Contabilidade nacional [Trabalhos Feitos Navegante]
INTRODUÇÃO
A contabilidade nacional é uma área da economia voltada para a organização, medição e análise das actividades económicas de um país em determinado período. Este sistema fornece indicadores essenciais, como o produto interno bruto, a renda nacional bruta e o balanço de pagamentos, que permitem avaliar o desempenho económico, identificar desequilíbrios e subsidiar políticas públicas.
O trabalho tem como objectivo analisar a evolução histórica e a importância da Contabilidade Nacional no contexto económico brasileiro, com ênfase na aplicação do Sistema de Contas Nacionais (SCN), utilizado para garantir a comparabilidade internacional e a padronização dos dados. Além disso, são investigados os principais desafios associados à colecta e interpretação das informações económicas, bem como a sua relevância para o desenvolvimento sustentável.
A pesquisa baseia-se em conceitos teóricos apresentados por autores como Samuelson e Nordhaus (2010), Delfim Netto (1981) e Giambiagi e Pessôa (2008), que destacam a Contabilidade Nacional como ferramenta indispensável para a formulação de estratégias económicas de curto e longo prazo. Este estudo contribui para a compreensão de como os indicadores económicos podem ser usados para orientar decisões de governos, empresas e instituições internacionais, promovendo o crescimento económico equilibrado e inclusivo.
OBJECTIVOS
Geral:
Analisar a relevância e aplicação da contabilidade nacional no monitoramento, avaliação e formulação de políticas económicas, com destaque para os principais indicadores, como o produto interno bruto (PIB), a renda nacional bruta (RNB) e o balanço de pagamentos.
Específicos:
❖Identificar os principais conceitos e fundamentos teóricos da contabilidade nacional com base em autores renomados da área;
❖Avaliar a aplicabilidade dos indicadores económicos na formulação de políticas públicas e no planejamento estratégico de governos e empresas.
❖Investigar os desafios enfrentados na colecta, interpretação e análise de dados económicos no contexto da economia;
❖Demonstrar a importância da contabilidade nacional para promover o crescimento económico sustentável e inclusivo.
Importância do Tema
O tema contabilidade nacional é de grande relevância para a compreensão do funcionamento e desempenho das economias modernas. Por meio desse sistema, é possível mensurar o valor da produção, distribuição e consumo de bens e serviços em um país, fornecendo subsídios fundamentais para a tomada de decisão em diferentes esferas.
Além disso, a padronização dos dados económicos através do sistema de contas nacionais permite comparações entre países e regiões, tornando-se uma ferramenta indispensável em um cenário globalizado. No nosso contexto, a contabilidade nacional desempenha um papel crucial para identificar gargalos económicos, avaliar políticas públicas e planejar estratégias de desenvolvimento sustentável.
Este trabalho busca destacar como a análise de indicadores económicos, como o PIB e o balanço de pagamentos, contribui para a criação de políticas que promovam o crescimento equilibrado e a redução das desigualdades, evidenciando a importância da contabilidade nacional não apenas como uma ferramenta de análise, mas como um instrumento para a transformação socioeconómica.
CAPÍTULO I – REFERENCIAL TEÓRICO
1.1. Definição de termos e conceitos
A contabilidade é definida como "técnica do cálculo e do registo das operações comerciais ou financeiras realizadas por uma pessoa, sociedade, empresa ou repartição do Estado" (Porto Editora, 2025a). Já a palavra “nacional significa pertence à nação ou ao Estado” (Porto Editora, 2025b).
A contabilidade nacional é o ramo da economia que organiza e regista as actividades económicas de um país, permitindo uma análise detalhada do desempenho económico. Ela se baseia em um conjunto de contas padronizadas que medem a produção, a distribuição e o consumo de bens e serviços. Este sistema é essencial para governos, empresas e organizações internacionais tomarem decisões informadas e planejarem políticas públicas.
Segundo Samuelson e Nordhaus, (2010) "a contabilidade nacional é um sistema de medidas que permite aos economistas e formuladores de políticas analisar o desempenho de uma economia, incluindo a mensuração do Produto Interno Bruto (PIB), a renda nacional e outros indicadores-chave". Os autores destacam que este sistema é fundamental para entender como a economia funciona, identificar problemas e propor soluções.
No entanto Giambiagi e Pessoa afirmam que a Contabilidade Nacional (2008) "é a linguagem formal que descreve a estrutura e o funcionamento de uma economia, utilizando indicadores quantitativos como o PIB, o consumo, o investimento e o comércio exterior". Eles enfatizam que este sistema é essencial para a análise de curto e longo prazo.
