as massimedias no desenvolvimento da cultura

ÍNDICE
INTRODUÇÃO.. 1
OS MASSIMEDIAS NO FORTALECIMENTO DA CULTURA DO MEDO.. 2
Conceito. 2
Os massimidias e o medo. 2
O medo e a sociedade. 3
A influência da mídia e sua relação com o medo. 6
O papel dos meios de comunicação na acção da cultura de massas. 7
CONCLUSÃO.. 9
BIBLIOGRAFIA.. 10




INTRODUÇÃO
Desde muito pequeninos aprendemos a temer o medo e a confiar em celestiais criaturas e muitos passam a serem nossos monstros, concepções imaginárias que nos assombram em um quarto escuro, em um sonho, em uma visita ao médico ou dentista, em situações que estamos longe de nossos genitores e nos sentimos ameaçados.
No início de nossa existência tudo é seguro, puro e invisível aos olhos. À medida que nos tornamos maiores – criança, adolescentes, jovens, adultos e idosos – o medo passa a ser um de nossos principais inimigos e será ele que, em muitos momentos, nos impedirá de seguir nossos sonhos, de arriscar uma tentativa ou de fazer uma mudança radical. O medo passa a ser parte de nossa vida e em tudo que fazemos sempre estará presente de alguma forma e por algum motivo. Assim, aprendemos a temer o medo. O presente trabalho tende-se a falar sobre os massimídias no fortalecimento da cultura do medo, na cadeira de Técnica de Comunicação.






OS MASSIMEDIAS NO FORTALECIMENTO DA CULTURA DO MEDO
Conceito
Os Mass Media são sistemas organizados de produção, difusão e recepção de informação. Estes sistemas são geridos, por empresas especializadas na comunicação de massas e exploradas nos regimes concorrenciais, monopolísticas ou mistos. As empresas podem ser privadas, públicas ou estatais.
Os Mass Media assentam em diferentes suportes ou tipos de transmissão da informação:
Por difusão - Scriptovisual (imprensa escrita)
- Audio (rádio)
- Audiovisual (televisão e cinema)
Por edição - Scripto (livro)
- Audio (disco)
- Scriptovisual (cartaz e poster)
- Audiovisual (documento audio visual)
Os vários meios de expressão social: a imprensa, a televisão, a rádio e o cinema, são orientados para um público que se pretende o mais abrangente possível, produzindo um produto específico de mensagens políticas, ideológicas, comerciais, recreativas e culturais etc.
Os massimidias e o medo
A ideia de utilização do medo como forma de criar um sentimento de insegurança na população é motivo de debates entre estudiosos não só da área jurídica, mas também de comunicação e outras, sobretudo as relacionadas às questões criminais.
A veiculação de determinados fatos criminosos de forma excessiva gera na população na sensação de extrema vulnerabilidade, o que enraíza no imaginário popular a possibilidade de ser vítima potencial das acções veiculadas, além do sentimento de insegurança, colaborando assim com a ideia de que se pode impedir o aumento da criminalidade a partir de alterações que tornem a legislação criminal mais severa.
Barry Glasner, na obra Cultura do Medo, desvela o modo como à mídia nos Estados Unidos, ao desenvolver práticas sensacionalistas, deslocou para os noticiários e programas especializados, notícias sobre crimes, despidas de factores e dados que mitigariam as informações, criando um sentimento de medo e insegurança na população.
Da análise de dados sociais relacionados com a desigualdade social e do grande acesso às armas de fogo, a pesquisa de Glasner tem inserção possível para um debate homólogo em nosso País.
Nesta premissa, analisa-se ainda a exagerada divulgação, por parte da mídia (cujos interesses fogem à mera transmissão da informação indo além) na disputa pela maior audiência, em uma guerra entre os donos do mercado da informação, tendência que cria nas autoridades responsáveis pela investigação e punição dos fatos o desejo de que os culpados sejam punidos, o que demonstra in casu, a realização plena de seus afazeres legais, em um esforço contra a impunidade, desse modo colaborando com a imprensa, divulgando informações em primeira mão.
