Aristóteles
Aristóteles
Aristóteles (em grego antigo: Ἀριστοτέλης, transl. Aristotélēs; Estagira, 384 a.C. — Atenas, 322 a.C.) foi um filósofo grego, aluno de Platão e
professor de Alexandre, o
Grande.2 Seus
escritos abrangem diversos assuntos, como a física,
a metafísica, as leis
da poesia e do drama, a música, a lógica, a retórica, o governo, a ética, a biologia e a zoologia. Juntamente com Platão e Sócrates(professor de Platão), Aristóteles
é visto como um dos fundadores da filosofia
ocidental. Em 343 a.C. torna-se
tutor de Alexandre da
Macedónia, na época com treze anos de idade, que será o mais célebre
conquistador do mundo antigo. Em 335 a.C. Alexandre
assume o trono e Aristóteles volta para Atenas onde
funda o Liceu.
Vida
Aristóteles era
natural de Estagira, na Trácia,3 sendo
filho de Nicômaco, amigo e médico pessoal do rei macedônio Amintas
III, pai de Filipe
II.4 É
provável que o interesse de Aristóteles por biologia e fisiologia decorra
da atividade médica exercida pelo pai e pelo tio, e que remontava há dez
gerações.
Segundo a compilação
bizantina Suda, Aristóteles era descendente de Nicômaco,
filho de Macaão, filho de Esculápio.5
Com cerca de 16 ou 17
anos partiu para Atenas, maior centro intelectual e artístico da Grécia. Como muitos outros jovens da
época, foi para lá prosseguir os estudos. Duas grandes instituições disputavam
a preferência dos jovens: a escola deIsócrates,
que visava preparar o aluno para a vida política, e Platão e sua Academia, com preferência à ciência (episteme)
como fundamento da realidade. Apesar do aviso de que, quem não conhecesse Geometria ali
não deveria entrar, Aristóteles decidiu-se pela academia platônica e nela
permaneceu vinte anos, até a morte de Platão,6 ,
no primeiro ano da 108aolimpíada (348 a.C.).7
Em 347 com a morte de
Platão, a direção da Academia passa a Espeusipo8 7 que
começou a dar ao estudo acadêmico da filosofia um viés matemático que
Aristóteles (segundo opinião geral, um não-matemático) considerou inadequado9 ,
assim Aristóteles deixa Atenas e se dirige, provavelmente, primeiro a Atarneu
convidado pelo tirano Hérmias e em seguida a Assos, cidade que
fora doada pelo tirano aos platônicos Erasto e
Corisco, pelas boas leis que lhe haviam preparado e que obtiveram grande
sucesso.10
Durante 347 a.C e 345
a.C, dirige uma escola em Assos, junto com Xenócrates, Erasto e Corisco e depois em
345/344 a.C. conhece Teofrasto e
com sua colaboração dirige uma escola em Mitilene, na ilha de Lesbos e
lá se casa com Pítias, neta de Hérmias , com quem teve uma filha, também
chamada Pítias e Nicômaco.11 Em
343/342 a.C Filipe
IIescolhe Aristóteles como educador de seu filho Alexandre,
então com treze anos.12 ,
por intercessão de Hérmias10
Pouco se sabe sobre o
período da vida de Aristóteles entre 341 a.C e 335 a.C, ainda que se questiona
o período de tempo da tutela de Alexandre, alguns estimam em apenas dois ou
três anos e outros em sete ou oito anos.13 14
Em 335 a.C.