Para Delfim Netto, (1992) "a contabilidade nacional é uma metodologia sistemática que busca registar, de forma ordenada e coerente, as transacções económicas realizadas por uma economia em determinado período". Ele destaca sua utilidade na avaliação do crescimento económico e na formulação de políticas fiscais e monetárias.
1.2.Aspectos históricos
Os aspectos históricos da contabilidade nacional podem ser analisados a partir da obra de Simon Kuznets, que é amplamente reconhecido como um dos principais desenvolvedores desse campo no século XX. Kuznets desempenhou um papel essencial na criação de sistemas para medir a renda nacional e a produtividade de um país, trazendo contribuições significativas para o entendimento histórico da economia como um todo.
Kuznets definiu a contabilidade nacional como um sistema para medir a actividade económica, enfatizando a importância de relacionar os dados económicos a questões de bem-estar social. Ele introduziu a ideia de calcular o Produto Nacional Bruto (PNB) e, posteriormente, o Produto Interno Bruto (PIB), buscando diferenciar entre tipos de produção que realmente contribuíam para o desenvolvimento económico. Em seu trabalho seminal de 1934, ele destacou que o crescimento económico deveria ser avaliado não apenas em termos de aumento quantitativo, mas também em termos de impacto na qualidade de vida da população.
Historicamente, a contabilidade nacional ganhou relevância durante a grande depressão e a Segunda Guerra Mundial, quando havia uma necessidade urgente de mensurar e planejar a economia de maneira eficiente. Kuznets ajudou a construir sistemas que permitissem aos governos medir a produção, o consumo e a poupança, oferecendo bases sólidas para a formulação de políticas económicas.
Neste pressuposto, Kuznets diz que "o sistema de contas nacionais é, acima de tudo, um instrumento para organizar e resumir a realidade económica em termos compreensíveis e quantificáveis." (Kuznets, 1934, p. 45)
1.3. Identidade Básica
A Identidade Básica da Contabilidade Nacional expressa a relação fundamental entre produção, despesa e renda em uma economia, representada pela equação: PIB = DIB = RIB ou seja, o Produto Interno Bruto (PIB), a Despesa Interna Bruta (DIB) e a Receita Interna Bruta (RIB) são iguais em valor, embora representem diferentes perspectivas do mesmo fenómeno económico. Samuelson e Nordhaus (2010) explicam que essa identidade reflecte o equilíbrio entre o valor da produção de bens e serviços, o total de despesas realizadas e os rendimentos gerados no processo produtivo.
1.3.1. Produto Interno Bruto (PIB)
O Produto Interno Bruto (PIB) mede o valor de todos os bens e serviços finais produzidos dentro das fronteiras geográficas de um país em um determinado período. Samuelson e Nordhaus (2010) destacam que o PIB é uma medida geográfica, diferindo do Produto Nacional Bruto (PNB), que considera a produção com base na residência dos agentes económicos.
Características:
•O PIB é um indicador de desempenho económico, reflectindo o nível de actividade económica de um país.
•Ele considera apenas a produção dentro do território nacional, independentemente de quem detém os factores de produção (nacionais ou estrangeiros).
•É dividido em PIB nominal (a preços correntes) e PIB real (ajustado pela inflação).
Fórmula básica do PIB pela óptica da produção: PIB = VA = VBP - Consumo Intermediário
1.3.2. Despesa Interna Bruta (DIB)
A Despesa Interna Bruta (DIB) refere-se ao total das despesas realizadas pelos agentes económicos dentro de um país, incluindo consumo, investimentos e gastos governamentais, assim como exportações líquidas (exportações menos importações). Samuelson e Nordhaus (2010) destacam que a DIB é um reflexo directo da demanda agregada em uma economia.
Fórmula básica da DIB: DIB = C + I + G + (X - M)
Características:
•Reflecte o comportamento de consumo e poupança dos agentes económicos.
•É usada como base para análise de políticas fiscais e monetárias.
•Pode ser influenciada por factores como políticas de estímulo governamental, condições de crédito e confiança do consumidor.
1.3.3. Receita Interna Bruta (RIB)
A Receita Interna Bruta (RIB) representa a remuneração dos factores de produção que participam do processo produtivo, como trabalho, capital e terra. Samuelson e Nordhaus (2010) destacam que a RIB é a soma dos rendimentos gerados pela produção de bens e serviços.
