INTERAÇÃO ENTRE CRIANÇAS E EDUCADORES NAS CRECHES

INTRODUÇÃO

A interacção entre crianças e educadores nas creches é o tema em que nos foi dirigido para fazermos uma pesquisa sobre ela e assim saber quais os pontos intelectuais e exigentes do quadro de funcionamento da educação infantil atendendo a questão das novas formas de ensinamento que facilitam também no processo de ensino e aprendizagem. Neste contexto diante da sociedade actual, faz-se necessária uma metodologia de ensino que haja de maneira preventiva, na educação infantil a interacção entre o educador e crianças em termos de valores éticos e morais, na formação consciente da criança que reflecte ética e moralmente diante de situações que exijam dele uma gama de princípios e valores que norteiem suas decisões.

INTERAÇÃO ENTRE CRIANÇAS E EDUCADORES NAS CRECHES

O perfil do educador frente as crianças

De acordo com actividades infantis, o funcionamento com crianças exige   que   o  educador    tenha   uma competência polivalente. Ser polivalente significa que ao educador cabe trabalhar com conteúdos de naturezas diversas que abrangem desde cuidados básicos essenciais até conhecimentos específicos provenientes das diversas áreas do conhecimento. Este carácter polivalente demanda, por sua vez, uma formação bastante ampla do educador que deve tornar-se, ele também, um aprendiz, reflectindo constantemente sobre sua prática, debatendo com seus pares, dialogando com as famílias e a comunidade e buscando informações necessárias para o trabalho que desenvolve. São instrumentos essenciais para a reflexão sobre a prática directa com as crianças a observação, o registo, o planejamento e a avaliação.”
O educador que actua na creche ou pré-escola precisa fazer acontecer um trabalho colectivo, ou seja, a interacção com outras pessoas, na troca de conhecimentos e informações, na realização de suas actividades, para que juntos possam realizar objectivos referentes à sua prática e o desenvolvimento da criança no processo de ensino aprendizagem. Caso não ocorra o rendimento dos objectivos esperados, é preciso que aconteça a praxis reflexiva, com uma retomada dos conteúdos e recursos pedagógicos voltados para o desenvolvimento do sujeito para uma compreensão melhor.
Ser sensível a prováveis dificuldades de adaptação que a criança poderá apresentar e,   estar apto para lidar com situações que exijam paciência, compreensão e técnica,   permitirá que os pais e as crianças se sintam mais confortáveis e tranquilos em relação ao processo de aprendizagem da criança.
O ambiente seguro também implica na boa comunicação entre pais e educadores.
Lidar com imprevistos requer flexibilidade e criatividade. É o momento de usar o conhecimento e a sociabilidade a favor da evolução da escola, para o bem das crianças e tranquilidade dos pais.
Já em sala de actividade, o educador que está sempre aprendendo e tem conhecimento actualizado sobre os avanços tecnológicos e científicos do conteúdo que conduz, será sem dúvida um forte competidor da área porém, ter conhecimento só,  não basta, é preciso que o educador saiba ensinar, entreter, e cativar as crianças a gostar do conteúdo que aplica.
A existência infantil tem múltiplas e surpreendentes formas de expressão e elaboração. Porém, a diversidade da manifestação infantil não exclui a unidade de objectivos que qualificam as acções dos educadores de infância. É possível pensar um educador novo, múltiplo, pleno, capaz de estar todo em todos os momentos, em todos os tempos e em todos os espaços da infância. Evidentemente, esse educador não será um "especialista" no sentido técnico do termo. Será, sim, omnidimensional, multidimensional - pleno como são plenos aqueles que caminham juntos e repartem, a seu modo, a existência dramática que lhes é comum.
O educador infantil deverá ter um preparo especial, porque para a infância se exige o melhor do que dispomos. Mesmo porque, na relação pedagógica, não basta estar presente para ser um bom companheiro. O educador infantil deverá ter um domínio dos conhecimentos científicos básicos, tanto quanto conhecimentos necessários para o trabalho com a criança pequena (conhecimentos de saúde, higiene, psicologia, antropologia e história, linguagem, brinquedo e das múltiplas formas de expressão humana, de desenvolvimento físico e das questões de atendimento em situações de necessidades especiais). Precisa ainda ter sob controlo seu próprio desenvolvimento, bem como estar em constante processo de construção de seus próprios conhecimentos. Ter elaborado, maduramente, a questão de seus valores, cultura, classe social, história de vida, etnia, religião e sexo.

