A contabilidade

Contabilidade

Contabilidade é uma ciência social que tem, como objeto de estudo, o patrimônio das entidades (ou a azienda, que é o patrimônio mais a pessoa que o administra),1 seus fenômenos e variações, tanto no aspecto quantitativo quanto no qualitativo, registrando os fatos e atos de natureza econômico-financeira que o afetam e estudando suas consequências na dinâmica financeira. De acordo com a doutrina oficial brasileira (organizada pelo Conselho Federal de Contabilidade), a contabilidade é uma ciência social, da mesma forma que a economia e a administração.2 Esta ciência surgiu em decorrência de necessidade em que a sociedade produziam exedentes e necessitavam ser contabilizados.
No Brasil, os profissionais de contabilidade em geral são chamados de contadores. Aqueles que concluem os cursos de nível superior de ciências contábeis recebem o diploma de bacharel em ciências contábeis. A fim de receberem a titulação de contador, devem se submeter ao exame de suficiência do Conselho Federal de Contabilidade. Existe, também, o título técnico de contabilidadeaos que têm formação de nível médio/técnico que será registrado até 01/06/2015.
Em Portugal, o termo "contador" tornou-se arcaico, sendo sempre utilizado o termo contabilista, independentemente do nível acadêmico. Existe, no entanto, distinção na classificação profissional entre técnicos oficiais de contas (TOC) e revisores oficiais de contas (ROC). Aos TOC, compete a execução da contabilidade, e, aos ROC, a revisão (auditoria de base legal) em ordem à mencionada certificação legal das contas.
Até a primeira metade da década de 1970, o profissional do ofício técnico também era conhecido como "guarda-livros" (correspondente do inglês bookkeeper), mas o termo caiu em desuso.3 Em junho de 2013, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) apurou, no Brasil ,a existência de 484 870 contabilistas e 81 511 organizações contábeis ativas.4

Etimologia

"Contabilidade" deriva do termo italiano contabilità,5 numa referência ao uso das contas contábeis.

História

Há relatos de que as primeiras manifestações contábeis datam de cerca de 2000 a.C, com os sumérios e há quem diga que a linguagem escrita foi inventada por contadores primitivos. Num mercado baseado na troca de mercadorias, a contabilidade servia para definir quanto alguém possuía de uma determinada mercadoria e qual o valor de troca dessa mercadoria em relação a outra.
A contabilidade iniciou-se empiricamente com Leonardo Fibonacci. Com o monge Luca Pacioli, principal divulgador do método das partidas dobradas, encerrou-se a fase empírica e menos organizada da contabilidade a partir doséculo XV.
Uma dificuldade no estudo da matéria, principalmente no Brasil, é a de os trabalhos científicos sobre contabilidade não raro sofrerem de um excesso de experimentalismo, o que tem prejudicado o desenvolvimento da matéria em várias áreas. Muitos desses trabalhos foram classificados até o final da década de 1960 como de Economia Aziendal, um ramo da economia proposto pelositalianos e outros estudiosos europeus, passando a prática contábil e, particularmente, a escrituração, a ser mais conhecida como contabilidade aplicada. Apesar da conotação econômica, a economia aziendal ressaltava os vínculos contábeis com disciplinas administrativas e matemáticas. Por essa característica, foi criticada pois sua estrutura se pareceria com um "sistema de ciências". Assim, no Brasil, prevalece a abordagem acadêmica da essência econômica, deixando de ser destacadas em primeiro nível as relações profundas com outras ciências observadas na contabilidade aplicada.
A complexidade crescente das corporações e governos levou a uma preocupação da sociedade com a organização da atividade contábil. Até meados do século XX, muitos autores a viam como um processo (alguns a chamavam por isso de contabilidade histórica). Com a popularização da visão sistêmica e o advento do estruturalismo, que passaram a ser desenvolvidos na economia e na sociologia, os autores contábeis começaram a pensar em termos estruturalistas: no Brasil, diante das peculiaridades próprias da aplicação da matéria, foi proposto um sistema de funções (ver funcionalismo) que atendesse os três principais objetivos contábeis: registro, controle e informação. Mas logo surgiriam outras propostas, visando a satisfazer diferentes usuários da atividade contábil:
·         Em economia, foi proposto a contabilidade ser um sistema inserido dentro dos sistemas econômicos maiores, como o das empresas (microeconomia) e dos governos (macroeconomia). Dessa forma passou a ser visto com naturalidade o uso da matemática e daestatística para obtenção e interpretação das informações contábeis.
·         Em administração, surgiu a proposta de um sistema baseado em princípios contábeis, capaz de organizar a atividade para fins de atender a padronização da informação contábil e de outras necessidades dos administradores.
·         Em países como o Brasil, onde a legislação é um fator decisivo na forma final que receberá a atividade, há a ideia do Sistema de Contabilidade ser um sistema de escrituração: a contabilidade de custos, por exemplo, é vista pelos legisladores como um sistema à parte do sistema contábil, havendo um dispositivo que permite, contudo, que a empresa possa optar por integrar ou não, à sua escrituração, o sistema de custos.
 Todos os três tipos de propostas acima sofreram inúmeras modificações ao longo dos anos, que procuraram acompanhar o desenvolvimento acelerado das atividades econômicas e administrativas. Não se pode negar que a proliferação dos sistemas informatizados de contabilidade foi a mais profunda inovação para a atividade. Informações transmitidas via internet e o uso de softwares contábeis estão revolucionando o ambiente contábil. A contabilidade não poderia ignorar os inúmeros recursos que a informática pode proporcionar ao seu mister de controle e estudo do patrimônio.
Ao contrário do que possa parecer, todavia, esses sistemas não eliminaram totalmente a contabilidade tradicional. Eles organizam os dados em informações como qualquer software administrativo, mas, sem oconhecimento científico e profissional contábil capaz de trabalhar essa infinita gama de informações, não conseguirão servir com eficácia aqueles que, em última instância, foram quem patrocinaram todas as mudanças da atividade: os citados usuários (gestores, legisladores, acionistas etc).