Fórmula da RIB: RIB = w + j + a + l + i
Onde:
•w: Salários;
•j: Juros;
•a: Aluguéis;
•l: Lucros;
•i: Impostos indirectos.
Características:
•Reflecte a distribuição de renda entre os factores produtivos.
•É uma métrica relevante para analisar desigualdade e padrões de consumo.
Mostra como a renda gerada pela economia é distribuída entre diferentes agentes económicos.
1.3.4. Valor Adicionado (VA)
O Valor Adicionado (VA) mede a riqueza gerada em cada etapa do processo produtivo. Samuelson e Nordhaus (2010) afirmam que o VA é essencial para evitar a dupla contagem de bens intermediários no cálculo do PIB.
Fórmula do VA: VA = VBP - Consumo Intermediário
Onde VBP é o Valor Bruto da Produção.
Características:
•O VA é a base para o cálculo do PIB pela óptica da produção.
•Ele reflecte a contribuição de cada sector económico à economia.
•É usado para medir o impacto de políticas económicas e o desempenho sectorial.
A Identidade Básica demonstra a inter-relação entre produção, despesa e renda em uma economia. Conforme Samuelson e Nordhaus (2010), entender como o PIB, a DIB e a RIB se conectam é crucial para analisar o desempenho económico e formular políticas públicas. Além disso, o uso do Valor Adicionado fornece uma perspectiva detalhada da contribuição sectorial para a economia e evita a superestimação da produção total.
1.4. Produto Nacional
O Produto Nacional (PN) é uma medida fundamental na Contabilidade Nacional, usada para avaliar a capacidade de uma economia de satisfazer as necessidades de sua população ao longo de um período. Ele representa o valor total de bens e serviços finais produzidos, oferecendo uma visão ampla do fluxo de produção económica. Segundo Vasconcellos e Garcia (2011), o Produto Nacional “é um dos principais indicadores de desempenho económico e baseia-se na agregação de bens e serviços por meio de preços correntes”.
1.4.1. Produto Nacional Bruto (PNB)
O Produto Nacional Bruto (PNB) é uma extensão do Produto Nacional que considera a renda que efetivamente pertence aos residentes de um país, independentemente de onde ela seja gerada. Vasconcellos e Garcia (2011) definem o PNB como "o valor monetário de todos os bens e serviços produzidos em um determinado período, utilizando fatores de produção pertencentes aos indivíduos de um país, incluindo renda gerada no exterior e descontando a renda enviada para o exterior".
Cálculo do PNB: PNB = Psp+Pss+Pst
Onde:
•Psp: Valor agregado do sector primário.
•Pss: Valor agregado do sector secundário.
•Pst: Valor agregado do sector terciário.
Características:
•Inclui a renda gerada por empresas nacionais no exterior.
•Desconta a renda enviada por empresas estrangeiras localizadas no país.
•Representa uma medida mais precisa da riqueza gerada pelos factores de produção pertencentes aos nacionais.
1.4.2. Produto Nacional Líquido (PNL)
O Produto Nacional Líquido (PNL) é uma variação do PNB, ajustada para reflectir a depreciação do estoque de capital físico, ou seja, o desgaste de máquinas, equipamentos e outros activos fixos usados no processo produtivo. De acordo com os autores, o PNL "pode ser considerado como o valor efectivo da produção de um país, após descontar as perdas do capital produtivo".
Cálculo do PNL: PNL = PNB−dPNB - dPNB−d Onde d é a depreciação.
Características:
•Fornece uma visão mais realista da produção líquida de uma economia.
•Reflecte a capacidade de renovação do estoque de capital físico, essencial para o crescimento sustentável.
•Destaca a importância de manter investimentos constantes para evitar o declínio do potencial produtivo.
1.4.3. Depreciação
A depreciação é o consumo do estoque de capital físico em um período, representando o desgaste ou obsolescência de bens de capital. Vasconcellos e Garcia (2011) enfatizam que a depreciação é um elemento inevitável do processo produtivo e, ao ser descontada do PNB, fornece o PNL, que reflecte a produção efectiva utilizável pela economia.
Características:
•
A depreciação é essencial para medir a eficiência do uso do capital físico.
•
Representa a necessidade de reinvestimento em activos fixos para manter o nível de produção.
•
Sem contabilizar a depreciação, os dados económicos podem superestimar o desempenho económico real.