Aristóteles funda sua própria escola em Atenas, em uma área de exercício
público dedicado ao deus Apolo Lykeios,
daí o nome Liceu.15 Os
filiados da escola de Aristóteles mais tarde foram chamados de peripatéticos. 16 Os
membros do Liceu realizavam pesquisas em uma ampla gama de assuntos, os quais
eram de interesse do próprio Aristóteles: botânica, biologia, lógica, música,
matemática, astronomia, medicina, cosmologia, física, história da filosofia,
metafísica, psicologia, ética, teologia, retórica, história política, do
governo e da teoria política, retórica e as artes. Em todas essas áreas, o
Liceu coletou manuscritos e assim, de acordo com alguns relatos antigos, se
criou a primeira grande biblioteca da antiguidade.17
Em 323 a.C, morre
Alexandre e em Atenas começa uma forte reação antimacedônica, em 654 a.C. por
causa de sua ligação com Alexandre, Aristóteles foge de Atenas e se dirige a
Cálcides, onde sua mãe tinha uma casa, explicando, "Eu não vou permitir
que os atenienses pequem duas vezes contra a filosofia"18 19 >
uma referência ao julgamento de Sócrates em
Atenas. Ele morreu em Cálcis, na ilha Eubeia de
causas naturais naquele ano.1 Aristóteles
nomeou como chefe executivo seu aluno Antípatro e
deixou um testamento em que pediu para ser enterrado ao lado de sua esposa.20
Campos de estudo
A filosofia de
Aristóteles dominou verdadeiramente o pensamento europeu a partir do século XII21 . A
revolução científica iniciou-se no século XVI e somente onde a filosofia
aristotélica foi dominante é que sobreveio uma revolução científica. 22
As afirmações
científicas de Aristóteles são totalmente desmentidas nos dias de hoje e a
principal razão disso é que nos séculos XVI e XVII os cientistas aplicaram
métodos quantitativos ao estudo da natureza inanimada, assim a Física e a Química de
Aristóteles são irremediavelmente inadequadas em comparação com os trabalhos
dos novos cientistas.11
Apesar do alcance
abrangente que as obras de Aristóteles gozaram tradicionalmente, os acadêmicos
modernos questionam a autenticidade de uma parte considerável do Corpus
aristotelicum.23
Lógica
A Lógica de
Aristóteles, que ocupa seis de suas primeiras obras, constitui o exemplo mais
sistemático de filosofia em dois mil anos de história. Sua premissa principal
envolve uma teoria de caráter semântico desenvolvida por ele para servir de
estrutura para a compreensão da veracidade de proposições. Foi por meio de sua
lógica que se estabeleceu a primazia da lógica dedutiva.24 .
Aristóteles
sistematizou a lógica, definindo as formas de interferência que eram válidas e
as que não eram - em outras palavras, aquilo que realmente decorre de algo e
aquilo que só aparentemente decorre; e deu nomes a todas essas diferentes
formas de interferências. Por dois mil anos, estudar lógica, significou estudar
a lógica de Aristóteles.25
A lógica, como
disciplina intelectual, foi criada no século IV a. C por Aristóteles.26 Sua
teoria do silogismo constitui
o cerne de sua lógica e através dela tenta caracterizar as formas de silogismo
e determinar quais deles são válidas e quais não, o que conseguiu com bastante
sucesso. Como primeiro passo no desenvolvimento da lógica, a teoria do
silogismo foi extremamente importante.26
Física
Aristóteles não
reconhecia a ideia de inércia, ele imaginou que as leis que
regiam os movimentos celestes eram muito diferentes daquelas que regiam os
movimentos na superfície da Terra, além de ver o movimento vertical como
natural, enquanto o movimento horizontal requereria uma força de sustentação. 27 Ainda
sobre movimento e inércia, Aristóteles afirmou que o
movimento é uma mudança de lugar e exige sempre uma causa, o repouso e o
movimento são dois fenômenos físicos totalmente distintos, o primeiro sendo
irredutível a um caso particular do segundo.11 No
livro II, Do
Céu, ele afirma explicitamente que quando um objeto se
desloca para seu estado natural o movimento não é causado por uma força, assim
ele afirma que o movimento daquilo que está no processo de locomoção é
circular, retilíneo ou uma combinação dos dois tipos.21
Ótica
Na época de
Aristóteles, a ótica matemática
era ainda uma disciplina nova, contrariamente às outras matemáticas e
especialmente à geometria, ele faz recorrentes referências
à cor, à sua "unidade" e à sua constituição, nos
mesmos contextos em que se fala de outros setores do real que pertencem a
outras ciências matemáticas, e do que neles é unidade.28
Aristóteles fez
objeções à teoria de Empédocles e
ao modelo de Platão que considerava que a visão era produzida por raios que se
originavam no olho e que colidiam com os objetos então sendo visualizados. Ao
refutar as teorias então conhecidas, ele formulou e fundamentou uma nova
