INTERAÇÃO ENTRE CRIANÇAS E EDUCADORES NAS CRECHES
INTRODUÇÃO
A interacção entre crianças
e educadores nas creches é o tema em que nos foi dirigido para fazermos uma
pesquisa sobre ela e assim saber quais os pontos intelectuais e exigentes do
quadro de funcionamento da educação infantil atendendo a questão das novas formas
de ensinamento que facilitam também no processo de ensino e aprendizagem. Neste
contexto diante da sociedade actual, faz-se necessária uma metodologia de
ensino que haja de maneira preventiva, na educação infantil a interacção entre
o educador e crianças em termos de valores éticos e morais, na formação
consciente da criança que reflecte ética e moralmente diante de situações que
exijam dele uma gama de princípios e valores que norteiem suas decisões.
INTERAÇÃO ENTRE CRIANÇAS E EDUCADORES NAS CRECHES
O
perfil do educador frente as crianças
Na educação pré-escolar, é o educador de infância que
realiza o desenvolvimento do currículo, através da; observação, que permite o
conhecimento das crianças, do planeamento, da organização e avaliação do
ambiente educativo, conjuntamente com a realização de actividades curriculares,
que têm como objectivo a aprendizagem cooperativa e global das crianças. No
contexto do ambiente educativo, deve ser “ um ambiente facilitador do
desenvolvimento e da aprendizagem das crianças.” Logo, o educador organiza o
tempo (não através de horas, mas através de momentos, momento da chegada,
momento do lanche, etc. É muito importante instalar uma certa rotina na gestão
do tempo, mas isto não justifica que se crie uma rotina a nível das
actividades), o espaço (que são os chamados cantinhos ou ateliers, lugares onde
são abordadas as áreas de conteúdo), materiais diversos (isto porque a sala
está organizada com materiais diversos segundos as áreas de conteúdo),
tecnologias da informação e comunicação e segurança das crianças de modo a
proporcionar aprendizagens e experiências educativas estimulantes e
diversificadas e o bem-estar das crianças.
No âmbito da observação, planificação e da avaliação, o
educador deve observar o pequeno e grande grupo, as competências, intervenção
de cada criança e as propostas temáticas e situações imprevisíveis, para poder
avaliar, numa perspectiva formativa a intervenção, o ambiente e processo
educativo de modo a planificar as diversas actividades de forma a promover o
desenvolvimento da criança em todas as áreas de conteúdo. Tendo de igual modo
como objectivo “incentivar a participação das famílias no processo educativo e
estabelecer relações de efectiva colaboração com a comunidade”.
No que se refere à relação e acção educativa, é importante
para a criança que o educador promova segurança afectiva, a autonomia, o
envolvimento em actividades e projectos, fomente e apoie a cooperação e o
desenvolvimento afectivo, emocional e social das crianças e do grupo, que
envolva as famílias e a comunidade nos projectos, que estimule a curiosidade da
criança pelo que a rodeia e a capacidade de realização de tarefas que
proporcionaram aprendizagens e o consequente desenvolvimento pessoal, social e
cívico numa perspectiva de educação para a cidadania.
Cabe ao educador de infância mobilizar o conhecimento e as
competências essenciais ao desenvolvimento dum currículo integrado, no âmbito
de algumas áreas de conteúdo.
No que se refere á área de expressão e comunicação “O
domino das diferentes formas de expressão implicam diversificar as situações e
experiências de aprendizagem, de modo a que a criança vá dominando o corpo e
contactando com diferentes materiais que poderá explorar, manipular de forma
consciente de si próprio na relação com os objectos” dai que o educador deva
promover várias aprendizagens curriculares no campo da expressão, deva fomentar
a estimulação comunicativa para a interacção e desenvolvimento da linguagem em
particular para os grupos sociais desfavorecidos. O educador deve ainda
explorar a leitura e a escrita e inserir as crianças na socialização, através
da prática de jogos para a aquisição de regras e da manipulação de objectos através
do desenvolvimento da motricidade.