Conforme Vasconcellos e Garcia (2011), o Produto Nacional, em suas diferentes formas (PNB e PNL), é um dos pilares da Contabilidade Nacional, oferecendo indicadores essenciais para a avaliação económica. O PNB reflecte a riqueza gerada pelos factores de produção pertencentes aos nacionais, enquanto o PNL ajusta esse valor para considerar as perdas de capital físico. Juntos, esses indicadores permitem análises mais completas do desempenho económico e da capacidade de crescimento de um país.
1.5. Despesa Nacional
A Despesa Nacional (DN) é uma medida central da Contabilidade Nacional, representando o valor total gasto pelos diferentes agentes económicos na aquisição de bens e serviços finais em um determinado período. Segundo Vasconcellos e Garcia (2011), a DN é uma métrica que reflecte o comportamento de consumo, investimento, gastos governamentais e transacções com o exterior, sendo fundamental para compreender a demanda agregada de uma economia.
A fórmula básica da Despesa Nacional é: DN = C + I + G + (X - M) Onde:
•C: Consumo privado;
•I: Investimento;
•G: Gastos governamentais;
•X: Exportações;
•M: Importações.
1.5.1. Consumo (C)
O consumo é a parte mais significativa da Despesa Nacional, representando os gastos das famílias em bens e serviços. Vasconcellos e Garcia (2011) classificam o consumo em três categorias:
1.Bens duráveis: São aqueles com vida útil prolongada, como electrodomésticos, veículos e imóveis. Esses bens geralmente envolvem maior desembolso inicial e são adquiridos esporadicamente.
2.Bens não duráveis: Incluem bens consumidos rapidamente, como alimentos e vestuário. Representam uma parcela recorrente do consumo das famílias.
3.Serviços: Envolvem despesas em serviços pessoais e colectivos, como educação, saúde e transporte.
Características:
•O consumo é influenciado pela renda disponível e pela confiança do consumidor.
•É um dos principais componentes do Produto Interno Bruto (PIB).
•Bens duráveis indicam maior investimento por parte das famílias, enquanto os bens não duráveis são essenciais para o dia a dia.
1.5.2. Gastos do Governo (G)
Os gastos do governo incluem todas as despesas realizadas pelas esferas municipal, estadual e federal na aquisição de bens e serviços para atender às necessidades públicas. Conforme Vasconcellos e Garcia (2011), esses gastos abrangem infra-estrutura, segurança, educação e saúde.
Características:
•Os gastos governamentais impactam directamente a economia por meio de políticas fiscais.
•Podem ser classificados como gastos correntes (salários, manutenção) ou investimentos públicos (infra-estrutura).
•São fundamentais para equilibrar períodos de recessão por meio de estímulos fiscais.
1.5.3. Investimento (I)
O investimento representa o gasto em bens que aumentam a capacidade produtiva da economia, contribuindo para a geração de renda futura. Vasconcellos e Garcia (2011) afirmam que o investimento pode ser medido pela seguinte fórmula: I=PNB−CI = PNB - CI=PNB−C ou I=Ibruto+DEI = I_{bruto} + DEI=Ibruto+DE, onde:
•IbrutoI_{bruto}Ibruto: Investimento bruto em bens de capital.
•DE: Depreciação do capital fixo.
Características:
•Inclui a aquisição de bens de capital, como máquinas e instalações.
•Representa uma fonte de crescimento económico sustentável.
•Indica a confiança dos agentes económicos na expansão futura da economia.
1.5.4. Exportações (X) e Importações (M) Líquidas
As exportações líquidas (X−MX - MX−M) reflectem a diferença entre os bens e serviços vendidos para o exterior e os adquiridos de outros países. Vasconcellos e Garcia (2011) destacam que o comércio internacional é essencial para o equilíbrio da balança de pagamentos e para o crescimento económico.
Características:
•Exportações (X): Representam uma fonte de renda externa e impulsionam sectores produtivos nacionais.
•Importações (M): Permitem o acesso a bens e serviços que não podem ser produzidos internamente.
•Exportações líquidas positivas (X>MX > MX>M) indicam superávit comercial, enquanto negativas (X<MX < MX<M) apontam déficit.
A Despesa Nacional é uma métrica abrangente que permite compreender como os diferentes sectores económicos contribuem para a demanda agregada. Segundo Vasconcellos e Garcia (2011), a análise de seus componentes (consumo, investimento, gastos do governo e transacções externas) fornece insights valiosos para a formulação de políticas económicas que promovam o crescimento sustentável e o equilíbrio macroeconómico.
