A LEITURA INFANTIL E A SUA CONTRIBUIÇÃO PARA O HÁBITO DE LEITURA DOS QUATRO (4) AOS CINCO (5) ANOS NA CRECHE.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho insere-se na pesquisa sobre a leitura infantil e sua
contribuição para o hábito de leitura dos quatro (4) aos cinco (5) anos de
idade na creche. Sendo assim é importante frisar que garantir o contacto com as
obras e apresentar diversos géneros às crianças pequenas é a principal função
dos professores de creche e pré-escola para desenvolver os comportamentos
leitores e o gosto pela literatura desde cedo. Já é amplamente sabido que a
leitura deve ser uma actividade diária na Educação Infantil. Mas nunca é demais
lembrar que as crianças pequenas não têm paciência para ficar muito tempo
fazendo a mesma coisa. À medida que criam o hábito da leitura, os pequenos
começam a prestar atenção em histórias mais longas.
Este trabalho tem objectivo de nos proporcionar ideias de como
incentivar as crianças à prática da leitura, ressaltando o valor da leitura
infantil na formação de futuros leitores, e o quanto é relevante o incentivo
das instituições para o crescimento de indivíduos críticos para formação de
leitores competentes. Ressalta a leitura e os benefícios que trazem ao
desenvolvimento do conhecimento e a grandiosidade da prática da leitura
permitindo que a criança possa usar a imaginação, uma experiência tão presente
durante a infância.
A
LEITURA INFANTIL E A SUA CONTRIBUIÇÃO PARA O HÁBITO DE LEITURA DOS QUATRO (4)
AOS CINCO (5) ANOS NA CRECHE.
Diferentes habilidades são afloradas por meio da literatura, entre elas
a linguagem, contribuindo para a ampliação do vocabulário e incentivando a
criatividade e a vivência do mundo do faz de conta.
Na fase dos 4 aos 5 anos, a linguagem é a habilidade que a crianças mais
desenvolve, e a interlocução com o adulto favorece esse processo,
principalmente quando mediado pela literatura, oferecendo contacto com a
linguagem escrita, já que linguagem quotidiana dá acesso à norma-padrão da
língua.
Ler, contar e ouvir histórias são actividades pelas quais a criança pode
conhecer diferentes formas de falar, viver, pensar e agir, além de um universo
de valores, costumes e comportamentos de sua e de outras culturas situadas em
tempos e espaços diversos do seu.
A Educação Infantil tem a responsabilidade de resgatar e organizar o
repertório das histórias que as crianças ouvem em casa e nos ambientes que
frequentam, uma vez que essas histórias se constituem em rica fonte de
informação sobre as diversas formas culturais de lidar com as emoções e com as
questões éticas, contribuindo para a construção da subjectividade e da
sensibilidade delas. Ter acesso à boa literatura é dispor de informação
cultural que alimenta a imaginação e desperta o prazer pela leitura.
A
PRÁTICA DA LEITURA DURANTE A INFÂNCIA
Ler é apoderar-se de um bem, e uma vez adquirido, jamais será perdido: o
conhecimento. Mas, o que se faz necessário para que um indivíduo venha a se
tornar um leitor activo e detentor de conhecimentos? Não existe uma fórmula,
mas certamente há caminhos que levam a tal fim, e sem dúvidas o principal
caminho é a prática da leitura na infância. É praticar, com o devido apoio, da
família, e da escola, esta acção libertadora, a leitura é o pontapé inicial
para o sucesso intelectual de um indivíduo. A infância é marcada por
descobertas, a criança a todo o momento interage com novos universos, e a
leitura é uma dessas novidades. Inicialmente, o foco está em aprender as
vogais, depois o alfabeto, tudo isso de uma maneira lúdica, cores e ilustrações
são sempre bem-vindas nessa fase em que tudo é uma grande brincadeira. Depois
vem as primeiras pequenas palavras, logo a criança começa ler pequenos textos,
esta prática é fundamental para o desenvolvimento leitura. Entretanto, mesmo
estando em questão a “leitura” na infância, existe uma prática de igual
importância, em que a criança não só ler, mas também ouve as histórias, tal actividade
torna-se imprescindível, se atentarmos para um detalhe: provavelmente o
primeiro contacto de uma criança com um texto, é através de sua mãe, ou seu pai
que lhe contam histórias. Em sua obra Literatura Infantil.
