psicanálise
INTRODUÇÃO
No presente trabalho abordaremos sobre a psicanálise, em
que posteriormente a Psicanálise é um campo clínico e
de investigação teórica da psique humana
independente da Psicologia, que tem origem na Medicina, desenvolvido por Sigmund Freud,
médico que se formou em 1881, trabalhou no Hospital Geral de Viena e teve contacto
com o neurologista francês Jean Martin Charcot, que lhe mostrou o uso da
hipnose.
PSICANÁLISE
A Psicanálise foi criada pelo neurologista
austríaco Sigmund Freud,
com o objectivo de tratar desequilíbrios psíquicos. Este corpo teórico foi
responsável pela descoberta do inconsciente – antes já desbravado, porém em
outro sentido, por Leibniz e Hegel -, e a partir de então passou a abordar este
território desconhecido, na tentativa de mapeá-lo e de compreender seus
mecanismos, originalmente conferindo-lhe uma realidade no plano psíquico. Esta
disciplina visa também analisar o comportamento humano, decifrar a organização
da mente e curar doenças carentes de causas orgânicas.
Freud foi inspirado pelo trabalho do fisiologista Josef
Breuer, por seus trabalhos iniciais com a hipnose, que marcaram profundamente
os métodos do psicanalista, embora mais tarde ele abandone essa terapêutica e a
substitua pela livre associação. Ele também incorporou à sua teoria
conhecimentos absorvidos de alguns filósofos, principalmente de Platão e
Schopenhauer. Freud interessou-se desde o início por distúrbios emocionais que
na época eram conhecidos como ‘histeria’, e empenhou-se para, através da
Psicanálise, encontrar a cura para estes desajustes mentais. Desde então ele
passou a utilizar a arte da cura pela fala, descobrindo assim o reino onde os
desejos e as fantasias sexuais se perdem na mente humana, reprimidos,
esquecidos, até emergirem na consciência sob
a forma de sintomas indesejáveis, por uma razão qualquer – o Inconsciente.
Freud organiza em seu corpo teórico dados já conhecidos
na época, como a ideia de que a mente era dividida em três partes, as funções
que lhe cabiam, as personalidades que nasciam de cada categoria e a catarse.
Essa espécie de sincretismo científico deu origem a inúmeras concepções novas,
como a sublimação, a perversão, o narcisismo, a transferência, entre outras,
algumas delas bem populares em nossos dias, pois estes conceitos propiciaram o
surgimento da Psicologia Clínica e da Psiquiatria modernas. Para a Psicanálise,
o sexo está no centro do comportamento humano. Ele motiva sua realização
pessoal e, por outro lado, seus distúrbios emocionais mais profundos; reina
absoluto no inconsciente. Freud, em plena era vitoriana,
tornou-se polémico, e sua teoria não foi aceita facilmente. Com o tempo, porém,
seu pensamento tornou possível a entrada do tema sexual em ambientes antes
inacessíveis a esta ordem de debates.
A teoria psicanalítica está sintetizada essencialmente em
três publicações: Interpretação dos Sonhos, de 1900; Psicopatologia da Vida Quotidiana”, que contém os primeiros
princípios da Psicanálise; e “Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade”, na
qual estão os esboços básicos desta doutrina. No atendimento clínico, o
paciente, em repouso, é estimulado a verbalizar tudo que brota em sua mente –
sonhos, desejos, fantasias, expectativas, bem como as lembranças da infância.
Cabe ao psicanalista ouvir e interferir apenas quando julgar necessário, assim
que perceber uma ocasião de ajudar o analisando a trazer para a consciência
seus desejos reprimidos, deduzidos a partir da livre associação. No geral, o
analista deve se manter imparcial.
Para Freud toda perturbação de ordem emocional tem sua
fonte em vivências sexuais marcantes, que por se revelarem perturbadoras, são
reprimidas no Inconsciente. Esta energia contida, a libido, se expressa a
partir dos sintomas, na tentativa de se defender e de se preservar, este é o
caminho que ela encontra para se comunicar com o exterior. Através da livre
associação e da interpretação dos sonhos do paciente, o psicanalista revela a
existência deste instinto sexual. Essa transferência de conteúdo para o
consciente, que provoca uma intensa desopressão emocional, traz a cura do
analisando. A mente, dividida em Id, Ego e Superego, revela-se uma caixinha de
surpresas nas mãos de Freud. No Id, governado pelo ‘princípio do prazer’, estão
os desejos materiais e carnais, os impulsos reprodutores, de preservação da
vida.