O Papel do Educador na Creche

Como educadores temos um papel fundamental no desenvolvimento das crianças. Assim, a nossa função deverá ser mediador do desenvolvimento e incentivador da autonomia da criança.
O educador deve:
·                     Respeitar os estádios de desenvolvimento da criança sem ultrapassar etapas, considerando o ritmo e a necessidade de cada criança como ser individual;
·                     Valorizar e escutar a criança contribuindo para o seu bem – estar e auto – estima;
·                     Proporcionar à criança um ambiente estável, calmo e acolhedor, tendo em conta o seu desenvolvimento harmonioso;
·                     Favorecer o contacto com as várias formas de expressão e comunicação com o intuito de promover novas experiências;
·                     Incentivar a colaboração dos pais no processo educativo através da participação em várias iniciativas. (caderno do aluno e carta de apresentação do educador);
·                     Permitir o desenvolvimento da autonomia e da confiança sempre que possível;
·                     Trabalho em equipa.
 “O educador deve ser alguém que permite o desenvolvimento de relações de confiança e de prazer através da atenção, gestos, palavras e atitudes. Deve ser alguém que estabeleça limites claros e seguros que permitam à criança sentir-se protegida de decisões e escolhas para as quais ela ainda não tem suficiente maturidade, mas que ao mesmo tempo permitam o desenvolvimento da autonomia e autoconfiança sempre que possível. Deve ser alguém verbalmente estimulante, com capacidade de empatia e de expansividade, promovendo a linguagem da criança através de interacções recíprocas e o seu desenvolvimento sócio emocional”.

O Papel do Educador no Pré-escolar

Os educadores organizam o processo educativo tendo em linha de conta as orientações curriculares que se definem como uma referência comum para todos os educadores da rede nacional da educação do pré-escolar e destina-se à orientação da componente educativa. Estas não são um programa pois adoptam uma perspectiva orientadora e não prescritiva das aprendizagens a realizar”.
·                     Cabe ao educador durante o processo educativo explorar as áreas de conteúdo das orientações curriculares nomeadamente: Desenvolvimento pessoal e social; Expressão e Comunicação; Conhecimento do Mundo.
·                     O educador é o construtor e o dinamizador do currículo, cabendo-lhe elaborar o projecto curricular, tendo em conta as suas opções e a sua intencionalidade educativa baseando-se nas orientações curriculares.
·                     O educador deve de ter em vista o desenvolvimento global de todas as crianças como seres únicos autónomos e solidários, contribuindo para uma igualdade de oportunidades.
·                     O educador organiza o ambiente educativo na sala planeando a interacção com as crianças e avalia todo o processo ensino/aprendizagem.
·                     O educador deve de estar pessoalmente implicado no processo educativo; atento e disponível a tudo o que se passa: nomeadamente a sugestões, opiniões, dialogo, participação e elaboração dos projectos/actividades, envolvendo todas as crianças promovendo a interacção social e a aprendizagem.
·                     O educador deve ser flexível e dinâmico na sua planificação trabalhando em conjunto com as crianças, educadoras, auxiliares e pais.