Ah, como é importante
para a formação de qualquer criança ouvir muitas, muitas histórias...
Escutá-las é o inicio da aprendizagem para ser um leitor, e ser leitor é ter um
caminho absolutamente infinito de descoberta e compreensão de mundo [...] é
ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções importantes, como a
tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor, a
insegurança, a tranquilidade, e tantas outras mais, e viver profundamente tudo
o que as narrativas provocam em quem as ouve [...] (ABRAMOVICH, 1993)
Praticar a leitura na infância está directamente ligado em despertar na
criança o prazer em ler. É interessante colocá-las em contacto com os clássicos
da literatura Infantil, como os contos de fadas, que tanto mexem com nossa
imaginação e proporcionam o desenvolvimento da criatividade. Tais ingredientes,
se devidamente misturados, irão formar um leitor com qualidades indescritíveis,
trata-se de um leitor competente, este não enfrentará dificuldades de
interpretar um texto complexo, possuirá desprendimento em seu discurso oral,
lendo e escrevendo de maneira correcta. Mas para tanto se faz necessário um
trabalho conjunto, trata-se de despertar o desejo de ler e o amor pelos livros,
é preciso incentivar.
Orientações para o
trabalho com os livros
Faixa etária
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Textos
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Tempo
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Ilustrações
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Materiais
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4 aos 5 anos
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Os livros
adequados a esta fase devem propor vivências radicadas no quotidiano familiar
da criança por meio dos textos curtos.
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30 minutos
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Predomínio de imagens.
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Livros com dobraduras simples. Outro
recurso é a transformação do contador de histórias com roupas e objectos
característicos. A criança acredita, realmente, que o contador de histórias
se transformou no personagem ao colocar uma fantasia.
|
Meios para tornar a
leitura agradável e educativa da criança
Para que a acção de ler seja espontânea e cause impacto positivo na
criança, deve-se:
·
Reconhecer o tempo de atenção da criança e não ir além dele;
·
Procurar compreender o tipo de assunto que desperta a
curiosidade na criança, para então escolher o material de leitura;
·
Estimular a interacção da criança com o livro perguntando
sobre do que trata a história que será lida. Isso pode ser feito depois de você
ler a resenha da história; em seguida, abra espaço para deduções introduzindo
perguntas como “E agora o que vai acontecer?”, “Como será que vai acabar?”,
“Como vocês gostariam que a história acabasse?”;
·
Permitir que a criança “leia” com ou para você, quando já
conhecer bem a história, apoiada na memória e nas ilustrações do livro;
·
Promover oportunidades para o reconto da história.
Sugestões de actividades
e objectivos
Actividades
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Objectivos
|
Ler histórias infantis.
Encenar peças infantis utilizando
fantoches, dedoches, peças curtas com máscaras etc.
Organizar “sarauzinhos” (declamação de
poemas infantis e parlendas).
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·
Familiarizar a criança
com os diferentes géneros literários.
·
Estimular a capacidade
delas de ouvir e compreender.
·
Desenvolver a capacidade
de análise e síntese.
|
Cantar e
dançar músicas infantis do folclore regional.
|
·
Estimular o
desenvolvimento motor, fonador e rítmico.
·
Valorizar e se
apropriar do folclore infantil da região.
|
Produzir
desenhos relacionados à historinha ouvida e apresentar para o grupo.
|
·
Estimular o
desenvolvimento motor.