Como parte final de tal fenómeno analisa-se efeitos sobre os envolvidos (independentemente de serem ou não culpados, pois este não é o objecto do estudo) e finalmente, o debate que se instala sobre possíveis alterações na legislação penal e o esforço no sentido de mudá-la, pois na opinião de leigos (especialistas seleccionados e apresentados à sociedade pela mídia), como medida de urgência para satisfazer os anseios da sociedade que vê ingenuamente no aumento da pena uma possível solução para o problema da criminalidade, afastando-se da origem dos problemas que no em países periféricos pós-neoliberalismo tem um carácter económico social e não criminal.
O medo e a sociedade
É historicamente unânime que a exposição do crime aliado aos expedientes que causam a sensação de medo sempre foi inserida como ingredientes básicos de conteúdos literários no mundo ocidental, sendo necessários segundo Aristóteles, “para que a tragédia cumprisse suas funções estéticas e morais que lhe atribuía” constituindo-se como verdadeira tradição literária. Edgar Morin denominou de “grande fascínio da morte” as múltiplas e densas significações desta que dotam qualquer evento de um marcante interesse.
Com o advento da tecnologia e respectivo surgimento da televisão, esta fertilizou tal actividade, substituindo romances policiais transmitidos via rádio ou televisão, que já constituem tradição popular. Todavia àquela deslocou a matéria para noticiários e programas especializados sensacionalistas (sobre o crime) revelando ter reservado outras finalidades além da literatura e audiência.
Para que se delimite a extensão do conceito de cultura do medo, parte-se do conceito de cultura que significa: “conjunto de estruturas sociais, religiosas de manifestações intelectuais, artísticas que caracterizam uma sociedade”, que neste caso são integradas pelo medo, sentimento denominado como “sentimento de angústia, de apreensão em face de um perigo real ou imaginário” que gera temor, receio, sobressalto. Considera-se, todavia, que “o medo baseado em avaliações reais é um instrumento no auxílio ao escape ou enfrentamento de perigos reais” . Mas o medo veiculado pela mídia, o falso medo, “baseado em estimativas irrealistas, é fonte de sofrimento e determina políticas equivocadas”.
Paulo Sergio Pinheiro ensina que: “a questão é que no mundo ocidental nascemos e crescemos em meio a uma ‘cultura do medo’ e em nenhum momento nas sociedades contemporâneas houve tanto medo”. Esclarece o autor Glassner, em Cultura do Medo, que essa gera um sentimento de insegurança tornando possível a inserção de políticas públicas de segurança baseadas naquilo que é difundido e, em verdade, de forma preferencial isto é notícias que tratam de violência, de atentados enfim de informações que gerem medo. Ensina ainda Glassner, que as pessoas “reagem ao medo e, não ao amor”, portanto para o jornalista que precisa despertar a atenção do receptor, a utilização de determinada espécie de notícia torna-se indispensável para gerar um impacto na população.
É ainda, Barry Glassner, que expressa haver situações muito mais dramáticas para as  famílias e que recebem muito menos exposição da mídia do que a criminalidade, um exemplo são os dados sobre o desemprego nos Estados Unidos: “entre 1980 e 1995, mais de 42 milhões de empregos foram eliminados...”, entretanto 30 % das notícias escritas pela imprensa americana, no período, foram dedicados ao crime e nas emissoras de televisão, quase a metade do noticiário.
Desse modo, este raciocínio “dê”-nos um final feliz e escreveremos uma história de desastre (p.19) gera medos irreais e infundados que atingem proporções absurdas onde um único evento anormal cria grupos diversos de coisas a temer: é o exemplo da “bactéria comedora de carne”, das “crianças assassinas”, dos “atentados terroristas” e da “pedofilia em escolas”. Esses medos, acima mencionados, foram amplamente veiculados pela mídia norte americana causando temor e descontrole público.
Dando continuidade ao raciocínio de Glassner, citamos Lola Aniyar de Castro que ao tratar da insegurança gerada na população pelo delito, ensina: “Para construir uma tragédia, não é necessário que exista “um grande fato”, basta que se ponham em jogo elementos que permitam ao leitor sentir-se tocado, afectado em sua rotina. Isso acontece quando ocorre alguma coisa com um ‘ personagem’ da farândula, da política ou dos esportes, por exemplo.