No âmbito do conhecimento do mundo, “ os seres humanos
desenvolvem-se e aprendem em interacção com o mundo que os rodeia”, dai que o
educador deva promover, incentivar a exploração, a observação e descrição de
relações entre objectos, atributos dos materiais, pessoas e acontecimentos,
despertando assim o interesse sobre a capacidade de organização temporal,
espacial e lógica da observação de factos e acontecimentos. Despertando também
o interesse pelas tradições da comunidade/sociedade, organizando actividades
adequadas para o efeito, e favorecendo o confronto de interpretação e a
intervenção da criança no seu contexto.
De acordo com actividades infantis, o
funcionamento com crianças exige que
o educador tenha uma competência
polivalente. Ser polivalente significa que ao educador cabe trabalhar com
conteúdos de naturezas diversas que abrangem desde cuidados básicos essenciais
até conhecimentos específicos provenientes das diversas áreas do conhecimento.
Este carácter polivalente demanda, por sua vez, uma formação bastante ampla do
educador que deve tornar-se, ele também, um aprendiz, reflectindo
constantemente sobre sua prática, debatendo com seus pares, dialogando com as
famílias e a comunidade e buscando informações necessárias para o trabalho que
desenvolve. São instrumentos essenciais para a reflexão sobre a prática directa
com as crianças a observação, o registo, o planejamento e a avaliação.”
O educador que actua na creche
ou pré-escola precisa fazer acontecer um trabalho colectivo, ou seja, a interacção
com outras pessoas, na troca de conhecimentos e informações, na realização de
suas actividades, para que juntos possam realizar objectivos referentes à sua
prática e o desenvolvimento da criança no processo de ensino aprendizagem. Caso
não ocorra o rendimento dos objectivos esperados, é preciso que aconteça a praxis
reflexiva, com uma retomada dos conteúdos e recursos pedagógicos voltados para
o desenvolvimento do sujeito para uma compreensão melhor.
Ser sensível a prováveis dificuldades de adaptação que
a criança poderá apresentar e, estar apto para lidar com situações que
exijam paciência, compreensão e técnica, permitirá que os pais e as
crianças se sintam mais confortáveis e tranquilos em relação ao processo de
aprendizagem da criança.
O ambiente seguro também implica na boa comunicação
entre pais e educadores.
Lidar com imprevistos requer flexibilidade e
criatividade. É o momento de usar o conhecimento e a sociabilidade a favor da
evolução da escola, para o bem das crianças e tranquilidade dos pais.
Já em sala de actividade, o educador que está sempre
aprendendo e tem conhecimento actualizado sobre os avanços tecnológicos e
científicos do conteúdo que conduz, será sem dúvida um forte competidor da área
porém, ter conhecimento só, não basta, é preciso que o educador saiba
ensinar, entreter, e cativar as crianças a gostar do conteúdo que aplica.
A existência infantil tem múltiplas e surpreendentes
formas de expressão e elaboração. Porém, a diversidade da manifestação infantil
não exclui a unidade de objectivos que qualificam as acções dos educadores de
infância. É possível pensar um educador novo, múltiplo, pleno, capaz de estar
todo em todos os momentos, em todos os tempos e em todos os espaços da
infância. Evidentemente, esse educador não será um "especialista" no
sentido técnico do termo. Será, sim, omnidimensional, multidimensional - pleno
como são plenos aqueles que caminham juntos e repartem, a seu modo, a
existência dramática que lhes é comum.