·
Aprimorar a capacidade
de síntese.
|
Quando o assunto é aquisição da leitura e da escrita, as histórias podem
oferecer muito mais do que o universo ficcional. Na verdade, elas desenvolvem
aspectos importantes para a formação da criança no âmbito emocional, afectivo,
social e cognitivo.
Ao ouvir histórias, a criança constrói seu conhecimento a respeito da
linguagem escrita, que não se limita ao conhecimento das marcas gráficas que
ele terá de produzir ou interpretar, mas envolve género, estrutura textual,
funções, formas e recursos linguísticos. Ouvindo histórias, a criança sente a
satisfação que elas provocam; aprende a estrutura delas e passa a ter
consideração pela unidade e sequência do texto, assim como pelas estruturas
linguísticas mais elaboradas, típicas da linguagem literária.
OS
BENEFICIOS DA LEITURA NA CRIANÇA DOS 4 AOS 5 ANOS DE IDADE
Por que é tão importante o incentivo? Como já relatado, a leitura
oferece nesta idade trás uma infinidade de conhecimento, é a porta que, uma vez
aberta irá oferecer riquezas para o intelecto de um indivíduo, que irá formar
uma nova mentalidade. E proporcionar às crianças o contacto com a leitura,
antes de tudo, é uma responsabilidade com a formação dos adultos de amanhã.
Para aqueles que infelizmente não têm dimensão deste compromisso, fazer uma
criança ler é apenas mera uma actividade de distracção. O que essas pessoas não
sabem é que, enquanto a criança absorve as informações contidas em um livro,
sua capacidade de compreensão aumenta, trata-se de algo grandioso. Alguns
autores atribuem à leitura o objectivo de “transformar” o meio em que vivemos,
a partir da leitura infantil, como é o caso de Coelho (2000, p. 15) ao afirmar
que:
Estamos com aqueles que dizem:
Sim. A literatura, e em especial a infantil, tem uma tarefa fundamental a
cumprir nesta sociedade em transformação: a de servir como agente de formação,
seja no espontâneo convívio leitor/livro, seja no diálogo leitor/texto
estimulado pela escola. [...] É ao livro, à palavra escrita, que atribuímos a
maior responsabilidade na formação de consciência de mundo das crianças e dos
jovens. (COELHO, 2000, p. 15)
De facto, a actual situação em que passamos nesta sociedade, onde em
cada minuto uma nova onda de informações e novidades surgem, e, em muitos
casos, até confunde aqueles que não acompanham este relato, a leitura
representa um terreno sólido onde podemos firmar nossos pés, sem que para isso,
tenhamos que deixar de acompanhar as tecnologias. E é neste cenário complexo
que nós, enquanto incentivadores da leitura devemos oferecer aos pequenos de
hoje, homens e mulheres de amanhã, a oportunidade conhecer a ferramenta que
irão utilizar durante toda sua vida.
A família
Sem dúvidas, a principal peça nesta tarefa de incentivo à leitura. O
sucesso da criança está directamente ligado aos incentivadores que possui em
casa. Não importam quantos existirem em outros ambientes, sem o apoio dos
familiares, dificilmente esta irá galgar de uma plena experiência com os
livros. Um dos grandes factores que prejudicam a vida escolar das crianças é o
fato de não receberem o devido incentivo e estímulo familiar.
O estímulo à leitura
deve ser iniciado com o hábito de ler em família, fazendo da leitura algo
quotidiano, pois esse é um processo que a torna algo simples e natural. Mas a
realidade é outra, muitas vezes, a família não participa da educação para a
leitura. (CASSIANO, p. 8, 2009)
Mas não devemos “culpar” pais e mães que não acompanham a vida escolar e
automaticamente a vida de leitor de seus filhos. Mais uma vez, a sociedade
turbulenta, a vida cheia de compromissos profissionais, acaba fazendo os pais
atribuírem somente à escola, a tarefa de educar suas crianças, como se, ao
passar a responsabilidade para escola, a sua parte na educação seja compensada,
algo totalmente erróneo. O incentivo familiar dá-se de várias maneiras, o
acompanhamento, ou mesmo contar histórias, mesmo historinhas curtas, mas que
irão proporcionar um contacto entre pais, filhos e leitura. Alguns pais podem
não ter dimensão do quanto, mas sem dúvida trata-se de um estimulo simples,
porém tão importante quanto a educação recebida em sala de aula.