O fato delitivo participa dessa mítica substância da tragédia: seu drama, sua magia, seu mistério, sua estranheza, sua poesia, seu carácter tragicômico, seu poder de compreensão e de identificação, o sentimento de fatalidade que o habita, seu excesso e sua gratuidade”.” E enquanto o acontecimento só é compreendido em relação aos outros, a tragédia é uma informação total, imanente: não é preciso saber nada do mundo, não remete a nada além de si mesmo”.
É o caso dos desastres, assassinatos, dos roubos, dos acidentes. A tragédia “é como um buraco por meio do  qual se estabelece conexão com outro mundo, maravilhoso mundo dos enigmas, dos porquês sem respostas. Os detalhes interessam ao público: quem é? como é? como aconteceu ? A dramatização dada a tragédia a converte-se em parte da vida real, em algo assim como a telenovela da cotidianidade”.

A influência da mídia e sua relação com o medo

A mídia tem por objetivo atender as expectativas imediatas dos indivíduos. Ela pode ser definida como o conjunto de meios ou ferramentas utilizados para a transmissão de informações ao público assumindo um papel muito importante na formação de uma sociedade menos conflituosa. Porém, em uma realidade complexa como a nossa, a mídia desempenha um papel garantidor da manutenção do sistema capitalista, fomentando o consumo, ditando regras e modas e agindo sobre interesses comerciais.
A mídia notoriamente tem papel importante na conjuntura social atual, pois exerce influência em todos os campos, seja na família, na política e na economia, incutindo na população uma forma de agir e pensar importante para a manutenção da ordem.
A mídia, quando tomou corpo de mercadoria, era disponibilizada somente para as famílias mais abastadas. Aos poucos esse público foi sendo ampliado e o acesso a esse tipo de informação chegou também à população menos favorecida ocasionando o que temos hoje, um público em massa dos meios de informação através, principalmente, da televisão.
Schecaira (apud BAYER, 2013) entende que a mídia é uma fábrica ideológica condicionadora, pois não hesitam em alterar a realidade dos fatos criando um processo permanente de indução criminalizante. Assim, os meios de comunicação desvirtuam o senso comum através da dominação e manipulação popular, através de informações que, nem sempre, são totalmente verdadeiras.
Com isso, propagando o medo do criminoso (identificado como pobre), os meios de comunicação aprofundam as desigualdades e exclusão dessa parcela da sociedade, aumentando as intolerâncias e os preconceitos. Utiliza-se do medo como estratégia de controlo, criminalização e brutalização dos pobres, de forma que seja legítimo as demandas de pedidos por segurança, tudo em virtude do espetáculo penal criado pela imprensa.
Criam-se normas penais para a solução do problema, porém, o Direito Penal passa a ser apenas um confronto aos medos sociais, ao invés de atuar como instrumento garantidor dos bens juridicamente protegidos.
Hoje, vivemos em constante situação de emergência e deixamos de perguntar pelo simples fato de estar provada a barbaridade dos outros. A partir daí, muros são construídos para separar a sociedade. Há muros que separam nações entre pobres e ricos, mas não há muros que separam os que têm medo dos que não têm.
A manipulação das notícias através dos meios de comunicação aumentam os medos e induzem ao pânico, reforçando uma falsidade à política criminal e promovendo a criminalização e repressão, ofertando ao sistema penal uma legitimação para uma intervenção cada vez mais repressiva, criando um verdadeiro Estado Penal. A mídia exerce influência sobre a representação do crime e também do delinquente em razão do constante destaque que se dá aos crimes violentos. Assim, a mídia vai colaborando o processo de construção de “imagem do inimigo”.
Através de uma selecção de conteúdos a mídia tem o poder da construção da realidade, que é um poder simbólico. Esse poder simbólico procura reproduzir uma ordem homogeneizada do tempo e do pensamento, com um único objectivo, a dominação de uns sobre os outros. Com isto, criam sujeitos incapazes de contestar o que se lhes é apresentado de forma a garantir a ordem, a torná-los submissos e dominados.
