A REVOLUÇÃO SOCIALISTA DE OUTUBRO

INTRODUÇÃO
O presente trabalho abordará sobre a revolução socialista de outubro, em que no começo do século XX, a Rússia era um país de economia atrasada e dependente da agricultura, pois cerca de 80% de sua economia estava concentrada no campo (produção de gêneros agrícolas).
Os trabalhadores rurais viviam em extrema miséria e pobreza, pagando altos impostos para manter a base do sistema czarista de Nicolau II. O czar governava a Rússia de forma absolutista, ou seja, concentrava poderes em suas mãos não abrindo espaço para a democracia. Mesmo os trabalhadores urbanos, que desfrutavam os poucos empregos da fraca indústria russa, viviam descontentes com o governo do czar.





A REVOLUÇÃO SOCIALISTA DE OUTUBRO
No primeiro dia da vitoriosa Revolução de Outubro, na reunião do Soviet, de deputados trabalhadores e soldados de Petrogrado, soaram as proféticas palavras de Lenin:
"Inicia-se agora uma nova era na história da Rússia, e a atual terceira revolução russa deve, em sua finalidade, trazer a vitória do socialismo."
A Revolução de Outubro de 1917 na Rússia foi uma revolução socialista. O caráter socialista da Revolução de Outubro demonstrou-se, sobretudo, no fato de que a classe operária — a mais revolucionária entre todas as classes oprimidas existentes até estes tempos — tomou o poder e iniciou a construção socialista da sociedade.
"Justamente, por isso — escreve o camarada Stalin — a vitória da Revolução de Outubro significa uma mudança radical na história da humanidade, nos destinos históricos do capitalismo mundial, no movimento libertador do proletariado mundial, nos métodos de luta e formas de organização, no estado e tradições, na cultura e ideologia das massas exploradas de todo o mundo."
A Revolução de Outubro retirou das mãos dos latifundiários e capitalistas os seus meios de produção, transformando-os em propriedade socialista. O proletariado arrancou das mãos da burguesia o nervo básico da vida económica — os bancos —, e depois efetuou a expropriação das fábricas, usinas e transportes que foram entregues ao Governo socialista.
A Revolução de Outubro liquidou o regime estatal burguês e criou um novo regime: a democracia soviética. A Revolução de Outubro, sob a bandeira do internacionalismo a amizade dos povos, libertou os povos da Rússia da opressão nacional-colonial e deu início à criação de um Estado multinacional soviético.
A Revolução de Outubro resolveu problemas que a revolução burguesa de fevereiro não pôde solucionar nem tampouco remediar.
"Há cento e cinqüenta e duzentos e cinqüenta anos atrás — escrevia Lenin — os líderes avançados das revoluções (sem falar de um só tipo nacional comum) prometeram aos povos libertar a humanidade dos privilégios da Idade Média, da desigualdade da mulher, das preferências estatais pela religião (ou em geral da "idéia de religião" ou de "religiosidade"), da desigualdade das nacionalidades. Prometeram e não cumpriram. Não puderam cumprir porque os impedia o "respeito"... à "sagrada propriedade privada" (tomo 27, pág. 26).
A acção política atinge o seu ponto mais alto logo que o proletariado, sob a direcção dum partido de vanguarda guiado pelos princípios do socialismo científico, consegue derrubar o sistema de classes: a revolução atingiu então o auge.
As bases duma revolução são lançadas logo que as estruturas orgânicas e condições numa determinada sociedade levaram as massas a desejar ardentemente o derrube completo das estruturas dessa sociedade. Embora não haja dogmas estabelecidos rigorosamente quanto à revolução socialista, já que a história não se repete, a experiência provou que, nas condições da luta de classes, a revolução socialista não se pode realizar sem recorrer à violência. A violência revolucionária é um princípio fundamental das lutas revolucionárias. Porque as elites privilegiadas não cederão o Poder a não ser que a isso sejam obrigadas; mesmo quando aceitam efectuar reformas, não cederão nunca apenas porque a sua posição está ameaçada. Somente a acção revolucionária as poderá derrubar.