Escola
A escola é uma aliada, é no convívio escolar que as crianças podem
mostrar sua capacidade de compreensão e interpretação, adquiridos com a
leitura. É um lugar onde a troca de experiência entre aluno e professore produz
o desenvolvimento individual. Mas a escola só é verdadeiramente uma ferramenta,
uma vez que actua, através de seus recursos pedagógicos na educação infantil de
maneira satisfatória.
O ambiente escolar é um espaço privilegiado, no que diz respeito ao
contacto de leitores e livros, e deve está impregnado na formação dos leitores.
Essa valorização que parte da sociedade em relação à escola merece ser
retribuída através do compromisso de seus dirigentes com a leitura. É
necessário um conjunto de deveres a serem cumpridos, visando a excelência da
educação. Mota (2006, p.161) atenta para o compromisso da escola, vejamos:
A escola pode ser entendida
como uma instituição sócio-cultural, organizada e pautada por valores,
concepções e expectativas, onde seu membros são vistos como sujeitos
históricos, culturais que relacionam suas ideias acordando ou contrapondo-se
aos demais. E talvez, devido a estas discordâncias e consensos que a humanidade
realiza descobertas e evolui. (MOTA, 2006, p.161)
Infelizmente não é novidade, que passamos por momentos difíceis na
educação angolana, a cada dia nos deparamos com notícias alarmantes, os dados
publicados em periódicos, acerca de pesquisas realizadas sobre a situação da
leitura em nosso país, deixam claro, que as coisas não vão bem. Diante disso,
qual o papel da escola? Que acções desenvolver para buscar resultados mais
satisfatórios na educação? Trata-se de uma série de acções, que juntas, podem
devolver à escola seu papel de incentivadora da leitura. Vale ressaltar que, a
escola possui uma excelente ferramenta, que deve ser usada em prol da educação,
não somente como um depósito, ou expositor de livros: A Biblioteca Escolar, que
tanto merece destaque. Esta é um bem obrigatório, como apoio às actividades de
leitura e pesquisa de escola. Merece estar inserida em todos os eventos
escolares, suas portas devem estar sempre abertas à curiosidade das crianças.
A LEITURA
NA VIDA DAS CRIANÇAS
A leitura se faz presente em todos os campos na qual a criança esta
inserida, tanto na vida social quanto na vida “pessoal” de cada uma. A primeira
instituição em que a criança conhece é a família que tem papel fundamental incentivá-las
em seu desenvolvimento intelectual e social, em segundo vem a escolar onde a
criança passa a se relacionar com outras crianças, e assim conhece um mundo
diferente do que ela está acostumada e muitas vezes se encontra com
dificuldades de socialização por falta de orientação adequada.
Com os livros não é diferente, é sempre necessário que haja um incentivo
por parte de todos que estão em seu convívio, sobre a importância da prática da
lei da leitura, essa estimulação pode ser introduzida no quotidiano das
crianças através de actividades pedagógicas como: jogos, recreação, entre
outras, o fundamental é sempre estar inovando com actividades criativas para
que não entre em rotina, e sempre trabalhando com a interacção entre as
crianças para que seu desenvolvimento com a leitura seja eficaz e positivo.
Moura (2008, p.1) ressalta que:
É objectivo da escola e
das famílias em geral proporcionar às crianças o acesso ao conhecimento e a
formação de indivíduos críticos, comprometidos consigo mesmo e com a sociedade,
capazes de intervir modificando a realidade, auto motivados e aptos a buscar o
aprendizado e o aperfeiçoamento contínuo, o que passa pela formação de leitores
competentes.