O educador infantil deverá ter um preparo especial,
porque para a infância se exige o melhor do que dispomos. Mesmo porque, na
relação pedagógica, não basta estar presente para ser um bom companheiro. O
educador infantil deverá ter um domínio dos conhecimentos científicos básicos,
tanto quanto conhecimentos necessários para o trabalho com a criança pequena
(conhecimentos de saúde, higiene, psicologia, antropologia e história,
linguagem, brinquedo e das múltiplas formas de expressão humana, de
desenvolvimento físico e das questões de atendimento em situações de
necessidades especiais). Precisa ainda ter sob controlo seu próprio
desenvolvimento, bem como estar em constante processo de construção de seus
próprios conhecimentos. Ter elaborado, maduramente, a questão de seus valores,
cultura, classe social, história de vida, etnia, religião e sexo.
O Papel do Educador na Creche
Como educadores temos um papel fundamental no
desenvolvimento das crianças. Assim, a nossa função deverá ser mediador do
desenvolvimento e incentivador da autonomia da criança.
O educador deve:
·
Respeitar os estádios
de desenvolvimento da criança sem ultrapassar etapas, considerando o ritmo e a
necessidade de cada criança como ser individual;
·
Valorizar e escutar a
criança contribuindo para o seu bem – estar e auto – estima;
·
Proporcionar à
criança um ambiente estável, calmo e acolhedor, tendo em conta o seu
desenvolvimento harmonioso;
·
Favorecer o contacto
com as várias formas de expressão e comunicação com o intuito de promover novas
experiências;
·
Incentivar a
colaboração dos pais no processo educativo através da participação em várias
iniciativas. (caderno do aluno e carta de apresentação do educador);
·
Permitir o
desenvolvimento da autonomia e da confiança sempre que possível;
·
Trabalho em equipa.
“O
educador deve ser alguém que permite o desenvolvimento de relações de confiança
e de prazer através da atenção, gestos, palavras e atitudes. Deve ser alguém
que estabeleça limites claros e seguros que permitam à criança sentir-se
protegida de decisões e escolhas para as quais ela ainda não tem suficiente
maturidade, mas que ao mesmo tempo permitam o desenvolvimento da autonomia e
autoconfiança sempre que possível. Deve ser alguém verbalmente estimulante, com
capacidade de empatia e de expansividade, promovendo a linguagem da criança
através de interacções recíprocas e o seu desenvolvimento sócio emocional”.
O Papel do Educador no Pré-escolar
Os educadores organizam o processo educativo tendo em
linha de conta as orientações curriculares que se definem como uma “ referência comum para todos os educadores da
rede nacional da educação do pré-escolar e destina-se à orientação da
componente educativa. Estas não são um programa pois adoptam uma perspectiva
orientadora e não prescritiva das aprendizagens a realizar”.
·
Cabe ao educador
durante o processo educativo explorar as áreas de conteúdo das orientações
curriculares nomeadamente: Desenvolvimento pessoal e social; Expressão e
Comunicação; Conhecimento do Mundo.
·
O educador é o
construtor e o dinamizador do currículo, cabendo-lhe elaborar o projecto
curricular, tendo em conta as suas opções e a sua intencionalidade educativa
baseando-se nas orientações curriculares.
·
O educador deve de
ter em vista o desenvolvimento global de todas as crianças como seres únicos
autónomos e solidários, contribuindo para uma igualdade de oportunidades.
·
O educador organiza o
ambiente educativo na sala planeando a interacção com as crianças e avalia todo
o processo ensino/aprendizagem.
·
O educador deve de
estar pessoalmente implicado no processo educativo; atento e disponível a tudo
o que se passa: nomeadamente a sugestões, opiniões, dialogo, participação e
elaboração dos projectos/actividades, envolvendo todas as crianças promovendo a
interacção social e a aprendizagem.
·
O educador deve ser
flexível e dinâmico na sua planificação trabalhando em conjunto com as
crianças, educadoras, auxiliares e pais.
A educação de infância no contexto angolano
O processo pelo que o ser humano se torna membro do
seu grupo e hoje, em dia, um processo complexo que passa por várias fases
técnico-formais, que definem o crescimento e desenvolvimento humano.