teoria, a teoria da transparência: a luz era essencialmente a qualidade
acidental dos corpos transparentes, revelada pelo fogo.29
Aristóteles sugeria
que a ótica contempla uma teoria matemático-quantitativa da cor, que
corresponde a uma teoria da medição da luz, assim ele afirma que a luz não era
uma coisa material mas a qualidade que caracterizava a condição ou o estado de
transparência: "Uma coisa se diz invisível porque
não tem cor alguma, ou a tem somente em grau fraco" 30
Química
Enquanto Platão, seu mestre, acreditava na
existência de átomos dotados
de formas geométricas diversas, Aristóteles negava a existência das partículas
e considerava que o espaço estava cheio de continuum,
um material divisível ao infinito.11
Sua obra Meteorologia,
sintetiza suas ideias sobre matéria e química, usando as quatro qualidades da
matéria e os quatro elementos, ele desenvolveu explicações lógicas para
explicar várias de suas observações da natureza. Para Aristóteles a matéria seria
formada, não a partir de um único, mas por quatro elementos: terra, água, ar e
fogo, mas existiria sim um substrato único para toda a matéria, mas que seria
impossível de isolar - serviria apenas como um suporte que transmite quatro qualidades
primárias: quente, frio, seco e úmido.31 A
fundação da Alquimia se
baseou nos ensinamentos de Aristóteles, curiosamente ele afirmou que as rochas
e minerais cresciam no interior da Terra e, assim com os humanos, os minerais
tentavam alcançar um estado de perfeição através do processo de crescimento, a
perfeição do mineral seria quando ele se tornasse ouro.11
Astronomia
Aristóteles concorda
com seu mestre (Platão) em considerar a astronomia uma
ciência matemática em sentido pleno, não menos do que a geometria, ele também
concordava que os movimentos estudados pela astronomia, como diz a A República,
não se percebem "com a vista".28
O cosmos aristotélico
é apresentado como uma esfera gigantesca,
porém finita, à qual se prendiam as estrelas, e dentro da qual se verificava
uma rigorosa subordinação de outras esferas, que pertenciam aos planetas então
conhecidos e que giravam em torno da Terra, que se manteria imóvel no centro do
sistema (sistema geocêntrico).32
Biologia
Considerado o
fundador das ciências como uma disciplina, Aristóteles deixou obras
naturalistas como História
dos Animais, As
partes dos animais, A
geração dos animais e
opúsculos como Marcha
dos animais, Movimentos
dos animais e Pequeno tratado de
história natural e
muitas outras obras sobre anatomia e botânica que se perderam e tratavam sobre
o estudo d
e cerca de 400
animais que buscou classificar, tendo dissecado e cerca de 50 deles. Também
realizou observações anatômicas, embriológicas e etológicas detalhadas de
animais terrestres e aquáticos (moluscos e peixes), fez observações sobre cetáceos e
morcegos. Embora suas conclusões sejam muitas vezes equivocadas atualmente, sua
obra não deixa de ser notável.33 Seus
escritos de biologia e zoologia correspondem a mais de uma quinta parte de sua
obra, nelas trabalha sobre a noção de animal, a reprodução, a fisiologia e a
classificação.34
Segundo alguns
cientistas da atualidade, Aristóteles teria "descoberto" o DNA, por ele identificar a forma, isto é, o eidos preexistente no pai que é
reproduzido na prole.35
Aristóteles foi quem
iniciou os estudos científicos documentados sobre peixes sendo o precursor da ictiologia (a
ciência que estuda os peixes), catalogou mais de cem espécies de peixes
marinhos e descreveu seu comportamento. É considerado como elemento histórico
da evolução da piscicultura e
da aquariofilia,36 separou
mamíferos aquáticos de peixes e sabia que tubarões e raias faziam parte de
grupo que chamou de Selachē (Chondrichthyes).37
O papel da mulher
A análise sobre a
procriação de Aristóteles descreve um elemento masculino ativo, animante
trazendo vida a um elemento do sexo feminino inerte e passivo. Por este motivo,
as feministas acusam Aristóteles de misoginia38 e sexismo.39 No entanto,
Aristóteles deu igual peso para a felicidade das mulheres assim com dos homens
e comentou em sua obra A
Retórica que
uma sociedade não pode ser feliz a menos que as mulheres também estejam
felizes. Sobre as mulheres, ainda disse que eram totalmente incapazes de serem
amigas, e ele com certeza não esperava que a esposa se relacionasse com o
marido em nível de igualdade.40
A homossexualidade
Visto não contribuir
para a fundação de famílias, Aristóteles tinha a homossexualidade em conta de
desperdício, não apenas inútil, mas até perigoso. Porém, isso não significa que
o a condenava sempre em toda parte, ele tomou em consideração as circunstancia