A educação de infância no contexto angolano

O processo pelo que o ser humano se torna membro do seu grupo e hoje, em dia, um processo complexo que passa por várias fases técnico-formais, que definem o crescimento e desenvolvimento humano.
A educação pré-escolar, entendida no contexto de socialização da criança constitui aquela fase que proporciona à criança o esqueleto cultural para se definir como ser humano em crescimento.
Toda a educação pré-escolar dada à criança é de extrema importância, uma vez que é sobre ela que se baseia o resto do crescimento e desenvolvimento do homem. Além disso, os aspectos técnico-formais respondem a essa importância no sentido de levar o ser humano ao crescimento consciente.
O atendimento à criança de 0-6 anos, designando-se ou fazendo parte do processo de desenvolvimento da primeira infância é uma tarefa de tamanha importância que não só envolve o grupo básico, a família, mas também as instituições macrossociológicas onde a infância é alvo de educação e cuidados.
O trabalho que apresentamos ao Ministério da Assistência e Reinserção Social tem como objectivo colocar à responsabilidade do MINARS toda à actividade pedagógica e educativa, assistencial e orientativa, esperando que seja lançada a possibilidade de qualidade de educação a prestar as crianças de Angola, tomadas na sua heterogenidade existencial.
Neste contexto é importante informar aos pais, as comunidades e o público em geral quanto as formas e importância de se proporcionar as crianças a participação em experiências de aprendizagem verdadeiramente estimulantes, durante os primeiros 5 anos de vida.
 “A educação da primeira infância é a que se estende desde o nascimento até a entrada para a escola obrigatória. É dispensada na família e em todos os estabelecimentos que recebe em um ou outro momento e por razões diversas as crianças que ainda não estão submetidas a escolaridade obrigatória”.
O nosso país, hoje mais do que nunca encara a problemática da educação na primeira infância no âmbito de uma visão alargada de educação, o que pressupõe estar em concordância com a definição das Nações Unidas com o conceito de educação de primeira infância, reforçando esta responsabilidade com base legal na implementação da lei nº 25/12 de 22 de Agosto,  Lei sobre a Protecção e Desenvolvimento Integral da Criança,  e assim como Os 11 Compromissos com a Criança, visando um Futuro Melhor da Criança, onde no Compromisso nº 4 reflecte a Educação da Primeira Infância.
É de realçar que a partir de 1978, começaram a chegar em Angola as primeiras equipes de especialistas cubanos em educação pré-escolar, que connosco cooperaram na formação de quadros, elaboração de materiais, normas e apoio a organização e funcionamento das instituições de infância, assim como a formação e orientação pedagógica do trabalho educativo.  
O governo através do Ministério da Educação e o Ministério da Assistência e Reinserção Social foi firmado um acordo de cooperação, no âmbito do desenvolvimento da educação e cuidados na primeira infância e melhoria da formação dos técnicos de infância, mais tarde daria lugar à reformulação dos currículos de formação de educadores, quer do nível básico como do nível médio e de outros programas que visam ao desenvolvimento da criança tendo em atenção, os domínios, afectivo-social, psicomotor e cognitivo intelectual.
O educador é um elemento influente e agente socializante fora do lar. Razão pela qual os educadores e os pais, são os adultos cujos valores e atitudes em relação as crianças se deveram complementar, e deveram trabalhar em colaboração estreita nos centros de infância, centros de educação comunitária e centro infantil comunitário, para garantir o bem-estar e social da criança.
Se na educação da primeira infância o cuidar e o educar são dimensões integradas, o respeito à necessidade da criança deve abranger tanto actos simples, como servir-lhe água, acolhê-la em momento de angústia, quanto o planejamento e a organização de um ambiente adequado e de vivências enriquecedoras. Isso remete a uma postura equilibrada, permeada pelo respeito às necessidades e às iniciativas das crianças, e não para a construção de um ambiente direccionado à estimulação exacerbada. Em outras palavras, cabe aos educadores propiciarem um ambiente que favoreça o desenvolvimento, nas crianças pequenas, das suas iniciativas para conhecer, comunicar, sentir e (sobretudo) ser.
A relação entre o educador e a criança deve assumir forma de parceria, isto significa, que o educador deve empreender seus esforços em permitir que as crianças sintam-se livres para explorar e também para vivenciar os experimentos dos outros, bem como adequá-los aos seus próprios planos de acção. A ocorrência de interacções preferenciais e o aumento da frequência delas conforme a organização do ambiente físico. Assim, retomando a questão do educador como agente organizador que observa e reconhece as interacções preferenciais, faz-se necessário criar situações que favoreçam tais aproximações, bem como oportunizar que o interesse de uma criança pelas outras emerja e se desenvolva. Segundo apontado na pesquisa, as interacções preferenciais acontecem com maior frequência em espaços delimitados e relativamente pequenos; portanto, providenciar locais onde as crianças possam entrar e sair, ver umas às outras, compartilhá-los com outras crianças podem consistir uma intervenção adequada ao favorecimento dessas interacções.
A acção da criança sobre o meio, e posteriormente as experimentações que realizam sobre os objectos são fundamentais para a construção de noções de espaço, tempo, profundidade etc. E isso pode ser ainda mais rico se o experimento estiver sendo alvo de observação ou de imitação, por parte de outras crianças. O papel principal dos educadores consiste em beneficiar, observar e entender as trocas entre as crianças, sejam elas sociais ou intelectuais, para, então, adequar suas acções pedagógicas. Desde muito pequenas as crianças são curiosas pelas acções e pelos interesses das outras, assim como se empenham em comunicar suas ideias e descobertas. Essa comunicação ocorre por meio de posturas, gestos, mímicas ou vocalizações, justificando seu interesse mútuo e o seu desejo de compartilhar actividades. Dessa concepção as condições organizadas e planejadas pelos adultos estão directamente relacionadas às realizações e conquistas das crianças, sendo necessário, a partir da observação e do estudo, que os adultos proponham actividades às quais cada criança se dedique com prazer, como também à interacção com os pares.