É de grande relevância a consciência sobre a importância da leitura
infantil na vida das crianças, no qual tem como maior objectivo torná-las em
adultos leitores e aumentar o índice de leitores no Brasil, onde o mesmo é
considerado como um país onde a leitura não é levada a sério. Observe Silva
(2005):
(...) parece certo dizer
que não existe tradição de leitura no Brasil. Dada as condições do
desenvolvimento histórico e cultural do país, a leitura, enquanto actividade de
lazer e actualização, sempre se restringiu a uma minoria de indivíduos que teve
acesso à educação e, portanto ao livro.
O ato de ler activa uma série de acções na mente do leitor. Por meio
delas, a criança no caso, extrai diversas informações, podendo ser mantidas,
modificadas ou desenvolvidas durante a absorção do conteúdo. Quando a criança é
inserida no mundo da leitura é possível que vários questionamentos sejam
compreendidos, entendidos. No ato da leitura é possível que duas crianças ao lêem
o mesmo texto entendam de maneira diferente, observe o que diz Naspolini (1996,
p.25):
Quando alguém lê algo,
inicia aplicando um determinando esquema, alterando – o ou confirmando – o, ou
ainda, tornando – o mais claro e exacto. Assim, duas pessoas que estão lendo o
mesmo texto podem entender mensagens diferentes por que seus esquemas
cognitivos são diferentes, ou seja, as capacidades já internalizadas e o
conhecimento de mundo de cada uma são específicos.
Diante desse relato considera-se que a criança ao lê deve estar sempre
em interacção com as demais, para que assim várias informações contidas em
somente um texto podem ser compreendidas e repassadas em diversas formas, com
outras visões. A prática da leitura deve ser apresentada na vida das crianças
de forma natural, com calma, mostrando em sua essência seus benefícios e sua
importância, para que a mesma não se sinta na obrigação de fazer algo, para que
está acção se torne prazerosa, e haja compreensão do que seja a leitura
eficiente e eficaz. É fundamental que a criança compreenda qual o sentido desse
aprendizado, só assim saberá qual a importância da leitura em sua vida.
A INFLUÊNCIA DOS LIVROS INFANTIS PARA CRIANÇA
DOS 4 AOS 5 ANOS
Já na formação das
crianças no ventre de suas mães, o bebé já ouvi, sente e escuta o chamado de
seus pais, principalmente de suas mães. Nessa fase a mãe conversa com seus
filhos e conta historinhas de ninar para que seus bebes se acalmem, ou até
mesmo no acto de amor e carinho. Depois do nascimento, é de suma importância
que a criança ainda possa ouvir histórias, pois certamente já se acostumou a
ouvi-las de seus pais. Existem várias situações onde a leitura pode ser
introduzida no quotidiano e nos primeiros anos de vida da criança, o banho e a
amamentação, por exemplo, são situações coniventes para serem criados esses elos,
a mãe ou o pai conta a história e a criança interage com eles de forma
gradativa. As crianças são seres muito curiosos e ao manusear os livros, que
hoje são muito fáceis de se encontrar no mercado e possuem várias formas, e
texturas, sendo de plástico, pano, papel ou musicais são importantes para que
os pequenos manipulem, brinquem e explorem o objecto que pode ampliar o
vocabulário e imaginação dos futuros leitores.
Ouvir histórias é um
acontecimento tão prazeroso que desperta o interesse das pessoas em todas as
idades. Se os adultos adoram ouvir uma boa história, um “bom causo”, a criança
é capaz de se interessar e gostar ainda mais por elas, já que sua capacidade de
imaginar é mais intensa (FILHOS DE A a Z, 2010)
Livros com muitas
ilustrações e pouco texto são adequados para crianças dos quatro aos cinco
anos, que poderão criar histórias com base nos desenhos ou interpretá-los. Se a
leitura for estimulada desde pequenino, o manuseio do livro para essas crianças
já será comum. Desse modo, quando o processo de alfabetização estiver
acontecendo, as crianças que passaram por todo o processo de conhecimento e
manuseio do livro terão prazer em lê-lo, seja um livro indicado pela escola ou
o que a própria criança escolher na biblioteca.