em que era praticada, assim, em Creta, onde havia um problema de superpopulação, a relação
entre o mesmo sexo era difundida, 41 ele
propôs que esse tipo de relação fosse regulamentada e tolerada pelo Estado, a
fim de contornar a superpopulação, pois a ilha dispunha de poucos recursos.42 Em
um fragmento sobre amor físico, embora referindo-se ao tema com indulgência,
parece ter feito distinção entre a homossexualidade congênita anormal e o vício
homossexual adquirido.43
Metafísica
O termo Metafísica não
é aristotélico; o que hoje chamamos de metafísica era chamado por Aristóteles
de "filosofia primeira",
sendo por isso identificada com a teologia.11
Não é fácil discutir
a metafísica de Aristóteles, em parte porque está profusamente espalhada por
toda a obra, e em parte por certa ausência de uma exposição bem detalhada.2
A Metafísica de
Aristóteles é, em essência, uma modificação da Teoria das ideias de Platão. Grande parte dessa obra parece uma
tentativa de moderar as muitas extravagâncias de Platão. Seus dois principais
aspectos são a distinção entre o "universal" e a mera
"substância" ou "forma particular" e a distinção entre as
três substâncias diferentes que formar a realidade cada uma com sua essência
fundamental.24
Psicologia
Na medida em que se
ocupa das mais elaboradas entidades naturais, a psicologia foi considerada
também o ápice da filosofia natural de Aristóteles.44 A
palavra psychê (de que deriva nosso termo psicologia)
costumar ser traduzida como "alma", e sob a rubrica psycheAristóteles
de fato inclui as características dos animais superiores que pensadores
posteriores tendem a associar com a alma.11 Objeto
geral da psicologia aristotélica é o mundo animado, isto é, vivente, que tem
por princípio a alma e se distingue essencialmente do mundo inorgânico, pois, o
ser vivo diversamente do ser inorgânico possui internamente o princípio da sua
atividade, que é precisamente a alma, forma do corpo.45
Muitas das hipóteses
de Aristóteles sobre a natureza da lembrança e dos esquecimentos deram origem a
grande número de experimentos na área da aprendizagem. Sua doutrina da
associação afirmava que a memória é
facilitada quer pela semelhança e dessemelhança de um fato atual e um passado,
quer por sua estreita relação no tempo e espaço.46
Sua obra De Anima (Sobre a Alma) trata-se do
primeiro objetivo em larga escala para estudar a psicologia. Muitas das
questões que levanta continuam por responder até hoje, e ainda são objeto de
exame.47 Aristóteles
formulou teorias sobre desejos, apetites, dor e prazer, reações e sentimentos.
Sua doutrina da catarse ensinava,
por exemplo que os temores podem ser transferidos ao herói da tragédia - ideia
que muito mais tarde veio formar uma das teses da psicanalise e
da terapia do jogo.46
Ética
Alguns veem
Aristóteles como o fundador da Ética, o que se justifica desde que
consideremos a Ética como uma disciplina específica e distinta no corpo das
ciências.48 Em
suas aulas, Aristóteles fez uma análise do agir humano que marcou decisivamente
o modo de pensar ocidental. O filósofo ensinava que todo o conhecimento e todo
o trabalho visam a algum bem. O bem é a finalidade de toda a ação. A busca do
bem é o que difere a ação humana da de todos os outros animais.49
Para Aristóteles,
estudamos a ética, a fim de melhorar nossas vidas e, portanto, sua preocupação
principal é a natureza do bem-estar humano. Aristóteles segue Sócrates e Platão
ao dispor as virtudes no centro de uma vida bem vivida. Como Platão, ele
considera as virtudes éticas (justiça, coragem, temperança etc.), como
habilidades complexas racionais, emocionais e sociais, mas rejeita a ideia de
Platão de que a formação em ciências e metafísica é um pré-requisito necessário
para um entendimento completo de bem. Segundo ele, o que precisamos, a fim de
viver bem, é uma apreciação adequada da maneira em que os bens tais como a amizade, o prazer, a virtude, a honra e ariqueza se
encaixam como um todo. Para aplicar esse entendimento geral para casos
particulares, devemos adquirir, através de educação adequada
e hábitos, a capacidade de ver, em cada ocasião, qual curso de ação é mais bem
fundamentada. Portanto, a sabedoria prática, como ele a concebe, não pode ser
adquirida apenas ao aprender regras gerais, também deve ser adquirida através
da prática. E essas habilidades deliberativas, emocionais e sociais é que nos
permitem colocar nossa compreensão geral de bem-estar em prática em formas que
são adequados para cada ocasião.50 Aristóteles
propõe que a vida contemplativa (intelectual) traria uma felicidade maior e
mais constante ao ser humano, quando comparada à vida política (procura da
honra) e da vida baseada em prazeres sensoriais51 .
