na reabilitação e crescimento das capacidades já existentes.
Os projectos de industrialização seguem as directrizes de produzirem sempre mercadorias de destaque no mercado regional, mas que possam também ser exportadas, seja para fora do bloco ou não, e que tenham a maior parte possível da matéria-prima extraída dentro dos países membros. Tendo isso em mente, a produção tem concentrando-se em manufacturados de necessidade imediata e produtos de base, além de produtos de apoio às actividades industriais que estiverem sendo desenvolvidas.
Um dos projectos na área de educação, o treinamento de mão-de-obra qualificada tem sido, em parte, realizado. Os profissionais a serem formados são os que foram identificados como os mais importantes ao desenvolvimento imediato, como gestores públicos, técnicos, engenheiros (especialmente agrícolas) e cientistas com formações aplicáveis à indústria. Devido à falta de capacidade de treinamento local desses cargos, têm sido oferecidas bolsas de estudo em centros de formação estrangeiros, e tem-se apostado na criação de centros de formação intelectual e técnica na região.
O combate ao VIH também se encontra entre as prioridades da SADC. As metas fixadas incluem ter em 2011 noventa e cinco por cento da população entre quinze e vinte e quatro anos informada sobre os conceitos básicos que concernem a doença, ter menos de cinquenta por cento das crianças infectadas e, em 2015, obter um decréscimo do número de infectados.
Também pretende-se aumentar a participação da mulher em todas as camadas da sociedade. Espera-se em menos de cinco anos conseguir abolir todas as cláusulas sexualmente discriminatórias nas constituições de todos os países, instituir leis que garantam direitos iguais a homens e mulheres, reduzir a violência contra mulheres e crianças e chegar-se a uma participação muito maior da mulher na sociedade. Em uma década espera aumentar-se a participação feminina em cargos governamentais e empresas estatais.

OUTROS OBJECTIVOS:

- Estimular o comércio de produtos e serviços entre os países membros;
- Diminuir a pobreza da população de todos os países membros e melhorar a qualidade de vida;
- Maximizar o uso dos recursos naturais da região;
- Promover o crescimento sustentável dos países do bloco;
- Promover a paz e bons relacionamentos políticos na região, actuando para evitar conflitos e guerras;
- Cooperação socioeconómica e política na região;
- Buscar soluções em comum para os principais desafios da região;
- Redução e unificação das tarifas alfandegárias e taxas de importação e exportação nas relações comerciais entre os países membros.

PRINCIPAIS PARCEIROS ECONÓMICOS

O principal parceiro económico externo à SADC é a União Europeia, com quem realiza importantes trocas há alguns anos. Apesar da parcela do mercado europeu estar decrescendo, cerca de três por cento em 2010, contra sete na década de oitenta, essas trocas ainda representam a maior parte das exportações e importações externas ao grupo. Muitas medidas têm sido tomadas para evitar o domínio económico pelo Norte.

A ÁFRICA AUSTRAL FRENTE A GLOBALIZAÇÃO

A Comunidade da África Austral entrou no século XXI sem que se tenha conseguido resolver muitos problemas, nomeadamente os ligados à pobreza, urbanização rápida e à governança urbana, à questão nacional, integração regional, desigualdade de género, insegurança alimentar, os conflitos e a violência, e o facto de ocupar uma posição subalterna, senão de dominada na governança mundial. O peso do passado constitui um grande constrangimento para a África Austral, nomeadamente o do colonialismo e o do neocolonialismo. Os efeitos do tráfico de escravos, da colonização e do neocolonialismo que a África Austral sofreu ainda se fazem sentir. O tráfico de escravos, o colonialismo e a dominação neo-colonial tiveram separadamente e em conjunto como consequência, a supressão das liberdades, a violação dos direitos humanos e da dignidade dos povos da comunidade, bem como a pilhagem dos recursos humanos, naturais e intelectuais.
Entre as principais deficiências do continente na aurora deste século XXI, figuram igualmente o baixo nível de instrução de muitos africanos, a falta de técnicas modernas de produção e de transportes, um espaço político fragmentado e uma estrutura extrovertida das suas economias. As economias, as instituições de ensino superior e as culturas das elites foram fortemente marcadas, não por uma filosofia e estratégias de desenvolvimento guiadas pelos interesses dos povos africanos, mas por influência, não necessariamente libertadoras, provenientes de países do Norte.
No entanto, a África Austral do final da primeira década do século XXI não é exactamente a mesma que a África Austral do início dos anos sessenta que acabara de se libertar do jugo colonial. Da mesma forma, os desafios de hoje não são os mesmos dos anos 60. Mesmo que ainda haja alguns com os quais o continente vem-se confrontando desde os primórdios da independência, eles colocam-se de forma diferente no contexto actual. Isto é particularmente verdade para as questões de governação e de desenvolvimento, que na sua maior parte, ainda estão à espera de solução. Tudo leva a crer que estas questões têm assumido uma dimensão e pertinência particulares. Contudo, mesmo com as recentes transformações políticas, as questões de governação continuam a fazer parte dos grandes desafios que enfrenta a nossa comunidade. De facto, a África Austral vive ainda o paradoxo da pobreza que consiste em ter a maior parte das populações pobres apesar de viverem em países em que abundam grandes recursos naturais e humanos.
A pobreza é massiva e está profundamente enraizada, e os processos que levam à exclusão e à marginalização de sectores inteiros das sociedades africanas continuam em curso. Ora, a exclusão e a marginalização social e política de indivíduos, grupos e classes sociais inteiras estão na origem de numerosos conflitos que devastaram diversos países da comunidade, agravando assim o subdesenvolvimento e a dependência internacional.
Alguns dos “remédios” propostos ou mesmo impostos à África Austral para a resolução da crise económica e, mais geralmente, para os problemas do subdesenvolvimento e a pobreza generalizada contribuíram, em certos casos, para o agravamento dos problemas que eram supostos resolver. O mercantilismo que se impõe em quase todas as esferas da natureza e da sociedade, incluindo os órgãos humanos, os recursos florestais e as próprias ciências sociais, coloca enormes desafios à ciência, ainda que em certos aspectos o processo orientou o fluxo de preciosos recursos financeiros e humanos para certas questões essenciais que conduziram a grandes descobertas que intervêm no progresso social. No entanto, ao que tudo indica, com excepção de alguns, os países mais a sul continuam na relação global que existe por trás destes processos, na posição de receptores/consumidores, ou no melhor dos casos a desempenhar o papel de “passageiro” em lugar de “condutor” no processo de globalização.
A reflexão deveria igualmente explorar pistas como a mobilidade das populações da comunidade, as suas consequências em termos de cidadania e de direitos, as suas repercussões sobre as relações de género; a questão das mudanças climáticas, a gestão dos recursos naturais e o problema da segurança alimentar; a problemática recorrente da integração africana, com destaque para a questão da moeda e das fronteiras, ou ainda a governação das cidades da comunidade, dado que numerosos estudos prospectivos identificam a urbanização como uma forte tendência da evolução da comunidade Austral. Estes elementos parecem ser pontos que continuarão a determinar a evolução da África Austral frente a globalização. As novas tecnologias, nomeadamente as TICs, desempenham um papel crucial no desenvolvimento social, económico e político da comunidade.






DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO E GLOBALIZAÇÃO NA ÁFRICA AUSTRAL

Portanto, o esforço dos africanos para alterar de forma radical o modelo de desenvolvimento ocidental, negaria as inaceitáveis mentalidades de que não existe alternativa para África Austral face às crises actuais. Urge que África Austral desperte atenção, mude a sua consciência para entender que os interesses ocidentais difundem de forma larga, instrumentalizando através de formação de instituições.
Estes instrumentos funcionam como autênticas armas de destruição maciça, vinculam, fazem propagandas e testam os valores ocidentais, sobretudo, no Sul levando a entender que estes constituem o único modelo verdadeiro e viável para o bem-estar das sociedades. O pensamento crítico permitiria que África Austral produzisse o seu modelo alternativo de desenvolvimento que resulte de uma perfeita combinação dos seus múltiplos valores culturais no contexto mundial.
As actuais correntes europeias anti-globalização constituem uma prova inequívoca da ineficácia, das terríveis desigualdades, fragmentação e exclusividade de que os povos são alvo, resultantes deste fenómeno. Realmente, África Austral pode ter alguma alternativa que vale a pena mencionar. Primeiro, dependeria do nível de seriedade com que os africanos encaram o seu projecto da União Africana, que o devem assumir como verdadeiro e originariamente africano; o desenvolvimento africano deve ser um processo endógeno.

ESTRATÉGIAS DA ÁFRICA AUSTRAL NO DESAFIO DA GLOBALIZAÇÃO

A globalização neoliberal, cada vez mais complexa, as mudanças nas relações interculturais a nível global, as alterações climáticas, a pobreza, o desenvolvimento rápido das cidades, a revolução das TICs, a emergência da sociedade do conhecimento, a evolução das relações de género e as relações intergeracionais, a evolução das espiritualidades e do estatuto e lugar da religião nas sociedades modernas, a emergência de um mundo multipolar e o fenómeno dos países emergentes da Comunidade, fazem parte das realidades do nosso mundo que são discutidas tanto pelos académicos como pelos políticos.
A rapidez das mudanças em praticamente todas as esferas da vida social, tanto a nível local, comunitária, como a nível mundial torna difícil identificar os desafios que África irá enfrentar neste e no próximo século. A própria ciência está a sofrer transformações como resultado das mudanças que ocorrem na natureza e nas sociedades. Além disso, longe de ser neutras, a ciência e a tecnologia tornaram-se os principais intervenientes nas mudanças que se verificam nos sistemas de produção, comércio, relações interculturais, bem como na investigação e na formulação de respostas às mudanças climáticas. A capacidade que a ciência tem de antecipar, ler e interpretar os processos de mudança tem aumentado ao longo dos anos. A capacidade de a humanidade acompanhar os desenvolvimentos que ocorrem na natureza e de capturar as principais tendências de mudanças que têm ocorrido na sociedade irá certamente aumentar à medida que a própria ciência irá desenvolver-se. Portanto, a lista das questões que podem ser considerados grandes desafios para o século XXI, pode mudar ao longo do tempo.

CONCLUSÃO

Em suma a questão que se deve colocar é saber em que medida tudo isto afecta a África Austral, e como é que a Comunidade se prepara para enfrentar estes desafios, bem como os que se irão colocar mais tarde. Hoje em dia é bastante difícil acompanhar os avanços da ciência e da tecnologia, nomeadamente nas áreas da biotecnologia e da nanotecnologia, da engenharia genética e outros grandes desafios científicos. O desafio que a África Austral deve enfrentar é por conseguinte, não só o de compreender como é que as novas descobertas científicas podem ter um impacto nas nossas sociedades, mas também o de ser verdadeiramente uma "Comunidade".







BIBLIOGRAFIA

 África frente aos desafios da globalização. Disponível em: http://www.codesria.org/spip.php?article1321&lang=pt. Acesso aos 09 de Outubro de 2015.
NGOENHA, Severino Elias: Filosofia Africana: Das Independências às Liberdades. Maputo: Paulistas, 2003.