No Ego, ou Eu, regido pelo ‘princípio da realidade’, está
a consciência, pequeno ponto na vastidão do inconsciente, que busca mediar e
equilibrar as relações entre o Id e o Superego; ele precisa saciar o Id sem
violar as leis do Superego. Assim, o Ego tem que se equilibrar constantemente
em uma corda bamba, tentando não se deixar dominar nem pelos desejos
insaciáveis do Id, nem pelas exigências extremas do Superego, lutando
igualmente para não se deixar aniquilar pelas conveniências do mundo exterior.
Por esse motivo, segundo Freud, o homem vive dividido entre estes dois
princípios, o do Prazer e o da Realidade, em plena angústia existencial. O
Superego é a sentinela da mente, sempre vigilante e atenta a qualquer desvio
moral. Ele também age inconscientemente, censurando impulsos aqui, desejos ali,
especialmente o que for de natureza sexual. O Superego se expressa indirectamente,
através da moral e da educação.
Segundo a Psicanálise, o Inconsciente não é o
subconsciente – nível mais passivo da consciência, seu estágio não-reflexivo,
mas que a qualquer momento pode se tornar consciente – e só se revela através
dos elementos que o estruturam, tais como actos falhos – eles se expressam nas
pessoas sãs, reflectindo o conflito entre consciente, subconsciente e
inconsciente; são as famosas ‘traições da memória’ -, sonhos, chistes e
sintomas. Freud também elaborou as fases do desenvolvimento sexual, cada uma
delas correspondente ao órgão que é estimulado pelo prazer e o objecto que
provoca esta excitação.
Na fase oral, o desejo está situado na boca, na
deglutição dos alimentos e no seio da mãe, durante a amamentação. Na fase anal,
o prazer vem da excreção das fezes, das brincadeiras envolvendo massas, tintas,
barro, tudo que provoque sujeira. Na fase genital ou fálica, o desejo e o
prazer se direccionam para os órgãos genitais, bem como para pontos do corpo
que excitam esta parte do organismo. Nesse momento, os meninos elegem a mãe
como objecto de seu desejo – constituindo o Complexo de Édipo, relação
incestuosa que gera também uma rivalidade com o pai -, enquanto para as garotas
o pai se torna o alvo do desejo – Complexo de Electra.
Outros pontos importantes da Psicanálise são os conceitos
de perversão – ocorre quando o Ego sucumbe às pressões do Id, escapa do
controle do Superego e não consegue se sublimar, e pode assim atingir uma
dimensão social ou colectiva, como, por exemplo, o Nazismo -, e de Narcisismo – o indivíduo se apaixona por
sua própria imagem, cultivando durante muito tempo uma auto-estima exagerada.
DEFINIÇÃO
De acordo com Sigmund Freud, psicanálise é o nome de (1)
um procedimento para a investigação de processos mentais que são quase
inacessíveis por qualquer outro modo, (2) um método (baseado nessa
investigação) para o tratamento de distúrbios neuróticos, e (3) uma colecção de
informações psicológicas obtidas ao longo dessas linhas, e que gradualmente se
acumulou numa "nova" disciplina científica. A essa definição
elaborada pelo próprio Freud pode ser acrescentada um tratamento possível da
psicose e perversão, considerando o desenvolvimento dessa técnica.
Ainda segundo o seu criador, a psicanálise cresceu num
campo muitíssimo restrito. No início, tinha apenas um único objectivo — o de
compreender algo da natureza daquilo que era conhecido como doenças nervosas
‘funcionais’, com vistas a superar a impotência que até então caracterizara seu
tratamento médico. Em sua opinião, os neurologistas daquele período haviam sido
instruídos a terem um elevado respeito por fatos químico - físicos e patológico
- anatómicos e não sabiam o que fazer do factor psíquico e não podiam
entendê-lo. Deixavam-no aos filósofos, aos místicos e — aos charlatães; e
consideravam não científico ter qualquer coisa a ver com ele.