Retórica
A retórica de
Aristóteles teve uma enorme influência sobre o desenvolvimento da arte da
retórica. Não apenas sobre os autores que escrevem na tradição peripatética, mas
também os famosos professores romanas de retórica, como Cícero e Quintiliano, frequentemente usaram
elementos decorrentes da doutrina aristotélica.52
É na obra Retórica de Aristóteles que se assentam os
primeiros dados cuja articulação passa a definir a Retórica como
a "faculdade de descobrir especulativamente sobre todo dado o
persuasivo".53
No proêmio do Livro I
de sua Arte
Retórica, ele se refere à possibilidade se ter uma técnica da
retórica, de um método rigoroso não diferente do que seguem as ciências
lógicas, políticas e naturais. É evidente a diferença entre as concepções de
Aristóteles sobre a arte da oratória entre o Livro I e o Livro II, enquanto
neste último destaca o estudo das paixões, desfazendo a caracterização da
retórica como puramente dialética, no Livro I Aristóteles valoriza a função da
sedução da alma. A retórica deve ser, portanto, demonstrativa e emocional.54
Artes
Aristóteles concedia
às artes uma importância valiosa, na medida em que poderiam reparar as
deficiências da natureza humana, contribuindo na formação moral dos indivíduos.55
Música
Em Política,
Aristóteles questiona a participação da música na educação, pois sua associação
imediata com o prazer faz com que o autor oponha a música a qualquer atividade,
pois esta parece se adequar melhor ao desfrute no tempo livre. No decorrer do
texto, ele enfatiza que o ensino da música deve ter ênfase na escuta e não à
prática instrumental, já que a execução de instrumentos se relaciona aos
trabalhos manuais, atividade imprópria para a educação de um homem livre.55 A
obra Problemas constitui uma das mais antigas
discussões sobre música, se no livro VII da Política Aristóteles procurou mostrar a
importância da música na educação, no livro XIX de Problemas ele levanta questões de várias
ordens: referentes à acústica, às escalas, aos intervalos, à voz, aos
encordoamentos, aos harmônicos, aos tipos de composição etc., o autor levanta
cinquenta problemas e a esses ele mesmo procura responder.56
Poética
Aristóteles foi o
primeiro filósofo a consagrar todo um tratado, ainda que incompleto, ao exame
do fenômeno poético, a Arte
Poética. Ele propunha-se a refletir acerca do objeto estético,
ou antes, acerca da criação do objeto estético.57
Em Arte Poética, o
filósofo trata da arte poética a partir de duas perspectivas, a definição da
poética como imitação e a apresentação da estrutura da poesia de acordo com
suas diferentes espécies. No primeiro caso, reduz a essência da poética à
imitação - que crê ser congênita no homem. A sua importância, contudo, deriva
do fato de que amimese é capaz de fornecer, ao ser humano,
dois elementos essenciais: prazer e
conhecimento.58 59
Aristóteles era um
apurado colecionador sistemático de enigmas, folclores e provérbios, ele e sua
escola tinham um interesse especial nos enigmas da Pítia e
estudaram também as fábulas de Esopo.60
Política
A política
aristotélica é essencialmente unida à moral, porque o fim último do estado é a virtude, isto é, a formação moral dos
cidadãos e o conjunto dos meios necessários para isso. O estado é um organismo
moral, condição e complemento da atividade moral individual, e fundamento
primeiro da suprema atividade contemplativa. A política, contudo, é distinta da
moral, porquanto esta tem como objetivo o indivíduo, aquela a coletividade. A
ética é a doutrina moral individual, a política é a doutrina moral social.