CONTRIBUIÇÃO
DA LITERATURA INFANTIL PARA O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DOS 4 AOS 5 ANOS DE
IDADE
As crianças desde sempre manifestaram um grande fascínio
pelos contos e em todas as sociedades e culturas existem histórias que lhes são
contadas, passando de geração para geração. Durante muito tempo, o hábito de
contar histórias era tão comum que ninguém se preocupava em reflectir sobre o
seu valor. As pessoas, simplesmente, depois de um dia de trabalho, reuniam-se e
contavam histórias, sobretudo as pessoas mais velhas, tendo as crianças como
principais ouvintes. Talvez porque as pessoas mais velhas sabiam mais
histórias, tinham vivido mais tempo. Talvez ainda porque como as crianças,
tinham menos trabalho, mais tempo livre. E contar histórias às crianças é uma
boa forma de as manter seguras e sossegadas, sem ter o trabalho de “correr
atrás delas”. Actualmente, todos os educadores concordam sobre a importância
dos contos para a formação da criança, quer do ponto de vista afectivo e
psicológico, quer ainda no processo de socialização e conhecimento do mundo. Os
estudos utilizados no âmbito desta pesquisa ajudaram-nos a compreender o grande
valor da literatura no processo de desenvolvimento da criança dos 4 aos 5 anos
de idade. Nos pontos seguintes, apresentamos de forma sintetizada algumas
descobertas feitas nesta matéria.
Aquisição
da linguagem, socialização e conhecimento do mundo
Actualmente, todos os educadores estão de acordo sobre a
importância dos contos na formação da criança, nomeadamente do seu papel no
desenvolvimento da linguagem, na aquisição de referências sobre a organização
das comunidades humanas, da sua em particular, e do mundo em geral. Através das
histórias que ouvem, as crianças aprendem a designar as coisas que as rodeiam,
as plantas e os animais, os montes e as ribeiras, o mar, o vento, o rio, a
floresta e tantos outros elementos da natureza e do mundo. As histórias ajudam
a compreender o lugar do ser humano entre os outros seres da natureza, assim
como a relação entre os próprios humanos.
Através das histórias, as crianças vão “experimentando” a
aplicação dos conceitos de irmão, filha, mãe, pai, avô, primos, construindo a
sua própria compreensão das relações de parentesco, de pertença a uma mesma
comunidade. Para além do vínculo com a sua comunidade de origem, as histórias
contadas às crianças também contribuem para lhes alargar os horizontes de
espaço e de tempo, começando pelo distante lugar do “Era uma vez…”.
Saídas para o campo ou para a cidade, para as montanhas e
pelos mares, outras terras, outras gentes, vão ensinando as crianças a conhecer
o imenso mundo em que vivem, a sua riqueza e diversidade, as suas imensas
possibilidades. Quando as crianças têm oportunidade de, para além de ouvir,
também contar histórias a outras crianças ou adultos, desenvolvem ainda mais as
noções nelas contidas, mais do que palavras, são representações do mundo,
regras de convivência, diferenciação entre o certo e o errado.
Deste modo, as histórias tornam-se uma ferramenta para
ensinar às crianças as regras do “estar no mundo” e formas de agir sobre ele.