A educação pré-escolar, entendida no contexto de
socialização da criança constitui aquela fase que proporciona à criança o
esqueleto cultural para se definir como ser humano em crescimento.
Toda a educação pré-escolar dada à criança é de
extrema importância, uma vez que é sobre ela que se baseia o resto do
crescimento e desenvolvimento do homem. Além disso, os aspectos técnico-formais
respondem a essa importância no sentido de levar o ser humano ao crescimento
consciente.
O atendimento à criança de 0-6 anos, designando-se ou
fazendo parte do processo de desenvolvimento da primeira infância é uma tarefa
de tamanha importância que não só envolve o grupo básico, a família, mas também
as instituições macrossociológicas onde a infância é alvo de educação e
cuidados.
O trabalho que apresentamos ao Ministério da
Assistência e Reinserção Social tem como objectivo colocar à responsabilidade
do MINARS toda à actividade pedagógica e educativa, assistencial e orientativa,
esperando que seja lançada a possibilidade de qualidade de educação a prestar
as crianças de Angola, tomadas na sua heterogenidade existencial.
Neste contexto é importante informar aos pais, as
comunidades e o público em geral quanto as formas e importância de se
proporcionar as crianças a participação em experiências de aprendizagem
verdadeiramente estimulantes, durante os primeiros 5 anos de vida.
“A educação da
primeira infância é a que se estende desde o nascimento até a entrada para a
escola obrigatória. É dispensada na família e em todos os estabelecimentos que
recebe em um ou outro momento e por razões diversas as crianças que ainda não
estão submetidas a escolaridade obrigatória”.
O nosso país, hoje mais do que nunca encara a
problemática da educação na primeira infância no âmbito de uma visão alargada
de educação, o que pressupõe estar em concordância com a definição das Nações
Unidas com o conceito de educação de primeira infância, reforçando esta
responsabilidade com base legal na implementação da lei nº 25/12 de 22 de Agosto,
Lei sobre a Protecção e
Desenvolvimento Integral da Criança, e assim como Os 11
Compromissos com a Criança, visando um Futuro Melhor da Criança, onde no
Compromisso nº 4 reflecte a Educação da Primeira Infância.
É de realçar que a partir de 1978, começaram a chegar
em Angola as primeiras equipes de especialistas cubanos em educação
pré-escolar, que connosco cooperaram na formação de quadros, elaboração de
materiais, normas e apoio a organização e funcionamento das instituições de
infância, assim como a formação e orientação pedagógica do trabalho educativo.
O governo através do Ministério da Educação e o
Ministério da Assistência e Reinserção Social foi firmado um acordo de cooperação,
no âmbito do desenvolvimento da educação e cuidados na primeira infância e
melhoria da formação dos técnicos de infância, mais tarde daria lugar à
reformulação dos currículos de formação de educadores, quer do nível básico
como do nível médio e de outros programas que visam ao desenvolvimento da
criança tendo em atenção, os domínios, afectivo-social, psicomotor e cognitivo
intelectual.
O educador é um elemento influente e agente
socializante fora do lar. Razão pela qual os educadores e os pais, são os
adultos cujos valores e atitudes em relação as crianças se deveram
complementar, e deveram trabalhar em colaboração estreita nos centros de
infância, centros de educação comunitária e centro infantil comunitário, para
garantir o bem-estar e social da criança.
Se na educação da
primeira infância o cuidar e o educar são dimensões integradas, o respeito à
necessidade da criança deve abranger tanto actos simples, como servir-lhe água,
acolhê-la em momento de angústia, quanto o planejamento e a organização de um
ambiente adequado e de vivências enriquecedoras. Isso remete a uma postura
equilibrada, permeada pelo respeito às necessidades e às iniciativas das
crianças, e não para a construção de um ambiente direccionado à estimulação
exacerbada. Em outras palavras, cabe aos educadores propiciarem um ambiente que
favoreça o desenvolvimento, nas crianças pequenas, das suas iniciativas para
conhecer, comunicar, sentir e (sobretudo) ser.