Interacções afectivas entre educador e crianças em ambiente de creche na perspectiva da aprendizagem infantil

 A análise das interacções afectivas estabelecidas em creches procedem de questionamentos da leitura do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil quando aborda sobre as divergências quanto ao papel do afecto na aprendizagem infantil e, portanto remete-nos a considerar as possibilidades de contribuições no campo da Psicologia com o intuito de elucidar as relações entre desenvolvimento e aprendizagem infantil, especificamente no que concerne ao ambiente de creche, uma vez que este factor traz à nossa pesquisa um grande desafio: compreender a relação entre o desenvolvimento afectivo e aprendizagem da criança pequena em um contexto colectivo.
As abordagens sobre as possibilidades de sucesso ou fracasso do processo ensino-aprendizagem como dependente da interacção entre o educador e a criança são bastantes coerentes em trabalhos académicos, e esta pesquisa continuará delegando um papel essencial a este personagem, trazendo, entretanto, uma temática recente que inclui o papel dos educadores em creche inserido no projecto de transição que abandona a categoria especificamente assistencialista e parte para a função de primeiro nível da Educação Infantil. Compreender, por conseguinte a relação entre as demandas de interacções afectivas entre estes personagens e as crianças sob suas responsabilidades, entendendo que estes profissionais são participantes activos na construção da educação afectiva e no processo de aprendizagem, torna-se de extrema relevância, especialmente em virtude do período em que este convive com as crianças.
O ensino e a instrução constituem-se basicamente em planejar estratégias de intervenção para criar condições favoráveis para as situações de aprendizagem, e que um bom projecto institucional une os diversos componentes da aprendizagem: resultados, processos e condições. Embora haja um consenso entre teóricos do desenvolvimento e da aprendizagem, no que diz respeito à indissociabilidade e relevância dos aspectos afectivos e cognitivos no processo de conhecimento, não obstante a maneira de interpretar suas relações é diferente.

O educador, a escola e a criança: conhecimentos para transformar

Os primeiros anos de vida são decisivos na formação da criança, pois se trata de um período em que a criança está construindo sua identidade e grande parte de sua estrutura física, sócio-afetiva e intelectual. São, sobretudo, nesta fase que se devem adoptar várias estratégias, entre elas as actividades lúdicas, que são capazes de intervir positivamente no desenvolvimento da criança, suprindo suas necessidades biopsicossociais, assegurando-lhe condições adequadas para desenvolver suas competências. O conhecimento não resulta exclusivamente de o experimentar, do simples encontro da criança com o objecto; mas daquilo que pode ser decorrente da manipulação consciente, reflectida e, consequentemente, produzindo a abstracção e a generalização das noções aprendidas.
O brinquedo ajudará a desenvolver uma diferenciação entre a acção e o significado. A criança, com o seu evoluir, passa já, do ambiente concreto que a rodeia. O brincar relaciona-se ainda com a aprendizagem. Brincar é aprender; na brincadeira, reside à base daquilo que, mais tarde, permitirá à criança aprendizagens mais elaboradas. O lúdico torna-se, assim, uma proposta educacional para o enfrentamento das dificuldades no processo ensino-aprendizagem. Os jogos e brincadeiras podem contribuir para o desenvolvimento cognitivo, social, político, moral e emocional da criança, desde que sejam utilizados para alcançar os grandes objectivos da Educação Infantil, entre eles, o estabelecimento da autonomia, das habilidades de descentrar e de coordenar diferentes pontos de vista, das capacidades de estabelecer relações, elaborarem ideias, resolver problemas. A maneira de a criança assimilar, transformar o meio para que esta se adapte as suas necessidades e de acomodar (mudar a si mesmo para adaptar-se ao meio) deverá ser sempre através do lúdico. Ao brincar a criança se relaciona com outras crianças, sendo capaz de perceber-se com um “ser” no mundo numa relação entre o que é pessoal e o que permite o ingresso no mundo das regras. Brincando as crianças constroem seu próprio mundo; o mundo que querem e gostam; e os brinquedos são ferramentas que contribuem para esta construção, pois proporcionam à criança demonstrar e criar fantasias de suas vivências e experiências. No processo da educação infantil o papel do educador é de suma importância, pois é ele quem cria os espaços, disponibiliza materiais, participa das brincadeiras, ou seja, faz a mediação da construção do conhecimento.
Para que o uso do lúdico seja, de fato, uma estratégia didáctica que auxilie na construção do conhecimento e no desenvolvimento global da criança, é preciso planejar as situações, visando a uma aprendizagem, a um conhecimento, a uma atitude. Estas situações devem ter uma intencionalidade educativa; portanto, devem ser planejadas pelo professor a fim de alcançar objectivos predeterminados.
A criatividade pode ser estimulada com objectos simples onde a criança tem oportunidade de criar, inventar novas funções e utilidades desses objectos. Pedaços de papel, pano, caixas vazias, canudos, palitos, barbante, cola, lápis, etc., são objectos ricos para a criança poder externar sua capacidade de criação, de construção. Devem-se evitar brinquedos muito estruturados, sofisticados que só podem representar aquilo a que se destinam. Porém, é preciso muito cuidado com a desvalorização do movimento natural e espontâneo da criança em favor do conhecimento estruturado e formalizado, ignorando as dimensões educativas da brincadeira e do jogo como forma rica e poderosa de estimular a actividade da criança. A escola tem de se preocupar com a aprendizagem, mas o prazer tem de ser maior, cabendo ao professor a imensa responsabilidade de aliar as duas coisas.