A mídia incute na sociedade uma política de higienização e rotulação dos desiguais que devem ser banidos da convivência social. Diante da propagação dessa política, cada vez mais os cidadãos são colocados diante de questões criminais que parecem nunca se resolver provocando uma sensação de intranquilidade e medo. Esse último, por sua vez, é agravado pela sensação de vulnerabilidade e de impossibilidade de defesa.
A industrialização favoreceu o crescimento do mundo urbano e, com este, a difusão de novos hábitos culturais, dissociados do ritmo da ruralidade.
No século XX, as cidades tornaram-se metrópoles gigantes e as multidões que nelas moram apreciam os novos entretenimentos fornecidos pelos mass media e pelos desportos colectivos.
A imprensa, a rádio e o cinema, apesar de não serem invenções do século XX, adquiriram nesse século um papel importante na estandardização de valores e comportamentos (uniformização de padrões culturais). Cumpriam uma função de lazer e, simultaneamente, uma função educativa que chegava a muitas pessoas ao mesmo tempo, o que favoreceu a homogeneização cultural – a chamada cultura de massas:
– Todos os serões, à volta do aparelho radiofónico, as famílias escutavam as notícias, as novelas, as peças de teatro, os êxitos da música ligeira e os clássicos da música erudita;
– O cinema (sonoro desde 1927) propiciava a evasão à rotina e aos problemas do quotidiano, veiculava valores morais e propunha, por meio dos atores mais famosos – as estrelas de cinema – modelos de comportamento e de beleza física;
– Os jornais, de leitura mais acessível do que as obras literárias, eram instrumentos poderosos na formação da opinião pública; incluíam, histórias de guerra e de crime, títulos bombásticos, crónicas avulso, secções desportivas, páginas femininas e, muitas das vezes, histórias em banda desenhada, que os jovens guardariam para sempre como uma das melhores recordações do seu período de crescimento. A par dos jornais proliferam as revistas que exploram as temáticas mais diversas, procurando responder aos desejos e ambições de um público cada vez mais vasto.
As classes médias desenvolvem, ainda, interesse por novos géneros literários: o romance policial  (as obras de Agatha Christie, criadora do célebre inspetor Poirot e de Georges Simenon, criador do Comissário Maigret alcançaram grande popularidade), a banda desenhada (heróis como Tintim, Super-Homem, Pato Donald passaram a dominar o imaginário de muitas crianças e jovens) e o romance cor-de-rosa (no qual se destacou a autora Bárbara Cartland). Esta literatura sentimental conquistou predominantemente o público feminino.
CONCLUSÃO
É incontestável a participação da mídia, pela forma como veicula determinados fatos, na criação de um sentimento de insegurança que acaba por gerar medo na população, no que se refere ao crime, esta sempre aumenta a venda ou a audiência nos meios de comunicação, atentos aos noticiários os representantes do movimento “lei e ordem”., isto é Políticos em busca de votos entre outros. A mídia provoca uma situação de emergência que atende plenamente ao movimento Lei e Ordem e sempre que casos como estes são divulgados de forma ampla e constante, aparece uma nova legislação ou um novo debate sobre a pena de morte, redução da maioridade penal, mudanças de procedimentos da lei.
Mas quando a mídia divulga a criminalidade perpetrada pelos ricos e expressada por condutas de corrupção, evidenciando verdadeiras organizações criminosas, especializadas em lavagem de dinheiro, apesar da visibilidade que o assunto passa a ter não gera nenhuma ação visando o combate da impunidade dos membros das camadas mais altas da população. Ao contrário, o momento passa a ser o de debaterem-se as garantias individuais não respeitadas pela Polícia, prejudiciais aos envolvidos, a própria mídia passa a ser alvo de críticas pelo exagero em expor tais pessoas.




BIBLIOGRAFIA
MOTA, Guilherme – A influência do Discurso Criminal da Mídia no Sistema Penal, Monografia de Conclusão de Curso, mimeo, 2005.
COSTA, Cristina. Educação, Imagens e mídia. São Paulo: Cortez, 2005.