A relação entre o
educador e a criança deve assumir forma de parceria, isto significa, que o
educador deve empreender seus esforços em permitir que as crianças sintam-se
livres para explorar e também para vivenciar os experimentos dos outros, bem
como adequá-los aos seus próprios planos de acção. A ocorrência de interacções
preferenciais e o aumento da frequência delas conforme a organização do
ambiente físico. Assim, retomando a questão do educador como agente organizador
que observa e reconhece as interacções preferenciais, faz-se necessário criar
situações que favoreçam tais aproximações, bem como oportunizar que o interesse
de uma criança pelas outras emerja e se desenvolva. Segundo apontado na
pesquisa, as interacções preferenciais acontecem com maior frequência em
espaços delimitados e relativamente pequenos; portanto, providenciar locais
onde as crianças possam entrar e sair, ver umas às outras, compartilhá-los com
outras crianças podem consistir uma intervenção adequada ao favorecimento
dessas interacções.
A acção da criança sobre
o meio, e posteriormente as experimentações que realizam sobre os objectos são
fundamentais para a construção de noções de espaço, tempo, profundidade etc. E
isso pode ser ainda mais rico se o experimento estiver sendo alvo de observação
ou de imitação, por parte de outras crianças. O papel principal dos educadores
consiste em beneficiar, observar e entender as trocas entre as crianças, sejam
elas sociais ou intelectuais, para, então, adequar suas acções pedagógicas.
Desde muito pequenas as crianças são curiosas pelas acções e pelos interesses das
outras, assim como se empenham em comunicar suas ideias e descobertas. Essa
comunicação ocorre por meio de posturas, gestos, mímicas ou vocalizações,
justificando seu interesse mútuo e o seu desejo de compartilhar actividades.
Dessa concepção as condições organizadas e planejadas pelos adultos estão directamente
relacionadas às realizações e conquistas das crianças, sendo necessário, a
partir da observação e do estudo, que os adultos proponham actividades às quais
cada criança se dedique com prazer, como também à interacção com os pares.
Interacções afectivas entre educador e crianças em
ambiente de creche na perspectiva da aprendizagem infantil
A análise das interacções
afectivas estabelecidas em creches procedem de questionamentos da leitura do
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil quando aborda sobre as
divergências quanto ao papel do afecto na aprendizagem infantil e, portanto
remete-nos a considerar as possibilidades de contribuições no campo da
Psicologia com o intuito de elucidar as relações entre desenvolvimento e
aprendizagem infantil, especificamente no que concerne ao ambiente de creche,
uma vez que este factor traz à nossa pesquisa um grande desafio: compreender a
relação entre o desenvolvimento afectivo e aprendizagem da criança pequena em
um contexto colectivo.
As abordagens sobre
as possibilidades de sucesso ou fracasso do processo ensino-aprendizagem como
dependente da interacção entre o educador e a criança são bastantes coerentes em
trabalhos académicos, e esta pesquisa continuará delegando um papel essencial a
este personagem, trazendo, entretanto, uma temática recente que inclui o papel
dos educadores em creche inserido no projecto de transição que abandona a
categoria especificamente assistencialista e parte para a função de primeiro
nível da Educação Infantil. Compreender, por conseguinte a relação entre as
demandas de interacções afectivas entre estes personagens e as crianças sob suas
responsabilidades, entendendo que estes profissionais são participantes activos
na construção da educação afectiva e no processo de aprendizagem, torna-se de
extrema relevância, especialmente em virtude do período em que este convive com
as crianças.
O ensino e a
instrução constituem-se basicamente em planejar estratégias de intervenção para
criar condições favoráveis para as situações de aprendizagem, e que um bom
projecto institucional une os diversos componentes da aprendizagem: resultados,
processos e condições. Embora haja um consenso entre teóricos do
desenvolvimento e da aprendizagem, no que diz respeito à indissociabilidade e
relevância dos aspectos afectivos e cognitivos no processo de conhecimento, não
obstante a maneira de interpretar suas relações é diferente.