Não há nenhum acontecimento histórico que não tenha sido conseguido à custa de violentos esforços e vidas humanas. Ficarão desiludidos aqueles que esperam que a passagem do modo de produção capitalista ao modo de produção socialista se fará sem o recurso à violência. Porque a mudança qualitativa inerente à revolução socialista é muito mais profunda do que a que provocou a passagem do feudalismo ao capitalismo. Os revolucionários socialistas querem uma transformação total da sociedade e a abolição do sistema de classes. Pelo contrário, o declínio do feudalismo trouxe a introdução de novas estruturas sociais, através das quais o dinheiro, e não os títulos de propriedades, se tornou a condição fundamental do poder e do privilégio. A revolução socialista opõe-se aos conceitos elitistas e pretende a abolição do sistema de classes, assim como a abolição do racismo. Os revolucionários socialistas lutam pela instauração de um Estado que garanta a realização das aspirações das massas e lhes assegure uma participação em todos os escalões do governo.
Numa sociedade capitalista a liberdade é o direito de fazer o que a lei permite, no interesse da classe burguesa que está no Poder. Ora o capitalismo, quanto mais se desenvolve, mais anárquico se torna. A revolução socialista é então o resultado lógico e inevitável.
Nos países em que o desenvolvimento capitalista e industrial está no seu começo, e onde a burguesia representa uma minoria da população, o proletariado está em condições de, através de uma tomada do Poder, instaurar o regime socialista. Sob a direcção dos revolucionários socialistas, a África pode passar de um estádio de propriedade burguesa-capitalista a um estádio em que os meios de produção são distribuídos segundo um modo de propriedade socialista-comunista. Mas a luta revolucionária não poderia contar com a participação da burguesia e da pequena classe média, porque, a despeito da sua participação nas lutas de libertação nacional, elas tentarão sempre impedir a criação de um Estado socialista, para conservar os seus haveres. São fiéis ao capitalismo e a sua sobrevivência depende do apoio que recebem do imperialismo e do neocolonialismo. Uma transformação total da sociedade só será realizada com o derrube da burguesia pela revolução socialista.
Há certos factores que fazem acelerar o processo da revolução socialista: o mais importante é o desenvolvimento capitalista e a industrialização, que, ao provocar o aumento da classe operária, favorece o aparecimento de futuros dirigentes da revolução proletária. Entre outros factores estão o abandono das classes dirigentes pelos intelectuais, os governos ineficazes e a incompetência política da classe burguesa no Poder.
No século XX, é nos países menos industrializados — países com um passado marcado pela exploração imperialista, colonialista e neocolonialista — que tiveram lugar as tomadas de poder mais violentas. Estas mudanças violentas não podem ser consideradas como lutas pelo Poder entre diversas elites: representam acções de classes. No caso da revolução socialista, trata-se de uma tomada de poder pelo proletariado. Mas no caso de golpes de Estado reaccionários, dá-se o derrube, pela burguesia, de um governo de tendência socialista ou então uma luta pelo Poder entre diversas facções da burguesia.
Em África, na Ásia e na América Latina, a ebulição económica, política e social deve ser explicada no contexto da revolução socialista mundial, porque hoje em dia o processo revolucionário reúne três correntes: o sistema socialista mundial, os movimentos de libertação dos povos de África, Ásia e América Latina e os movimentos operários dos países industrializados capitalistas.
Os povos dos países menos industrializados têm um papel estratégico a desempenhar no processo revolucionário, devido à sua experiência do imperialismo, do colonialismo e do neocolonialismo. Vêem os problemas tanto mais claramente quanto os processos de produção e distribuição não tiverem sido ainda obscurecidos pelas manobras falaciosas do «estado da prosperidade» e pela corrupção capitalista.
A causa da revolução proletária internacional é parte integrante das lutas de libertação do mundo em vias de desenvolvimento, centro dos antagonismos de classes na época contemporânea. Os países do Terceiro Mundo tornaram-se os «pontos quentes» da revolução mundial, dando golpes directos e mortais no imperialismo.
O emburguesamento de certos sectores da classe operária internacional e o economismo de certos dirigentes proletários socialistas tornam as lutas revolucionárias socialistas dos países em vias de desenvolvimento extremamente importantes; assim, de certo modo, a luta revolucionária socialista desenvolveu um elemento sócio-racial. Ora, se seria perigoso não reconhecer um tal factor, é no entanto preciso não perder de vista o objectivo fundamental da revolução socialista: a luta de classes.
O CARÁTER LIBERTADOR DA REVOLUÇÃO DE OUTUBRO NO PLANO ECONÔMICO
Desde a segunda metade do século XIX criava-se para a Rússia um perigo verdadeiramente real de escravidão e perda de sua independência como Estado. A Rússia tzarista, cada vez mais atrasada, ficava atrás no desenvolvimento econômico dos países mais avançados e, por conseguinte, caía cada vez mais sob a dependência escravizadora de outros Estados. Cada vez mais aumentava "o papel dependente, tanto do tzarismo como do capitalismo russo em relação ao capitalismo europeu."