Desta ciência trata Aristóteles precisamente na Política, de que acima se
falou.61
Em Ética a Nicômaco Aristóteles descreve o assunto
como ciência política, que ele caracteriza como a ciência mais confiável. Ela
prescreve quais as ciências são estudadas na cidade-estado, e os outros - como
a ciência militar, gestão doméstica e retórica - caem sob a sua autoridade.
Desde que rege as outras ciências práticas, suas extremidades servem como meios
para o seu fim, que é nada mais nada menos do que o bem humano.61
A escravidão
Aristóteles não nega
a natureza humana ao escravo61 ,
para ele a escravidão faz parte da própria natureza, de modo que o escravo
nasce para ser escravo e é na sua função de escravo que ele realiza finalidade
para a qual existe. Ele não sacrifica nada, pois sua natureza não exige mais do
que compete na sociedade. Ele discorda da opinião daqueles que pretendem que o
poder do patrão é contra a natureza, para ele, a natureza em vista da
conservação, criou alguns seres para mandar e outros para obedecer, é ela que
dispõe que o ser dotado de previdência mande como patrão, e que o ser, capaz
por faculdades corporais execute ordens. 62
Obra
De acordo com a
distinção que se origina com o próprio Aristóteles, seus escritos são divididos
em dois grupos: os "exotéricos" e os "esotéricos".63 É
difícil para muitos leitores modernos aceitar que alguém pudesse tão seriamente
admirar o estilo daquelas obras atualmente disponíveis para nós.64 No
entanto, alguns estudiosos modernos têm advertido que não podemos saber ao
certo se o elogio de Cícero foi dirigido especificamente para as obras
exotéricas. Alguns estudiosos modernos têm realmente admirado o estilo de
escrita concisa encontrado nas obras existentes de Aristóteles.65
As obras de
Aristóteles que sobreviveram desde a antiguidade através da transmissão de
manuscrito medieval são coletados no Corpus
Aristotelicum. Esses textos, ao contrário de obras perdidas de
Aristóteles, são tratados filosóficos técnicos de dentro da escola de
Aristóteles. A referência a eles é feita de acordo com a organização da edição
da obra deAugust
Immanuel Bekker (Aristotelis
Opera edidit Academia Regia Borussica, Berlin, 1831–1870) pela Academia
Real da Prússia, que por sua vez é baseado em classificações antigas dessas
obras. Acredita-se que a maior parte de sua obra tenha sido perdida, e apenas
um terço de seus trabalhos tenham sobrevivido.66
Legado
Mais de 2.300 anos
depois de sua morte, Aristóteles continua sendo uma das pessoas mais influentes
que já viveu. Ele contribuiu para quase todos os campos do conhecimento humano
e foi o fundador de muitas áreas novas. De acordo com o filósofo Bryan Magee,
"é duvidoso que qualquer ser humano saiba o tanto quanto ele sabia".67 Entre
inúmeras outras conquistas, Aristóteles foi o fundador da lógica formal68 e
pioneiro no estudo da Zoologia, deixando cada futuro cientista e
filósofo antecipadamente em débito para com ele por suas contribuições para o
método científico.69 70 Apesar
dessas conquistas, a influência dos erros de Aristóteles é considerada por
alguns como tendo sido de grande empecilho para o desenvolvimento da ciência. Bertrand Russell observa que "quase todo o
avanço intelectual sério teve de começar com um ataque a alguma doutrina
aristotélica". Russell também se refere à ética de Aristóteles como
"repulsiva", e sobre sua lógica disse ser "definitivamente
antiquada como a astronomia ptolomaica".71
Filósofos gregos
posteriores
A influência obra de
Aristóteles foi sentida quando o Liceu se transformou na Escola
peripatética, entre os estudantes notáveis de Aristóteles estão Aristóxenes, Dicaerco,Eudemo de Rodes,72 Demétrio de
Faleros, Hárpalo, Heféstion, Mênon, Mnason de Fócis, Nicômaco e Teofrasto.
Influência sobre os
eruditos bizantinos
Os escribas cristãos
gregos desempenharam um papel crucial na preservação das obras de Aristóteles,
copiando todos os manuscritos gregos existentes do corpus.
Os primeiros cristãos gregos que muito comentaram Aristóteles foram João Filopono, Elias e David no século VI
e Estéfano de Alexandria no
início do século VII