O educador, a escola
e a criança: conhecimentos para transformar
Os
primeiros anos de vida são decisivos na formação da criança, pois se trata de
um período em que a criança está construindo sua identidade e grande parte de
sua estrutura física, sócio-afetiva e intelectual. São, sobretudo, nesta fase
que se devem adoptar várias estratégias, entre elas as actividades lúdicas, que
são capazes de intervir positivamente no desenvolvimento da criança, suprindo
suas necessidades biopsicossociais, assegurando-lhe condições adequadas para
desenvolver suas competências. O conhecimento não resulta exclusivamente de o
experimentar, do simples encontro da criança com o objecto; mas daquilo que
pode ser decorrente da manipulação consciente, reflectida e, consequentemente,
produzindo a abstracção e a generalização das noções aprendidas.
O
brinquedo ajudará a desenvolver uma diferenciação entre a acção e o
significado. A criança, com o seu evoluir, passa já, do ambiente concreto que a
rodeia. O brincar relaciona-se ainda com a aprendizagem. Brincar é aprender; na
brincadeira, reside à base daquilo que, mais tarde, permitirá à criança
aprendizagens mais elaboradas. O lúdico torna-se, assim, uma proposta
educacional para o enfrentamento das dificuldades no processo ensino-aprendizagem.
Os jogos e brincadeiras podem contribuir para o desenvolvimento cognitivo,
social, político, moral e emocional da criança, desde que sejam utilizados para
alcançar os grandes objectivos da Educação Infantil, entre eles, o
estabelecimento da autonomia, das habilidades de descentrar e de coordenar
diferentes pontos de vista, das capacidades de estabelecer relações, elaborarem
ideias, resolver problemas. A maneira de a criança assimilar, transformar o
meio para que esta se adapte as suas necessidades e de acomodar (mudar a si
mesmo para adaptar-se ao meio) deverá ser sempre através do lúdico. Ao brincar
a criança se relaciona com outras crianças, sendo capaz de perceber-se com um
“ser” no mundo numa relação entre o que é pessoal e o que permite o ingresso no
mundo das regras. Brincando as crianças constroem seu próprio mundo; o mundo
que querem e gostam; e os brinquedos são ferramentas que contribuem para esta
construção, pois proporcionam à criança demonstrar e criar fantasias de suas
vivências e experiências. No processo da educação infantil o papel do educador
é de suma importância, pois é ele quem cria os espaços, disponibiliza
materiais, participa das brincadeiras, ou seja, faz a mediação da construção do
conhecimento.
Para
que o uso do lúdico seja, de fato, uma estratégia didáctica que auxilie na
construção do conhecimento e no desenvolvimento global da criança, é preciso
planejar as situações, visando a uma aprendizagem, a um conhecimento, a uma
atitude. Estas situações devem ter uma intencionalidade educativa; portanto,
devem ser planejadas pelo professor a fim de alcançar objectivos
predeterminados.
A
criatividade pode ser estimulada com objectos simples onde a criança tem
oportunidade de criar, inventar novas funções e utilidades desses objectos. Pedaços
de papel, pano, caixas vazias, canudos, palitos, barbante, cola, lápis, etc.,
são objectos ricos para a criança poder externar sua capacidade de criação, de
construção. Devem-se evitar brinquedos muito estruturados, sofisticados que só
podem representar aquilo a que se destinam. Porém, é preciso muito cuidado com
a desvalorização do movimento natural e espontâneo da criança em favor do
conhecimento estruturado e formalizado, ignorando as dimensões educativas da
brincadeira e do jogo como forma rica e poderosa de estimular a actividade da
criança. A escola tem de se preocupar com a aprendizagem, mas o prazer tem de
ser maior, cabendo ao professor a imensa responsabilidade de aliar as duas
coisas.