Com uma cifra comparavelmente alta de produção na indústria de carvão, a Rússia não tinha indústria de maquinarias pesadas. A indústria têxtil — a única inteiramente nas mãos dos capitalistas russos — também dependia das firmas estrangeiras, pelo fato de que não possuía fabricação própria de máquinas necessárias.
Nas empresas organizadas pelo capital estrangeiro na Rússia, a produção estava disposta de tal maneira que aumentava a dependência técnico-econômica do país. Por exemplo, nas empresas de produção eletrotécnicas, onde prevalecia o capital alemão, faltavam séries completas de produção: importava-se da Alemanha uma quantidade de detalhes. Os capitalistas estrangeiros, com pleno conhecimento de causa freiavam e impediam a construção de maquinaria. Na Rússia tzarista importava-se 60% de maquinaria para a indústria e 58% para a agricultura. Para evitar as barreiras dos direitos alfandegários, o capital estrangeiro emigrou para a Rússia. Na Rússia encontrava força de trabalho barata, a proteção da burocracia tzarista e uma burguesia desorganizada, incapaz de fazer frente ao competidor estrangeiro.
Em suma, o capital estrangeiro abrangeu os principais ramos da indústria russa: metalurgia, 72%; carvão da bacia do Don, 70%; petróleo, 60%; eletrotécnica, 90%. Nas minas da Bacia do Don, nos campos petrolíferos de Bakú, na produção metalúrgica da Ucrânia mandavam os capitais estrangeiros. Os altos funcionários tzaristas ajudavam os acionistas estrangeiros a conquistar posições de mando na economia russa. Até os mais inteligentes dos mandatários tzaristas não viam outra solução para a atrasada situação econômica do país, senão, a da entrada de capitais estrangeiros. É bastante característica a declaração do famoso ministro tzarista Witte: "Se continuamos esperando a criação de empresas produtoras pela via de capitais nacionais, teremos que aguardar largo tempo para certos resultados positivos e neste Ínterim a Europa continuará avançando, deixando-nos mais atrasados." Witte supunha que o capital estrangeiro serviria de certo modo como escola para os capitalistas russos. Compreende-se que este caminho levava somente a transformação da Rússia de país semi-colonial em uma colônia do imperialismo ocidental europeu.
No período da primeira revolução russa, os imperialistas do Ocidente fizeram o bastante para consolidar a escravidão financeira da Rússia e assegurar o regime anti-popular tzarista.
O PROBLEMA AGRÁRIO
Para a Rússia da segunda metade do século XIX e princípios do século XX, a tarefa de vital importância era a supressão da servidão feudal no campo e do atraso medieval na economia e na política do país. Nisto estava interessada a esmagadora maioria do povo, quase toda a nação com exceção de um pequeno círculo de latifundiários. Esta era, justamente, a tarefa necessária para os interesses da nação inteira. E como a servidão e o medievalismo manifestavam-se, sobretudo, nas relações da terra, a solução do problema agrário adquiria uma importância radical de primeira grandeza.
"A história dos anos de 1905-1909 demonstrou o significado radical de primeira magnitude para o país, do problema agrário na afirmação da Revolução burguesa de um tipo definido na Rússia". (Tomo 14, pág. 215).
Os latifundiários aburguesados que compreendiam a necessidade de transformação da antiga estrutura sobre a base da servidão na economia, pretendiam representar os interesses nacionais, porém preferiam efetuar esta transformação a sua maneira: com cuidado, gradativamente e as custas, antes de tudo, do campesinato, com um doloroso e lento processo de empobrecimento e aniquilamento de milhões de camponeses.
Assim tratava Stolypin de resolver os problemas radicais do desenvolvimento da Rússia. Esta era uma política anti-nacional, anti-popular. A tarefa do desenvolvimento burguês na Rússia se resolvia por Stolypin, não a favor dos interesses da grande maioria da nação (campesinato), senão em favor dos interesses dos latifundiários.
A esta maneira de resolver basicamente o desenvolvimento burguês na Rússia do problema agrário contra os interesses da maioria da nação, Lenin chamava o método prussiano do desenvolvimento do capitalismo na economia camponesa. Desta maneira era claro que os latifundiários que tinham adotado o método prussiano do desenvolvimento capitalista não podiam representar os interesses do povo.