Os primórdios da psicanálise datam de 1882 quando Freud,
médico recém formado, trabalhou na clínica psiquiátrica de Theodor Meynert, e mais tarde, em 1885, com o médico francês Charcot, no Hospital Salpêtrière
(Paris, França). Sigmund Freud,
um médico interessado em achar um tratamento efectivo para pacientes com sintomas neuróticos ou histéricos.
Ao escutar seus pacientes, Freud acreditava que seus problemas se originaram da
não-aceitação cultural; ou seja, seus desejos eram reprimidos, relegados
ao inconsciente. Notou também que muitos desses desejos se tratavam de
fantasias de natureza sexual.
O método básico da psicanálise é o manejo da transferência e da resistência em
análise. O analisado, numa postura relaxada, é solicitado a dizer tudo o que
lhe vem à mente (método de associação livre). Suas aspirações, angústias, sonhos e fantasias são de especial interesse na escuta,
como também todas as experiências vividas são trabalhadas em análise. Escutando
o analisado, o analista tenta manter uma atitude empática de neutralidade. Uma
postura de não - julgamento, visando a criar um ambiente seguro.
A originalidade do conceito de inconsciente introduzido
por Freud deve-se à proposição de uma realidade psíquica, característica dos
processos inconscientes. Por outro lado, analisando-se o contexto da época
observa-se que sua proposição estabeleceu um diálogo crítico à
proposições Wilhelm Wundt (1832 — 1920) da psicologia com a ciência que tem
como objecto a consciência entendida
na perspectiva neurológica (da
época) ou seja opondo-se aos estados de coma e alienação mental.
Muitos colocam a questão de como observar o inconsciente.
Se a Freud se deve o mérito do termo "inconsciente", pode-se
perguntar como foi possível a ele, Freud, ter tido acesso a seu inconsciente
para poder ter tido a oportunidade de verificar seu mecanismo, já que não é
justamente o inconsciente que dá as coordenadas da acção do homem na sua vida
diária.
Não é possível abordar directamente o inconsciente
(Ics.), o conhecemos somente por suas formações: actos falhos, sonhos, chistes e sintomas diversos expressos no corpo. Nas suas
conferências na Clark University (publicadas como Cinco lições de psicanálise)
nos recomenda a interpretação como o meio mais simples e a base mais sólida de
conhecer o inconsciente.
Outro ponto a ser levado em conta sobre o inconsciente é
que ele introduz na dimensão da consciência uma opacidade. Isto indica um
modelo no qual a consciência aparece, não como instituidora de
significatividade, mas sim como receptora de toda significação desde o
inconsciente. Pode-se prever que a mente inconsciente é um outro
"eu", e essa é a grande ideia de que temos no inconsciente uma outra
personalidade actuante, em conjuntura com a nossa consciência, mas com
liberdade de associação e acção.
O
modelo psicanalítico da mente considera que a actividade mental é baseada no
papel central do inconsciente dinâmico. O contacto com a realidade teórica da
psicanálise põe em evidência uma multiplicidade de abordagens, com diferentes
níveis de abstracção, conceituações conflitantes e linguagens distintas. Mas
isso deve ser entendido em um contexto histórico-cultural e em relação às
próprias características do modelo psicanalítico da mente.
CORRENTES, DISSENSÕES E CRÍTICAS
Diversas dissidências da matriz freudiana foram sendo
verificadas ao longo do século XX, tendo a psicanálise encontrado seu apogeu
nos anos 50 e 60.
As principais dissensões que passou o criador da
psicanálise foram C. G. Jung e Alfred Adler,
que participavam da expansão da psicanálise no começo do século XX.
C. G. Jung, inclusive, foi o primeiro presidente do Instituto Internacional de
Psicanálise (IPA), antes de sua renúncia ao cargo e a seguidor das ideias de
Freud. Outras dissidências importantes foram Otto Rank, Erich Fromm e
Wilhelm Reich. No entanto, a partir da teoria psicanalítica de Freud, fundou-se
uma tradição de pesquisas envolvendo a psicoterapia,
o inconsciente e o desenvolvimento da práxis clínica, com uma abordagem
puramente psicológica.
Desenvolvimentos como a psicoterapia humanista/existencial, psicoterapia reichiana,
dentre diversas e tantas terapias existentes, foram, sem dúvida, influenciadas
pela tradição psicanalítica, embora tenham conferido uma visão particular para
os conteúdos da psicologia clínica.