Usuários da contabilidade

Os usuários tanto podem ser internos, como externos e, mais ainda, com interesses diversificados, razão pela qual as informações geradas pela entidade devem ser amplas e fidedignas e, pelo menos, suficientes para a avaliação da sua situação patrimonial e das mutações sofridas pelo seu patrimônio, permitindo a realização de inferências sobre o seu futuro.
Os usuários internos incluem os administradores de todos os níveis, que usualmente se valem de informações mais aprofundadas e específicas acerca da Entidade, notadamente aquelas relativas ao seu ciclo operacional. Já os usuários externos concentram suas atenções, de forma geral, em aspectos mais genéricos, expressos nas demonstrações contábeis.
Em países com um ativo mercado de capitais, assume importância ímpar a existência de informações corretas, suficientes e inteligíveis sobre o patrimônio das Entidades e suas mutações, com vista à adequada avaliação de riscos e oportunidades por parte dos investidores, sempre interessados na segurança dos seus investimentos e em retornos compensadores em relação às demais aplicações. A qualidade dessas informações deve ser assegurada pelo sistema de normas alicerçado nos Princípios Fundamentais, o que torna a contabilidade um verdadeiro catalisador do mercado de ações.
O tema é vital e, por consequência, deve-se manter vigilância sobre o grau em que os objetivos gerais da contabilidade aplicada a uma atividade particularizada estão sendo alcançados. O entendimento das informações pelos próprios usuários pode levá-los a conclusão da necessidade de valer-se dos trabalhos de profissionais da contabilidade.

Objetivos da contabilidade

A existência de objetivos específicos não é essencial à caracterização de uma ciência, pois, caso o fosse, inexistiria a ciência "pura", aquela que se concentra tão somente no seu objeto. Aliás, na própria área contábil, encontramos muitos pesquisadores cuja obra não apresenta qualquer escopo pragmático, concentrando-se na contabilidade como ciência. De qualquer forma, como já vimos, não há qualquer dificuldade na delimitação dos objetivos da contabilidade no terreno científico, a partir do seu objeto, que é o patrimônio, por estarem concentrados na correta representação deste e nas causas das suas mutações.
O objetivo científico da contabilidade manifesta-se na correta representação do Patrimônio e na apreensão e análise das causas das suas mutações. Já sob ótica pragmática, a aplicação da Contabilidade a uma entidade particularizada, busca prover os usuários com informações sobre aspectos de natureza econômica, financeira e física do patrimônio da entidade e suas mutações, o que compreende registros, demonstrações, análises, diagnósticos e prognósticos, expressos sob a forma de relatos, pareceres, tabelas, planilhas e outros meios. As administrações públicas encontram-se perante o desafio de melhorar a eficiência, a produtividade e a qualidade dos seus serviços. No entanto, todos esses desafios têm de ser vencidos com orçamentos inalterados ou mesmo reduzidos.
O tema, tão claro no quadrante científico, comporta comentários mais minuciosos quando direcionados aos objetivos concretos perseguidos na aplicação da contabilidade a uma entidade em particular. Adentramos, no caso, o terreno operacional, regulado pelas normas. Assim, ouve-se com frequência dizer que um dos objetivos da contabilidade é o acompanhamento da evolução econômicas e financeira de uma entidade.
No caso, o adjetivo "econômico" é empregado para designar o processo de formação do resultado, isto é, as mutações quantitativos-qualitativos do patrimônio, as que alteram o valor do patrimônio líquido, para mais ou para menos, correntemente conhecidas como "receitas" e "despesas'. Já os aspectos qualificados como "financeiros" concernem, em última instância, aos fluxos de caixa. Cumpre, também, ressaltar que, na realização do objetivo central da contabilidade, defrontamo-nos, muitas vezes, com situações nas quais os aspectos jurídico-formais das transações ainda não estão completa ou suficientemente elucidados. Nesses casos, deve-se considerar o efeito mais provável das mutações sobre o patrimônio, quantitativa e qualitativamente, concedendo-se prevalência à substância das transações.