Até à Revolução de 1917, o problema agrário foi o problema básico do desenvolvimento burguês da Rússia. Depois da revolução de fevereiro, os problemas de maior importância no desenvolvimento da Rússia adquiriram outro caráter, outro significado.
O CARÁTER LIBERTADOR DA REVOLUÇÃO DE OUTUBRO NO PLANO ECONÔMICO
Desde a segunda metade do século XIX criava-se para a Rússia um perigo verdadeiramente real de escravidão e perda de sua independência como Estado. A Rússia tzarista, cada vez mais atrasada, ficava atrás no desenvolvimento econômico dos países mais avançados e, por conseguinte, caía cada vez mais sob a dependência escravizadora de outros Estados. Cada vez mais aumentava "o papel dependente, tanto do tzarismo como do capitalismo russo em relação ao capitalismo europeu."
Com uma cifra comparavelmente alta de produção na indústria de carvão, a Rússia não tinha indústria de maquinarias pesadas. A indústria têxtil — a única inteiramente nas mãos dos capitalistas russos — também dependia das firmas estrangeiras, pelo fato de que não possuía fabricação própria de máquinas necessárias.
Nas empresas organizadas pelo capital estrangeiro na Rússia, a produção estava disposta de tal maneira que aumentava a dependência técnico-econômica do país. Por exemplo, nas empresas de produção eletrotécnicas, onde prevalecia o capital alemão, faltavam séries completas de produção: importava-se da Alemanha uma quantidade de detalhes. Os capitalistas estrangeiros, com pleno conhecimento de causa freiavam e impediam a construção de maquinaria. Na Rússia tzarista importava-se 60% de maquinaria para a indústria e 58% para a agricultura. Para evitar as barreiras dos direitos alfandegários, o capital estrangeiro emigrou para a Rússia. Na Rússia encontrava força de trabalho barata, a proteção da burocracia tzarista e uma burguesia desorganizada, incapaz de fazer frente ao competidor estrangeiro.
Em suma, o capital estrangeiro abrangeu os principais ramos da indústria russa: metalurgia, 72%; carvão da bacia do Don, 70%; petróleo, 60%; eletrotécnica, 90%. Nas minas da Bacia do Don, nos campos petrolíferos de Bakú, na produção metalúrgica da Ucrânia mandavam os capitais estrangeiros. Os altos funcionários tzaristas ajudavam os acionistas estrangeiros a conquistar posições de mando na economia russa. Até os mais inteligentes dos mandatários tzaristas não viam outra solução para a atrasada situação econômica do país, senão, a da entrada de capitais estrangeiros. É bastante característica a declaração do famoso ministro tzarista Witte: "Se continuamos esperando a criação de empresas produtoras pela via de capitais nacionais, teremos que aguardar largo tempo para certos resultados positivos e neste Ínterim a Europa continuará avançando, deixando-nos mais atrasados." Witte supunha que o capital estrangeiro serviria de certo modo como escola para os capitalistas russos. Compreende-se que este caminho levava somente a transformação da Rússia de país semi-colonial em uma colônia do imperialismo ocidental europeu.
No período da primeira revolução russa, os imperialistas do Ocidente fizeram o bastante para consolidar a escravidão financeira da Rússia e assegurar o regime anti-popular tzarista.


CONCLUSÃO
Conclui-se que Lenin indicava: "Para assegurar aos povos da Rússia as conquistas da revolução democrático-burguesa, nos tivemos que ir mais adiante e fomos avançando. Resolvemos os problemas da revolução democrático-burguesa como algo secundário, como um produto colateral do nosso principal e verdadeiro trabalho socialista, proletário, revolucionário."




BIBLIOGRÁFICAS
·         Orlando Figes, A People’s Tragedy: The Russian Revolution: 1891-1924, Penguin Books, 1998
·         Mark D. Steinberg and Vladimir M. Khrustalev, The Fall of the Romanovs: Political Dreams and Personal Struggles in a Time of Revolution, Yale University Press, 1997
·         Sheila Fitzpatrick, The Russian Revolution, Oxford University Press, 2008
·         Mark D. Steinberg and Vladimir M. Khrustalev, op. cit.
·         Vladimir I. Lenin, The State and Revolution, Penguin Classics, 1993 (1st ed.: 1917)
·         Richard Pipes, The Russian Revolution, Vintage, 1991

·         Dominic Lieven, Nicholas II: Emperor of All the Russias, John Murray Publishers Ltd, 1993