Vivenciando
sensações e formando valores por meio das brincadeiras
As actividades
lúdicas atingem um carácter educativo, tanto na formação psicomotora, como
também na formação da personalidade das crianças. Assim, valores morais como
honestidade, fidelidade, perseverança, hombridade, respeito ao social e aos outros
são adquiridos. A brincadeira proporciona à criança um contacto com sentimentos
de alegria, sucesso, realizações de seus desejos, bem como o sentimento de
frustração. Esse jogo de emoções a ajuda a estruturar sua personalidade e a
lidar com angústias. O brincar prepara para futuras actividades de trabalho:
evoca atenção e concentração, estimula a auto-estima e ajuda a desenvolver
relações de confiança consigo e com os outros. Colabora para que a criança
trabalhe sua relação com o mundo, dividindo espaços e experiências com outras
pessoas. Nenhuma criança brinca só para passar o tempo, sua escolha é motivada
por processos íntimos, desejos, problemas, ansiedades. O que está acontecendo
com a mente da criança determina suas actividades lúdicas; brincar é sua
linguagem secreta, que devemos respeitar mesmo se não a entendemos.
A
importância do brinquedo é a da exploração e do aprendizado concreto do mundo
exterior, utilizando e estimulando os órgãos dos sentidos, a função sensorial,
a função motora e a emocional. A brincadeira tem uma enorme função social,
desenvolve o lado intelectual e principalmente cria oportunidades para a
criança elaborar e vivenciar situações emocionais e conflitos sentidos no dia-a-dia.
Os
jogos com regras são considerados por Piaget (1978) como uma ferramenta
indispensável para este processo. Através do contacto com o outro a criança vai
internalizar conceitos básicos de convivência. A brincadeira e os jogos
permitem uma flexibilidade de conduta e conduz a um comportamento exploratório
até a consecução do modelo ideal de se portar com o próximo, resultado de
experiências, conflitos e resoluções destes (BRUNER, 1968).
Para
Vygotsky (1989), há dois elementos importantes na actividade lúdica das
crianças no que se refere aos jogos com regras: o jogo com regra explícita e o
jogo com regras implícitas. O primeiro destes factores são as regras
pré-estabelecidas pelas crianças e que a sua não realização é considerada uma
falta grave, por exemplo, em um jogo de pega quem for tocado pelo pegador passa
a ser o perseguidor, isto direcciona a criança a seguir regras sociais já
estabelecidas pelo mundo dos adultos. O outro segmento são regras que não estão
propriamente ditadas, mas entende-se que são necessárias para o seguimento do
jogo, no exemplo citado acima, não se coloca que as crianças não podem sair do
local da brincadeira (como exemplo, uma quadra), portanto as regras implícitas
oferecem a criança uma noção de entendimento às regras ocultas, mas
necessárias. Os jogos não são apenas uma forma de divertimento, mas são meios
que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual". Para manter-se
equilibrada com o mundo, a criança precisa brincar criar e inventar. Os jogos
se tornam mais significativos à medida que a criança se desenvolve, porque
através da manipulação de materiais variados, ela poderá reinventar coisas,
reconstruir objectos.
CONCLUSÃO
Ao longo deste artigo
buscou-se destacar a importância do educador como agente observador,
organizador, mediador e estudioso da primeira infância, para o estabelecimento
de interações criança-criança mais harmoniosas, ricas e saudáveis. Além disso,
apontar com base na pesquisa realizada, bem como algumas práticas pedagógicas
podem beneficiar tais processos interativos. Com isso, não se tem a pretensão
de responsabilizar unicamente do educador pelo tipo de interação estabelecido
entre os pares, tendo em vista que fatores como a quantidade de crianças
dividindo o mesmo espaço e a quantidade e a diversidade de materiais disponíveis,
por exemplo, também podem interferir na qualidade dessas interações.
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