Vivenciando sensações e formando valores por meio das brincadeiras

As actividades lúdicas atingem um carácter educativo, tanto na formação psicomotora, como também na formação da personalidade das crianças. Assim, valores morais como honestidade, fidelidade, perseverança, hombridade, respeito ao social e aos outros são adquiridos. A brincadeira proporciona à criança um contacto com sentimentos de alegria, sucesso, realizações de seus desejos, bem como o sentimento de frustração. Esse jogo de emoções a ajuda a estruturar sua personalidade e a lidar com angústias. O brincar prepara para futuras actividades de trabalho: evoca atenção e concentração, estimula a auto-estima e ajuda a desenvolver relações de confiança consigo e com os outros. Colabora para que a criança trabalhe sua relação com o mundo, dividindo espaços e experiências com outras pessoas. Nenhuma criança brinca só para passar o tempo, sua escolha é motivada por processos íntimos, desejos, problemas, ansiedades. O que está acontecendo com a mente da criança determina suas actividades lúdicas; brincar é sua linguagem secreta, que devemos respeitar mesmo se não a entendemos.
A importância do brinquedo é a da exploração e do aprendizado concreto do mundo exterior, utilizando e estimulando os órgãos dos sentidos, a função sensorial, a função motora e a emocional. A brincadeira tem uma enorme função social, desenvolve o lado intelectual e principalmente cria oportunidades para a criança elaborar e vivenciar situações emocionais e conflitos sentidos no dia-a-dia.
Os jogos com regras são considerados por Piaget (1978) como uma ferramenta indispensável para este processo. Através do contacto com o outro a criança vai internalizar conceitos básicos de convivência. A brincadeira e os jogos permitem uma flexibilidade de conduta e conduz a um comportamento exploratório até a consecução do modelo ideal de se portar com o próximo, resultado de experiências, conflitos e resoluções destes (BRUNER, 1968).
Para Vygotsky (1989), há dois elementos importantes na actividade lúdica das crianças no que se refere aos jogos com regras: o jogo com regra explícita e o jogo com regras implícitas. O primeiro destes factores são as regras pré-estabelecidas pelas crianças e que a sua não realização é considerada uma falta grave, por exemplo, em um jogo de pega quem for tocado pelo pegador passa a ser o perseguidor, isto direcciona a criança a seguir regras sociais já estabelecidas pelo mundo dos adultos. O outro segmento são regras que não estão propriamente ditadas, mas entende-se que são necessárias para o seguimento do jogo, no exemplo citado acima, não se coloca que as crianças não podem sair do local da brincadeira (como exemplo, uma quadra), portanto as regras implícitas oferecem a criança uma noção de entendimento às regras ocultas, mas necessárias. Os jogos não são apenas uma forma de divertimento, mas são meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual". Para manter-se equilibrada com o mundo, a criança precisa brincar criar e inventar. Os jogos se tornam mais significativos à medida que a criança se desenvolve, porque através da manipulação de materiais variados, ela poderá reinventar coisas, reconstruir objectos.

CONCLUSÃO

Ao longo deste artigo buscou-se destacar a importância do educador como agente observador, organizador, mediador e estudioso da primeira infância, para o estabelecimento de interações criança-criança mais harmoniosas, ricas e saudáveis. Além disso, apontar com base na pesquisa realizada, bem como algumas práticas pedagógicas podem beneficiar tais processos interativos. Com isso, não se tem a pretensão de responsabilizar unicamente do educador pelo tipo de interação estabelecido entre os pares, tendo em vista que fatores como a quantidade de crianças dividindo o mesmo espaço e a quantidade e a diversidade de materiais disponíveis, por exemplo, também podem interferir na qualidade dessas interações.



BIBLIOGRAFIA


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Ø    Portugal G.1998 “Crianças, Famílias e Creches, uma abordagem ecológica da adaptação do bebe a creche”,pp. 198. Porto editora.





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