Fenômenos contábeis

Dentro de uma visão estruturalista com objetivos econômicos, os fenômenos contábeis se estudam sob os aspectos ambientais e que são os que envolvem o patrimônio; dividem-se em:
·         endógenos: do ambiente aziendal;
·         exógenos: do ambiente social, econômico, político, ecológico, legal etc.
Mas também há a visão estruturalista com objetivos sociológicos, no qual o patrimônio é substituído como objeto pela gestão empresarial e pela informação. Nesse sentido, osfenômenos endógenos seriam os voltados para a informação dirigida a gestão, enquanto os fenômenos exógenos seriam os voltados para a informação de mercado (em inglês,disclosure).
Para serem reconhecidos como dados dentro de um sistema contábil objetivo, os fenômenos devem estar materializados em fatos contábeis, os quais devem ser escriturados. Ou então em atos, que podem se tornar objeto de escrituração caso haja o objetivo de se implementar um controle contábil para fins de informação. Dessa forma, um sistema contábil deve ser aquele capaz de organizar os fatos contábeis a partir de três objetivos primordiais: registro, controle e informação.

Dimensões contábeis

Como contribuição para a sistematização e estudo desses fenômenos da prática contábil, poderíamos partir para uma classificação de "dimensões contábeis", dos seguintes grupos de relações formados a partir do ponto de vista dos contabilistas, e derivados das influências mais importantes observadas na atividade prática:
·         Dimensão jurídica
·         Dimensão administrativa
·         Dimensão econômica
As relações com várias outras matérias, apesar de intensas com algumas não citadas tal como por exemplo a informática ou ciência da computação, não se caracterizaria como uma nova dimensão pois, nessa relação, prevalece um caráter lógico-matemático estranho à matéria contábil. Mas, havendo o desenvolvimento para outras ciências relacionadas que não se atenham aos princípios da programação e processamento de dados, como parece ser a proposta de uma ciência da informação, essa restrição pode ser revista.
Dentro da dimensão econômica da matéria, pode-se considerar que os fatos contábeis se baseiam nas seguintes razões lógicas:
·         A azienda tem necessidades;
·         De acordo com as necessidades, cria suas finalidades ou metas;
·         Para suprir as necessidades busca meios;
·         O exercício ou utilidade dos meios gera funções.
O assunto, geralmente, é estudado sob o título "contabilidade multidimensional".

Correntes do pensamento científico

Entende-se a contabilidade como ciência pois:
·         Tem um objeto próprio de estudos;
·         Estuda o objeto sob um aspecto peculiar ou próprio;
·         Estabelece leis (relações entre fatos de validade geral e perene);
·         Enseja a previsão de fatos;
·         Tem metodologia específica;
·         Tem tradição como conhecimento;
·         Enseja aplicação do seu conhecimento.
Existem diversas correntes do pensamento científico da Contabilidade, sendo as consideradas próprias de figurarem como de dimensão predominantemente econômica as seguintes:
·         Materialismo
·         Controlismo
·         Aziendalismo
·         Patrimonialismo
·         Universalismo
·         Neopatrimonialismo
As correntes abaixo serviram para se reconhecer uma dimensão jurídica da contabilidade, a saber:
·         Contismo
·         Personalismo
A ressaltar ainda as teorias e técnicas desenvolvidas pelos anglo-americanos, as quais se enquadram na dimensão administrativa da Contabilidade e que, apesar de não se revestirem de caráter científico, são bastante influentes: auditoria (auditoria interna e auditoria externa), princípios contábeis geralmente aceitos (GAAP's), contabilidade divisional, contabilidade gerencial, da análise financeira e da consolidação dos balanços.