1.6. Renda Nacional
A Renda Nacional (RN) é um dos conceitos centrais da Contabilidade Nacional, representando a soma de todos os rendimentos pagos às famílias pela utilização dos factores de produção (terra, capital, trabalho e empreendedorismo) em um determinado período. Segundo Vasconcellos e Garcia (2011), a RN reflecte o fluxo de rendimentos gerados na economia e distribuídos como salários, juros, aluguéis e lucros. Esse indicador é essencial para avaliar o nível de actividade económica e a distribuição de riqueza entre os agentes económicos.
A Renda Nacional pode ser calculada pela fórmula: RN = w + j + a + l Onde:
•w: Salários;
•j: Juros;
•a: Aluguéis;
•l: Lucros.
Essa soma considera todos os rendimentos gerados pela produção de bens e serviços em um determinado período, reflectindo a contribuição de cada factor produtivo.
Características:
•
A RN mede a capacidade produtiva de um país e o retorno aos proprietários dos factores de produção.
•
Está directamente relacionada ao Produto Nacional e à Despesa Nacional (PN=DN=RN).
•É a base para análises sobre consumo, poupança e investimentos na economia.
1.6.1. Poupança (S)
A poupança é a parcela da Renda Nacional que não é consumida no período. Vasconcellos e Garcia (2011) definem “poupança como a diferença entre a Renda Nacional e o consumo: S = RN – C”
Características:
•A poupança desempenha um papel vital no financiamento de investimentos futuros.
•É composta por recursos provenientes de rendas que não são imediatamente gastos em bens de consumo.
•Níveis elevados de poupança indicam maior capacidade de investimento e crescimento económico.
1.6.2. Investimento (I)
O investimento, segundo Vasconcellos e Garcia (2011), é o gasto em bens que aumentam a capacidade produtiva da economia. Esses bens incluem máquinas, equipamentos e infra-estrutura que geram rendas futuras.
Características:
•O investimento é essencial para expandir o potencial produtivo da economia.
•É financiado, em grande parte, pela poupança interna ou por capitais externos.
•Indica o nível de confiança dos agentes económicos no crescimento futuro.
1.6.3. Consumo (C)
O consumo é a parte da Renda Nacional destinada directamente à aquisição de bens e serviços para satisfação imediata. Vasconcellos e Garcia (2011) explicam que o consumo é impulsionado pela renda disponível das famílias e reflecte suas escolhas de curto prazo.
Características:
•O consumo é classificado em bens duráveis, bens não duráveis e serviços.
•Representa a maior parcela da demanda agregada em muitas economias.
•Um aumento no consumo indica uma economia aquecida, enquanto sua queda pode sinalizar retracção económica.
1.6.4. Valor Adicionado (VA)
O conceito de Valor Adicionado é central para o cálculo da Renda Nacional. Ele mede o que cada sector económico adicionou ao valor final do produto durante o processo produtivo. Fórmula: VA = VBP - Consumo Intermediário
Onde VBPVBPVBP é o Valor Bruto da Produção.
Características:
•O Valor Adicionado reflecte a contribuição de cada ramo de actividade económica ao Produto Nacional.
•É uma medida que evita a dupla contagem de bens e serviços no cálculo da Renda Nacional.
•Está directamente relacionado ao cálculo da renda gerada na economia.
A Renda Nacional, como definida por Vasconcellos e Garcia (2011), é uma métrica abrangente que conecta produção, consumo e investimento em uma economia. Por meio do cálculo do Valor Adicionado, ela reflecte a riqueza efectivamente gerada em cada sector produtivo. Além disso, a análise da RN em termos de poupança, consumo e investimento fornece insights fundamentais sobre o comportamento económico e a capacidade de crescimento de um país.
1.7. O papel do gestor/administrador de empresas na contabilidade nacional
O papel do gestor ou administrador em relação à contabilidade nacional é essencial, pois os conceitos e indicadores dessa área fornecem as bases para decisões estratégicas informadas. A visão de diferentes autores ajuda a compreender como esses profissionais podem usar a contabilidade nacional como ferramenta de gestão e planejamento.
De acordo com Samuelson e Nordhaus (2014), a contabilidade nacional é crucial para avaliar o desempenho económico de um país e fornecer dados que orientam decisões tanto no sector público quanto no privado. Esses autores enfatizam que gestores e administradores precisam compreender os indicadores macroeconómicos, como Produto Interno Bruto (PIB), Renda Nacional (RN) e Despesa Nacional (DN), para alinhar as estratégias organizacionais às condições económicas. Por exemplo, ao analisar o PIB, o gestor pode identificar sectores em crescimento e direccionar investimentos para aproveitar as oportunidades.