Os contos não ensinam apenas uma criança de cada vez, mas toda uma geração que,
ao partilhar histórias comuns, acaba por adquirir uma certa visão do mundo, um
entendimento, uma cultura e mesmo uma ideologia. De facto, os contos não são
neutros. As histórias são leituras do mundo e como tal reflectem os valores de
cada comunidade, época e autor. Como nos dizem Ana Maria Magalhães e Isabel
Alçada:
“Além
do talento e das opções individuais, a literatura infantil reflecte com clareza
e nitidez a época a que pertence. Excepção feita aos contos tradicionais, que
não só não surgiram para entreter crianças como ocupam um lugar à parte que não
cabe aqui tratar, cada história é um espelho do momento em que surgiu. O mundo
transforma-se. A literatura infantil não tem outro remédio senão transformar-se
também. Voluntariamente ou não, cada autor acaba por fazer eco dos valores,
ideologias, modos de vida, formas de encarar a educação e a infância. Estes
aspectos por vezes transparecem até nos títulos de livros ou de colecções”.
A literatura é um meio poderoso de consciencialização
sobre o mundo, as desigualdades e injustiças, os benefícios de uns e as
desvantagens de outros. Esta consciencialização pode conduzir a uma tomada de
consciência da necessidade de transformar as relações entre os seres humanos,
particularmente na sociedade actual marcada por tantos desafios. A propósito
desta perspectiva, Nelly Novais escreve:
“A
literatura, em especial a infantil, tem uma tarefa fundamental a cumprir nesta
sociedade em transformação: servir como agente de formação, seja no espontâneo
convívio leitor/livro, seja no diálogo leitor/texto estimulado pela escola
(...). É no sentido dessa transformação necessária e essencial (cujo processo
começou no início do século XX e agora chega sem dúvida, às etapas finais
decisivas) que vemos na literatura infantil o agente ideal para a formação da
nova mentalidade que se faz urgente”.
Mas este objectivo
de transformar a mentalidade só poderá ser atingido se as pessoas adultas que
se ocupam das crianças (pais, educadoras, professores) tiverem consciência da
sua responsabilidade e reorganizarem o seu próprio conhecimento. Como afirmou
Ana Maria Machado, citando Abramovich,
“É
uma possibilidade de descobrir o mundo imenso dos conflitos, dos impasses, das
soluções que todos vivemos e atravessamos”. A autora acrescenta
ainda: “Nesse sentido ouvir ou ler
histórias inicia a criança no processo de construção da linguagem, ideias,
valores e sentimentos os quais ajudarão a criança na sua formação cultural como
pessoa e cidadão”.
Fantasia e imaginação (dos 4 anos aos 5 anos)
Fase lúdica/ predomínio do
pensamento mágico;
· Aumenta,
rapidamente, o seu vocabulário;
· Faz muitas
perguntas. Quer saber “como” e “por quê?”;
· Egocentrismo –
narcisismo;
· Não diferenciação
entre a realidade externa e os produtos da fantasia infantil;
· Desenvolvimento
do sentido do “ eu”;
· Tem mais noção de
limites (meu/teu/nosso/certo/errado);
· O tempo não tem
significação – não há passado nem futuro, a vida é o momento presente;
· Muitas imagens
ainda completando, ou sugerindo os textos;
· Textos curtos e
elucidativos;
· Consolidação da
linguagem, onde as palavras devem corresponder às figuras;
· Para Piaget,
etapa animista, pois todas as coisas são dotadas de vida e vontade;
· O elemento maravilhoso começa a despertar
interesse na criança.
CONCLUSÃO
É muito comum cada sala de Educação Infantil ter um cantinho de leitura,
com uma pequena estante. O ideal é que todo o acervo fique ao alcance das
crianças (perto do chão e sem obstáculos entre obras e leitores). Nessa fase da
escolarização, o educador deve ensinar os cuidados básicos que devemos ter com
o livro. As histórias de ficção (como os contos de fadas) são as que mais
encantam as crianças, mas é importante oferecer a elas diversas obras para que
criem um repertório amplo. Os livros são um óptimo caminho para ampliar o universo
cultural dos pequenos porque permitem entrar em contacto com situações
desconhecidas.
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