Técnicas contábeis

A fim de atingir sua finalidade, a contabilidade utiliza as seguintes técnicas:
·         Escrituração: consiste em efetuar, de forma sistematizada, os registros das ocorrências que influenciam a evolução patrimonial. A escrituração, portanto, é realizada levando em consideração a ordem cronológica de todos os acontecimentos. A técnica contábil da escrituração é baseada em documentos comprobatórios, ou seja, todos os acontecimentosgr a serem escriturados devem corresponder a um documento legalizado que comprove a sua veracidade.
·         Demonstrações contábeis: consiste em apresentar todos os registros efetuados em uma forma condensada, que apresente os resultados atingidos pela empresa em um determinado período. Os fatos registrados devem constar em demonstrações expositivas, que, segundo a lei 6 404/76, são denominadas demonstrações financeiras.
·         Auditoria: técnica que busca ratificar a exatidão dos registros já efetuados e apresentados nas demonstrações contábeis. Consiste em um exame pormenorizado de todos os dados escriturados pela contabilidade, verificando se todos foram efetuados seguindo os princípios fundamentais da contabilidade. Essa técnica pode ser aplicada de duas formas distintas: auditoria interna e auditoria externa.
·         Análise de balanço: levando em consideração que as demonstrações contábeis representam dados sistematizados, que apresentam de forma sintética os resultados da empresa, nem sempre os usuários têm condições de interpretá-los. Assim, cabe à própria contabilidade decompor, comparar e interpretar os demonstrativos contábeis, com a finalidade de fornecer informações mais ágeis para os usuários.

Equação fundamental da contabilidade

A contabilidade toma emprestado muitos conceitos e ferramentas de outras ciências. No entanto, a contabilidade tem algo que é exclusivamente seu, que é a chamada "equação fundamental da contabilidade". Esta equação é escrita na forma A=P+PL e significa que o total de ativos (A) sempre é igual à soma do total de passivos (P) com opatrimônio líquido (PL). Ela é desdobrada da equação A=P, anterior às teorias que introduziram o conceito de PL como a diferença entre ativos e passivos.

Pedra e anel do contador

A pedra-símbolo da contabilidade é o rubislite. O rubislite faz parte do anel do contabilista, que representa a capacitação profissional do contador.

Padroeiro do contador

O padroeiro dos contadores é São Mateus, que era coletor de impostos.

Dia do contador

O dia do contador é comemorado em 22 de setembro.

Ramos

·         Auditoria
·         Contabilidade administrativa
·         Contabilidade agrícola
·         Contabilidade ambiental
·         Contabilidade analítica
·         Contabilidade aplicada
·         Contabilidade atuarial ou previdenciária
·         Contabilidade bancária
·         Contabilidade comercial
·         Contabilidade de custos ou industrial
·         Contabilidade departamental ou divisional
·         Contabilidade de seguros
·         Contabilidade de transportes
·         Contabilidade doméstica
·         Contabilidade dos serviços
·         Contabilidade estratégica
·         Contabilidade financeira
·         Contabilidade fiscal
·         Contabilidade geral
·         Contabilidade gerencial
·         Contabilidade gráfica
·         Contabilidade hospitalar
·         Contabilidade hoteleira
·         Contabilidade imobiliária
·         Contabilidade industrial ou contabilidade analítica ou de custos.
·         Contabilidade internacional
·         Contabilidade mercantil
·         Contabilidade nacional
·         Contabilidade orçamentária
·         Contabilidade pública
·         Contabilidade rural
·         Contabilidade superior
·         Contabilidade teórica
·         Contabilidade tributária

Referências

1.    Ir para cima FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 462.
5.    Ir para cima FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 462.
6.    Ir para cima Silva, Bernardino José da - Contabilidade pública, 4.ed. - Palhoça: UnisulVirtual, 2011
7.    Ir para cima Dep. Giovani Cherini, RS, registra da tribuna Dia do Contabilista, Porto Alegre, RS, BR: Assembléia legislativa.
Outras
·         SÁ, Antônio Lopes de. Fundamentos da contabilidade geral. Curitiba: Juruá, 2005.
·         VENCESLAU, Fábio Ygor N. A importância do planejamento no processo de gestão. Belém, 2007, 22 f. Monografia (Especialização em Contabilidade e Controladoria) Faculdade de Estudos Avançados do Pará. Belém, 2007.
·         Prado, Claudio R. do, "Princípios contábeis e sua aplicabilidade". Curitiba PR. Editora Prado.
·         Ebictida com "C", o efeito Copenhague. - Após Copenhague, em 2010, o Brasil passará por outro ajuste adotando oficialmente o modelo contábil do International Financial Reporting Standards (IFRS), regras para balanços já vigentes em mais de 100 países, que modifica significativamente o modo com que as corporações reportarão seus demonstrativos financeiros, alterando a forma de apurar resultados e as analises do mercado sobre o desempenho das empresas.