Chiavenato (2000) reforça que o papel do administrador envolve a adaptação da organização às mudanças no ambiente externo, incluindo as condições económicas medidas pela contabilidade nacional. Ele destaca que indicadores como o consumo das famílias (C) e os gastos governamentais (G) são fundamentais para entender a dinâmica de demanda no mercado. Assim, o administrador deve utilizar essas informações para ajustar a produção, planejar investimentos e evitar desperdícios, garantindo a eficiência dos recursos organizacionais.
Já Drucker (2002) aborda a importância do gestor em interpretar dados macroeconómicos para inovar e garantir a sustentabilidade da organização. Ele argumenta que a contabilidade nacional fornece insights sobre a distribuição de renda, padrões de consumo e capacidade de poupança, permitindo que os gestores ajustem suas estratégias para responder às necessidades da sociedade. Drucker também destaca que o gestor tem um papel social, promovendo práticas que beneficiem a economia como um todo, como a geração de empregos e a contribuição para o desenvolvimento económico.
Portanto, a contabilidade nacional não é apenas uma ferramenta para governos e economistas, mas também uma fonte valiosa de informações para gestores e administradores. Sob a óptica de Samuelson e Nordhaus, Chiavenato e Drucker, fica claro que o entendimento dos indicadores macroeconómicos é indispensável para alinhar as operações empresariais ao contexto económico, promover o crescimento organizacional e contribuir para o desenvolvimento sustentável.
CONCLUSÃO
A contabilidade nacional desempenha um papel crucial na análise e compreensão do desempenho económico de um país. Ao longo deste trabalho, exploramos conceitos fundamentais, como Produto Nacional, Despesa Nacional, Renda Nacional e Identidade Básica, destacando suas definições, cálculos e significados sob a óptica de autores relevantes. Esses conceitos não apenas oferecem uma visão detalhada da produção, despesa e distribuição de renda, mas também são ferramentas essenciais para a formulação de políticas económicas que promovam o desenvolvimento sustentável e a equidade social.
O Produto Interno Bruto (PIB), a Renda Nacional (RN) e o Valor Adicionado (VA) são indicadores-chave que permitem avaliar o nível de actividade económica, a geração de riqueza e a distribuição dos rendimentos entre os agentes económicos. Além disso, a inter-relação entre esses indicadores, expressa na Identidade Básica, evidencia a complexidade e a interdependência dos factores produtivos, das decisões de consumo e dos investimentos realizados em uma economia.
Este estudo destacou, também, a importância da poupança e do investimento como motores do crescimento económico. A alocação eficiente dos recursos poupados e a expansão da capacidade produtiva por meio de investimentos são determinantes para garantir o aumento da renda e do bem-estar social em longo prazo.
Por fim, este trabalho reforça que a compreensão e aplicação dos conceitos da contabilidade nacional são indispensáveis para governos, empresas e cidadãos. Eles fornecem a base para a análise económica, o planejamento de políticas públicas e a tomada de decisões estratégicas no sector privado. Dessa forma, a contabilidade nacional não é apenas uma ferramenta de mensuração, mas também um instrumento para promover um desenvolvimento mais equilibrado e inclusivo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Giambiagi, F., & Pessôa, S. (2008). Economia Brasileira Contemporânea. Elsevier.
Kuznets, S. (1934, p. 45). Renda nacional: Um resumo de descobertas. Nova York: National Bureau of Economic Research.
Netto, A. D. B. (1981). Introdução à Economia. Saraiva.
Porto Editora – contabilidade no Dicionário infopédia da Língua Portuguesa [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-01-17 13:59:34]. Disponível em https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/contabilidade
Porto Editora – contabilidade no Dicionário infopédia da Língua Portuguesa [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-01-17 14:07:34]. Disponível em https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/nacional
Samuelson, P. A., & Nordhaus, W. D. (2010). Economia. McGraw-Hill.
Vasconcellos, M. A. S., & Garcia, M. E. (2011). Fundamentos de Economia. Saraiva.
SAMUELSON, Paul; NORDHAUS, William. (2014). Economia. 19. ed. São Paulo: McGraw-Hill.
CHIAVENATO, Idalberto. (2000). Introdução à teoria geral da administração. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier.
DRUCKER, Peter. (2002). Desafios gerenciais para o século XXI. São Paulo: Pioneira.