ENSINAR CIÊNCIA

ENSINAR CIÊNCIA
Porquê? Como?

É incontestável que a Ciência hoje em dia, devido à sua natureza e sobretudo ao seu desenvolvimento, deixou de ser um assunto meramente de cientistas, e diz respeito aos cidadãos em geral. De facto, os desenvolvimentos alcançados pela ciência são determinantes da nossa forma de vida actual e esta influência tende a aumentar de dia para dia. Consequentemente a ciência entra-nos diariamente em casa através dos jornais, TV ou rádio, e qualquer cidadão discute amiúde assuntos que a envolvem e tem que tomar decisões com ela relacionadas. Para referir apenas alguns exemplos podemos começar por citar um dos aspectos que mais marcou os últimos anos, o desenvolvimento dos meios de comunicação e acesso à informação. A facilidade com que estamos contactáveis 24 horas por dia e em qualquer parte do mundo, a facilidade de acesso à informação através da Internet que nos permite, em qualquer local recolher informação sobre qualquer assunto em poucos minutos, mudaram de facto a nossa forma de viver. Mas existem inúmeros outros aspectos com idêntico impacto na nossa forma de vida como sejam o desenvolvimento de materiais sintéticos, referidos em linguagem comum por plásticos, com as mais diversas aplicações; o desenvolvimento dos meios de transporte; a prática da agricultura e o desenvolvimento da indústria alimentar, que embora frequentemente controversos permitem alimentar uma população em crescimento e maioritariamente localizada nas grandes cidades... Este desenvolvimento apesar dos incontestáveis benefícios também traz grandes angústias. Frequentemente dá-se mais realce a aspectos negativos do desenvolvimento científico e tecnológico, devido à sua dimensão e impacto, tendo a ciência uma imagem pouco positiva para um grande número de pessoas. Questões como os alimentos geneticamente modificados, as vacas loucas, a incineração de resíduos tóxicos, problemas ambientais, a clonagem, os info-excluídos, para só citar alguns exemplos, são situações que causam enorme perturbação no comum dos cidadãos. Tal pode ser particularmente grave pois a cultura científica de uma grande parte de população não lhe permite compreender os efeitos benéficos do desenvolvimento científico no seu quotidiano, a dimensão e gravidade das situações referidas ou outras idênticas, compreender as explicações de cientistas e técnicos e tomar decisões conscientes. E estas decisões podem ser coisas tão simples e básicas, mas com consequências decisivas em muitos casos, como: “o que comer?”, “a que tipo de medicina recorrer? ”, “reciclar ou não?”. Acreditamos que esta situação só pode ser ultrapassada com uma boa cultura científica para a generalidade dos cidadãos. Tendo em conta que a escolaridade obrigatória no nosso país é de apenas 9 anos, terá que ser nesta altura que são dados os conceitos básicos essenciais para permitir a compreensão de um conjunto de situações do quotidiano e simultaneamente estimular o interesse do maior número possível de crianças para que prossigam os seus estudos em ciência. Estes 9 anos são um curto intervalo de tempo para adquirir o conhecimento científico fundamental, pelo que acreditamos que quanto mais cedo se começar melhor. Pensamos que desta forma a escola estará a preparar as crianças para a sociedade em que vão crescer e viver e permitirá formar cidadãos mais intervenientes, esclarecidos e responsáveis e com competências profissionais mais adaptadas ao mundo actual. Com este trabalho com as crianças é possível atingir objectivos mais vastos e chegar à família. Verificámos que incentivados pelas crianças, os restantes elementos da família vão a exposições, museus, centros de ciência.