O método de interpretar os pacientes e buscar a cura de
enfermidades físicas e mentais através de um diálogo sistemático/metodológico
com os pacientes foi uma inovação trazida por Freud desenvolvido a partir de
suas observações e experiência de tratamento através da hipnose.
Até então, os avanços na área da psicoterapia eram obsoletas e tinham um apelo
pela sugestão ou pela terapia com banhos, sangrias e
outros métodos antigos no combate às doenças mentais.
Sua contribuição para a Medicina, Psicologia,
e outras áreas do conhecimento humano (arte, literatura, sociologia, antropologia,
entre outras) é inegável[carece de
fontes]. O verdadeiro choque moral
provocado pelas ideias de Freud serviu para que a humanidade rompesse, ou pelo
menos repensasse muito de seus tabus e preconceitos na
compreensão da sexualidade, e atingisse um maior grau de refinamento e profundidade
na busca das verdades psíquicas do ser humano.
Na actualidade, a Psicanálise já não se limita à prática
e tem uma amplitude maior de pesquisa, centrada em outros temas e cenários,
desenvolvendo-se como uma ciência psicológica autónoma. Hoje fica muito difícil
afirmar se a Psicanálise é uma disciplina da Psicologia ou uma Psicologia
própria.
Após Freud, muitos outros psicanalistas contribuíram para
o desenvolvimento e importância da psicanálise. Entre alguns, podemos
citar Melanie Klein, Winnicott, Bion e André Green.
No entanto, a principal virada no seio da psicanálise, que conciliou ao mesmo
tempo a inovação e a proposta de um "retorno a Freud" veio com o
psicanalista francês Jacques Lacan.
A partir daí outros importantes autores surgiram e convivem em nosso tempo,
como Françoise Dolto, Serge
André, J-D Nasio e Jacques-Alain Miller.
Uma das recentes tendências é a criação da neuropsicanálise segundo Soussumi tendo como antecedentes a fundação
do grupo de estudos de neurociência e psicanálise no Instituto de Psicanálise
em 1994 com a participação de Arnold Pfefer, e o neurocientista da Universidade
de Columbia como James Schwartz, que a partir de 1996, fica sobre a coordenação
de Mark Solms,
psicanalista inglês com formação em neurociência, que vinha trabalhando em
Londres e publicando trabalhos sobre o assunto desde a década de 1980 que
juntamente com Pfeffer, em Londres, Julho de 2000 , organizam o I Congresso
Internacional de Neuro-Psicanálise, onde é criada a Sociedade
Internacional de Neuro-Psicanálise.
Destaca-se ainda nesse ínterim a publicação do artigo
intitulado Biology and the future of psychoanalysis: a new
intellectual framework for psychiatry (em
português, “A biologia e o futuro da psicanálise: uma nova estrutura
intelectual para a psiquiatria”) do neurocientista Eric Kandel,
em 1999 . Segundo Kandel, a neurociência poderia fornecer fundamentos empíricos
e conceituais mais sólidos à psicanálise. Um ano após a publicação do referido
texto, em 2000, Kandel recebe o prémio Nobel de medicina por suas contribuições
à neurobiologia, introduzindo o conceito de plasticidade neural.
CONCLUSÃO
Então conclui-se que em linguagem comum, o termo
"psicanálise" é muitas vezes usado como sinónimo de
"psicoterapia" ou mesmo de "psicologia". Em linguagem mais
própria, no entanto, psicologia refere-se à ciência que estuda o comportamento e os
processos mentais, psicoterapia ao uso clínico do conhecimento obtido por ela,
ou seja, ao trabalho terapêutico baseado no corpo teórico da psicologia como um
todo, e psicanálise refere-se à forma de psicoterapia baseada nas teorias
oriundas do trabalho de Sigmund Freud; psicanálise é, assim, um termo mais
específico, sendo uma entre muitas outras formas de psicoterapia.
BIBLIOGRAFIA
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Souza, P. C. As palavras de Freud, o vocabulário
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Hothersall, D. História da psicologia moderna. SP,
McGraw-Hill, 2006
Ferreira Netto, G. A. Wim Wenders : psicanálise e
cinema. SP, Editora: Unimarco, 2001, ISBN 85-860-2233-0